Sábado (ontem) vi dois jogos, como de costume. O FC Porto fez que jogou em Vila do Conde. Terminado com 2-2 que foram dois pontos perdidos e não um ponto ganho pelo resgate de Jackson com 2-1 no marcador, mudei para o Barça. Perdia 2-1, chegou a estar 0-2, mas ganhou 3-2 em Sevilha, onde o Real Madrid perdeu 1-0. Para falar do Barça, que vem jogar com o Benfica, a RTP ibérica sediada em Lisboa e com uma delegação fatela no Porto, falou do Real Madrid que não "podia" ficar a 11 pontos do Barça (se perder hoje com o Corunha em casa). O costume, com Rosa Veloso só a seguir o Real Madrid, devem achar que isto é serviço público, mas é tão-só a merda de sempre em benefício do regime e para alienação de parolos.
Fixei o olhar vazio de Vítor Pereira no final do jogo: olhos baixos, imóvel, fixando algo no relvado (aliás muito mau). Talvez possa reflectir, mas fez bem em não aludir a um penálti não marcado sobre James quando ainda estava 2-1. Faz bem em dizer que o FC Porto não merecia mais do que empatar. Porque pouco fez para ganhar, porque deixou correr a bola mas sem pensar na baliza quando ganhava 1-0 e deixou que o Rio Ave chegasse com mais jogadores à área, sendo natural que marcasse dois golos em escassos minutos. Há falha clamorosa de Maicon, que já não julgaríamos possível, no empate, mas a equipa já pastoreava a vaca da bola com a qual não queria ganhar nada, só tempo mas sem trabalho. A perder, a necessidade aguça o engenho e lá veio a ida à linha e o cruzamento para Jackson empatar.
Vítor Pereira pedira a Atsu para não cruzar. Pedia toque, toque, passe, passe. Visar a baliza? Nã, vamos controlar. Mas o FC Porto mal controlou e nunca dominou. Não precisamos de pedir um penálti clamoroso para reivindicar uma vitória. Foram dois pontos perdidos por passividade. E voltou a ver-se o de Olhão: substituições em que os entrados foram fazer o jogo mole dos que saíram. Em Olhão acabou-se com as calças na mão. Em Vila do Conde chegou a roçar o escândalo de uma nova derrota depois de Barcelos. Pelo meio, em Zagreb, também a meio do jogo a equipa não sabia a que jogava, para que joga e que o jogo tem 90' e tudo pode acontecer.
Mau jogo, displicência, primas-donas, nenhum trabalho, correr para nada, suar para o boneco, quase cair no ridículo. São os portistas aburguesados, dispensam-se de jogar a sério, desprezam os rivais menores e desbaratam vantagem no marcador?
A melhor equipa do mundo, entretanto, perdia em Sevilha por 2-0. Virou o jogo, trabalhou para isso, fez sempre o seu futebol, deixou a pele em campo, nem se contentou sequer com o 2-2 quase no fim, ganhou nos descontos.
O Barça sabe a que joga, sabe o seu jogo, percebe as nuances de um encontro, supera as vicissitudes de algo correr mal porque nunca desiste do melhor resultado. Vilanova em o melhor começo de sempre no campeonato. O Barça penou nos últimos três jogos com Granada, Spartak Moscovo e Sevilha. Espero que continue a dar-me alegrias durante esta semana.
Já o FC Porto mr. Jekyll e Mr. Hyde, não sei, Vítor Pereira não sabe como a equipa deixa de jogar e sabe lá o qe vem aí esta semana?
Bem, esperemos que o ralenti de Lucho, de quem se prescindia depois da viagem à Argentina, e o refill das pilhas de Fernando em seu lugar, depois de paragem longa, sejam motivos óbvios para a baixa produção em Vila do Conde. Depois, os laterais continuam a alternar o bom com o mau e à direita não sei que dizer de Danilo, Miguel Lopes, os dois ou nenhum, com tanta rotatividade mas pouca rotação. Jackson ficou votado ao abandono porque o meio-campo jogava só para os lados e passava ao lado do pensamento na baliza. O FC Porto, os jogadores, a equipa, terá mesmo ideia do tipo de jogo que faz?
A melhor equipa do mundo continua a mostrar que algo pode correr mal, como é normal num jogo de bola, mas não perde a convicção da sua força e o jeito do seu estilo. Por isso ganha muito mais do que os outros. E dá-me alegrias.
Nota política: a Catalunha quer a independência em Espanha, porque esta precisa mais dela do que ela do País fragmentado e com a capital a sugar o sangue de todos. Por cá, parolos do Porto vão a Lisboa reforçar o centralismo que os locais querem manter, chupando os recursos do País, mantendo os vícios da abastada Administraçáo Pública (maioritariamente lá), sem nada lá para transaccionar, vivendo à custa do trabalho alheio, da produção que é local e não nacional. As pessoas, ao fim de tantos anos, ainda caem no logro de ajudarem quem está melhor: se se queixam da sua vida, deviam saber que o que as trouxe até aqui foi precisamente o manter o statu quo que mais interessa a Lisboa. E é isso que em Lisboa querem salvaguardar, porque o País continuará a definhar se não trabalhar. A imagem serve do futebol e do FC Porto para explicar o que aparentemente não tem explicação no País mas está à vista de todos e não é a Troika o mau da fita, mas os vícios próprios.