30 dezembro 2010

Mundial, para fechar ou abrir o ano


Enquanto a generalidade da Imprensa lusitana focou, há dias, a atenção no pedido de desculpas de Blatter por ter aconselhado os homossexuais – com imagens alusivas de gay parade nas tv’s, o que diz tudo do enquadramento alinhado por um chico-esperto tão vulgar nas editorias da coisa -- a não se “aventurarem” em comportamentos desviantes no meio de uma sociedade muçulmana, por muita tolerância que tenha, quando o Mundial de 2022 se desenrolar no Qatar, houve quem percebesse o lado mais importante de uma conferência de Imprensa do presidente da FIFA na Áf. Sul. Isto foi, creio, na há duas semanas, e li isto na Marca:
http://www.marca.com/2010/12/17/futbol/futbol_internacional/1292588917.html
Pois é, eu bem alertei para os que temiam os 50ºC (e à sombra, dizem…) no Qatar para o Mundial-2022. Aqueles que esqueceram muitos jogos nos EUA em 1994 com 45ºC… E continuam a dizer mal da FIFA, do Blatter, do poder do dinheiro, das manobras de bastidores.
E. claro, em Inglaterra também começaram logo a ver o essencial. E como é que David Bond, editor de Desporto da BBC, começa a análise? Simples:

O mestre suíço continua a golear as críticas. Pois, o Mundial-2022 pode ser jogado no… Inverno. Toma lá. Outra novidade. Agora a FIFA “cede” à Meteorologia. Só faltava esta. Raios partam isto.
E, contudo, ela, a bola, gira. O Mundial de clubes não se joga no Inverno? Por sinal, nos vizinhos (do Qatar) Emirados, no caso o de Abu Dhabi? E o Inverno, em muitos países da Europa, não obriga a parar os campeonatos?
Então, quem comanda o futebol mundial não tem ideias? Claro que tem. A FIFA, a mim, normalmente surpreende pela positiva. Tem estratégias para tudo. Até escapou da bancarrota provocada pelo descalabro da ISL há uma década. E volta a ser pujante como nunca. Pois já é certo, para mim, que teremos um Mundial no Inverno. Porque não?
Podem crer, o Inverno naquelas paragens é frio, bem frio à noite, às vezes mesmo de dia. Há campeonatos parados em meia Europa. Na América do Sul os campeonatos acabam em meados de Dezembro, o mais tardar. Em África também. Joga-se ao longo do ano civil, normalmente de Fevereiro a Novembro. Idem na Ásia. Curiosamente, por causa disso, os europeus até podem tirar vantagens, pois o cansaço de uma época inteira recairá nos outros continentes e quem joga na Europa ainda mal levará a época a meio.
Em Portugal é que terá de se fazer uma pausa para além da quadra natalícia. Nada de mais. Como até a FIFA fecha a loja pelo Natal, é de crer, embora pouco se tenha adiantado sobre a matéria, que Janeiro será o mês indicado. Menos crível é jogar em Dezembro, quando ainda todos jogam na Europa (e a UEFA não fecha a Champions mais cedo). Muito menos na viragem do ano, precisamente por causa das Festas.
Deixaremos de queixar-nos do frio, de alguma neve. Equipas alemãs e do centro europeu, ou do Leste, continuarão a fazer pré-época ou meia-época na Turquia do sul, nas Canárias, no Algarve…
O Mundial é que se jogará no Qatar. Se Blatter o sugeriu, se Beckenbauer o admitira… O resto são paneleirices, como costumo dizer.
Entretanto, fora as reacções idiotas de gente cá da terrinha, a coisa é apadrinhada noutros sectores, como aqui: http://news.bbc.co.uk/sport2/hi/football/9310671.stm com o Sindicato de Jogadores internacional.
Uma bela reflexão no fim de um mês que começou com a excitação de quem acolheria os dois Mundiais a seguir sao Brasil-2014. E bem para fechar um ano e começar outro.

p.s. – já esgotou a paranóia dos votos alegadamente comprados para a eleição dos destinos dos Mundiais de 2018 e 2022. Os ingleses, claro, estrebucharam mais. Mas nem neles nem em lado algum vi perguntarem-se a simples questão, básica: tendo a Inglaterra recebido dois votos, um deles do seu Geoff Thompson com assento no CE da FIFA, para ser eliminada na 1ª votação; se Portugal manteve os 7 votos na 2ª volta, iguais aos da 1ª ronda; se a Rússia passou de 9 para 13 votos, captando dois antes cedidos à candidatura Bélgica/Holanda que tivera quatro antes e acabou com apenas dois – se dois destes foram, portanto, por fim, para a Rússia, em quem votou o inglês na ronda final? Elementar, até o caro Watson perceberia sem explicações de Sherlock Holmes…

28 dezembro 2010

Acção... e consequência





Normalmente. Nem sempre acontece. Mas sucede-se amiúde. É isso que faz uma tendência. Outros chamam-lhe moda. Alguns... um vício. Com sentido pejorativo. Ou sem. É assim que se lêem as coisas no futebol cá dosparodiantes... de Lisboa. Ler e tresler. Esmiuçar ou... avacalhar. Há tantos porcos da bola quantas as inteligências enormes que decididamente não cabem num ecrã de televisão, numa boa imagem com a marca de Pinto da Costa.
O futebol português é pródigo em dar pérolas a porcos. E tantos grunhem por aí. Uma vara. Uma cáfila. Um bando. Nada se aproveita.
É o balanço do que pode ser o ano de 2010. Quando a verdade desportiva deixou de existir, subitamente, de uma época para outra. De Maio para Agosto.

Com Pinto da Costa a festejar 73 anos, hoje mesmo, eis uma dupla sequência do que se configura, como desde há quase 30 anos, como um líder em boa forma. Anuncia, pelo Natal, que Villas-Boas ficará mais do que dois anos no FC Porto. Antes do Ano Novo, sucede a renovação. Com brindes a novas... vitórias. Do prelúdio de uma guerra de palavras a um final em apoteose, picando o adversário.

Enquanto uns parolos, cheios de manhas, armam-se em descodificadores de mensagens, incapazes de apanharem o mensageiro e sacarem a mensagem das patinhas suaves de um ponbo-correio, a agonia da águia Vitória leva a ficar... mais depenada.

As entrevistas a O Jogo, de Pinto da Costa, ficam com algumas tiradas mordazes e uma ou outra revelação. A première de prenunciar a renovação do técnico, enquanto uns sebentos, untuosos e fedorentos, duvidam do seu futuro, e a marca da casa de João Moutinho, antes de parar a Alvalade, ter planado sobre as Antas: treinou com um irmão mas aceitava ficar se fossem os dois. Não foi dois em um. Foi um e, agora, Moutinho é como Villas-Boas: veio para ficar.
Esta estratégia, este savoir-faire, esta comunicação (que tantas vezes critico e creio que com justeza) é, como o técnico com sangue azul e um Moutinho de fibra de antes quebrar que torcer, à Porto. Saúdo o brilharete para um final de Ano Feliz, depois de tantos motivos para Boas Festas deixados no Natal.
Isto é como aquele vinho do Porto por aí badalado, de há 150 anos: incomparável. Parabéns ao presidente e ao FC Porto.
p.s. - li com atraso as entrevistas de Pinto da Costa; e a de António Oliveira a Record. Gostei muito desta última, provavelmetnte a do próximo presidente do FC Porto. Parece-me incontornável. E Oliveira, inteligentíssimo, refinou o seu estilo. Aguenta este Boronha e qualquer ronha deste mundo. Sabe muito e sabe dizê-lo. Nem precisa, agora, de ser patrão de Imprensa, nem comandar o "FMI do futebol".

Quem mandará agora prender/suspender/despedir o Laurentino "Kim-il Sung" Dias?



Esta nem parece ser uma notícia nova: a ameaça de suspensão da FIFA de clubes e selecções de Portugal competirem lá fora.

Até poderá nem ser factual. Leia-se o contexto em que, segundo a notícia, é mencionado que todo o executivo da FPF ouviu Madaíl ler a comunicação da FIFA em que exige que haja legalidade na FPF. Caso contrário, há mesmo suspensão internacional e adeus Liga Europa e Euro-2012. Nunca tal sucedeu na Europa, é verdade. Mas é possível, é mesmo.
Com a iminência da data para as eleições federativas, o caso está em cima da mesa. Para rebentar. Ou se mudam os Estatutos, de acordo com a (nova) lei (RJFD), impondo um diferente processo eleitoral, ou não há eleições na FPF. Estas já estavam marcadas para Fevereiro (candidaturas até dia 10/1). Mas a FIFA, por outro lado, também não gosta que sejam os Governos a "mandarem" nas federações, estas devem decidir as suas coisas por si próprias e não com impositções tutelares.
E não é fácil. Nem por decreto, o que é o caso, de o Governo impingir um quadro regulamentar que as associações, no caso a FPF como associação de associações do futebol, não aceitam.
Já tivemos a palhaçada de a suspensão do Estatuto de Utilidade Pública da FPF ter sido levantada, só um bocadinho, por um tempo, para Portugal disputar o Mundial. Empurrou-se o problema para a frente, com a barriga.
Quem é o palhaço a dominar todo o circo? Madaíl, sim, mas esse faz de palhaço-palhaço, não é o palhaço-orquestra, aquele que parece dominar o primeiro, tem só a cara pintada (serve farinha Amparo), um fato colorido (normalmente vermelho) e um chapéu em cone (cor à escolha). O palhaço-palhaço é aquele, típico, careca, bola vermelha na ponta do nariz, boca pintada e desproporcionada, a quem se dá ordens, que sofre vexames mesmo que aqui e ali consiga uns êxitos. Madaíl ficará ligado aos Europeus e Mundiais disputados de enfiada no início do século XXI. Uma década de alto nível. E pouco mais. Nenhuma ideia para o futebol português, isto de um tipo a quem foi oferecido um salário anual equivalente a 147 salários mínimos, contou há dias Valentim Loureiro, se não me engano.
O palhaço-orquestra, no contexto de todo um Governo de farsantes e pouco comediantes, dá-se ares de ditador, bem à maneira do norte-coreano Kim-il Sung.
Podem não se lembrar, eu já não preciso o tempo e o contexto em que tal foi difundido mas situo-o na vigência da anterior Legislatura deste mesmo Governo de só cretinos, mas o actual secretário de Estado da Juventude e Desporto, Laurentino Dias, em tempos disse que a "FIFA não ameaça Portugal" e, mais ou menos isto, as regras da FIFA não se sobrepõem ao Direito e legitimidade jurídica de Portugal.
É de crer que o risco de suspensão de Portugal no contexto internacional não melindre o Laurentino "Kim-il Sung" Dias desta moderna ditadura lusitana. Quando esta saga começou penso que terá logo aí motivado a reacção destemperada do governante que pode conduzir-nos ao tempo do "orgulhosamente sós".

Com o seu poder e o apoio de epígonos do regime, como é da praxe, Laurentino "Kim-il Sung" Dias conseguiu forçar o despedimento de Carlos Queiroz.
Não sei se vai mandar alguma polícia especial prender alguém das associações recalcitrantes, numa visita nocturna a casa particular. Ou se vai despedir o presidente da FPF, incapaz de se fazer impor, ao menos de se fazer valer ou de fazer-se respeitar perante o colégio eleitoral da FPF. Decerto haverá aí algum Boronha de serviço para defender a via oficial do regime.
Entretanto, estão a passar-se coisas estranhas, ou nem por isso, cá dentro, onde os escândalos do regime ou são minimizados, senão mesmo ignorados, ou terão tratamento de favor na Imprensa oficial.
(a seguir, talvez)
antes de (a seguir), o mundo da bola rebola assim:
com reacções de vários quadrantes.
E, ainda, mais esta. Deliciosa, em todos os pormenores:
"O presidente da mesa da Assembleia-Geral da Federação Portuguesa garante desconhecer qualquer exigência da FIFA para que o organismo que tutela o futebol português altere os estatutos antes das eleições, marcadas para 5 de Fevereiro. Avelino da Rocha Ribeiro admite, ainda assim, adiar o acto eleitoral se tal for solicitado.«A ser verdade (a carta da FIFA), parece que voltámos ao tempo da ditadura. Não se pode votar contra? Não sei como se pode impor a uma federação que aprove novos estatutos», questionou o dirigente federativo, em declarações reproduzidas pela agência Lusa, e quando confrontado com um artigo do Diário de Notícias". no Maisfutebol. Lá vão dizer, os estúpidos fazem-no frequentemente, que o Porto, no caso a AF mas podia ser o FCP, controla tudo.

23 dezembro 2010

Tantas e Boas Festas!!!

Actualizado (24/12): "Estranhei ver Jesus tão irritado com elogios alheios, como se fossem insultos, mas é o que faz ouvir os vendilhões do templo que pediam a sua crucificação ainda há tempos e parecia unir mais a famiglia à volta dele. Como é capaz de dar a outra face, vejam se o calam com cinco batatas mais para consolá-lo, a tempo da Páscoa, amén"






Tudo tem mais encanto de azul e branco


26 jogos sem perder, única equipa imbatível na Europa; líder do campeonato; +8 pontos de avanço sobre o 2º classificado; Melhor ataque e melhor defesa; Hulk melhor marcador do campeonato com 13 golos em 13 jogos disputadas (folgou uma jornada) e MVP em todos os meses de competição; apurado para 1/32 da Liga Europa; apurado para 1/4 final da Taça de Portugal. Vencedor do único título já disputado.

22 dezembro 2010

Líder um ano depois, o Porto-Benfica e quem é ou está melhor






“Nos programas semanais de desporto, nem sei como cabe tanta inteligência em ecrãs tão pequenos” - Pinto da Costa, esta semana e já aqui citado




Volto ao tema, que escolhi na altura para melhor definir o que por aí vai. Villas-Boas aposta firme do presidente do FC Porto? Jorge Jesus é um grande técnico (para o Benfica, note-se, e só nesse contexto Pinto da Costa enquadrou a situação com o "entorno" actual na Luz, o que quase ninguém compreendeu...)? Pois, afagar os egos sem dizer algo de novo ou substancialmente diferente do antes proclamado.
Preferi destacar a frase acima. É já do lugar-comum, certo, mas sintetizar daquela forma não cabe a qualquer um.
Passada mais uma ronda dos tais "programas semanais de desporto" (vulgo nas tv's), daqueles que há muito deixei de ver, chegados à pausa natalícia do campeonato e com resultados eloquentes esta época para o FC Porto como não há memória em Portugal com clube algum, o que podemos dizer no contexto dos ditos entretenimentos televisivos?
Confesso não poder dizer muito. Não vejo, não sei, não gosto. Volta e meia, contudo, as tv's surpreendem-nos, na sua mediana mediocridade e vulgaridade com as mesmas alocuções de sempre nas caras do costume. Ontem, 3ª feira pelo almoço, apanhei o Desporto da SICN e levei com 15 minuitos a falar do sensacional V. Setúbal-Sporting (0-3), não só as peripécias que dão valor à economia do campeonato, como às vicissitudes que há meses, anos rodeiam o futebol de Alvalade.
Duvido, mas alguém poderá corrigir-me, que nos tais programas semanais de desporto propriamente ditos se tenha esgrimido números quando tantas vezes se adulteram regras do jogo e confessam ódios ou ânimos de estimação.
E, um ano depois, à 14ª jornada, antes do Natal, o que nos diz o campeonato sem ser pela boca dos paineleiros ou cartoonistas da palavra nas colunas pífias dos jornais mais ou menos da especialidade?
2009-2010
Benfica (1º a par do Braga) 14J 10V 3E 1D 38-9G 33P

20102011
FC Porto (1º com +8 pontos que 2º Benfica) 14J 12V 2E 0D 32-5G 38P
Com mais duas vitórias, nenhuma derrota em todas as competições esta época (26 jogos disputados), uma diferença de golos menor em apenas dois golos (-6 marcados e -4 sofridos), há por aí a histeria e o reconhecimento sóbrio e fundamentado sobre o percurso quase sem falhas do FC Porto?
Comparem, se se recordarem, do "bombardeamento" do "melhor futebol" de há um ano, mesmo depois de 1-0 na Luz com golo fraudulento que colocou o Benfica 4 pontos à frente do FC Porto nesta altura...
Já agora, porque os números não mentem e eram, há um ano, permanentemente agitados a sustentar as teses balofas do "melhor futebol" que precisava de tantos golos irregulares e penáltis salvívicos, querem recordar e comparar o que era o FC Porto tão desacreditado há um ano e o que é o Benfica que se diz estar a recuperar o "seu futebol"?
2010-2011
Benfica (2º a 8 pts. do líder) 14J 10V 0E 4D 27-14G 30P

2009-2010
FC Porto (3º a 4 pts. dos líderes) 14J 9V 2E 3D 27-11G 29P

Partantos... o fraco FC Porto da época passada tinha praticamente os números do recuperado Benfica de agora e que faz alguns patetas acreditarem ser capaz de reconquistar o título...
Fora o jogo de palavras e eliminados os factores de literacia que a muitos pobres de espírito não ajuda sequer a fazer contas, basta olhar para os números e perceber as diferenças. Sem calculismos balofos ou estados de alma bacocos.
Se me disserem que os programas desportivos semanais falaram disto e ocuparam mais tempo a falar do FC Porto, pois sobra-lhes, além de credibilidade e dignidade, a tal inteligência que afinal não andará assim arredia daqueles círculos entretidos a ver o esférico rolar sobre a erva...
E ainda não está feito o balanço da 1ª volta. Lá chegaremos para desmistificar mais alguns números de certos artistas de circo...


ACTUALIZAÇÃO (17.30h): O JN de hoje, além de duas páginas de tributo ao falecido Pôncio Monteiro com factos para mim desconhecidos, pega nos números todos de 2010, desde Janeiro, e coloca o FC Porto numa perspectiva superior ao longo de todo o ano. O que é notável, num registo mais alargado, até pelo frenesim de que se rodeou a época passada em torno do Benfica... Em todo o ano civil, o FC Porto fez 55 jogos (contra 49 do Benfica), ganhando 44 (80%, contra 34 e 69,7% do Benfica). Mais: conseguiu, afinal, mais golos (138, contra cento e poucos, cito de memória), o que também é extraordinário face ao decantado "melhor futebol" e "poder ofensivo" que tantas loas fez ecoar na época passada... E, claro, sofreu menos golos também. Com os troféus distribuídos (2-2), o que para muitos portistas foi, circunstancialmente, um ano para esquecer, para mim é mais um motivo para recordar, porque nunca vi com o negativismo de alguns adeptos o percurso desportivo da equipa nem desconsiderei Jesualdo que ficou na história portista com 3 títulos e 2 taças ganhas, no galarim mais alto do clube. Sem estes registos presentes, há tantos que ficam apenas de memória com a espuma do tempo e a aragem de notícias avulso enfatizadas só pela Imprensa do regime. E, contudo, o mundo gira em relação a outros eixos de interesse e nos quais eu particularmente me movo.

21 dezembro 2010

Bin Laden ou Nobel da Paz (IX)?

Uma ronda de arbitragens sem casos de maior. Mas com muitos rabos de palha. Contudo, um caso, mau mas típico caso cá da caserna de vícios antigos, agitou alguns neurónios com LED apagados para mal da quadra natalícia a reclamar sempre focos luminosos para compor o ambiente mais alegre.
A fechar a jornada, João Capela pareceu-me, que não vi todo o jogo tão cedo resolvido e muito bem para o Sporting, ter feito uma excelente arbitragem no Bonfim. Um terreno difícil, pesado pela chuva, mas boas decisões sem casos complicados para resolver, honra lhe seja feita.

Já Artur Soares Dias teve o mérito, inegável, de obrigar a falar dele por motivos errados, como erradas foram as decisões de não apitar um penálti flagrante sobre Hulk e descobrir um, inexistente, que elevou o resultado para o FC Porto na Mata Real mas já em descontos. Tem sido recorrente este aspecto nos jogos do FC Porto, como no Moreirense (Hulk derrubado e sem penálti) e com o Portimonense (penálti sobre Rodriguez apenas nos descontos).

Artur Soares Dias prejudicou o FC Porto, duplamente, como foi afectando a produção portista ao longo do jogo, contemplativo perante os prevaricadores. Prejudicou duplamente porque o penálti, claríssimo, sobre Hulk motivaria, ainda, a ser marcado, o 2º amarelo a Filipe Anunciação. Não é preciso um jogador ser derrubado, com ou sem teatro na queda, para ser marcado penálti. Se Hulk tivesse caído à pisadela de F. Anunciação ainda se arriscaria a ver um amarelo por alegada simulação. Há gente para tudo...
Há, ainda, gente para tudo, até para mostrar os nervos à flor da pele e a parcialidade que lhes corrói as veias de mau sangue. Por exemplo, os barraqueiros que agitaram o slogan do "FC Porto beneficiado por penálti inexistente" esqueceram, para além do penálti não marcado sobre Hulk, que o Benfica ganhou 2-0 ao P. Ferreira com um penálti inexistente: um defesa pacense cortou a bola mas Caientrão fez o teatro necessário para enganar o "tenrinho" Bruno Esteves, aquele sadino chamado à Luz para não tramar ninguém (com 4 jogadores em risco de suspensão) antes do clássico no Dragão... Ouviram muito barulho por um claro desarme que o árbitro "porreiro, pá" apitou a favor da instituição?...
Mas durante o jogo de domingo passou, amiúde, das marcas a virilidade pacense. Não que fossem entradas muito ríspidas. Mas foram repetidas, sempre da mesma forma, agarrando ou derrubando por qualquer coisa como passar por um defesa e se passou a bola não passou o portista. Os médios pacenses abusaram de placagens e rasteiras. Quando o árbitro começou a mostrar amarelos (3 em 9 minutos) já tinham passado oportunidades para mandar embora um ou outro. André Leão, por exemplo. Bruno de Paula foi substituído, mas andou ali em placagens sem ver qualquer cartão...
Para cúmulo, porém, nem F. Anunciação foi expulso. Pelo penálti que provocou mas não foi marcado e lhe valeria a expulsão por acumulação. Mas, mesmo depois, ainda com 1-0, recorro apenas à memória, foi Filipe Anunciação a derrubar Belluschi à entrada da área. Uma falta tão recorrente, mas em zona frontal à baliza, que deveria ditar cartão, mas nem assim. Mesmo o lateral-esquerdo Lionel Olímpio andou ali no risco da expulsão por 2º cartão. Vários jogadores locais, muito empertigados decerto pelas sopas de vinho porque faz muito frio em P. Ferreira, acabaram o jogo só por boa vontade do árbitro que, como tantos outros ao longo do campeonato, permitiu derrubes sucessivos a jogadores portistas sem adequada punição disciplinar.

Já Hugo Miguel, no Benfica-Rio Ave que se tornou fácil pelo avolumar do resultado, conseguiu passar uma tripla acção irregular no último golo encarnado, com fora-de-jogo activo por marcar, depois uma carga no g.r. e ainda num defesa, creio que por David Luiz, mas como é tempo de festas e os desanimados, em risco de boicotarem mais os jogos na Luz do que fora, precisam de carinhos e mimos para aguentarem as frustrações, várias, da época de todos os desenganos. Este artista, porém, já é a 2ª vez que apita o Benfica e, em Portimão, conseguiu perdoar a expulsão, por duas vezes, a Maxi Pereira: qualquer das entradas por trás valeriam vermelho directo, mas só viu amarelo numa e na outra teve a condescendência arbitral deste moço lisbonense que se adivinha de muito futuro.

p.s. - num àparte, para lembrar que o árbitro muito contestado no recente Real Madrid-Sevilha, Clos Gomez, foi aquela abencerragem nomeada pela UEFA para o Besiktas-FC Porto, que fez tudo para o FC Porto não vencer em Istambul. Mas é giro, também, o Madrid reclamar, isto duas jornadas após um árbitro ter expulsado sem razão Albelda, do Valência, quando estava 0-0 a meio da 2ª parte, exclusão ditada pelo 2º amarelo que a CD da Liga espanhola depois lhe anulou, comprovando ter sido indevido, mas mantendo o castigo porque, furioso e injustiçado, o jogador tratou mal o árbitro, dizendo-lhe "não tens cara" face à revolta que lhe provocou a sua expulsão.

20 dezembro 2010

Piada de presidente: tem passado, presente e até com futuro...

“Nos programas semanais de desporto, nem sei como cabe tanta inteligência em ecrãs tão pequenos”
- Pinto da Costa, hoje, na Rádio Renascença.



















As (in)certezas, do resultado e de Hulk


Meia época sem perder, para o FC Porto, não dá manchetes amanhã. São 36 jogos e um dia perde-se-lhes a conta. Não é por acabar com 8 pontos de avanço sobre o 2º classificado. É por tudo, por resultados normalmente tranquilos e alguns mais contundentes do que outros magros, por bom jogo, por golos bonitos e por se ganhar de qualquer maneira, à excepção de três empates todos a justificarem mais do que valeram. E ganhar em condições muito difíceis, como voltou a ser com o P. Ferreira na Mata Real.
O rotundo 3-0 só foi ampliado nos descontos. Cedo Otamendi comprovou que, depois de estreia com golo ao Olhanense, à 6ª jornada, sabe mesmo marcar. Porém, um 3-0 prenunciado no avassalador primeiro quarto-de-hora, com Cássio a fazer a defesa da noite a cabeçada de Sapunaru, Falcao a contornar o g.r. pacense para acertar num poste e o mesmo guardião local a cortar, in extremis, uma jogada em que Hulk, fintando meio mundo, esteve perto do golo da tranquilidade. Tudo, em 15' soberbos, sem o Paços saber sequer onde era a área portista, quanto mais a baliza de Helton.
Os resultados enganam, às vezes, e Rui Vitória não deixa de ter razão. Porque a segunda parte fortíssima dos pacenses ameaçou o empate por mais de uma vez. Sim senhores. Mas tivesse o FC Porto aproveitado as oportunidades de início e não mais o jogo teria para contar a história que o técnico pacense viu no resto do tempo. Até um penálti por confusão - mas já vimos piores, muito piores - do árbitro, que negou um antes a Hulk, sentenciar a partida com o Incrível a fazer, depois, a segunda assistência para Walter dar a expressão final ao resultado aberto aos 11' num livre bem executado, sempre por Hulk, para a cabeça de Otamendi iludir a linha do fora-de-jogo vindo de trás para marcar sem oposição no período de ouro portista.
Hulk, líder dos marcadores (13 golos em 13 jornadas, pois "folgou" uma das 14 disputadas, mas também não dá manchetes como o registo igual de CR7 no Real Madrid), melhor jogador e único que se destaca em toda a Liga, eleito mensalmente MVP desde o início, é tão decisivo e (in)certo como foi o complicado, trabalhoso e sofrido resultado de ontem. Pois também elabora demais os lances individuais, perde opções de passe em remates falíveis de longe ou com o seu pé menos bom. Felizmente tem uma equipa que joga num colectivo fortíssimo e que colmata algumas falhas individuais com entreajuda e posicionamento defensivos que também distinguem claramente o FC Porto da concorrência e é outra marca notável deste registo histórico mas ironicamente tão extraordinário quanto, de alguma forma, banal - e sem dar as manchetes na Imprensa do regime.
Um jogo muito combativo, demasiado faltoso e muito permitido pelo árbitro Artur Soares Dias que devia ter expulsado pelo menos dois pacenses por duplo amarelo, mostrou o empertigamento pacense que um resultado tangencial sempre propicia. Futebol directo, gente jovem que corre muito e bate forte e feio, sangue na guelra e vigor físico aqui e ali a passar das marcas atrapalharam o meio-campo portista, ao ponto de AVB ter lançado Sousa para reforçar o miolo, acabando com Maicon a terceiro central já quando Hulk marcava o 2-0 e Falcao e James saíram lesionados.
Uma grande época, so far so good, um jogador desequilibrador fenomenal estratégica e inacreditavelmente afastado no início do ano e vê-se hoje a diferença em relação a esta fase da época passada, quando o FC Porto acabou o ano a perder na Luz com um golo irregular e um pesadelo disciplinar para os hoje reabilitados Hulk e Sapunaru, este a confirmar a apetência por um lugar que dificilmente se julgava, nos dois últimos anos, capaz de merecer.
Hulk, com um colectivo impressionante mas também a valer por si só, será de novo o jogador do mês, açambarcando todas as prendas para um Natal imensamente feliz para todos os portistas.

18 dezembro 2010

Verde, que te quero verde (e não falar noutros responsáveis...)

Na Grécia, como na Turquia, ou mesmo noutros países balcânicos, um clube grande perder em casa com um clube pequeno implica tumultos e adeptos locais desvairados ao ponto de perseguirem os jogadores e técnicos do seu clube.
Foi o que sucedeu quando hoje o Panathinaikos perdeu em casa com o Olympiakos Volos. Volos é pequeno clube de uma pequena cidade do mesmo nome no meio do país. Trazer o nome do arqui-rival do Pana e vestir as mesmas cores só agrava a desfeita. Daí ter sucedido o que se relata em baixo.


À primeira vista, parece que Jesualdo corre o risco de levar com as culpas todas. Já se falou da dèbacle do Pana na Champions, em 4º no grupo que incluía o Rubin Kazan e o Copenhaga que se classificou em 2º atrás do Barcelona. Agora é uma derrota comprometedora, em casa, com um dos normais "alitos". É mau.
Mesmo quando é a Imprensa portuguesa a tratar do assunto, como no Maisfutebol ou amanhã nos jornais mais ou menos da especialidade, será sempre Jesualdo na cara do touro, a levar com as culpas.
E, contudo, se notícia houve no Verão foi a inesperada contratação, pelo Panathinaikos, de um director-desportivo português. Carlos Freitas trocou o Braga por um dos maiores clubes do Mediterrâneo Oriental. Preparou a época e, como expert do mercado, tratou do plantel.
Pois é, nem sempre as caras conhecidas são divulgadas como é devido. Nunca mais se ouviu falar de Carlos Freitas. Agora só sobra Jesualdo, chegado há um par de semanas numa Atenas sempre a arder, pelas greves gerais e protestos violentos contra o Governo e a capitulação perante o FMI e porque um dos gigantes de Atenas fica sempre a perder, logo há sempre alguém para atacar.
http://www.maisfutebol.iol.pt/internacional/panathinaikos-jesualdo-jesualdo-ferreira-maisfutebol-grecia-jogos/1219428-1490.html

17 dezembro 2010

Escalada da Europa pela vertente mais íngreme


Sevilha e, provavelmente, CSKA Moscovo no futuro (Fevereiro/Março) do FC Porto na Europa. A escalada até Dublin, a 18 de Maio, começa ao pé de casa, na familiar capital andaluza, para passar por um dos picos intermédios mais distantes, a capital russa. Com os russos normalmente em pré-época no início do ano, para o seu campeonato que começa em Março, era preferível a ordem inversa de jogos, mas terá de ser assim.
Pelo meio dos jogos europeus de Fevereiro, o FC Porto recebe o Nacional. Antes de ir a Sevilha vai a Braga, esperemos que siga um percurso vitorioso como tiveram os minhotos com os espanhóis.
A UEFA, entretanto, já confirmou o Porto-Sevilha para terça-feira, 22 de Fevereiro (tal como o jogo caseiro do CSKA) - o que deve implicar o adiamento do Porto-Nacional ou jogá-lo no sábado, no limite, é importante perceber o que se passa. Olho para o calendário e só vejo 27 de Janeiro livre, para uma eventual antecipação. O fim-de-semana seguinte é para a Taça da Liga e o Nacional vai jogar a veiro (29 ou 30). A 1 de Fevereiro há Taça de Portugal (1/2 final). Aqui é que as coisas apertam. A 9 de Fevereiro há Portugal-Argentina (Londres). Não sobra mais nada. A seguir com atenção. Sporting e Benfica têm o mesmo interesse em prescindir de um jogo crucial do campeonato entre dois jogos europeus.
Já Sporting e Benfica têm o derbi agendado precisamente para o meio das duras eliminatórias que também têm de enfrentar. É que estas coisas causam mossa, três jogos de alta intensidade física como são sempre confrontos com britânicos e alemães. E nunca se sabe como as equipas estarão em Fevereiro, mas a rotatividade do plantel no Janeiro com Taça de Portugal e Taça da Liga é fundamental para saber da valia dos grupos em toda a sua extensão e até que ponto reagem bem ao desgaste físico e emocional. Aspectos a ter em conta e que me fazem sempre olhar com atenção para o calendário.
Acabei por acertar o adversário para o Braga, o Lech Poznan que derrotou em casa o Man. City e acabou por afastar a Juventus com quem não perdeu. Os arsenalistas também conhecerão o gelo polaco a 17 de Fevereiro, jogando primeiro fora, com a perspectiva de receberem a seguir um dos mais ilustres clubes mundiais, o Liverpool (que defronta o Sparta de Praga e até a similitude dos nomes das cidades Praga e Braga pode ajudar os reds a visitar o Arsenal do Minho.
Quase acertava no Paris SG para o Benfica, mas dos três adversários que sobravam, com o PSV que também era um palpite meu, saiu o Estugarda que se debate com problemas na Bundesliga. Mas está em perspectiva um Paris SG-Benfica na fase seguinte.
O Sporting reencontra o Rangers a quem não marcou um golo com Paulo Bento, há dois anos, perdendo 0-2 em Alvalade depois de 0-0 em Ibrox. E, a seguir, tem em perspectiva, se passar desta vez, reencontrar o Lille ou, o mais certo, apanhar o PSV Eindhoven.
Na Liga Europa acabaram por sobrar dois jogos com repescados da Champions: Basileia-Spartak e Rubin-Twente. Mas há muitos jogos em cartaz que podiam ser da própria prova-rainha, como o Nápoles-Villarreal, o Sevilha-Porto, o Anderlecht-Ajax ou mesmo o Besiktas-D. Kiev.
Na Champions, reedita-se a final Inter-Bayern e há reencontros também entre Lyon e Real Madrid, na fase maldita para os merengues que desde 2004 não superam os oitavos, tal como Arsenal e Barcelona, que igualmente se viram frente-a-frente na época passada. Marselha com M. United para Lucho, Milan com Tottenham e Schalke com Valência em cartaz, a par dos menos atractivos Shakhtar-Roma e Copenhaga-Chelsea. Jogos que não têm o interesse de alguns acima citados para a Liga Europa.
ACT.: às vezes calha apanhar um programa tipo "Opinião Pública", como vi esta tarde na TVI24. E acontece muito, em matéria de futebol, ouvir-se as maiores alarvidades dos maiores broncos que acham ter uma opinião válida sobre a coisa. Também sucede que qualquer convidado que vá a estúdio falar do assunto seja lisbonense e do recreativo ou do desportivo. Seja como for, é frequente também que um chico-esperto desses diga ter uma opinião igual à de outrém, mas este, pela sua posição, o cargo ou o clube onde está, não deve dizer certas coisas. Aconteceu que surgiu no ecrã um Rui qualquer coisa a malhar no que Villas-Boas disse há tempos sobre os repescados da Champions. Que não deve dizer aquilo (mesmo que o pense), que se calhar para o ano ou noutro ano o FCP é 3º no seu grupo e também é repescado para a outra prova, blá, blá, blá. O que se passa com estas repescagens é uma vergonha, realmente, e há muito o digo também. Já não basta os eliminados da 3ª pré-eliminatória terem a certeza de ir para a Liga Europa, depois dos grupos também vão. Um duplo proteccionismo inconcebível. Pois, mas dizer isto é crime, sabe-se lá se um dia não nos favorece a nós... E não é que o jornalista convidado até partilha a ideia de AVB, mas só acha que este, um técnico de uma equipa de topo, não o deve dizer? Para compor o ramalhete, alguns dos vagabundos que mal sabem dizer duas frases seguidas lá vieram "bater" numa opinião consolidade e justa do técnico do FC Porto. Isto é assim, um atraso atávico. Não admira que muitos jornalistas portugueses condenem coisas como o WikiLeaks...

16 dezembro 2010

FC Porto com os melhores números para o sorteio da Liga Europa, o risco de longas viagens e o maior perigo por perto

O Atlético de Madrid já foi à vida, foi o que lhe vaticinei mal ganhou a Liga Europa. Festeja e despede-te dela. Espero que este ano não se repita o caso do vencedor da última época. O FC Porto tem este troféu na mira.

O FC Porto concluiu a fase de grupos da Liga Europa com os mais altos números da prova: nº de pontos; golos marcados; golos sofridos; diferença de golos.

Depois de manchetes a falar do ataque do Sporting na prova, que chegou a ser o mais prolífico da competição após ganhar duas vezes em casa com 5-0 e 5-1, o FC Porto acaba com os mesmos 14 golos dos leões.

Realce para as 6 vitórias de Bruno Alves, Fernando Meira e Danny com o Zenit, vencedor em 2008, que foi ao Olímpico de Atenas cilindrar o AEK (0-3) e permitir ao Anderlecht a única vaga ainda disponível nos jogos mais tardios de hoje. Mas em Fevereiro as equipas russas estão em pré-época e mais debilitadas, apresentando-se quatro, tantas quantas as portuguesas. A Itália ainda apurou o Nápoles, nos descontos, no embate directo com o Steaua a quem bastava o pontito mas Cavani já tem um altar no San Paolo...

Há sempre curiosidades nestas competições, o Lille apurou-se com 7 pontos, enquanto o detentor do troféu saiu de cena com 8... A Juventus somou empates nos seus jogos e volta a ser eliminada sem perder um jogo, depois do que lhe sucedeu em 1970 na então Taça das Feiras em que perdeu a final para o Leeds por golos fora (2-2 e 0-0), sem sofrer derrotas no percurso.

Para o sorteio de amanhã ao meio-dia (hora portuguesa) na sede da UEFA em Nyon, Suíça, o FC Porto - que já partiu para a nova época com o 2º mais alto coeficiente pontual atrás do Liverpool entre todos os concorrentes à partida - apresenta-se entre os mais destacados nomes saídos da fase de grupos.

Nº PONTOS
18, Zenit
16, FC Porto e CSKA Moscovo (que empatou ontem em Praga)

Nº GOLOS MARCADOS
18, CSKA e Zenit
16, Estugarda
14, FC Porto e Sporting (que ontem não marcou, perdendo no Levski 1-0)

DIFERENÇA DE GOLOS
15, CSKA
12, Zenit
10, FC Porto e Estugarda (deu 5-1 ontem ao OB)

MENOS GOLOS SOFRIDOS
2, Bayer Leverkusen (ambos 1-1 com Atl. Madrid, um deles ontem e que afastou o detentor do troféu)
3, CSKA Moscovo, Liverpool
4, FC Porto, Paris SG

Assim, as "caras" para o sorteio são estas, sendo que não se podem defrontar equipas do mesmo país nem quem jogou no mesmo grupo da Liga Europa. Como se sabe, o glorigozo Benfica passou milagrosamente a esta fase mas está no grupo dos não cabeças-de-série e sempre tem os 3 clubes portugueses de fora como possíveis adversários. O FC Porto também não pode apanhar o Besiktas que era do seu grupo L.


Pote 1 Pote 2
A: Manchester City FC (ENG) A: KKS Lech Poznań (POL)
B: Bayer 04 Leverkusen (GER) B: Aris Thessaloniki FC (GRE)
C: Sporting (POR) C: LOSC Lille Métropole (FRA)
D: Villarreal CF (ESP) D: PAOK FC (GRE)
E: FC Dynamo Kyiv (UKR) E: FC BATE Borisov (BLR)
F: PFC CSKA Moskva (RUS) F: AC Sparta Praha (CZE)
G: FC Zenit St Petersburg (RUS) G: RSC Anderlecht (GRE)
H: VfB Stuttgart (GER) H: BSC Young Boys (SUI)
I: PSV Eindhoven (NED) I: FC Metalist Kharkiv (UKR)
J: Paris SG FC (FRA) J: Sevilla FC (ESP)
K: Liverpool FC (ENG) K: SSC Napoli (ITA)
L: FC Porto (POR) L: Beşiktaş JK (TUR)
FC Spartak Moskva (RUS)* FC Rubin Kazan (RUS)*
SC Braga (POR)* FC Basel 1893 (SUI)*
AFC Ajax (NED)* Rangers FC (SCO)*
FC Twente (NED)* SL Benfica (POR)*
*Equipa transferida da Champions League, 4 com melhor pontuação são cabeças-de-série
Equipas do pote 2 jogam primeiro em casa.

Há o risco, para o FC Porto, 5 hipóteses em 14, de ir a Leste e muito longe (Kazan, Kharkiv), mais ainda se incluirmos a Grécia (duas vezes Salónica), já que Istambul já não calha (Turquia), o que dá fifty-fifty, mas o maior perigo está mais perto (Sevilha e Nápoles).
Tenho a fezada numa equipa suíça, Basileia ou Young Boys, pois há muitos anos que o FC Porto não joga lá (Grasshoppers em 2001 no apuramento para a Champions) e muitos adeptos tem o FC Porto em terras helvéticas. E entre os dois ainda me palpita o YB, sei lá porquê.
Se se repetisse a gracinha de há um ano, quando saíram a Sporting e Benfica os clubes que tinham calhado a ambos nos seus grupos, em ordem trocada obviamente (Everton e Hertha Berlim), o Porto apanharia o Lille e o Sporting o Besiktas. Lá teriam de assobiar o Quaresma outra vez, ainda por cima de águia (preta) ao peito... Mas era bonito ver como se saíam com os adversários trocados.
Eta giro o Sp. Braga apanhar o Sevilha que eliminou da Champions com estrondo, mas imagino o Lech Poznan para os bracarenses ou o Manchester City, que só jogou uma vez em Portugal (Académica, em 1970).
Quanto ao Sporting, apanhar o Basileia de novo era uma pechincha, mas estou a vacilar entre o Anderlecht e o Aris Salonica.

O Benfica não tem muito por onde escolher: 3 russos, 3 holandeses, 2 alemães, 2 ingleses, sendo que tem também o maior número de adversários (3) riscados das suas possibilidades. Um regresso a Liverpool devia ser interessante para o mestre das tácticas, mas balanço entre o Paris SG e o PSV Eindhoven. E decerto não se vai dar pela sua ausência no sorteio da Champions que se seguirá.
Os jogos são a 17 e 24 de Fevereiro, portanto em semanas consecutivas e vai ser giro arranjar as jornadas do campeonato para estes quatro... Não a jornada a meio dos jogos europeus, porque jogarão todos ao domingo, a não ser que saia no sorteio algum adversário mais à mão.

15 dezembro 2010

FC Porto muito melhor do que a SIC

Pronto, mais uma vitória, acho que a 22ª em 25 jogos segundo tanto ouvir dizer na SIC que transmitiu o jogo e deu mais uma demonstração de falta de respeito pelo telespectador ao não repetir muitos lances de perigo na partida em que o FC Porto selou com 3-1 a supremacia no seu grupo da Liga Europa.
Um belo pecúlio à espera de mais uma prenda semelhante com o Natal à porta, o que também não faz nada bem às manchetes da Imprensa Destrutiva para amanhã. Virá um pinheirinho para o Sporting? Um outro para o tango que insistem em atribuir ao Benfica?
F0ra do Porto e sujeito ao que a tv dá, por um acaso não vi a primeira meia hora e perdi o golo de Otamendi. Nem a terminar a 1ª parte, nem no intervalo, nem no arranque da 2ª parte, mesmo a câmara fixando o central argentino, nada, cheguei ao fim do jogo sem uma imagem do primeiro golo e, patra acabar, uma bola à barra de Moutinho, creio eu, que a SIC também não repetiu, tanta a pressa de fechar a emissão desde o Dragão.
Uma falta de respeito, para além de bombardeio permanente sobre coisas exteriores ao jogo, a lenga-lenga do sorteio na 6ª feira, os 4 clubes portugueses e que o gordo agora mais magro relatador queria à viva força que se apresentassem como favoritos na prova, foi um massacre informativo-enjoativo que dá dó.
Com algumas "segundas linhas", o FC Porto não deixou de mandar no jogo e explanar os princípios de jogo colectivo do seu treinador. AVB também não abdica de dar treino aos mais titulares, lançou Moutinho, Hulk e Guarín, o que é recorrente na sua metodologia em vez de poupar 8 ou 10 jogadores como fazia Jesualdo. Só não se percebe como se insiste em Falcao para marcar penáltis, nem todos os pontas-de-lança sabem bater as penalidades, há casos assim e não adianta que o Radamel é avesso aos 11 metros. Podia ter feito o 3-1 com o seu oitavo golo na Liga Europa, depois de Ruben Micael, na ressaca, ter desfeito a igualdade com que os búlgaros entraram na 2ª parte, um golo-relâmpago que "queimou" mais uma displicência de Maicon e a bola foi de baliza a baliza com o tiraço de Delev à entrada da área de Helton.
O 3-1 surgiu num final em catadupa do FC Porto, o puto James a marcar com estilo, dominando, ajeitando de passagem e rematando cruzado com o peito do pé, tecnicamente muito bom o remate e um fecho de jogo condizente com a avassaladora pressão portista.

AVB tem razão, títulos são mais importantes do que recordes

Parece que hoje em dia, à falta de melhores argumentos e com carências visíveis e razões fundadas para se falar de futebol, seja "melhor" ou menos vistoso consoante a perspectiva, há quem ponha na agenda do dia discutir golos em fora-de-jogo ou penáltis a favor e contra. Para quem quiser tirar proveito, continua aí a tabela dos penáltis na coluna da direita, desde 1995-96 para quem quiser entrar na via do entretenimento.
Também não falta quem olhe para recordes, no caso o do FC Porto que vai em 34 jogos sem perder. Já agora, para quem quiser entreter-se, o sorteio da Taça de Portugal, hoje, ditou a visita do Pinhalnovense ao Dragão, a 12 de Janeiro, segundo ouvi na rádio.
Um motivo para evocar, já agora, que quando entrar em campo nesse jogo o FC Porto cumprirá o 18º encontro consecutivo na competição. Os jornais ainda não deram conta de que, ao eliminar a Juv. Évora, o FC Porto igualou os 17 jogos disputados entre as épocas 1999-2000 e 2001-2002, as duas com Fernando Santos que valeram triunfos e a última com Octávio Machado. Portanto, em breve alguém voltará a falar dos recordes do FC Porto, mesmo que Villas-Boas insista, e muito bem, que prefere esperar pelos títulos nas diversas provas do que vangloriar-se de situações passageiras, depois de dois triunfos na Taça de Portugal com Jesualdo Ferreira -mais uma maneira de evocar o treinador que deu três títulos nacionais, além das taças, ao FC Porto e que o novo treinador, sempre muito bem a reconhecer o mérito anterior, também enfatiza com o reconhecimento devido ao antecessor.
Este Porto-Pinhalnovense é, de resto, o único jogo definido dos quartos-de-final, a meter entre jornadas da Liga e a fase de grupos a disputar integralmente no próximo mês. Os restantes jogos ainda dependem de recursos disciplinares e atrasos vários, o que diz bem da verdade desportiva na competição que aqui pus em causa há tempos precisamente por esses motivos e quando não se vislumbra, no calendário de competições, vagas para actualizar as várias fases em atraso.
Não tive oportunidade de seguir em directo o sorteio na sede da FPF, também tive dificuldade em percebê-lo nas diversas tv's. Pelo zapping obrigatório à hora de almoço ainda vi integralmente os rodapés do "Desporto" da RTP-1, mas não passou qualquer informação sobre a Taça de Portugal e ainda sugeria que seguisse as actualizações do site da RTP na secção Desporto... Só depois, na rádio do carro, percebi o sorteio.
É o que temos. Mais logo conto seguir o jogo europeu com o CSKA Sófia, mas desde já peço desculpa pelo atraso a colocar comentários dos últimos dias.
p.s. - Donnie Darko, essa descrição do relatório do Xistra já foi divulgada cem vezes e é sempre a mesma, não há surpresas. Quanto às classificações dos árbitros, bem visto e já entendido por todos. Se reparares, as próprias notas dos jornais aos árbitros seguem o paradigma: a favor do FC Porto, negativa; contra o FC Porto, positiva. É o que temos.

12 dezembro 2010

Bin Laden ou Nobel da Paz (VIII)?

Mesmo num jogo fácil e sem problemas o árbitro Marco Ferreira conseguiu fazer com que o assobiassem estridentemente no Porto-J. Évora (4-0). Marcou faltinhas contra o FC Porto e negou uma grande penalidade quando um defesa dos eborenses impediu, com a mão, James Rodriguez de cabecear. É certo que Álvaro Pereira marcou o 3º golo em fora-de-jogo, muito no limite, mas a culpa foi do auxiliar Sérgio Serrão.

No Benfica-Sp. Braga, o melhor estava por mostrar. Depois de muitas críticas de benfiquistas a Carlos Xistra, igualmente sob forte contestação depois do V. Guimarães-FC Porto, Xistra conseguiu não expulsar com 2º amarelo o belicoso Maxi Pereira, que fez uma falta feia ainda na 1ª parte. Xistra, igual a si próprio quando deixa jogadores portistas indefesos perante adversários violentos, como vimos por duas vezes em Guimarães, é brando com os benfiquistas e isso sabia-se há muito. Até os tipos da SportTV perceberam que houve ali uma falta para amarelo, pensaram inclusive que tinha sido Carlos Martins o prevaricador. Mas um ou outro, com aquela falta, teria de ver amarelo e era o 2º para qualquer deles.

Já Benquerença não marcou um penálti a favor do Sporting, por ostensivo empurrão creio que de Ricardo Silva e Hélder Postiga, na eliminação dos leões na Taça, no Bonfim. É curioso, porém, notar que mal se fez alarido da situação, nem nos pasquins afectos ao recreativo. Ironicamente, quando erros clamorosos de arbitragem a favor do Sporting, como na última visita do Porto a Alvalade perante o Jorge Rouba, servem para sustentar um resultado para eles positivo face aos dragões, a coisa passa até para dourar o futebolzinho da treta dos viscondes. Agora que um lance podia ter evitado a eliminação na Taça, quase não se fala nisso, porque já nem com isso tapam a pobreza do futebol leonino mas só é assim quando perdem...
Realmente, nem imagino como seria se com tantas "prendas" de arbitragem ao Sporting esta época a equipa de Paulo Sérgio andasse seriamente a competir para ganhar coisas...
Não devia falar de arbitragem na Taça de Portugal, com alguns jogos desequilibrados no menu, mas as diversas facetas dos apitos lusos, entre muitas outras conhecidas não deixam rasto a dúvidas. Embora, estou em crer, que nada disto será falado durante a semana.

11 dezembro 2010

Marca Moutinho

Os 4-0 ao Juventude de Évora vão talvez para a história pelo jogo que permitiu a João Moutinho fazer o que há muito vinha a procurar. Obteve o primeiro golo ao serviço do FC Porto, numa bonita jogada de triangulações da entrada da área, pela esquerda, à assistência de Guarin para o ex-leão encostar facilmente.
Falcao também só teve de encostar para marcar a cruzamento de James, abrindo o marcador. O puto é que tanto ameaçou marcar na estreia a titular que não conseguiu, nem depois de Walter ter-lhe permitido um cabeceamento vitorioso, esbarrando nas pernas do guardião dos alentejanos. Já Walter tinha marcado, no 4-0, a passe de Álvaro Pereira, ele também na lista dos que facturaram num belo tiro cruzado para o 3-0 e no regresso à competição após lesão.

Um Álvaro pujante e apostado a cem por cento em jogar na mecha toda, tal como Moutinho e em menor grau Guarin, ao contrário do resto da equipa, Hulk incluído que nem marcou nem deu a marcar. Ruben Micael jogou a 10 à hora, desperdiçando muitas bolas e até comprometendo a segurança defensiva com deslizes em zonas desaconselháveis que expuseram os centrais, hoje com Maicon de volta à titularidade e Sereno numa rara aparição num onze que teve os principais jogadores disponíveis em campo a provarem que AVB não facilita em serviço.
Álvaro o melhor, Moutinho na sua média sempre alta e James também bem. A equipa cumpriu, Moutinho marcou e o trabalho continua a compensar. Ao invés, o Sporting perdeu em Setúbal, talvez por andar a falar muito e a pensar que joga alguma coisa.

Quem não mostrou serviço foram os putos Castro e Ukra, trapalhões que não beneficiaram de a equipa jogar descansada até pelo 2-0 ao intervalo.

Mas não é despiciendo, ainda no tocante a marcas históricas, assinalar 34 jogos sem perder, alegadamente porque se superou a marca do tempo de José Mourinho, mas este FC Porto não tem nada a ver com aquele FC Porto que tem o lugar merecido no galarim do clube e do futebol português.
São 34 jogos sem perder desde a derrota na final da Taça da Liga, em Março, 23 dos quais esta temporada. E, muito bem, o novo técnico a recordar que tudo ainda começou em Jesualdo Ferreira, prestando-lhe o devido tributo e a que não será alheio o facto de, desde então, Hulk ter voltado a jogar, após a inacreditável suspensão a que esteve estupidamente sujeito.

Faltam dois jogos para acabar o ano em beleza, tudo já decidido quando na 4ª feira se fechar o grupo da Liga Europa com a visita do CSKA Sófia e no próximo domingo numa viagem curta para difícil a P. Ferreira em que é proibido perder pontos para não animar os adversários em época natalícia.

Depois, como diz o mister, é jogar para os títulos nos cinco meses seguintes.
Merece atenção ainda as declarações de Miguel Ângelo, treinador do Juventude de Évora:

«Era difícil fazer mais do que isto. Somos uma equipa praticamente amadora, que na última semana jogou domingo, quarta-feira e hoje sábado. Para quem treina quatro vezes por semana seria muito difícil fazer melhor. Não metemos autocarro em frente à baliza, de quando em vez tentámos jogar futebol e conseguimos, faltou-nos talvez um bocadinho de profundidade ofensiva, mas isso também se deve à qualidade do Porto. Já houve equipas maiores que saíram daqui com um resultado mais pesado do que nós. O treinador Villas-Boas respeitou muito um clube com 92 anos de existência e meteu os famosos todos cá do sítio. Era bom que acontecesse isto uma vez por mês. Os jogadores puderam conviver com craques, fomos procurados pela imprensa, enfim, desfrutámos de tudo isto e foi um prazer. Pisar um palco destes não é para todos.»

Pedaço de realidade




Nada como acabar o que mal tinha começado. Ridículo ao cair da noite.

10 dezembro 2010

Do "então, tchau" a Xiaobo, do Wikileaks a "vão-se Qatar"

Não tem havido muita oportunidade, e tempo, para abordagem de alguns assuntos extra-futebol ou com ele relacionados de alguma forma. Nos últimos dias, porém, têm sucedido coisas importantes, quer para o futebol quer, como extensão da mesma, para a sociedade, a globalização democrática que se vai consolidando e a sociedade da Informação.
Não é bem recriar o cenário da Revolução russa de 1917, como no célebre romance acima ilustrado. Mas têm ocorrido mudanças de sinais contrários aqui e ali que nos devem alertar para o perigo sempre consubstanciado na frase "o mundo está perigoso", seja por que prisma for e pelo motivo mais vulgar e que, de banalizado, nem damos conta.
Com uma pausa no lufa-lufa da Liga, graças a este petisco pré-natalício da Juventude SC de Évora a visitar o Dragão na Taça de Portugal amanhã, é um bom pretexto focalizar a atenção em alguns pontos a que eu sempre dou importância.
Reparei, muitos repararam decerto, o bota-abaixismo com que quiseram condenar publicamente o repórter da TVI Hugo Cadete na entrevista rápida após o Beira-Mar-Benfica. Os talibãs da capital lá se regozijaram com o "então, tchau" do Jesus. No intervalo de longas dissertações sobre verdade desportiva oportunamente desenterrada, entre pulsões de tirar as palhas a Jesus antes do Natal com os desaires da Champions para a qual nem a equipa nem os comentadores encartados têm nível, lá falam, ainda, de liberdade de informação. Li por aí, por portas travessas, inclusive elogio aos "jornalistas" da tv dos bimbos, o que diz bem do nível em que se enquadra esta gente, de rufia de túnel a rato de esgoto.
Hoje o Nobel da Paz foi atribuído, formalmente apesar da ausência física do eleito em Oslo, a Liu Xiaobo, mais um dos históricos condenados por subversão. Apesar das aparências e da periclitante pujança económica, chinesices no pós-modernismo em que a maioria dos Estados se enredou sem assegurar os seus valores próprios na voragem da igualitarização pela via da globalização que faz tábua rasa dos princípios básicos da convivênvia e respeito entre nações, também a China, como o Benfica, retaliando e reprimindo, incentivando boicotes e ameaçando a ordem global contra quem foge do regime controleiro, mostra a sua cara, a de sempre: manipuladora, iludida no seu gigantismo, falsa na proclamação de enunciados éticos e morais. Dezenas de convidados da Academia do Nobel fizeram-se ausentes por "conselho" chinês, o que diz bem do nível de independência e da vontade autónoma de muitos subservientes e assalariados. Eis um exemplo chocante aqui denunciado: http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2010/12/face-oculta.html
Sempre no domínio da liberdade de Informação, pilar das democracias e fio condutor potenciado pela internet em que os utilizadores deixam de ser meros receptores e emitem as suas opiniões para todos o lado, o caso da Wikileaks também revela a que ponto chega a tolerância, e a subserviência declarada, a que se remetem os próprios jornalistas. Na tv dos bimbos ou em jornais mais ou menos credíveis e renomados em Portugal, o fenómeno de se encontrar limites para a própria actividade de informar só pode suceder num ambiente de autocensura e é o que tem sido defendido em geral pelas sumidades na matéria cá da paróquia.
Quando o mundo devia rejubilar pela fantástica ocasião de saber coisas classificadas pelos governos como secretas - boas ou más, aquelas que os cidadãos passam a saber que e como se fazem nas suas costas, seja maior ou menos o consentimento e o alheamento dessas matérias -, há talibãs preocupados com as coisas da diplomacia e a cara com que os seus protagonistas ficarão, doravante, a olhar entre si. Como se isso seja muito preocupante.
Há, acima de tudo, um erro de análise que é o de focar na Wikileaks e a organização que a forma. E, contudo, isto só se sabe porque alguém de dentro do sistema, secreto, passa os documentos cá para fora. Julien Assange, agora mais conhecido no mundo por suposta violação de mulheres suecas do que por instigar a divulgação de documentos e posturas institucionais comprometedores, parece o criminoso. E, a montante, há quem propiciou a fuga de informações, o novo "Deep Throat" depois de "Watergate". E, a jusante, os jornais, alguns dos títulos mais renomados no mundo, que publicam os detalhes divulgados pela Wikileaks. Nestes, porém, deve lamentar-se que não tenham deixado de lado algumas considerações pessoais e mesmo de foro íntimo sobre certos líderes políticos. Mas, também, publicar isso ou algo como "Eu, Carolina" vale o que vale e deve dar-se a importância que cada um ache dar.
Por outro lado, há imensas coisas interessantes na forma como os espiões-diplomatas norte-americanos vêem factos e gentes. É esse o seu dever de informar os máximos responsáveis políticos em Washington. Nem lhes levo a mal por isso. Fazem o seu trabalho. Mas o público fica a saber, se nem sequer duvidava que a política e a diplomacia são além de salamaleques e jantares de cerimónia sem ocorrerem crimes para Agatha Cristie ou Poirot investigarem, que Putin ou Obama, e seus discípulos, tratam vizinhos e outra gente como as pessoas no seu dia-a-dia, com desdém ou com admiração, com confiança ou com precauções. Qual a novidade?
E nada como saber que os EUA apontam governadores moçambicanos como traficantes de droga e Estados que se financiam no narcotráfico. Como sempre, acima das preferências de Hillary Clinton, devemos beneficiar do que é mais importante na "comunicação" e relacionamento entre Estados.
Como sempre, Eduardo Cintra Torres, no Público, traça o diagnóstico devido, aqui respigado:
Neste âmbito, a escolha da Rússia e do Qatar para receberem os Mundiais de 2018 e 2022 também diz bem de como certos países/candidaturas derrotados olham para o mundo. Felizmente, esvaziando na hora a total vacuidade da candidatura ibérica, quem pugnou pelo Mundial na Ibéria e no dia da votação lhe tecia os maiores elogios, prognosticando a vitória, a falta de reacções cá revelou bem o empenho, o entusiasmo e a certeza da vitória que se auto-atribuíam. Depois de alguns resmungarem pelos resultados, especialmente os ingleses, mas também os americanos, as melhores revelações vieram a seguir, assente a poeira nascida da contra-informação. Foi o próprio Koloskov, velho dirigente russo com característico aspecto de agente secreto insondável, a confirmar que Putin fez o trabalho "diplomático" que lhe competia. Já afastado do Comité Executivo da FIFA, Koloskov conhecia todos os meandros pelos quais orientou os dirigentes políticos que convenceriam os votantes da razão da renovada candidatura russa. Enquanto os parolos se entretiveram com os 11 fusos horários do imenso país, como se fossem previstos jogos em Vladivostok, no Pacífico, ou na estepe siberiana de Iakutsk onde Abramovich tem um cargo governativo entre renas e abetos, a questão da distância entre as cidades russas para o Mundial não escandaliza quem decerto andou nos EUA-94, com várias horas de avião entre cidades americanas.
Do mesmo modo, ainda que se desconheça que entretenimento, entre música, bebida e bares com álcool à discrição, possa haver para adeptos no Qatar, mas com recurso ao "appeal" dos futurísticos Emiratos ali em frente, o argumento dos 45 ou 50º para jogos em 2022 é estapafúrdio. Primeiro, não é líquido que esse Mundial se jogue em Julho e nem se adivinha que horários fixarão o programa de 64 jogos. Depois, sem evitar-se temperaturas elevadas que prejudicam os jogadores e afectam o espectáculo, há quem esqueça que se jogaram dois Mundiais no México com jogos ao meio dia local. E se 1970 já vai longe e poucos viram menos jogos com 16 finalistas, já Maradona, na era da informação globalizada e tv em todas as partidas, perguntava em 1986 se eram os senhores da FIFA que iriam jogar naquelas condições de extrema exigência física.
Mas não só, ouvir os alemães queixarem-se dos 48º do Qatar em 2022 é perguntar se eles mesmos se lembram da abertura, Alemanha-Bolívia, em Chicago. E, ainda, os espanhóis deveriam recordar, desse dia 17 de Junho de 1994, quantos graus estavam em Dallas no Espanha-Coreia do Sul, o outro jogo do dia, pois constou que eram 44º e ao entardecer. Fora os jogos em Orlando, na húmida Flórida...
É caso para dizer, vão-se catar...

08 dezembro 2010

Bin Laden ou Nobel da Paz (VII)?

Pois em dia religioso, hoje, é propício para abordar a arbitragem do mano Santos no Porto-Setúbal, neste ano da graça de 2010 que o árbitro madeirense praticamente começou e acaba com dois jogos no Dragão, com o Leiria em Janeiro, em ambos a marcar penáltis contra o FC Porto no último minuto, o que é decerto recorde mundial.
Curioso é que este árbitro, um dos piores em Portugal, marcou um penálti para portistas, a acabar a 1ª parte, e outro para sadinos, no final da partida. E decerto não haverá unanimidade quanto ao acerto das suas decisões. Já praticamente condenado por apitar em favor do Porto, sendo evidente o empurrão de Collin a Falcao ainda que sem necessidade por a bola cruzada muito por alto nem sequer estar ao alcance de qualquer dos jogadores, Elmano poderá ter recebido indicação confirmadora do seu auxiliar José Oliveira. Mas isso nunca se percebeu se recebeu ou não, mas a falta de Collin é tão evidente quanto desnecessária.
E acontece porque em Portugal os jogadores habituaram-se a jogar colados aos adversários, jogando muito com as mãos e os braços, empurrando e agarrando, em lances inócuos e em jogadas mais perigosas, o que leva muitos jogadores a fazerem autênticas placagens como no râguebi. Há muito jogo desleal não punido e, desta vez, Elmano apitou bem porque não inventou uma falta, ela existiu mesmo. Apesar de muita gente olhar para imagens de televisão e ou não ver o que lá está ou a ver o que lá não está, a verdade é que Collin aparece primeiro longe de Falcao, uns 2/3 metros, para se colar a ele e empurrar quando sai o cruzamento da direita. A precipitação e o hábito de jogar com os braços é já quase um reflexo instintivo que faz muitos defesas cometerem faltas segundo o reflexo de Pavlov: sai um cruzamento e o avançado faz-se ao lance, então o defesa agarra porque já partiu atrasado.
Pode-se considerar que o penálti é "forçado", expressão que nada designa a não ser a vacuidade de ideias dos relatadores e comentadores. Ou porque põe-se em causa a "força" de um contacto físico, ou o aparato de uma queda. Ou, então, porque nem sequer a bola estava jogável, como foi o caso. Mas não se pode negar a evidência de Collin empurrar Falcao, ainda que se duvide da "força" para o derrubar.
Já quanto ao penálti contra o FC Porto, há quem recorra às imagens de tv, onde se verifica o habitual chega para lá de ambos, o jogo de braços costumeiro e um teatro do avançado. Fucile placa Henrique fora da área, era falta, mas o sadino prosseguiu e, lado a lado com o defesa, sentiu uma mão no seu braço e caiu, deixou-se cair. Aqui ninguém julgou a "força" do agarrão ou a força de "expressão teatral" na queda do sadino. Foi, pois, com surpresa, e grande, que Elmano apitou para penálti e para ficar na história do futebol português.
Como é que, vendo só as costas de jogadores colados um ao outro, usando os braços para se afastarem mutuamente, o árbitro consegue descortinar que um agarra o outro mais fortemente, e esse que faz mais falta do que o outro é o defesa portista?
Ninguém sabe, nem o árbitro. Até porque é Fucile no mano-a-mano com Henrique e Otamendi, na dobra, é que recebeu o amarelo. Também ninguém sabe.
Certo é que, com uma coragem que nenhum árbitro tem na Luz ou em Alvalade, Elmano quis como que cobrar-se pelo vexame que pensava ir cair-lhe em cima pelo penálti a favor dos dragões. Deu com uma mão e tirou com a outra. É típico dos fuinhas, e percebe-se olhando para a sua cara de pau. Miserável como sempre, o árbitro que um dia expulsou Lucho pela primeira vez na carreira do argentino, num Porto-Leiria ainda no tempo de Adriaanse, e virou completamente a história de um Leiria-Porto, já com Jesualdo, ao negar dois penáltis aos portistas e a expulsar Quaresma por uma suposta agressão além de inventar uma falta inexistente em absoluto da qual nasceu o golo de Tixier que decidiu o encontro, assumiu não só o segundo penálti no último minuto contra o FC Porto em 10 meses, como fez a bravata de mandar repetir o penálti de Jaílson porque não tinha apitado para a sua marcação.
Se o árbitro cumpriu a regra de ser ele quem manda no jogo em lance motivador do seu apito para se bater um penálti, o falhanço desastrado do sadino depois já fez tudo voltar à primeira forma. Apesar de ter inventado um penálti, que não viu por estar tapado pelas costas dos jogadores e sem que se julgue oportuno avaliar se era "forçado" ou não, Elmano deve sair desta história triste e macabra como o Bin Laden, quando aquele apito para penálti faziam dele, por princípio, um Nobel da Paz.
O pior é que estragou o jogo com faltas em exagero contra o FC Porto, permitindo muitas interrupções de jogo sem cartão aos sadinos, tal como permitiu que na 1ª parte o g.r. Diego demorásse a repor a bola em jogo e tenha acabado por punir Helton com um cartão por alegadamente "queimar tempo". Se as faltas repetidas do barrote Valdomiro tivessem merecido o cartão esquecido num bolso do árbitro, quando este placou Falcao que fugia para a área seria expulso. Valdomiro, como outro sadino, usava o corpanzil para obstruir Hulk, mas em duas situações não foi marcada falta.
Inventar um penálti e dar cartão ao jogador que não esteve envolvido directamente no lance (Otamendi) foi tão mau erro de cálculo, porque apitou por dedução, como distraído ao não dar cartão a Jaílson, já que este marcou penálti sem ter havido ordem/apito para tal.
Claramente, uma má consciência neste escarro de arbitragem que conseguiu ser pior do que o fraco jogo do Dragão. E um rasto impressionante de erros de Elmano, não sei aqueles com o V. Setúbal como se queixa M. Fernandes, mas comprovados contra o FC Porto como nos casos que acima citei.
Para piorar, ninguém sabe bem se deve condecorar ou crucificar este Santos, um pau carunchoso da miserável arbitragem lusitana.
Da vitória do Sporting no Algarve não ficou muito por dizer da arbitragem de Rui Costa, tal como da de Marco Ferreira, madeirense como Elmano, na Luz. Porém, ainda que as imagens comprovem o fora-de-jogo de Paulo Sérgio no lance que daria o 1-1 ao Olhanense, o árbitro-auxiliar Paulo Ramos, curiosamente sem profissão declarada no site da Liga, não teve dúvidas em lance milimétrico que, na circunstância, também podia pender para a situação de deixar jogar e permitir o empate aos algarvios. Mas se foi milimétrico o acerto, sabe-se lá com que convicção, superou largamente o consenso de não ter havido erro possível de arbitragem, tão curta a margem de erro no caso. E lembrar que em fora-de-jogo de quilómetros do Sporting contra o FC Porto na semana anterior tanta gente tenha primado por não ver o que entrava pelos olhos dentro.
Paulo Ramos, esse, merece sem dúvida o Nobel da Paz. Resta saber que já tem profissão conhecida...

07 dezembro 2010

Um mês dos cincazero

A 7 de Novembro o FC Porto arrasou o Benfica com 5-0. Fez hoje um mês.
Além de rapidamente ter sido eliminado das conversas da bola, deu-se ainda o desenvolvimento espectacular de o Benfica, que ficou então a 10 pontos, quase ameaçar a liderança portista. Especialmente com a ocasião de ter, jogando por antecipação, reduzido a metade essa desvantagem na jornada de antes, durante e depois do fim-de-semana que até vai concluir-se apenas amanhã, com o Académica-Marítimo.
Em Espanha não foi assim com o 5-0 do Barça ao Moudrid. Os jornais desportivos catalães brindaram os seus leitores e aficionados dos blaugrana com este tipo de placards nos dias seguintes.
Como se sabe, é impensável algo do género em Portugal. Percebem porque recorro a estas imagens?

Entretanto, não obstante o recurso ao Photoshop para apagar números e marcas da memória, expediente do tempo soviético em que se apagavam figuras das fotografias amiúde depois dessas figuras terem até desaparecido do número dos vivos, em Portugal tem-se feito crer que, sim, o FC Porto decaiu muito desde então. E, até pela "dupla maravilha", o Benfica cresceu imenso.

Terá sido assim? Ou depois de apagarem a memória no "chip" querem refazer toda a realidade?
O FC Porto, entretanto, ganhou 2-0 ao Portimonense e 1-0 ao V. Setúbal, empatando de permeio em Alvalade (1-1), nas três jornadas de Liga disputadas desde então.
O Benfica venceu os três jogos: 4-0 à Naval, 3-1 ao Beira-Mar e 2-0 ao Olhanense, para o campeonato, reduzindo para 8 os pontos de atraso para o líder.
Parece de somenos o empate de Alvalade, conquanto consubstancie um atraso ligeiro, pontual, do imbatível líder da Liga. Mas não foi só isso, pois não?
O FC Porto teve oportunidade de superar o Moreirense, para a Taça de Portugal, e sábado defronta a J. Évora na ronda seguinte. O Benfica para já não saiu do sítio, o seu jogo com o Sp. Braga foi adiado e irá disputar-se somente este sábado, ficando já em atraso a eliminatória seguinte com o Olhanense, se passar os bracarenses.

De novo, também não foi só isto. Sem jogar na Taça e defrontando equipas menores no campeonato, havia razões para alguém empolgar o Benfica?

Não, porque, entretanto, registaram-se dois resultados nada gloriosos: 0-3 com o Hapoel e 1-2 hoje com o Schalke na Luz. Em Israel deu-se o adeus à Champions, onde não joga quem quer mas quem pode. Hoje, milagrosamente, os da Luz viram algo ao fundo do seu escuro túnel, evitando uma histórica e humilhante eliminação europeia graças a um golo tardio do Lyon que impediu o Hapoel de passar em frente e seguir para a Liga Europa.

Como se sabe, na Europa, manda também o FC Porto: 3-1 no campo gelado de Viena a fazer jus à memória dos campeões europeus de 1987 que foram testemunhar in logo em que nível está o FC Porto.
Não notam, por isso, diferenças substanciais? É certo que, a nível interno, o FC Porto passou a jogar os mínimos. Mas também o rival directo não fez muito melhor e espalhou-se ao comprido no patamar a que se julga dotado desde a nascença, acabando borrado como os bebés, na iminência de uma eliminação catastrófica e independentemente de agora se dizerem inexperientes, quando há poucos meses sonhavam vencer a Champions.
Para retratar tudo isto, ao ver os resumos da noite europeia na RTPN, porque gosto de ver os golos e os protagonistas, nada melhor do que Carlos Daniel reforçar, mais a si e à família do que a alguém com dois dedos de testa, que o Benfica passa porque é a melhor equipa: teve 2-0 e 0-3 com o Hapoel e 7-12 contra 7-10 em golos no total do grupo e ainda em comparação com os israelitas. Mais: com renovadas provas de aptidão para estas coisas, o fanático de Paredes erguido ao topo no Monte da Virgem já está com ela feita e põe os encarnados no lote de potenciais vencedores da Liga Europa. Nem sequer é cabeça-de-série no sorteio do dia 17, ao contrário de Porto, Sporting e Braga que hoje deve selar o seu destino no 3º lugar do grupo.
Um mês depois dos cincazero é isto. O que há. Desgraçadamente.

06 dezembro 2010

Esta(va)-se mesmo a ver, não está(va)?


De exuberante a irritante, de conquistador em Viena a sofredor no Dragão, de uma vitória concludente e enfática no modo e pelas circunstâncias do jogo a um triunfo tremido que esteve quase a custar dois pontos. O FC Porto pode alegar, como fez Vítor Pereira no final, o cansaço da Liga Europa, mas não deve sujeitar-se a incompreensão se quisermos aferir o potencial portista com o das grandes equipas europeias que também jogam diversas competições e duas vezes por semana.
Com Elmano Santos a ficar na história do futebol português, quiçá mundial, com um (duplo) feito difícil de igualar, o FC Porto viu quase esfumar-se um triunfo suado, sofrido a ritmo lento, pagando caro a falta do segundo golo tão procurado na 1ª parte mas sem busca incessante após o intervalo. Os sadinos também podem ficar na história do futebol português neste ano da desgraça das arbitragens lusitanas e acabaram por desperdiçar um penálti no último minuto, depois de o terem convertido mas com o árbitro a mandar repetir por não ter, claramente, dado o apito para a sua marcação - e a forma como enfatizou o gesto que ficou por fazer retira quaisquer dúvidas sobre a legitimidade da sua decisão.
O FC Porto deu o estouro na 2ª parte mas tal não pode justificar, até por (mais uma) lesão de Rodriguez ter permitido preencher o miolo com R. Micael, a perda da posse de bola e tão má gestão da mesma. Para mais quando, após meio tempo sem acercar-se sequer da área de Helton, os sadinos abriram o jogo na 2ª metade da partida, deixando espaços que os pachorrentos portistas não exploraram. O lado esquerdo voltou a ser uma lástima e Emídio Rafael uma nulidade que não se aguenta mais, incapaz de fazer um passe em condições e já lá vão vários jogos. Com Rodriguez trapalhão e azarento, fosse a falhar um golo (defesa impensável de Diego) ou a lesionar-se outra vez, mais Hulk muito vigiado e Falcao sem jogo concreto servido por médios que não se aproximaram dele, o futebol portista podia ter resolvido na 1ª parte, mas Diego (outra parada fenomenal a remate de Moutinho) e a barra penalizaram a eficácia.
Sobrou o susto, a par da lentidão de processos. Estava mesmo a ver-se que o FC Porto ia passar mal e corria o risco de um lance imprevisto deitar tudo a perder. A verdade é que, depois de ter justificado a vitória no 1º tempo, o líder destacado do campeonato teve sorte em não ver mais reduzida a sua vantagem na frente da Liga. Crime ou castigo, certo é que o 1-1 parecia inevitável e dois pontos ao ar pela primeira vez perdidos no Dragão, tivesse Jailson marcado tão bem a penalidade que Elmano Santos mandou repetir.
Está, ainda, mesmo a ver-se que, por causa destes desplantes, devaneios e relaxamentos mais ou menos conscientes, o FC Porto dá mote para manchetes que não deseja e discussões sobre bondade de decisões de arbitragem que só existem quando alegadamente o favorecem. O FC Porto pôs-se a jeito até para a questão final de reportagem, legítima mas pouco sensata, de saber-se se foi beneficiado ou não. Uma questão legítima, de mais um repórter da TVI no flash-interview, à qual Vítor Pereira evitou responder com o argumento que outros gostam de usar quando as coisas não lhes agradam. Podia, sim, ter respondido que não se vê que benefício ou prejuízo pode ter uma equipa que tem uma penalidade a favor e outra contra, qualquer delas discutível, tão mal marcadas como bem assinaladas. Daí a questão, embora legítima, ser insensata, porque se erros ou acertos houve foram igualmente repartidos.
Certo, também, embora contribua pouco para mudar as coisas e desvie as atenções do essencial do jogo a que Vítor Pereira aceitou responder, é que temos polémica para poder eternizar-se, jogando com palavras ou factos mas sem sairmos do sítio.
Isto depois de em escassos dias termos visto um golo leonino ao FC Porto em flagrante irregularidade ser dado como praticamente legal e, na Luz, na 6ª feira, um fora-de-jogo milimétrico e mais passível de passar em benefício do avançado como preconiza a regra em caso de dúvida, que dava o 1-1 do Olhanense, ser anulado com toda a precisão do mundo e sem levantar alaridos ou queixumes quanto a verdade desportiva.
Talvez fosse interessante discutir se, por não querer ou não poder, é bonito ver uma equipa sem chegar com a bola à área contrária. E, depois das críticas dessa atitude pouco afoita, porventura merecendo mais simpatia, se justifica arriscar tudo, acabar com quatro avançados como glosou Manuel Fernandes, quando é verdade que a perder por um mais vale arriscar a ver se se salva alguma coisa. Quase sucedeu o pontito ao V. Setúbal e até o mereceria, porque tal esteve iminente mesmo antes do fatídico último minuto. Crime? Ou castigo? Como diz o outro, o futebol "é isto".
Se o FC Porto, a quem se perdoam poucas coisas enquanto se minimiza mutíssimas, tem de gerir o esforço e até as expectativas (muitos assobios nas bancadas, as pessoas não ficam satisfeitas com jogo tão reles e a levar com tempo feio demais) entre jogos a meio da semana e ao fim-de-semana também tem, como deitando um olho no cigano e outro no burro, de olhar para os árbitros que aparecem...
Elmano Santos acaba praticamente o ano como começou: em Janeiro, recorde-se, marcou um penálti no último minuto frente à U. Leiria, que Helton defendeu para garantir o 3-2 depois de dois golos irregulares dos leirienses e dois golos mal anulados a Falcao. Elmano Santos não fica só na história por ser capaz de fazê-lo no Dragão, por duas vezes no último minuto, a ameaçar a vitória portista e em campeonatos consecutivos. Consegue-o no mesmo ano civil. É obra.
O V. Setúbal, por sua vez, acaba praticamente o ano a perder no Dragão por desperdiçar um penálti. Em Janeiro de 2009, para a Taça da Liga, teve dois a favor, qual deles o mais estapafúrdio, um convertido e outro não pelo mesmo jogador, aquele baixinho sem idade que não deixou saudades a ninguém e até já esqueci o nome.
Digam lá, independentemente das manchetes da Imprensa Destrutiva de amanhã, quantos árbitros existem em Portugal capazes de marcar ou dois penáltis num jogo contra um grande - e o FC Porto teve vários nos últimos anos - ou dois penáltis no último minuto em jogos no mesmo ano ainda que em campeonatos diferentes?...
E, agora, por fim, vão buscar as teorias da conspiração e do benefício, do apito e dos azares, dos proteccionismos e do que se quiser fazer de conta que é sério. Só para entreter, claro. E só para os desavergonhados que se calam quando seria suposto falar da verdade desportiva de vez em quando em dúvida cá na paróquia onde é difícil ser regedor numa freguesia assim.