31 março 2007

Um mar de dúvidas, uma certeza

Depois de alguns dias de reflexão para tentar analisar uma derrota justa mas amarga, eis que chega o fim-de-semana onde o FCP joga a partida mais importante no ataque ao bi-campeonato.

No entanto, durante estas semanas muitas dúvidas se acercaram do plantel do FCP, ora por lesões de jogadores importantes, ora por falta de ritmo e de forma de outros, dúvidas essas que tornarão o jogo, ainda, mais apetecido para todos os adeptos portistas.

Anderson

O primeiro olhar dos adeptos aquando da leitura da convocatória será para ver se Anderson consta da mesma.

A ansiedade e as saudades de ver o seu samba no pé, a sua genialidade precoce é imensa, e poderá ser o maior “reforço psicológico” nesta fase decisiva do campeonato porque, além do acréscimo, evidente, de qualidade que dá à sua equipa, consegue transmitir uma alegria e paixão ao futebol que apresenta, entusiasmando colegas e público.

Com aquela fé inabalável de adepto, acho que ele estará melhor do que todos pensámos, até para alinhar de início, mas existe sempre aquela dúvida da sua capacidade física e da falta de ritmo competitivo.

Por outro lado, a sua inclusão na equipa surpreendia e alteraria, à última hora, a táctica sempre robotizada e calculista de Fernando Santos.

Minha aposta: Não jogará de início, mas entra a meio da partida e resolverá.

Lisandro

Para mim, o FCP começa a perder contra o Sporting porque, durante a semana, perde a raça e a agressividade de Lisandro Lopez.

Lisandro poderia jogar ao lado de Adriano, num sistema de 4x4x2 losango e Quaresma a nº 10, ou o contrário, o que tapava os caminhos a um jogador que foi chave do sucesso da vitória sportinguista: Miguel Veloso.

Além do mais, se a equipa se desdobrasse em 4x3x3, Lisandro daria maior consistência ás alas e preocupava mais os laterais do Sporting.

Águas passadas não movem moinhos e Lisandro treinou afincadamente para conseguir um lugar na equipa no jogo da Luz, chegou-se a temer que nunca mais jogaria nesta época, mas tudo indica que amanhã a sua garra e a sua arrogância ofensiva poderá ser mais uma arma para abater as águias.

Minha aposta: A julgar pelas declarações de Jesualdo Ferreira notei que poderemos mesmo ter Lisandro, aposto na sua titularidade.

Laterais

Aparte o regresso dos lesionados, os laterais escolhidos também serão motivo para curiosidade.

Fucile poderá regressar à esquerda o que daria uma consistência mais ofensiva, a sua garra e a luta que põe na recuperação da bola poderá ser importante para a equipa, por outro lado Cech poderá alinhar a defesa esquerdo o que daria mais cuidados defensivos, a escola de leste dá prioridade a saber defender e a atacar só pela certa, o que origina uma maior liberdade de movimentos do ala.

Cech também poderá jogar no meio campo, a descair para a esquerda, que, por várias experiências realizadas não tem estado mal.

Mareque parece ainda estar a viver uma fase de adaptação, apesar de não ter complicado na última partida, acho que ataca muito o que, num contra ataque rápido da equipa adversário, poderá ser prejudicial, isto se o trinco não tiver tempo para compensar.

No lado direito, Bosingwa deverá ser titular, a sua rapidez de recuperação e a sua velocidade poderá ser determinante para que Leo não suba muito, isto é, se a sua cabeça funcionar bem.

Minha aposta: Bosingwa e Fucile a titulares.

Sistema

4x4x2 ou 4x3x3 ? Losango ou atacar pelas alas?

José Peseiro afirmou, no programa “Trio de Ataque“ que “a equipa que perderia seria aquela que fugir mais da sua identidade.“

Pelo meu ponto de vista, a identidade apresentada neste campeonato pelo FCP foi alinhar num sistema de 4x3x3, com Quaresma nas alas e não a nº 10.

Embora o sistema não desiludisse na Champions League, acho que o jogo de amanhã se coadunava o FCP alinhar com 4x3x3 para estancar os laterais adversários e tentar surpreender com a rapidez de ataque.

Tudo dependerá da recuperação de Lisandro, todos sabemos que sem Lisandro e só com Quaresma nas alas, o desequilíbrio é gritante e a pressão sobre o lateral não é a melhor, pelo menos são aquelas indicações que temos sobre experiências anteriores.

Por último, temos de rever a condição física de Lucho, acredito que estes dias de paragem fizeram bem e que teremos Lucho pronto para um grande jogo.

Minha aposta: 4x3x3, com Helton, Fucile, Pepe, Bruno Alves, Bosigwa, Paulo Assunção, Meireles, Lucho, Lisandro, Quaresma e Adriano.

Certeza

A única certeza será mesmo que o FCP só poderá jogar para ganhar, terá pela frente um ambiente pressionante sobre todos os intervenientes do espectáculo, podendo jogar também com a ansiedade e euforia do público da casa.

Será necessário uma grande maturidade, muita concentração e, apesar do empate servir, o FCP terá que procurar a vitória para começar a encomendar as tão desejadas faixas do bi-campeonato.

30 março 2007

Luz de 1 de Abril

Há dias, o cartoon de O Jogo brincava com a data de 1 de Abril para o Benfica-FC Porto, glosando o facto de ser jogado no “dia das mentiras” como se nunca o tivesse sido.

Pois ainda há tempos falei aqui do 1 de Abril de 2000 e de um Benfica-FC Porto jogado então, sob arbitragem de Martins dos Santos.

Há várias ironias em causa, a começar por esse árbitro ser um visado no Apito Dourado (é moda falar dos árbitros no processo), ser um portista confesso mas nesse jogo ter prejudicado o FC Porto. A ironia, última (ver Maisfutebol), é reeditar-se a polémica da bola dentro ou fora no remate de Petit que Baía defendeu em dois tempos, como se algo tivesse sido provado nessa matéria (“parece-me claramente que a bola entrou”, sentenciou Miguel Prates na SportTV) e não houvesse outros exemplos de criar… polémica.

Precisamente, um canto directo de Clayton, da direita do ataque portista, entrou na baliza de Bossio nesse jogo de há 7 anos. Claramente. Viu-se na TV, em directo na SIC, mas a RTP mostrou no dia seguinte (o jogo foi a um sábado) as Imagens Virtuais no Domingo Desportivo com a bola bem dentro da baliza encarnada.

O fiscal-de-linha desse lance foi Paulo Januário. Alegadamente, outro portista. Estava na sua posição, no enfiamento da linha de fundo, sem oposição que impedisse de ver o lance, ninguém ao primeiro poste para onde Clayton mandou a bola e Bossio a socá-la bem dentro da baliza.

O FC Porto perdeu por 1-0 (Sabry). Pouco antes, a derrota em Alvalade por 2-0 teve um golo anulado a Jardel por um fiscal-de-linha considerar um cruzamento da esquerda feito de fora do campo. O fiscal-de-linha era… Paulo Januário.

Isto é só para lembrar um Benfica-Porto a 1 de Abril.

E para acrescentar que o facto de um árbitro ser conotado com um clube tem destas coisas e Pedro Proença ser benfiquista assumido e, dizem, sócio de camarote na Luz.

À luz destas evidências, que esperar:
- do árbitro
- da apreciação dos críticos
- da predisposição instalada de criar polémica com informações verrinosas “doucement” atiradas para o ar.

Entretanto, Pimenta Machado veio dizer que o FC Porto perdeu dois títulos por… não controlar a arbitragem. Esse mesmo de 2000, para o Sporting, alegadamente porque “Pinto da Costa zangou-se com Valentim e o Porto perdeu o campeonato” segundo Pimenta; e o de 2001 para o Boavista “que teve via verde para ser campeão”, ainda segundo o ex-dirigente do V. Guimarães. Já sabemos que a via verde mudou de quadrante em 2002 e foi o Boavista o mexilhão da história suplantado pelo Sporting.

Eu creio que os adeptos, suspeitando de tudo e de todos, em todos os quadrantes clubísticos, têm tendência para se vitimizar e/ou atirar pedras aos telhados vizinhos.

Mas, pelo que se vê e ouve dizer, ressalta que o futebol é um jogo mesmo muito complicado e poucos parecem dar-se conta disso. E vá lá saber-se quem controla o quê.

Mas que há golos mais golos do que outros, isso há. Até no dia das mentiras.

29 março 2007

Se o F. C. Porto ganhar só pode ser por engano

«Por muitas e variadas razões a equipa do F.C. Porto está obrigada a ganhar o jogo que vai disputar com o Benfica no dia dos enganos.

Esta crónica não vem publicada na secção desportiva deste jornal (espero eu...) e bem, porque o Benfica-F.C. Porto de domingo é muito mais do que um simples jogo de futebol.

No 1.º de Abril é costume contar-se mentiras. No clássico do próximo dia dos enganos, as aparências iludem. Um campo relvado, a moldura humana condizente garantida, uma bola, 11 de cada lado e um trio de arbitragem à primeira vista parece que só temos um jogo de futebol, mas, na verdade, temos bastante mais que isso.

A equipa do clube e da SAD de que Jorge Nuno Pinto da Costa é presidente (desde sempre, na memória dos maiores de 25 anos...) tem de ganhar no domingo por várias razões, nem todas desportivas.

Primeira razão. Desbaratada a vantagem pontual conseguida na fase inicial da prova, qualquer outro resultado que não a vitória terá consequências negativas. Uma eventual derrota ditaria a perda da liderança e aproximaria perigosamente o Sporting; e mesmo o empate, conservando o primeiro lugar, induziria um stress pós-Benfica de grande intensidade, sobretudo quando o seu calendário final é objectivamente pior. Para ser campeão, o F.C. Porto deve ganhar. Não chega pontuar.

Segunda razão. O orçamento da SAD portista para o futebol é o mais bem nutrido de todos os clubes portugueses. Apesar de essa superioridade não ter impedido as últimas vitórias europeias do F.C. Porto contra clubes de orçamentos infinitamente maiores, ganhar não deixa de ser uma obrigação de quem mais investe. Os sócios não gostarão e os accionistas não entenderão que seja de outra forma.

Terceira razão. É fundamental pôr uma pedra na suspeição lisboeta generalizada de que o F.C. Porto só vence campeonatos com ajuda dos árbitros. A verdade, doa a quem doer, é que para a arbitragem funciona a teoria dos alcatruzes da nora. Nos grandes números as coisas sempre se equilibram entre os "grandes" e, quando muito, serão os mais pequenos que poderão ter razões de queixa dos três maiores. Acontece que este ano é o Benfica que anda a ser "levado ao colo" e esta suspeição, tão mediatizada pelas violações do segredo de Justiça do processo Apito Dourado, tem implicado um prejuízo extraordinário aos dragões. Ganhar este ano, é reviver o primeiro título conquistado por Pedroto ao cabo de 19 anos de poder da capital. Contra tudo e contra todos…

Quarta razão. Está em curso a mais violenta ofensiva dos últimos 25 anos contra Pinto da Costa. Mesmo percebendo aqueles que dizem que ele se pôs a jeito em várias ocasiões, não podemos esquecer que o ataque público às suas "virtudes" privadas só existe porque Pinto da Costa é presidente do F.C. Porto e, sob o seu comando, Benfica e Sporting deixaram de poder partilhar as vitórias e o poder do futebol em Portugal.

Isto é tão mais grave nos dias que correm, quanto o futebol deixou de ser apenas um jogo para se transformar num negócio que pode envolver milhões, se a cabeça dos dirigentes e os resultados da equipa derem uma ajuda.

Quinta razão. Embora disponha hoje de uma afirmação e de um reconhecimento nacional e internacional, o F.C. Porto tem sido a bandeira do Norte, que se tem de erguer mais alto sempre que os políticos falam e voam mais baixinho, como é o caso actual.

Num ano em que as estatísticas arrasam a Região Norte, uma derrota no futebol só contribuirá para diminuir a auto-estima e potenciar a depressão, atrasando o suplemento de alma indispensável ao combate que é preciso travar no Norte, para melhoria das nossas condições de vida.

Como a vida me ensinou a não acreditar em milagres, vistas estas razões, acho que só deixarão o F.C. Porto ganhar se for por engano.»

Manuel Serrão in Jornal de Notícias

28 março 2007

Anderson: titular ou não na Luz?

Cinco meses depois de ter sido “arrumado” dos relvados com a complacência de quase todo o futebol português, um dos melhores e mais promissores jogadores de futebol a jogar no país poderá estar de volta à competição. Quis a ironia do destino que Anderson pudesse voltar a jogar contra o mesmo clube do último jogo em que participou. O puto já treina afincadamente e completamente integrado há cerca de uma semana com os seus colegas e nele poderá esta a esperança para um FCPorto que parece algo triste no presente ano.

Dada a má forma, ou melhor dizendo, dados os condicionamentos de Lucho Gonzalez, o puto seria a opção ideal para o substituir no meio campo. Mas ninguém se acreditará que Jesualdo Ferreira prescinda do argentino que, pelo que se lê na imprensa, terá recuperado e ainda por cima quando Lisandro, apesar de dizerem estar apto, quase de certeza não ser opção. Assim a táctica a usar passará por um 4-4-2, que poderá ou não incluir Anderson no vértice mais ofensivo do meio campo. Com ele no onze faria o seguinte meio-campo:As maiores reticências passam pelo estado de recuperação e forma do brasileiro. Logicamente que se já tivesse jogado e não se tivesse ressentido seria opção mais que óbvia para a equipa titular, mas vem de uma paragem prolongada, está sem competição à cinco meses e este não deverá ser o jogo ideal para entrar logo de início, além de que poderá estar condicionado psicologicamente pelos adversários que lhe proporcionaram tal paragem.

Ficam, então, seguintes questões:

- Estará Anderson recuperado a 100%?
- Aguentará ele 90 minutos de jogo após tão prolongada paragem?
- Valerá a pena arriscar colocar o Anderson neste jogo?
- Deverá só entrar na última meia hora, caso seja necessário?
- Deverá sequer ser convocado para este jogo?

Miguel Sousa Tavares escreveu ontem que não arriscaria Anderson, e caso o FCPorto fosse jogar com quatro pontos de avanço, também dispensaria Quaresma, diz ele que tem um mau pressentimento que ele não vai acabar o jogo, é capaz de ter razão. De uma coisa tenho a certeza, com Anderson a equipa mudaria muito e para melhor. Pelo que se sabe os médicos do FCPorto não aconselham já a sua utilização neste jogo e assim sendo, por mim, ele aguardaria no banco melhor oportunidade sem ter de ser levado, seja por que motivo for, a inverter o seu processo de total recuperação. Então, e esperando também o regresso de Bosingwa para poder passar Fucile para a esquerda e subir Cech, aliás a mesma táctica usada em Londres contra o Chelsea, onde até nem se deu mal e o adversário de domingo não é o Chelsea. Sem Anderson o meio campo poderá ser este:PS: Desde ontem que coloquei na "Opinião da Bancada" uma nova pergunta e que podem responder aqui:
Anderson deve ser titular na Luz?
Sim
Não

27 março 2007

Clássico a aquecer em lume brando

No próximo domingo vai-se realizar, talvez, o jogo do título, no entanto nota-se uma estranha acalmia, principalmente por parte dos média, de tal forma que até chega a ser assustadora. Os jogos da selecção estarão a distrair os “abutres”, como lhes chama Pinto da Costa, mas será que eles se estão a guardar para o dia anterior ao jogo ou mesmo para o próprio dia? Não sabemos, mas podemos prever e acredito que muito ainda irá rolar pela imprensa.

O entusiasmo e alegria demonstrada pelas hostes vermelhas pelo segundo lugar no campeonato, a um ponto do FCPorto, só demonstra a importância que estes nos dão, por mais que tentem dizer o contrário, e nós só nos podemos sentir orgulhosos com isso. Alguma vez os portistas estariam tão entusiasmados com um segundo lugar? Assim, parece que estará à espera dos nossos jogadores um inferno, já que para eles, tal como para nós, é o jogo de todas as rivalidades, o jogo por que todos os adeptos esperam durante o ano, o jogo entre o melhor clube português e o maior, eu chamo-lhe o clássico dos clássicos. E quanto ao inferno poderemos estar descansados já que sabemos que os nossos jogadores estão mais que habituados a ambientes escaldantes e à pressão que deles advém, não tivessem já jogado em estádios com públicos bem mais hostis e em jogos bem mais importantes. Além de que apoio não irá faltar aos Dragões que vão contar com o apoio de mais de três mil portistas que esgotaram por completo todos os bilhetes enviados da Luz.

Bem pior que o ambiente, temo que o problema poderá ser o juiz que hoje deverá ser designado para apitar o jogo. Tudo indica que será o suspeito do costume, mantido sempre de reserva para este género de jogos, os grandes jogos envolvendo o FCPorto. Parece que agora até teve um período de recolhimento fora de Portugal, só esperemos é que tenha aprendido alguma coisa com isso, nomeadamente a ser isento em jogos envolvendo o nosso clube. Mas existe sempre a esperança que não seja escolhido, é que, como diz Miguel Sousa Tavares, "ele dá-nos um azar do caraças".

Para já, não foram enviadas da Luz palavras inflamadas e desta vez o clube lisboeta parece ter cumprido as regras ao enviar para os visitantes os bilhetes estipulados pela lei, ou seja, mais ou menos 5% da lotação do seu estádio, tendo o FCPorto recebido 3.280 bilhetes. O que não deixa de ser estranho, dada a saga do ano passado em que, depois de prometerem apenas 1008 bilhetes não enviaram nenhuns e acabaram por “acantonar” num pequeno canto do estádio perto de 3.000 portistas que conseguiram por outros meios garantir o apoio à equipa e que mesmo encarcerados acabaram por ter um comportamento exemplar.

Até com este anormal cumprir das regras se nota algo de estranho vindo do clube da capital, o que faz qualquer portista pensar: será apenas bom senso ou estarão a fazer as coisas por outro lado?

Um recordação
No último clássico, no último minuto, no último lance do jogo, dentro da área do adversário, o FCPorto perdia por um golo. E se fosse ao contrário?Foto de Jorge Monte retirada do site Olhares.
Obrigado ao Nuno do blog
Portogal por nos ter indicado esta foto.

26 março 2007

Fim-de-semana tranquilo…

Devem ter reparado, como eu, quão calmo foi este fim-de-semana. Mesmo um jogo de futebol da Selecção Nacional, apimentado por uma tablóidesca espera e perseguição a uma congénere rival da Bélgica, não motivou as paixões por aí além. E o êxito do râguebi lusitano nas paragens do Rio da Prata pouca ressonância teve, para além do óbvio enfatizar da gesta de que poucos deram conta. Houve até turbulência minimizada num jogo de hóquei em patins, onde o factor casa fez, mais uma vez, os locais mostrarem a sua valentia e os adeptos oliveirenses ameaçarem o banco portista logo socorrido pela sua massa adepta.

Os belgas, coitados, passavam a bola aos portugueses: veja-se o 1º golo, três defesas dão-se a três portugueses. Selecção medíocre que mal trocou a bola três vezes seguidas para a sua frente, a Bélgica entregou-se ao algoz. Nunca foi como o Uruguai do râguebi, que sem ameaçar entrou mesmo com patadas no jogo e viu um jogador expulso logo aos 2 minutos…

Meio-campo diferente…

A 1ª parte de Portugal foi fraquinha: individualismo dos dois desequilibradores mas nada de jogo colectivo. Faltou Deco ali a nº 10 como faltou a mecanização do meio-campo que há três anos vinha alimentando uma falsa saga scolariana: o meio-campo do FC Porto feito por Mourinho já não está. Daí tudo ser mais difícil, apesar de os milagres acontecerem como a Sérvia perder no Cazaquistão.

Soltaram-se os golos, tão débeis eram os belgas. E Quaresma marcou do que chamam de trivela, uma invenção portuguesa em que se insiste sem eu perceber porquê, como alguns puristas lusitanos teimam em chamar “king” ao Eusébio que de inglês saberá quando muito dizer Mozambique…

E Quaresma!

Quaresma marcou da forma que os portistas estão habituados a celebrar. Golos desses, nos últimos dois anos desde a invenção de Barcelos, não lhe valeram a chamada para o Mundial, onde faltou quem pudesse alternar com Cristiano Ronaldo no desviar da atenção dos defesas contrários. A falta, dele e de outros como Hugo Almeida e João Moutinho ou mesmo Nani, custou muito, ainda que muitos se tenham babado com o feliz 4º lugar na Alemanha.

O Quaresma do Porto que Scolari não viu durante dois anos, ou particularmente na época passada até à final da Taça de Portugal que Quaresma ajudou a decidir, foi quem fez a vontade ao seleccionador de marcar da tal trivela. Mas nem isso, a prova esfregada no nariz do mais teimoso treinador, motivou uma centelha de discussão. Foi um fim-de-semana calmo.

Porquê?

Sábado trouxe o alerta e o Domingo chegou santo, cálido e pacato como quando não há futebol. Um amigo desabafava que ao menos neste fim-de-semana não veria o seu Boavista perder… Boavista que podia ter servido, até, a entrevista, chocha como de costume, de Judite de Sousa a Valentim Loureiro de 5ª feira à noite, sem nada de relevante vir à tona, a não ser a impreparação da entrevistadora ou a deliberada (soprada, sugeriu o entrevistado mordaz…) tendência para tocar nos assuntos já sem assunto e já contestados publicamente pelo major.

Sem abutres…

Ah, é isso, o fim-de-semana foi calmo, tão tranquilo, que nem o facto de Pinto da Costa, em Mirandela, ter voltado a apelidar de abutres a malta da Imprensa, que tanto gosta de se pôr a jeito de críticas verrinosas como de caneladas e estaladas em que o aeroporto de Lisboa é pródigo, mereceu uma reacção, uma picadela ou assomo de coragem de algum tribuno.

Constatei, por fim, que a falta de notícias do Apito Dourado, no Blog da Bola e no Correio da Manhã, depois do semanários, contribuiu para uns dias tão plácidos e preguiçosos que as televisões não tiveram pano para fazer meia manga.

Talvez esse relaxamento da manipulada Imprensa e sector audiovisual resultasse da súbita inacção pelo romper primaveril e auspício de dias mais convidativos ao lazer.

E à sucapa…

O prenúncio de acalmia já vinha do silêncio sepulcral sobre as habilitações académicas de José Sócrates denunciadas num blog (“Do Portugal Profundo”) e investigadas no Público que mereceram só alguns laivos de indignação das carpideiras do regime nos jornais dessas referências de pasmaceira que nos entediam… Depois da alteração forçada no perfil do antigo engenheiro Sócrates que agora é só licenciado em engenharia, nem o corte à sucapa – um fim-de-semana tranquilo propicia pequenos delitos sem grandes ondas – da associação à sua namorada F. Câncio, feito alegadamente pela própria, agita as águas deste País estagnado que já mal se excita com Ota e Tgv em que ninguém acredita verdadeiramente…

Mesmo a desagregação centrista ao estilo da antiga Jugoslávia, sem valer tanto quantas as atenções e análises num fait-divers que se arrastou toda a semana, deixou as mesmas marcas invisíveis que as passagens do CDS pelos sucessivos Desgovernos que vamos tranquilamente ratificando…

P.S. – Deve ser por TUDO ISTO que ontem o Bruno (“Avatares de um desejo”) lembrou José Gil, pensador português, assim:

A não-inscrição é outro traço dominante na psicologia nacional. As coisas passam mas não mexem verdadeiramente com as pessoas, não se inscrevem, resultando daí uma inacção, uma falta de afirmação e também de responsabilização. A não-inscrição explicará também a falta de debate no espaço público ou até de verdadeiras críticas de arte, a livros, a espectáculos. As discussões são muito pobres, nunca se vai ao âmago das coisas e dos problemas, fica-se sempre pela superfície. Os portugueses não sabem falar uns com os outros, nem dialogar, nem debater, nem conversar. Duas razões concorrem para que tal aconteça: o movimento saltitante com que passam de um assunto a outro e a incapacidade de ouvir. Também o medo, fruto dos anos de ditadura, impede que se assuma a liberdade plena, que se diga o que se pensa. Um certo culto do “sôtor” e a reverencia a quem tem poder são ainda peias que tolhem o pensamento e a acção livres. Por outro lado, pensamos que nunca estamos à altura, que não somos suficientemente bons, anulando-se assim todas as potencialidades criativas. É a famosa falta de auto-estima a que a tão badalada teoria da inveja promove. Ou seja, numa sociedade em que o imobilismo grassa quem quer fazer é, inevitavelmente, mal-visto, alvo de intriga e de maledicência. Quem se destaca será, portanto, excluído do grupo”

24 março 2007

Uma questão indecente

«Há dias, ouvi um amigo lisboeta dizer que o declínio do Porto se assemelha ao que ocorreu há décadas em Coimbra, atribuindo esta decadência a uma deficiente estratégia de articulação entre políticos e elites da região. De facto, nos últimos 20 anos fomos incapazes de agir de forma concertada, os políticos sucumbiram ou renderam-se ao canto das sereias do poder central, as elites ainda se imaginam herdeiras de um Porto liberal e influente que porventura já não existe, mas são outras as razões primordiais. O Porto só teve protagonismo quando teve poder económico, nos finais do Século XIX e logo após o 25 de Abril. Este último foi um fenómeno fugaz que coincidiu com a turbulência da revolução porque, apesar da perda das colónias, Lisboa mantivera a sua cultura de capital do Império e não tardou em descobrir as suas novas especiarias nos fundos que começaram a chegar por via da adesão europeia. Tal como nas eras dos descobrimentos e do ouro do Brasil, a chegada da riqueza catalizou o ímpeto centralizador e a cobiça dos cortesãos. A súbita abundância reforçou também uma burocracia opulenta, autocrática e despótica, que ora corrompe ora destrói todos os que lhe tentam fazer frente. O Porto foi vítima deste estado de coisas, não só porque o centralismo ajudou a abater a sua pujança económica mas também porque, enquanto sede de um modelo alternativo e centro do contra-poder, era o alvo a abater.

Para isso contribuiu o facto de termos estado quase sempre em contra-ciclo político relativamente ao poder central. Terá sido por fatalismo histórico, ou essa divergência é um resíduo da proverbial irreverência tripeira? Certo é que durante o cavaquismo, em que a cidade foi liderada por Gomes, a hostilidade do governo foi evidente na privatização do BPA e na sobranceria com que foi visto o projecto do Metro. Com Guterres, chegou a haver convergência mas a regionalização armadilhada foi um primeiro prenúncio de que os principais autarcas e líderes socialistas do Norte não iriam ter tréguas. A queda de Guterres coincidiria com a vitória de Rio e com o domínio metropolitano do PSD, mas essa efémera convergência com os governos PSD/CDS foi desperdiçada em querelas intestinas. Desde então, a derrota do PS nas últimas autárquicas acentuou a divergência. Estará o Porto a pagar o preço dessa insubordinação?

Não restam dúvidas que o ímpeto centralista que já imperava em Lisboa se “portofobizou”. A questão do Metro, a privatização da ANA, as opções sobre infra-estruturas, são exemplos dessa política, encoberta por operações mediáticas que sustentam a ideia de que somos o poço dos problemas nacionais. “O vosso aeroporto e a Casa da Música custaram o dobro do orçamentado” dizem-nos, como se fossem casos virgens; “o Metro é caríssimo e mal gerido” argumentam, esquecendo a comparação com o da capital. O caso dos túneis é o mais evidente: no de Ceuta, acusaram-nos de discutirem a sua saída como se isso fosse uma prova de que “aquela gente não se entende”. Em Lisboa, a intervenção cívica para interromper as obras do túnel do Marquês foi de tal maneira louvada que este não está pronto mas o responsável pelo embargo foi elevado a herói e depois a autarca. Se surgem problemas com autarcas do Norte, vende-se a ideia de que são todos caciques e achincalha-se o eleitorado, mas se há uma crise na câmara de Lisboa, passamos a estar todos envolvidos porque o caso é visto como uma questão de âmbito nacional. Tem sido assim o “Apito Dourado”, que assobia para Sul e ataca para Norte apesar dos sintomas de que o aliciamento dos árbitros é uma prática corrente, generalizada e nacional, e que serve para passar a ideia de que os sucessos do FC Porto foram alcançados pela trapaça e de que os nortenhos são batoteiros. Passaria pela cabeça de alguém acusar os lisboetas de pedófilos só porque a Casa Pia e os seus arguidos são oriundos da capital? Mesmo no referendo do aborto, houve quem tivesse o desplante de avaliar a disparidade regional do voto para concluir que as gentes cá de cima são retrógradas e incultas.

Quando a intoxicação já não pode ocultar que o país é governado com dois pesos e duas medidas e que a economia do Norte está em frangalhos, eis que surge na mesa a última cartada: para anestesiar o descontentamento, o PS promete referendar a regionalização. Esta seria bem vinda, e digo seria porque duvido que seja aprovada, mas será por mero acaso que só possa ocorrer em 2011 quando já não restarem fundos de coesão para podermos corrigir a mira?

Sócrates limita-se a continuar uma velha mas inconfessada política. Desde os governos de Cavaco que há um propósito de impedir que o Noroeste Peninsular possa vir a ser uma região num futuro mais ou menos distante. Será pela melhor razão, para preservar as fronteiras do nosso Estado Nação? Ora, quando se assiste à submissão dos nossos governos aos interesses de Espanha, seja na política económica (que sucumbe às ordens das suas grandes empresas e não resiste às perseguições às portuguesas em solo espanhol), seja nas negociações dos dossiers da energia e da água, seja na construção do TGV em que se aceita a lógica radial de Madrid, é lícito perguntar: não haverá um plano furtivo para garantir que Lisboa sobreviverá, mesmo que apenas como capital de uma futura região (decalcada no nosso mapa e da qual o Norte não se possa vir a destacar) de uma federação ibérica orquestrada na Moncloa?

Pode ser uma visão catastrófica, mas numa altura em que faltam temas à oposição de direita, é sintomático que esta esqueça a questão do centralismo e o abandono do Norte, que poderiam ser o seu estandarte. Dos partidos à esquerda do PS, a necessidade de proteger a sua clientela eleitoral que se concentra em grande parte em Lisboa e Vale do Tejo e tem nos funcionários públicos (a quem o centralismo convém) a sua maior expressão, não se pode exigir essa visão.

O resultado desta política furtiva está à vista: temos um Estado exíguo, centralista e, a prazo, inviável. Quando acabarem os fundos de coesão, não se imagina como o país poderá continuar a sustentar os seus vícios e não se antevê que até lá seja possível alterar o paradigma. Depois da batota com o mapa das NUT em que a região de Lisboa e Vale do Tejo mingou para poder desviar para os arrabaldes da capital mais alguns fundos de coesão, vamos assistir a um último esforço por desenvolver uma só região que, no futuro, o país não poderá pagar? É essa a nova ameaça ao Porto e a toda a província, como ainda se vai chamando secretamente ao país que não cabe entre as densas colinas da Olisipo.

Como disse Elisa Ferreira, por muito que Lisboa progrida, a sua dimensão nunca permitirá compensar a decadência do Norte e do Centro. A economia destas regiões, que produz a maior parte dos bens transaccionáveis, não suporta o empolamento dos factores de produção não transaccionáveis e dos serviços do estado que se concentram numa cidade em que o PIB per capita que é o dobro do seu. Por isso, se adiarmos a descentralização até que se extingam os fundos de coesão, o país estará falido, o regime em perigo e a nação em risco de desagregação.»

Rui Moreira in Público

23 março 2007

Comentadores ou fazedores de opiniões ?

Existirá isenção nos relatos e comentários dos comentadores desportivos? Os comentadores em grande percentagem são adeptos de futebol e existem os bons profissionais e os maus profissionais. O que é verdade é que eles têm o poder de influenciar milhões com as suas opiniões. Há uma frase célebre de Fernando Gomes que um dia disse que marcar um golo é como ter um orgasmo. Já repararam nos diferentes orgasmos que os comentadores têm?!

- Almeida S., editado por Susana Valente, in " relvado.com ", no dia 18/03/2007

A missão de um jornalista desportivo deverá ser de procurar a isenção e relatar os factos com toda a exactidão, dando uma imagem a quem o ouve/vê/lê daquilo que se passa/passou dentro do relvado, mas nem sempre isso acontece com alguns jornalistas a tornarem-se facciosos e a mostrarem o seu lado de adepto transformando-se em autêntico fazedor de opiniões.

Considero que o futebol português perdeu, e muito, aquando da passagem dos direitos televisivos da RTP para a TVI.

Além das transmissões serem aborrecidas, sem qualquer vivacidade e rigor televisivo, uma dessas provas são os vários e saturados enquadramentos que se dão aos rostos de adeptos, muitas vezes com figuras que parecem tiradas de um qualquer desenho animado, ainda temos as opiniões “especializadas “ de comentadores, e os flashs-interviews sempre desinteressantes e tendenciosos nas questões apresentadas, ao ponto de na último partida transmitida pela TVI o jornalista, de sorriso rasgado e feliz, perguntava a Fernando Santos se ganhasse ao FCP o SLB já era campeão, valeu o bom senso da resposta do treinador encarnado.

Comparando com as transmissões televisivas de outros campeonatos europeus verificamos que é dada a prioridade à razão da transmissão, ou seja, ao espectáculo em si, ao jogo e aos seus intervenientes, melhor exemplo disso é mesma a transmissão de jogos do campeonato inglês.

Em Portugal, em cada remate da equipa, vemos as inúmeras reacções dos treinadores nas variadas posições, sendo alguns especialistas em todo esse " show off" como Jorge Jesus, e as repetições, por vezes, são mesmo fora de tempo, lembremos-nos do Euro 2004 e do golo de Maniche, enquanto Portugal marcava, a repetição de um remate banal não parava de dar impedindo de vermos o golo em directo.

Relativamente, aos programas de TV, mais uma vez recorro ao futebol inglês e à sua maneira de ver futebol.

A SportTv transmite uma magazine, ao jeito do que faz mesmo da Champions League, onde dá voz aos jogadores e treinadores, onde se fazem antevisões das partidas da jornada e até contam curiosidades, no programa só se fala de futebol, simples, sem recorrer a termos técnicos e tácticos e com um ritmo intenso que diverte o telespectador e nos faz crescer água na boca para uma tarde de jogos interessantes.

Em Portugal, embora eu já perdesse o hábito de ver programas desportivos, só considero haver um programa de futebol a sério, é aquele transmitido pela RTPN onde o telespectador recebe lições de como ver futebol de Luís Freitas Lobo e uma visão clara de Paulo Sousa, tendo depois uma entrevista de um protagonista, entrevista essa sempre feita com clareza, tranquilidade e objectividade.

Até o hábito de ver os resumos de futebol no domingo à noite se perdeu, mas felizmente o tempo já nos permite ver através de outras tecnologias, como a Internet ou, no caso dos grandes, em resumos nos telemóveis.

Nota-se, sobretudo, um grande tempo de antena aos grandes e, principalmente, aos feitos dos grandes de Lisboa, sendo o festejo dos golos mais intensos e efusivos quando a sua equipa marca. Por vezes, pequenas mensagens sublimares que são ditas nas transmissões têm outro alcance, ao ponto de serem pequenas alfinetadas, para que o receptor interprete de uma maneira diferente.

Todos recordamos da incompreensão e admiração dos comentadores de Ulisses Morais ter no banco os melhores jogadores do Marítimo, os jogadores mais decisivos e melhores marcadores, passando uma imagem de que o treinador da equipa da Madeira estava a facilitar contra o FCP.


Na verdade, ás vezes dá vontade de seguir o conselho de Artur Jorge e retirar o som da TV, vendo o jogo e escutar, ao mesmo tempo, música clássica.

22 março 2007

O que se lê por aí

Uma aposta na formação?!
«André Castro, internacional sub-19, vai treinar-se com o plantel principal do FC Porto até ao fim da época. "É mais que um sonho", confessa o médio formado nos dragões, que já recebeu um conselho de Jesualdo Ferreira: "Disse-me para não perder a humildade". "Sempre tentei trabalhar para chegar longe e é isso que vou continuar a fazer, mas, de facto, esta chamada à equipa principal acabou por ser uma grande surpresa", assumiu, em entrevista ao site oficial do FC Porto, confidenciando: "É mais que um sonho! Sou portista desde que nasci, sócio desde os três anos e sempre quis viver uma situação destas".»
In A Bola

Mais um?!
«O guarda-redes Helton sofreu uma mialgia na coxa esquerda, na sessão de trabalhos desta manhã do F.C. Porto, no Centro de Treinos e Formação Desportiva PortoGaia, realizada a pensar no jogo da 23ª jornada do campeonato.»
In FCPorto.pt

Terá razão?
«É evidente que o Quaresma está a jogar nitidamente para a transferência. Não foi decisivo contra o Chelsea e ontem [no passado sábado] também não o foi. Faz falta ao FC Porto um Quaresma que encha as medidas. Abusa das trivelas e das jogadas individuais, não sei como o Jesualdo vai dar a volta, se ele tem algum treinador na bancada a dizer-lhe o que fazer. Tudo isto é culpa do FC Porto.»
Octávio Machado in Sportugal

Raspanate?
«A conversa a sério ficou adiada para amanhã, quando o FC Porto regressar ao trabalho; até lá, dois dias de muita reflexão. Foi essa a terapia indicada por Jesualdo Ferreira no final do jogo, numa primeira estratégia para encontrar explicações sobre o rendimento com o Sporting e que, ao mesmo tempo, serve também de ataque inicial ao compromisso que se segue: a visita à Luz. Assim que terminou o jogo de sábado, o ambiente de balneário ficou pesado, gerindo-se os silêncios da melhor maneira possível. Pinto da Costa passou por lá, mantendo um hábito independente dos resultados.»
In O Jogo

E receber?
«O Tribunal Constitucional determinou que o Benfica terá mesmo de pagar 600.000 euros de indemnização ao FC Porto pelos direitos que os portistas detinham sobre a formação do futebolista húngaro Miklos Fehér.»
In Público

21 março 2007

Hábitos

«1 - Talvez sejam os maus hábitos alimentados ao longo das últimas décadas de títulos garantidos por margens mais ou menos folgadas, mas os portistas têm uma tendência pessimista para o dramatismo que só encontra paralelo no optimismo eufórico dos adversários. Em primeiro lugar no campeonato, com uma vitória sobre o Benfica no jogo da primeira volta e com um calendário que não parece mais complicado do que o dos adversários directos na luta pelo título - os encarnados têm dois clássicos pela frente, os portistas apenas um, por exemplo - o FC Porto é, ainda e apesar de tudo, o principal candidato à sua própria sucessão como campeão nacional. É verdade que a vantagem já foi maior e que o rendimento da equipa baixou significativamente na segunda volta, mas se os adversários não desistiram quando estavam em terceiro lugar a oito pontos do primeiro, porque há-de o FC Porto desistir quando ainda está em primeiro lugar e a um ponto do segundo?

2 - O próximo clássico tem sido classificado nos últimos dias como o jogo do título. De facto, o Benfica-FC Porto da próxima jornada pode ser decisivo para a discussão pelo primeiro lugar, mas apenas se o FC Porto ganhar. O triunfo dos portistas na Luz repõe a vantagem dos campeões nacionais nos quatro pontos numa altura em que faltarão disputar apenas sete jornadas, uma delas apimentada pelo último clássico da temporada, um Benfica-Sporting que os portistas podem capitalizar a seu favor. De qualquer forma, e numa altura em que toda a gente fala da espectacularidade de outros campeonatos, se o Benfica-FC Porto conseguir ser tão bem disputado e emocionante como foi o FC Porto-Benfica, temos festa. Sem lesões, de preferência.»

Jorge Maia in O Jogo

20 março 2007

Questões pós-clássico

Será que o problema sábado foi só falta de raça e atitude ou será apenas uma notória falta de qualidade?

Quaresma joga para si próprio, é individualista demais e não defende, mas o que seria do ataque sem ele?

Cinco jogadores importantes não estavam disponíveis para o treinador (Lisandro, Ibson, Anderson, Pedro Emanuel e Bosingwa) e se eles estivessem em condições de jogar?

A táctica não terá sido a mais correcta, mas que treinador sobrevive quando para substituir Lisandro tem um Alan, quando para substituir Lucho tem um Jorginho, quando para substituir Adriano tem um Bruno Morais?

Porque acusam o Jesualdo de temeroso quando jogou no habitual 4-3-3?

Dada a ausência de Lisandro e querendo jogar em 4-3-3, quem acham que deveria jogar em vez de Alan?

E se, como se poderá vir a confirmar, Lisandro tiver de ficar parado até ao fim da época?

Lucho tem jogado abaixo das suas possibilidade, dizem que por sofrer de uma pubalgia, mas quem temos para fazer o seu lugar?

Será que Bosingwa fazia melhor que Fucile?

Porque Assunção e Meireles fizeram pressão tão atrás, junto à sua defesa?

E se tivéssemos entrado logo de início com a equipa e a táctica da segunda parte, ganharíamos o jogo?

O que fez o clube de Alvalade na segunda parte para merecer a vitória, além de um lance de génio de um dos seus jogadores?

Porque não marcou o árbitro um livre indirecto (no mínimo) no último lance do jogo em que Polga entra com o pé em riste evidente sobre Pepe?

Noutros tempos, esse lance passava em branco pelos dirigentes do FCPorto?

Se o FCPorto tivesse empatado nesse lance, será que haveria a contestação que há agora?

A equipa tem estado mal fisicamente, principalmente nos últimos minutos, mas no sábado terá sido esse o problema ou a falta de ideias no ataque?

Quem é o preparador físico da equipa principal do FCPorto?

Uma equipa que à viragem da primeira volta tem 8 pontos de avanço sobre o segundo classificado e que passadas 5 jornadas tem apenas 1 ponto de vantagem, merece ser campeã?

Alguns falam da motivação que o treinador não terá aos jogadores para este jogo, mesmo que tenham razão, que motivação é necessária dar a um jogador para um clássico?

Não estará o treinador demasiado sozinho perante tudo o que se tem passado no FCPorto?

Será que a derrota não se deverá, e muito, também ao mérito do adversário?

Jesualdo tem tentado retirar pressão à equipa, neste jogo disse que se perdêssemos continuávamos em primeiro, não jogará melhor a equipa sob pressão?

Terão sido Renteria e Lucas Marek escolhas de Jesualdo?

Afinal, esta não é a mesma equipa que fez grandes jogos no final do ano passado?

E se, em jogos muito difíceis e a 5 minutos do fim, os adversários do FCPorto deixassem a baliza aberta em livres a 35 metros de distância?

18 março 2007

Dragão adormecido?

FCPorto 0-1 Sporting
Tello 71'

24 horas passadas sobre a derrota, ainda me custa escrever seja o que for sobre o meu FCPorto no jogo de ontem. Acho que esperava tudo deste jogo, mas a última coisa que esperava era uma equipa sem qualquer chama de campeão, sem garra, sem atitude, sem qualquer solução perante um resultado negativo que aconteceu a partir do excelentemente bem marcado livre de Rodrigo Tello.

Pela caixa de comentários deste mesmo post, de entre os muitos e óptimos textos, já tudo quase acabou por ser dito. Resta-me então dar a minha humilde opinião e visão do que se terá passado, podendo cair no erro de repetir algo já escrito.

Jesualdo mostrou, com a inclusão de Alan, que não quis hipotecar todo o trabalho efectuado durante a semana e assim substituiu ala por ala, ou melhor dizendo Lisandro por Alan, usando a táctica que todos achariam normal, ou seja, a táctica que fez deste FCPorto ainda o primeiro classificado. Não se deu bem, porque Alan não é Lisandro, existindo grandes diferenças. Mas Alan fez o que lhe foi pedido, atacou como soube, defendeu como pode e para mim foi dos únicos que esteve realmente presente. Se problemas existiram na primeira parte, eles existiram na ala contrária há de Alan.

Quando hoje vi os jornais, e já ontem quando li alguns comentários, fiquei completamente estupefacto com a apreciação a Quaresma. Quaresma ontem foi para mim um dos piores em campo e o que o safa é precisamente ser o menino bonito dos adeptos, fizesse Alan metade das asneiras que Quaresma fez e teria saído aos 10 minutos de jogo, tais as assobiadelas. Quaresma não teve espírito de equipa e todas as aflições que existiram na primeira parte foram, na sua maior parte, por culpa dele, que nunca, repito nunca, ajudou a sua defensiva, nem mesmo quando fazia asneiras do tamanho da Torres dos Clérigos, sendo que o perigo por parte dos verde e brancos vinha precisamente da lateral em que ele se encontrava. Sei que resolve jogos com os seus lances de génio, mas quem o viu jogar ontem chama-lhe o que antigamente chamávamos a este género de jogadores, um brinca na areia, tantos foram os lances que perdeu, pondo em causa todo o esforço da equipa. Vi Pepe já perto do intervalo a dar-lhe uma descompostura, mas o craque estava no seu mundo superior. Alguém lhe puxou as orelhas ao intervalo, já que na segunda parte os laterais adversários do lado dele já não tiveram a mesma liberdade.

Por outro lado, não quero crucificar Quaresma, já que, principalmente todo o meio campo tem culpa da forma como o clube de Alvalade caiu em cima do FCPorto na primeira parte. Raul Meireles e Paulo Assunção jogaram sempre a pensar no amarelo que os tiraria do jogo da Luz e com isso a pressão era feita de forma mais macia e feita praticamente só à entrada da área do FCPorto, dando com isso todo o meio campo ao adversário. Já Lucho nem vale a pena dizer mais nada, irreconhecível, como tem sido hábito nos últimos jogos.

Para a segunda parte Jesualdo rectificou e colocou mais alguém (Postiga) no meio campo, usou até os jogadores e a táctica que antevi. Com isso o FCPorto passou a controlar meio campo e consequentemente o jogo. Mas pouco se repercutia no ataque e muito poucas oportunidades foram criadas. Postiga pareceu-me esforçado, mas completamente inconsequente e apenas serviu para pressionar um pouco mais alto no meio campo. É uma tristeza um ataque em que só se pode contar com o Quaresma para desequilibrar, dada a total falta de ideias e é isto que mais me entristece. Será Anderson o salvador? Não contem com isso e não queiram colocar toda a pressão sobre ele.

A defesa terá sido a menos culpada. Esteve quase sempre bem, na medida do possível. Fucile não teve a ajuda que necessitava sempre com dois jogadores pela frente ( e Quaresma a ver), Marek Cech para mim foi o melhor, em todos os aspectos e Helton fez defesas só possíveis de grandes guarda-redes, só certos e determinados adeptos se lembrariam de o assobiar num jogo destes. O golo resulta de um livre muito bem executado, nada a dizer.

Por tudo isto a derrota foi mais que merecida, mas, e ao contrário do muito que li, ainda acredito, ainda estamos em primeiro e este jogo pode ter servido para acordar um Dragão que tem vindo a adormecer e caso tivesse empatado talvez chegasse à Luz mesmo a dormir. Há males que vêm por bem, esperemos que seja o caso.

PS: Está uma nova pergunta na "Opinião da Bancada", «Porque perdeu o FCPorto?», participem.

16 março 2007

No papel de domadores

Muitos dizem que o nosso futebol é um circo, poderão ter alguma razão, mas como devem compreender, e logo hoje, não quero entrar por aí. No importantíssimo jogo que hoje temos, e que nos faz já estar com aquele nervoso próprio de antes dos grandes jogos, vamos ter pela frente a tão apregoada equipa jovem e que, pelo que dizem, quer pôr as garras de fora devido à sua má posição neste campeonato. Temos pela frente os leões e é nossa missão domá-los.

O FCPorto vem de uma importante vitória na Madeira, não conseguida como todos gostaríamos, mas conseguida e que quebrou uma tradição que já durava há uns anos, tal como já havia acontecido também para o campeonato no Dragão com o Braga e isto em duas das três finais já jogadas este mês. Foram duas importantes vitórias que demonstram, embora com defeitos, que a equipa está coesa e que tem aguentado bem os “obstáculos” deste campeonato, conseguindo com tudo isto ganhar os índices de confiança necessários para as restantes finais.

O “obstáculo” de hoje, como já disse, está ferido no orgulho e, se ainda alguma esperança poderá ter em relação ao campeonato, ela passa por uma vitória no Dragão. É um adversário difícil, que vai dar tudo o que tem e não tem e que trás como figura principal, e dada a ausência de vulto de Liedson, um grande jogador no meio-campo que admiro muito, João Moutinho.

O FCPorto também se pode queixar de algumas ausências de peso. Ibson, Bosingwa, Anderson são algumas delas, mas a ausência mais inesperada e de última hora é a de Lisandro Lopes, que se lesionou no último treino. Logo o nosso jogador com mais garra de… dragão e que poderá fazer Jesualdo alterar a táctica do habitual 4-3-3 para o 4-4-2.

Como todos sabem o FCPorto não tem extremos de grande qualidade para além de Quaresma, e Lisandro ia disfarçando essa falha. Sem ele fica aberto o caminho para o professor colocar em prática a táctica que utilizou com o Chelsea. Um 4-4-2 em losango e que deverá dar grande liberdade aos defesas laterais para subirem, já que o adversário joga sem extremos e em que na ponta mais ofensiva do losango poderá jogar Postiga, que já nos tinha dado boas indicações nesse lugar, tendo atrás os dois médios de cariz mais defensivo e Lucho que pode fugir, quando em posse de bola, para a extrema direita, tentando explorar a subida do lateral adversário desse lado. Havendo sempre a possibilidade de, durante, o jogo passar ao 4-3-3 típico, bastando para isso adiantar Postiga. Em Londres não foi muito diferente o 4-4-2, tendo conseguido o FCPorto superiorizar-se ao poderoso meio campo adversário, apesar de não ter dado o resultado que queríamos, e todos sabemos que o meio campo verde e branco também é forte, mas também todos sabemos que os leões de Alvalade não são os galácticos de Mourinho. Aqui vai a minha equipa:Mais uma vez, e como sempre, seja qual for a equipa, temos de entrar em campo neste jogo crucial para o FCPorto no campeonato como favoritos que somos, entrar a dominar e a tentar resolver o jogo o mais depressa possível. Temos sobretudo de vencer, vencer e vencer mais esta final, temos equipa para isso, bastando jogarem o que sabem, tornando-se assim bons domadores de feras, fazendo dos leões, gatinhos mansos.

FCPorto - Sporting, 20H30, SportTv1

Capital da transparência

«Esta semana o presidente da comissão de arbitragem da liga, Vítor Pereira, nomeou o árbitro Pedro Henriques para o clássico entre FC Porto e Sporting. Sem surpresas (pelo menos para mim), mais um árbitro de Lisboa (e conhecidamente afecto aos leões…) é nomeado para dirigir os azuis e brancos contra um dos rivais de Lisboa. Uma vez revogado o requisito de que árbitros e clubes da mesma associação não se podiam encontrar no mesmo campo de futebol (se bem que Lucílio Baptista tenha torneado bem o problema…), a fim de evitar possíveis conflitos de interesses e de mostrar imparcialidade (na lógica de que à mulher de César não basta ser séria…), como acontecia em anos transactos, a esta nova direcção é permitida, agora e sem despudor algum, nomear árbitros da mesma associação de um clube para um determinado jogo.
O que uma primeira análise, ainda que superficial, nos permite concluir, de facto, é o de que os árbitros, supostamente, serão nomeados para os respectivos jogos com base na sua exclusiva competência e não, como anteriormente, com base em aspectos geográficos. Mas, ao mesmo tempo, e porque não gosto que façam de mim palerma, as recorrentes nomeações de árbitros alfacinhas (ainda que estrategicamente registados em outras associações, como a de Setúbal) para jogos do FC Porto com os seus rivais de Lisboa, permite-me retirar outro tipo de ilações e dúvidas, no que concerne às nomeações e ao trabalho respeitável da comissão liderada por Vítor Pereira.
Em primeiro lugar, parece-me ridículo e desprestigiante para todo o resto da arbitragem portuguesa, particularmente para todos aqueles que não sejam lisboetas ou dependentes da associação de futebol de Lisboa, não poderem ser nomeados para jogos entre o FC Porto e os dois rivais de Lisboa. De facto, parecem-me, este tipo de jogos, os que maior prestígio e visibilidade conferem aos árbitros em termos de carreira assim como são estes que permitem, principalmente pela sua especificidade mediática, aferir da sua qualidade e competência.
Em segundo lugar, creio poder concluir que a comissão e Vítor Pereira assumem publicamente que só existem árbitros verdadeiramente competentes e idóneos na zona de Lisboa e Vale do Tejo e que todos os outros, pelos mais variados motivos, não oferecem a segurança (não sei propriamente de que tipo…) exigida pela comissão de arbitragem.
De facto, o que isto nos mostra, em conjunto com o processo do apito, é que o nosso país está, realmente, fracturado entre Norte e Sul, entre corruptos e honestos, entre azuis e de outras cores, entre manipuladores e manipulados, entre vilões e bons, ao bom estilo dos western americanos. Os meios de comunicação e os centros de poder (todos sedeados naturalmente em Lisboa) tentam fazer passar a imagem de que o banditismo e as mais variadas formas de corrupção fazem parte, de alguma maneira, do código genético do povo do norte.
Para esses pretensos combatentes pela moral e pela justiça, o país só voltará a ter honradez e seriedade quando ao encerramento das maternidades, das escolas, de repartições públicas e de hospitais, que consistem, inexoravelmente, numa centralização desumana e tristemente salazarista, se juntar a despromoção, o encerramento ou a falência de todos os clubes que se encontrem para lá dos limites periféricos da capital. Nem que, para isso, se procedam ou recorram a nomeações parciais, sumaríssimos subjectivos, reuniões clinicamente adiadas, relatórios de árbitros deixados em pára-brisas de automóveis ou ainda a dossiers anónimos. Isto sim, no entender deles, é de capital…transparência.»

Texto de Vasco Guimarães in zerozero.pt

15 março 2007

Gerir ou não gerir? Eis a questão

O próximo jogo do FCPorto pode decidir o campeonato, em caso de vitória poderemos ir jogar com o segundo classificado sabendo que nunca perderemos o primeiro lugar, já outro resultado impossibilita por completo uma derrota em Lisboa, correndo com ela o risco de se perder o embalo no rumo ao Bi, e candeia que vai à frente...

Três jogadores estão em risco de exclusão do jogo na Luz por estarem "tapados" por cartões amarelos. São eles o Lisandro, o P. Assunção e Raul Meireles. Jesualdo Ferreira embora tenha dito que viveria jogo a jogo, não correu riscos na Madeira e tirou do onze inicial dois dos jogadores anteriormente falados. Lisandro nem chegou a entrar, já Raul Meireles foi obrigado a ser utilizado e logo aos dez minutos, tendo conseguido gerir bem a sua actuação de modo a não ser automaticamente excluído do jogo com o clube de Alvalade.

Dois dos jogadores em perigo de exclusão são duas das unidades mais utilizadas no meio campo e consequentemente das mais preponderantes, tendo ao longo do campeonato dado boas garantias à equipa. Com a lesão de Ibson, as opções para este sector no plantel são muito poucas. O professor tem então um problema para resolver e tem duas opções:

1ª Opção – Não gerir“Colocar a carne toda no assador” concretizando o que tinha dito na conferência de imprensa, que o próximo desafio é sempre o mais importante, colocando o meio campo habitual, composto por Lucho, Meireles e Assunção, correndo então o enorme risco de perder os dois médios mais defensivos para o crucial jogo da Luz, ficando como única opção válida para esse lugar João Paulo, que pouco ou nada tem jogado, não tendo assim ritmo competitivo, ainda por cima para um jogo tão importante, ou então o adaptado Marek Cech que até jogou em Londres no meio campo, assim como em mais um ou dois jogos, tendo dado algumas boas indicações.

2ª Opção – GerirPoupar um dos médios, deixando-o no banco, aliás como fez na Madeira. O meio campo poderia ser então constituído por Lucho, Meireles (ou Assunção, embora eu ache este mais útil no jogo seguinte) e no vértice mais ofensivo Jorginho, Bruno Morais é outra hipótese ou até Postiga porque não? Recordo-me de com Adriaanse o ver fazer esse lugar. Assim o FCPorto assumia uma equipa com maior pendor ofensivo e sem medo na procura da vitória, afinal de contas jogamos em casa e o adversário deverá vir com mais cuidados defensivos. Outra possibilidade seria, em vez do Jorginho, ou outro jogador mais de ataque, jogar João Paulo ou Marek Cech ao lado de Meireles ou Assunção, tornando a equipa muito mais coesa a nível defensivo, mas perdendo um melhor apoio à frente de ataque.

É um dilema para Jesualdo, ainda por cima contra uma equipa que tem um meio campo forte. O melhor mesmo seria o professor não precisar de gerir, utilizar todos os jogadores que pretendesse neste jogo e estes não levarem cartões, estando assim todos disponíveis para o jogo que poderá acabar de vez com as pretensões ao título do segundo classificado. Mas todos sabemos que isso será muito difícil. Vocês sabem do que é que eu estou a falar...

PS: Por esquecimento não tinha incluído na "Opinião da Bancada" (que já tinha colocado desde ontem) o jogador que, segundo o jornal O Jogo , dormiu com o Paulo Bento, esse mesmo o Quaresma. Grande falha a minha. Peço por isso a todos os que já votaram que votem novamente já que tive de colocar de novo a pergunta desde o início.

14 março 2007

Nunca um invejoso perdoa ao mérito *

Nos tempos de hoje, ser treinador de futebol em Portugal deixou de ser ingrato, principalmente quando estes alinham a sua equipa contra o FCP.

O caso "Apito Dourado", e todas as suas suspeitas, foram como uma almofada felpuda onde os treinadores adversários repousam a sua cabeça durante uma semana, até quando ela está prestes a ser "arrancada" pelos seus adeptos e dirigentes revoltados com os seus resultados negativos e exibições medíocres durante o campeonato.

Tenho a convicção que os jogos contra o FCP sejam os mais fáceis de preparar durante uma época, os discursos já estarão pensados durante semanas, as desculpas já há muito estão estudadas.

As equipas não são preparadas para jogar olhos nos olhos, mas sim para defender, jogando sem avançados e com alas rápidos, esperando que a defesa do FCP se desconcentre para tentar criar uma jogada de perigo ou uma grande oportunidade para que no final venham os treinadores sempre sábios a dizer "que sim fizemos uma grande partida, não tivemos medo, criámos oportunidades de golo, o FCP não merecia", mas se tivermos o cuidado de rever o jogo, verificámos que por muito espremido, não conseguimos ver qualquer domínio do adversário e que apenas teve um esboço de oportunidade de golo.

Depois temos as jogadas "polémicas" contra o FCP, com os comentadores da TV a gladiarem-se para tentar ver se é falta, se houve intenção ou não de jogar à bola, ou imagina-se logo um aparelho para medir a intensidade de um empurrão, enquanto os treinadores são mais óbvios "eu NUNCA falo de arbitragens, mas o árbitro prejudicou a nossa equipa ".

Penso que os treinadores devem ter pena porque só jogam com o FCP apenas duas vezes durante o campeonato, era tão mais fácil justificar as suas derrotas e os seus fracassos se jogassem mais vezes contra os dragões, bastava um encolher de ombros e as desculpas normais para que os seus adeptos ficassem convencidos e não pedissem satisfações sobre o momento da equipa que lidera, enfim é o sistema como diria o outro.

Mas, este demérito ás vitórias do FCP já são usuais desde há muito, na época de 1999/2000, depois de apregoar ao "fair-play" e ao respeito pelos seus adversários (ganhando os jogos é sempre mais fácil pedir isso) Augusto Inácio disparatou a todas as direcções depois de uma derrota na final da Taça de Portugal, ao ponto de os seus jogadores não receberem a medalha de vencidos desrespeitando o código do cavalheirismo que o seu treinador apregoava durante a semana.

Entretanto, tivemos desculpas de todos os sentidos e que ficam para a história, desde as hemorróidas de Jaime Pacheco, às suspeitas sempre disparatadas, e ingénuas, de Octávio Machado, passando pelas invejas faraónicas de Manuel José, as premonições de Fernando Santos, a falta de visão de Carlos Brito, o discurso pseudo-parolo e sempre espectacular de Jorge Jesus, ou até a falta de sorte de Paulo Bento, até chegarmos à ignorância de Ulisses Morais, o mérito ás vitórias do FCP é sempre secundário e suspeito por parte de treinadores perdedores no futebol, frustrados na vida.

Como diria William Maugham, " o sucesso torna as pessoas modestas, amigáveis e tolerantes, é o fracasso que as faz ásperas e ruins."

* - citação de Pierre de Corneille