30 junho 2010

Carlos Queiroz, o líder indispensável


Extraordinária a forma como, serena e conscientemente, com pedagogia, educação, sensibilidade até para mandar alguns "recados" e falar "olhos nos olhos" a certos detractores, alguns deles "aqui à minha frente", Carlos Queiroz fez o balanço possível, nesta altura, mas assertivo, coerente e justo, sobre a participação portuguesa, muito digna e sem lamechas, no Mundial em que tantos depositaram, como quase sempre, infundadas esperanças face ao quadro que se desenhava do sorteio e à potencialidade, sempre reduzida de forma progressiva e até drástica por várias lesões num campo de recrutamento e nível de aperfeiçoamento limitados, da equipa que deve sentir-se tão orgulhosa quanto unida, apesar de alguns marcharem com passo trocado, porventura com orgulho próprio mas sem sentido colectivo.

Estava a ouvir na rádio do carro, em gravação, tristes e bacocas declarações do "já sabem do que estou a falar" Octávio realmente caricaturado "Malvado", quando soube que CQ ia falar em directo e acorri à tv.

Com tanto já conquistado e muito ainda por aperfeiçoar, o seleccionador nacional fez um balanço sério e até exaustivo, para o momento, e esperançoso para o futuro. Mostrando uma forma extraordinária, Carlos Queiroz falou do futuro quando muitos se questionam, não só pelo passado e o abandono da produção da formação que agora cobra factura pelo depauperado cenário de aproveitamento de valores hoje promovidos no Chile, na Coreia do Sul, no Japão, no México, na Alemanha, na Suíça, no Gana e até com evidência flagrante na Espanha que acabou de nos ganhar de forma justa, com que jogadores vamos jogar a partir de Agosto (preparação) e Setembro.

Certos críticos, muitos cínicos e tantos ignorantes não pedem contas, agora, na hora - como aqui sempre defendi ao longo destes anos e desde a primeira hora - ao sargentão "o chefe sou eu" que votou ao abandono precisamente os escalões de formação e a promoção dos jovens jogadores nacionais que uns milhões de idiotas aos pulos com as vitórias dos seus clubes amiúde com 1% de portugueses no seu onze titular tanto desprezaram, enquanto a tal Geração de Ouro, também em queda inelutável (2º em 2004, 4º em 2006, 8º em 2008) iludia as questões e servia de promoção apenas para o chico-espertismo brasuca e o misticismo bacoco que durante anos vendeu banha de cobra com o melhor que havia no pé de bola nacional.
Cristiano Ronaldo será, em definitivo, posto em su sitio, outros deixarão naturalmente a Selecção, repatriados ou em decadência simples, Varela, Nani, Ruben Micael, Bosingwa estarão aí para relançar a selecção onde, salvo Nani, mal se constituíram como alavancas para um futuro melhor.
Talvez Portugal possa vir a jogar com 11 homens em campo em vez dos 9, nove e meio ou 10 jogadores que se (não) viram em cada jogo do Mundial. Portugal fez-me lembrar muito o FC Porto desta época onde em cada jogo parecia jogar sempre sem pelo menos um jogador, este ou aquele mas sempre em inferioridade numérica.
Depois do espectáculo triste do toca e foge de CR7 a quem nem o "mata-borrão" da desculpa oficial no site de gestor de carreiras; dos 1001 treinadores que preferiam Miguel a lateral - como se antes Miguel não fosse destacado face a Paulo Ferreira por atacar melhor do que defende - em vez de Ricardo Costa, Pedro Mendes em vez de Pepe ou Liedson em vez de Hugo Almeida amiúde desfavorecido nas comparações e menosprezado como avançado de valia útil para a Selecção tão carente que teve de se "naturalizar" um brasileiro (e precisamente porque HA, no início desta mesma época, esteve inválido por uma súbita apendicite, que poucos podem lembrar), mais Deco, Miguel Veloso ou os que ficaram para trás e evocados só pelas simpatias clubísticas que preferencialmente se pretenderiam banir da Selecção "a bem do grupo", Carlos Queiroz mostrou-se à altura das responsabilidades.
Para, entre a dignidade com que a Selecção se bateu nos seus limites tão curtos para a ambição propalada, emergir mais da mediocridade e até idiotice de comentários de gente anónima e outra muito burra mais reconhecida, a lembrança de como Mourinho com o Inter parou o Barça replantado na selecção da Espanha que Queiroz não travou, como ouvi esta manhã até a um venerando, mas igual a tantos outros, qualquer coisa Correia na TVI, diz bem da noção de non-sense e da ausência de tudo, até de espelho, na apreciação que se fez, demagogicamente, da eliminação, natural e prevista, da Selecção.
Foi o último exemplo, evocar o Inter truculento, retranqueiro e favorecido pelas arbitragens - três factores que não se aplicaram a Portugal neste jogo - que eliminou com sorte e favores o Barça e é o cúmulo do despautério mas o suficiente para se explicar como qualquer explicação e misticismo barato, depois do segredo do Caravaggio e demais ideologia que ganhou raízes em mentes menos esclarecidas, pode ser argumento para uma serena troca de ideias baralhadas pela valoração atribuída a declarações sem sentido de jogadores despeitados e pouco dados ao respeito por si mesmos e sem merecerem o dos adeptos. Como se o Inter não defendesse com tudo e com todos, Deus nos acuda, salvando-se apenas porque um árbitro anulou um golo, de forma contestável por alegada mão na bola, a Bojan e ao Barça no último minuto, uma decisão tão notória, aleatória e no fio da navalha como a permissão de a Espanha ter marcado um golo em posição irregular de difícil percepção como foi o golo de Villa.
De facto, esta derrota poderia permitir uma reflexão mais cuidada e profunda, atenta, consciente e serena, sobre o futebol português. Mas sem interlocutores à altura - hoje até uma jornalista da Agência Financeira na TVI24 opinou alarvemente... com o sentido das coisas básicas e focando aspectos marginais à essência do jogo que não entende - realmente não se pode discutir e avaliar nada com gente deste nível baixo. Resta seguir em frente, como preconiza Queiroz apontando o rumo e reafirmando a sua liderança.
Parabéns, finalmente, a O Jogo que resumiu o CR0 a zero rotundo, quebrando também esse respeito venerando para com certos ídolos de pés de barro e até hoje imunes a críticas severas - de resto proibidas na Imprensa do regime que castigou jornalistas mais ousados e recalcitrantes a seguir o politicamente correcto - que bem poderiam estender-se à produção nula de outros jogadores, como Danny em todos os jogos e Simão no jogo todo e Tiago na 2ª parte na partida de ontem, deixando claro que na frente esteve o calcanhar de Aquiles de Portugal e não por causa desta ou daquela troca e posicionamento mais ou menos impositivo como se algum destes precisasse que, no jogo, o ensinassem a jogar.
ACTUALIZADO (23.21): no resto do dia, mais do mesmo, ouvi por acaso o Luís Freitas Lobo (outra vez...) e o João Rosado, na TSF, a criticarem o facto de CQ ter falado de Varela e R. Micael ausentes no Mundial. Mais uma questão de interpretação descuidada e desatenta, pois os nomes evocados foram-no quando o seleccionador, no seu balanço, foi instado a comentar o futuro e as próximas convocatórias com vista ao Europeu-2012. Intoxicação, portanto, além de falar à toa do que não está devidamente contextualizado. Depois, enfim, entre outras leituras atrasadas e amiúde indirectas, consegui ler um director de jornal, ex-director de um diário desportivo e crítico, como todos os sportinguistas que jamais perdoaram a passagem de CQ por Alvalade, a falar mal (também) da substituição de Hugo Almeida, para dizer (João Marcelino), a seguir, extensamente, que muitos jogadores não renderam um caracol e, por isso, subentendendo-se que houve muitas mais coisas para além da circunstancial, e nada feliz, troca de Hugo Almeida por Danny. Para finalizar o forrobódó pródigo destas circunstâncias com feras à solta, o sobrinho do Mário Soares que goza desse "estatuto" como muitos sobas do regime, um Alfredo Barroso igualmente sportinguista e cretino com maus fígados, capaz de trazer à baila o famoso 3-6 de Alvalade, com a desinformação e descontextualização da famosa substituição de Paulo Torres. "20 anos depois, lembra o velho, ainda se evoca o facto como se a razão do 3-6 para o Benfica fosse essa, quando a troca foi efectuada já o Benfica ganhava, ao intervalo, por 2-3... Enfim, na hora da derrota o pior dos tugas vem ao de cima, e é só lodo de onde nada se tira de proveitoso.

29 junho 2010

La sangre em mais uma noite de facas longas

Os palhaços das faenas perguntam por soluções para contrariar o jogo espanhol made in Barça e CR7 volta a alijar responsabilidades como já fez com Ferguson na final da Champions
Bem me parecia que aquela capa parola do Record poderia servir de mote, ou isco, para o pós-jogo do duelo ibérico no Mundial. Ainda que sem pôr em causa a união peninsular na candidatura ao Mundial-2018, com um jogo que até correu limpo e foi correcto à parte a estapafúrdia expulsão de Ricardo Costa e o teatro dispensável de Capdevila que antes viu perdoada pelo árbitro uma falta evidente e grosseira sobre Ronaldo, não deixa de sentir-se o cheiro a mofo e um sangue que andou escondido enquanto os touros tristemente enraivecidos não saltaram para a arena.
A faena saiu mesmo como se previra nos mais avisados comentários e apesar da concordância unânime do mérito e justeza da vitória espanhola, fácil e fatalmente prognosticável e sem miasmas nem fazer de conta que Portugal poderia jogar de outra forma e melhor para anular o máquina "roja", não há dúvida que o jogo vai dar que falar e já deu que falar. Há, como se sentia de resto pela ausência de retaguarda e de muitas explicações convincentes e transparência q.b. para o povo da bola perceber certas coisas dos bastidores que também interessam e importam a todos, cheiro a sangue.
Mas os palhaços que fazem certas capas de jornais não vão perguntar ao Cristiano Ronaldo porque não cumpriu a faena que lhe pediam ou não puxou do ketchup que há dois anos está ausente da sua parte na Selecção onde foi protegido, mimado e erguido ao patamar de capitão que alguns recusavam negar-lhe o mérito de merecer a braçadeira. Ouvi mesmo uma pergunta, capciosa, do controleiro do regime quanto ao seleccionador encontrar uma fórmula adequada para contrariar o que há anos se sabe do jogo espanhol de toca e vira, gira e dura, dura, dura...
Estava, ainda assim, o mundo e o Mundial posto em sossego com uma normal, lógica, prevista e cantada vitória espanhola, porque eles são melhores e até muito bons no que fazem, quando a barraca caiu de vez com a mensagem do capitão da Selecção para irem chatear outro e perguntar "ao Queiroz" pela eliminação.
Também houve unanimidade em condenar este comportamento indecente e insolente de CR7, que ainda se julga não dever dar provas do seu valor na Selecção. Pela primeira vez neste Mundial vi o pós-jogo e os diversos canais com comentadores e entrevistas. Sim, talvez por me cheirar a sangue, mas muito por pressentir que a paz podre, antes espoletada com a reacção inusitada de Deco a sair do jogo com a C. Marfim como aqui escrevi, ficaria às escâncaras. Ninguém poupou CR7 e certamente todos querem vê-lo pelo menos sem a braçadeira para a qual não tem estaleca.
Tudo isto num jogo normal, onde ganhou o melhor, mesmo com um golo irregular mas de difícil percepção a não ser para os tolinhos que advogam o recurso ao vídeo-árbitro. O toque de Xavi para trás deixa Villa em fora-de-jogo e o braço no ar de Ricardo Costa, que foi fechar Xavi no meio, inútil tanto quanto a defesa de Simão no flanco por onde rasgou o matador espanhol. E num jogo em que por uma hora Portugal deu boa réplica e pode sair, não com a missão cumprida, mas com o sentido do dever, orgulho no trabalho e confiante no futuro, obviamente de cabeça erguida no regresso a casa.
Estava tudo posto, por isso, em sossego, mesmo apesar de um pedir a entrada do Deco, outro a reclamar a falta de resposta de Pepe e o clássico Freitas Lobo a clamar que contra os 160 centímetros de Xavi e Iniesta não vale a pena os 185 do Pepe como se a função deste interferisse com a daqueles maestros do jogo espanhol made in Camp Nou, mais propriamente na cantera de La Masía.
Queiroz reconheceu a superioridade espanhola, tantas vezes vista em dezenas de jogos nos últimos dois anos coroados em Viena com um espectacular título europeu de salero e bom jogo. À maneira de escândalos inomináveis até com repercussões políticas, como se nos faltasse um "prêt a porter" da França e um corte a direito à moda italiana saídas do Mundial sob vergonha e com estrondo, bastou ouvir uma ou outra declaração, a quente ou a frio mas sempre sem a presença de algum assessor ali levado para a tarefa nos contactos com a Imprensa, mais uma vez sem se vislumbrar sombra desses vultos que arranjam cadeiras e ajeitam microfones, para o caldo se entornar.
Que CR7 use muito ou pouco molho de tomate importa-me tanto como as miúdas que dizem põe de escabeche do jantar ao pequeno-almoço seguinte. Lembro, só no que importa, que após a derrota do M. United com o Barça na Champions de 2009, afirmou "the tactics was no good", atirando as culpas para Alex Ferguson pelo desaire de Roma por 0-2.
Poderia recuar mais e recuperar o seguir em frente sem falar na zona mista quando o FC Porto empatou em Old Trafford, só para cantar vitória pelo golo fulminante caído do céu a Helton no Dragão. Aí a fanfarronice do menino mimado foi glosada pelos antiportistas tanto quanto o golaço foi eleito o golo do ano.
Com Portugal a jogar o que pode com os jogadores que tem, independentemente de quem joga a trinco ou a avançado centro, mas a terminar o Mundial com dignidade, falar a quente não se entende mesmo para um puto de 25 anos que é multimilionário, já ganhou muitos títulos mas tem sofrido revezes duros e todos com marca do Barcelona: a tal final de 2009 na Champions, a dupla derrota 0-1 e 0-2 na Liga espanhola e agora o tiki-taka catalão reposto na selecção espanhola.
Mas, neste cenário em que CR7 voltou a ser o centro das atenções e não pelo que joga nem sequer pelo que (alguns) esperam dele, discutir se Pepe estava desgastado ou Hugo Almeida aceitou a substituição, se CQ tinha plano B ou Danny fez alguma coisa neste Mundial, muito mais do que neste jogo, é negar as evidências sabidas à partida e outras vistas entretanto mas que o proteccionismo dado a certos jogadores omitiu agora.
Porque não foi Pepe que falhou no golo, foi Tiago sem fazer a cobertura e Simão sem fechar Villa. Ao ouvir as opiniões de JVP e LFL na RTP-N incidirem naquilo que pensavam à partida, com esse arquitecto de coisa nenhuma a falar de conceptualização como se tivesse posto alguma equipa a jogar na vida, a coisa ia além do ridículo, era teimosia pura e um hedonismo e vaidade que pedem meças a CR7 a olhar para a sua esbelta figura nos ecrãs dos estádios mundialistas.
A própria substituição de Hugo Almeida, quando o de novo ausente Simão e um muito estático Tiago provavam não terem continuidade em alta competição e fiabilidade para os maiores esforços e exigências de tomo com as responsabilidades que têm na equipa, pareceu ser o canto do cisne de Portugal. Não pela saída de Hugo Almeida, mas pela entrada de Danny que nada fez no Mundial inteiro digno de registo.
Não gosto de fazer prognósticos no final, mas Portugal fez 0-0 com a C. Marfim a jogar com 9,5 jogadores, sem meio Deco e zero de Danny; também com o Brasil CR7 não se mostrou à altura, enquanto o mando de CQ na equipa recusava o "estatuto especial" supostamente sobre Deco e Liedson; e com a Espanha, com Simão a zero e Tiago a meio por sua vez, seria possível ganhar com 9,5 jogadores em campo? E CR7 era avançado mas o central, adaptado a lateral sem problemas Sérgio Ramos dava cabo da cabeça a Coentrão porquê? Depois, com o zero Danny haveria alguma evolução? E sem Nani?... O drama, previsivelmente, era esse e CQ montou um biombo sem esconder que em 3 dos 4 jogos Portugal não marcou, não pela estrutura defensiva, mas por falta de soluções atacantes ou ausência dos seus mestres em campo nessa arte que requer mais do que golpes de marketing e ajudas de Imprensa para jogar A ou B e convocar C ou D. Só faltaria, agora, dizer que com João Moutinho ou Carlos Martins tudo seria diferente, quando deu barraca a chamada de emergência de Rúben Amorim, mal utilizado e logo lesionado a prova a "intensa preparação" preventiva ensaiadas nas férias entre o Dubai e uma escala em Lisboa para o Algarve...
O que leva ao início e àquele outro momento negro e até de suspeição que foi a exclusão de Nani: como então frisei, era alguém como ele que poderia desviar as atenções e aliviar a tensão a que se sujeitava CR7 e o extremo do M.U. saberia romper pelos flancos, alternando com Ronaldo e esticando o jogo, afinal o que CQ queria agora mas Danny não pode fazê-lo porque a Espanha não é Moçambique.
Querer marcar o jogo pela saída de HA e o golo espanhol de imediato é uma falácia que falha por si na relação entre as duas coisas. Esquecendo tantas debilidades, sim, mais expostas neste desafio que muitos jogadores não superaram: é abissal a diferença de categoria individual ou não sabiam ainda? Não era Pepe, obrigado a proteger à frente dos centrais com a inserção do alto Llorente, a pagar a factura, eram os médios que não passavam a bola, de Tiago e Simão e mesmo Meireles, e na frente ninguém a segurava como Danny nunca segurou, aliás como Deco frente à C. Marfim.
Mas é disto que certas reflexões mais engendradas previamente do que pensadas no curso dos acontecimentos causam e se inseridas na ebulição do jovem CR7 então tornaram o caldo entornado, ainda que a reprovação passasse, quer na SIC-N quer no TVI24, a centrar-se nele. De JVP a Mozer não foram poupados adjectivos contra CR7, como não foram escamoteados que "isto" só acontece porque não há uma consciência colectiva e o "todos no mesmo barco" só dura enquanto se ganha.
Uma derrota justificada, digna mas normal faz isto, imagine-se, como sugeriu JVP, como foi em 2002 na Coreia. O problema são as sequelas internas, seja na função do seleccionador, discutido pelos jogadores e desautorizado apesar de mais dois anos de contrato, seja na convivência para o apuramento necessário para 2012, a partir de Setembro. Porque quanto a Madaíl, como há 8 anos ausente de novo, ele está de saída. E quanto ao vice "estatutário" ou "hereditário" Amândio de Carvalho, que já dura desde Saltillo-1986, imagine-se, o rame-rame continuará, consuetudinariamente. A estrutura da FPF volta a primar pela ausência? É preciso outra vassourada?...
O sangue está à vista. Porventura a noite das facas longas tem digno palco junto à mítica montanha, a Mesa, sobranceira à Cidade do Cabo, onde os Navegadores voltaram a sentir a Tormenta e um Adamastor que fará as delícias dos velhos do Restelo. Tudo porque uns putos não sabem de História e para quem a vida lhes corre fácil, com as costas tão quentes como um alívio de consciência num site de uma empresa de gestão de carreiras que tanto já fez falar de si nos andarilhos e sarilhos em que velhas porcarias da Selecção voltam sempre ao de cima...
ACTUALIZADO: 0.22. Afinal, saiu mais depressa do que da boca para fora o mata-borrão funciona outra vez: http://www.maisfutebol.iol.pt/seleccao/cristiano-ronaldo-comunicado-espanha-portugal-seleccao-carlos-queiroz-maisfutebol/1174092-1194.html, às 23.44. Isto sim, é profissionalismo, falta agora a entrevista no Público que lava mais branco.
JAPÃO MERECIA MAIS ATÉ DE NORTON DE MATOS. Não quero deixar passar sem um reparo, habitual, ao tendenciocismo nos comentários do Paraguai-Japão. Os nipónicos confirmaram-se como uma das boas, positivas e simpáticas equipas do Mundial e mereciam ganhar mas não tiveram sorte nem reconhecimento na transmissão da RTP-1, à tarde. Lamentavelmente, Norton de Matos chamado a comentar o jogo não só antecipou os golos de penálti do Paraguai no desempate final, como deu a entender não estar desligado da função de detector de talentos-empresário alegadamente director-desportivo nas horas vagas, torcendo pelo Paraguai onde decerto já recrutou grandes valores para várias equipas portuguesas em que teve responsabilidades, o Sporting que o diga. Acho bem que alguém assuma a preferência por uma equipa e não o deixe escondido, ainda que implícito.

Di Maria espera-se tudo...


A regra de "pagarem pela cláusula de rescisão" foi, mais uma vez, abatida e um craque que valia 50 (ou seriam 60?) milhões de euros sai por metade. E isto pelo que se diz oficial e formalmente, porque o Benfica vende di Maria ao Real Madrid a sua parte, que é substancialmente inferior depois de ter penhorado outras partes a um Fundo, que ganha mais do que o clube proporcionalmente ao que investiu e "jogou" em campo também, mais a percentagem devida ao agente intermediário, por vezes um de lá e outro de cá... Resultado líquido ninguém sabe, mas escorre o suficiente para se perceber que tem pouco condimento e não respeita o propalado valor do jogador. Mourinho bem sabia que o que "pediam" era exorbitante e também aqui se rasgaram vestes de intransigência e ergueu a bitola do "não precisamos vender" porque só a Champions e os sócios chegam para tudo. Pobreza escondida.
E não sei se, hoje, a Espanha já começou a ganhar a Portugal ou se torna mais válido o esforço de di Maria para ir para um grande clube europeu, mais de encontro à realidade do que à tentativa desesperada e pateticamente apresentada de "tudo fazermos para manter o di Maria".

Depois do Simão dos 25ME que afinal foram só 18, di Maria esperava-se tudo pela fanfarronice do bronco costumeiro em que muitos adeptos do Benfica se reveêm e lá sabem porquê. As críticas destes aos valores recebidos pelo FC Porto por Quaresma, e a piada de Pinto da Costa sobre os 30ME menos um euro, têm o mesmo lado irónico, mas o português ainda rendeu alguns milhões mais fruto dos títulos italianos pelo Inter e a Champions desta época.

Mas os desbocados nunca têm forma de se calarem nem de aprender com a realidade deste futebol de negócios que não são tão claros, nem céleres apesar de bastante anunciados como iminentes e muito menos rectilíneos.

Di Maria, de quem se esperava mundos e fundos, vale ao Benfica o que era suposto ter valido Simão. O peixe morre pela boca, lá diz o triste.

E nada como dar a versão oficial na tv dos bimbos para não haver perguntas incómodas. Quanto ao papel de palhaços deste circo em que a CMVM se mantém entretida e ludibriada pelos mestres deste jogo de desinformação alarve e bacoca parolice, estão todos bem uns para os outros. E podem continuar a rir-se dos negócios do FC Porto e da valorização extraordinária dos seus jogadores. Porque se olharem para o seu clube, é pior a ementa que o cimento...
ACTUALIZADO 1: o "negócio do século" está assim, segundo o Maisfutebol, que dá valores aos tópicos que enunciei acima:
"o Benfica garante já 22,9 milhões de euros com Di María: 17,5 do Real Madrid, mais os 4,4 milhões que tinham sido adiantados pelo Fundo de Jogadores e 1 milhão de euros pago pela Gestifute, em 2008. O jogador tinha custado 8 milhão de euros aos cofres do emblema da Luz.
Desde logo, o Fundo de Jogadores tem um lucro de 600 mil euros. Adquiriu 20 por cento do passe por 4,4 milhões e essa percentagem, no valor pago pelo Real Madrid, traduz-se em cinco milhões de euros. A Gestifute de Jorge Mendes lucra 1,5 milhões. Comprou por um milhão e receberá 2,5 milhões pela sua parte do passe (10%).
O Benfica conseguiu antecipar proveitos, ao negociar essas percentagens, mas terá agora de dividir, igualmente, os rendimentos futuros da transferência de Di María. O Fundo de Jogadores e a Gestifute têm direitos sobre os prémios previstos no acordo com o Real Madrid, seja a utilização do jogador e/ou os resultados desportivos.
Ah, e daqui para a frente é ver os bimbos a regozijarem-se por este ganda negócio e a dar vivas ao Vieira.
ACTUALIZADO 2: e do Coentrão também, olha outro...

"União" manterá boa vizinhança na Ibéria?

A Língua Portuguesa pode ser muito traiçoeira
e a História de Portugal repositório de inúmeras
questiúnculas com o "lobo" ibérico que sempre nos "ameaçou", pelo que o confronto de hoje no Mundial, a acabar mal seguramente para uma das partes (eliminada), deixará no ar o adequado cheiro a pólvora quando no futebol se misturam merdides e ninharias.



Basta ver as capas de hoje e perceber o bom gosto num lado e a péssima imagem noutro: curiosamente aquele que mais tenta "copiar" o modelo gráfico e as sugestões de leitura, amiúde ilegíveis, os desportivos espanhóis, particularmente o As e a Marca, ambos de Madrid. O que Record inspira faz lembrar os velhos capacetes de guerra que os tablóides ingleses estampam quando há embates com os "fritz" da Alemanha, estando os britânicos favorecidos pelo desfecho da WWII e, como sempre, cheios de... "bife".
Vem isto, por acaso, a propósito de umas pequenas "desinteligências" criadas na má informação corriqueira de bimbos e diletantes a noticiar o Mundial. Se o Português é traiçoeiro, a tradução feita por gente imberbe pode dar cabo das melhores relações e de alguma forma o "incidente" foi criado para apimentar, involuntariamente decerto, o ambiente antes do jogo.
Se del Bosque, homem cordato e sensato à frente da selecção espanhola, disse que "Portugal é Cristiano e uma equipa atrás", não quer dizer o que se leu na generalidade. O homem, tão mal visto como seleccionador como qualquer um é mal visto em Espanha tal e qual como no Brasil e Dunga sabe-o como Don Vicente - este até bicampeão europeu pelo Real Madrid que foi o clube da sua vida e pouco o considerou na hora dos grandes triunfos em 1998 e em 2002 na Champions -, queria dizer que Cristiano Ronaldo tem uma equipa, entendida como bloco compacto, a actuar por detrás dele, dando-lhe apoio ao jogador mais emblemático de Portugal, e por supuesto, a mais alta figura do Real Madrid. A má interpretação dada para sugerir que Portugal é uma equipa de retranca fez as delícias dos que perfilham essa ideia e até alvitram que só a entrada de Tiago para o lugar de Deco, frente à Coreia do Norte, como foi assinalado no 442, era sinal de contenção e tal só poderia vir de um escriba precisamente do Record, o que não é negligenciável...
O recurso à gesta histórica de Portugal em defesa das suas fronteiras naturais e da partilha do mundo conhecido nos tempos de Tordesillas há mais de meio milénio, feito por Carlos Queiroz, só abona, mais uma vez, a prioridade de ter um português à frente da Selecção Nacional, de resto um homem culto e bom comunicador mas também sujeito a más interpretações dos que gostam de adulterar o curso da História e misturar realidade com mitos digna de pirómanos.
Pelo que, com o "entorno" mediático e as declarações na véspera do jogo, antevejo um despique árduo e com picardias suficientes para azedar a questão para além do aceitável. Já se viu no confronto com o que dizem ser os "irmãos" naturais do Brasil que as coisas nunca são amistosas nesta altura da epopeia e com os "nuestros hermanos" até poderão piorar dado o carácter "mata-mata" do despique e com Mata do lado espanhol, mesmo que no banco.
De resto, o blá-blá-blá dos árbitros sul-americanos nos jogos de Portugal é tão contraproducente como as aleivosias atiradas por Lord Triesman a falar da corrupção da arbitragem mundial para favorecer a Rússia na candidatura à prova de 2018. O velho inglês falou demais com uma ruiva que nunca é de fiar nestas histórias de tablóide press e caiu tanto no ridículo como fora da presidência da "England bid" para o Mundial depois do Brasil-2014.
É uma coincidência, de facto, essa de árbitros da América Latina nos jogos de Portugal, como é coincidente aludir a um caso sob a alçada do espanhol Angel Villar, presidente da RFEF e da Comissão de Árbitros da FIFA que estaria em causa na teoria do desbragado lorde inglês que pagou por ter "bife" a mais, precisamente...
Portugal até tem tido árbitros latino-americanos bastantes nos seus jogos, dois deles em três jogos de 2002, o equatoriano Moreno (frente aos EUA) e o argentino Sanchez que João Pinto socou no estômago. Correu mal, na Coreia, mas correu bem na Alemanha, pois Larrionda apitou o primeiro jogo com Angola e ainda a semifinal com a França em 2006, além de o argentino Elizondo ter dirimido o embate com a Inglaterra nos quartos-de-final, em Gelsenkirchen, antes da apitar a própria final de Munique entre a França e a Itália.
Se os mesmos dirigentes federativos, ainda hoje na comitiva, não se incomodaram nos dois anteriores mundiais com vários sul-americanos presentes, Carlos Queiroz poderia lembrar-se que no Mundial-89, de sub-19 na Arábia Saudita, Portugal teve o mesmo brasileiro, Ramiz Wright, em dois dos seus três jogos do grupo inicial...
Angel Villar, alvo cimeiro da disputa Barça-Madrid por causa das arbitragens na Liga espanhola, não decide sozinho nem na Ibéria nem na FIFA mas é pouco cortês aludir-se-lhe mesmo que indirectamente por causa dos árbitros latino-americanos. De resto, com 2/3 da candidatura ao Mundial-2018, puxando por Portugal, veremos se o cozinhado de que se fala não transforma em esturro o que até há pouco tempo Saramago defendia como União Ibérica e os dois países mantêm como candidatos ao próximo Mundial cuja sede a FIFA vai decidir.
Se o "sangre" ferver como alguns forcados amadores de gosto duvidoso escolhem talvez o frio sul-africano que Portugal experimentará pela primeira vez num jogo à noite possa arrefecer quezílias que não perturbem, senão a "União" que o Nobel preconizava e menos ainda a idiotia compartida de Zapatero e Sócrates ineptos por igual nas suas governanças, o desejado Mundial-2018.
E que Ronaldo continue a unir de alguma forma os dois países. Mas depois do romance que os garanhões lusitanos favoreceram face aos avanços sobre uma espanhola de peitos avantajados, a faena pedida ao artista português deve ser contida nas quatro linhas e não numa arena circular.
Confundir as coisas é acirrar os ânimos e uma qualificação para o lote dos oito melhores do mundo dispensa más intepretações e imagens parvas que ilustram só a pequenice de (algum) ser português.
É claro que os maus exemplos são mais depressa e mais amplamente difundidos: nos jornais desportivos espanhóis destaca-se uma capa de um jornal português e não custa adivinhar qual. E a propósito de más interpretações, a declaração de Guus Hiddink, hoje seleccionador turco, de que Mesut Ozil teria "passaporte falso", como saiu no "Bild" tablóide alemão, na realidade foi de ter "passaporte errado", pois poderia ser utilizado pela Turquia o jovem médio nascido na Alemanha.
ACTUALIZADO: Eu acho que Queiroz revela coragem com este onze para logo:
Portugal joga com Eduardo; Ricardo Costa, Ricardo Carvalho, Bruno Alves e Fábio Coentrão; Pepe, Raul Meireles e Tiago; Simão, Hugo Almeida e Cristiano Ronaldo. Mantem Pepe a trinco, troca Danny por Simão que me parece bem e mete Hugo Almeida em vez de Liedson. No fim do jogo os prognósticos são fáceis, mas este onze revela cuidado atrás e contundência no último terço do campo. No papel é assim; no campo vê-se daqui a pouco. Mas voltou a ser difícil prever o onze e este decerto escapou aos vaticínios.

28 junho 2010

Efeitos da saloia parvoíce...

Não sei se a culpa é do calor ou da simples, humana estupidez das pessoas, incluindo as que alegadamente são pagas para informar outras pessoas porventura dispostas a pagar alguma coisa para ser intoxicadas com lixo propagandístico ou meramente imbecil e distorcido à partida.
Mas, de relance, ler que uma puta consegue extorquir dinheiro a um médico, incluindo uns lábios de silicone exigidos a um cirurgião plástico, e saber que um ministro disse, no Parlamento, que "se não houver dinheiro, não há", é mesmo do tempo que corre, estúpido, vazio, dilatado pelo calor e destinado a estiolar sob o calor tórrido para o que se espera uma "de volta à carga" dos ambientadores do aquecimento global.
Tento pôr, com dificuldade e sem muito interesses nem demasiada energia, a escrita e leitura em dia, mas acho ser fácil desistir de tentar compreender o mundo, pelo menos aquele que nos querem "servir".
Ouvir e ler que os países do G-20, ou mais restrito à Alemanha e EUA, querem cortar na despesa e saber do despesismo alarve do Portugal socrático só podia ter, ironica e tristemente, a comparação no clube do regime quando vejo isto:

http://jn.sapo.pt/PaginaInicial/Desporto/Interior.aspx?content_id=1605001

O bronco Vieira, na tv dos bimbos, fala em segurar di Maria como se quisessem roubá-lo, ou pior, como se fosse um assunto de Estado depois de vendido 299 578 vezes pela Imprensa por não sei quantos milhões acima da cláusula de rescisão que 1329 clubes estariam na disposição de superar. O desespero parece tomar conta dos aflitos e o Benfica continua a ser, para o pior e mais triste cenário, o espelho da Nação sem sentido de valor e de valores ausentes, minimizando até o poder e a influência dos cifrões.

http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1444233

Depois, dizer que não há mal em endividarem-se é mesmo à Sócrates, confiando que ou as energias renováveis dão um balúrdio de dinheiro ou basta vender um dos milhares de jogadores supostamente cobiçados por meio mundo que é mais teso do que o clube da Luz.

Mas não só. Entre as previsíveis loas ao novo Sporting, com um ministro (Costinha) a ganhar abaixo do nível tido como aceitável, com o treinador que impõe trabalho e disciplina e os jogadores que cumprem a suar como lhes é exigido e para o qual são pagos, li, de forma mais inacreditável, que o FC Porto precisa de um terceiro guarda-redes e, pior, vai buscar um polaco do Braga que não vale um chavo, Kieszek, cujo nome sei escrever como a sua qualidade reconheci quer no Braga quer no empréstimo ao Setúbal.

Depois da polémica do terceiro g.r. de Portugal, que tem como condição a priori passar incógnito só para preencher a idiota quota de três guarda-redes nos 23 seleccionados para uma fase final, só mesmo este estapafúrdio portista que diz bem da incompetência que, hoje em dia, grassa mais do que nunca no Dragão. Nem é só a questão de saber para quê comprar um inútil terceiro g.r., como se não houvesse até um por aí nos juniores e não sobrassem o Ventura e mesmo o Samir norte-americano de nome arabesco que só jogou na Intercalar.

Chamam a isto silly season, mas eu acho cada vez mais normal que anormalidades destas passem sem um atestado de estupidez garantido com a fiabilidade da treta digna dos políticos de Portugal. Onde faltam governantes e, cada vez mais, até bons líderes em clubes de futebol.

Uma pobreza. E endémica. O "Plano inclinado", da SIC-N, fala-nos semanalmente disto, mas não fala de futebol. E é uma pena, ainda que se lamente tanto como o mesmo canal ainda dá voz ao absurdo Rui Prantos a falar de tecnologias ao serviço do futebol depois de uma época a assobiar para o ar sobre as "infelizmências" da bola indígena.

27 junho 2010

Haja atenção e até "feeling"...



O Mundial, como é hábito, "começa" na fase eliminatória e ai está em cheio. Do monte de jogos dos grupos não acho que tenha havido grandes e especialmente muitas surpresas, ao contrário de outras opiniões. Alguns resultados imprevistos, afinal, de nada valeram por exemplo à Suíça (1-0 à Espanha) e Sérvia (1-0 à Alemanha). Surpresas, sim, os fracassos rotundos dos finalistas de 2006, muito por demérito próprio mais do que força e talento alheios. Salvo esses abalos nos grupos de França e Itália, passaram os previstos favoritos.


Até na fase de grupos alguns erros de arbitragem passaram despercebidos, até pela tónica geral e alargadas de boas arbitragens, aqui e ali excessivamente zelosas a cumprir as regras que "lá dentro" lhes indicaram e todos cumpriram quase a 100%. Eis, obviamente, que começam os choques a doer e hoje, pimba, polémica a dobrar. Golo de Lampard que não valeu e golo argentino que não devia contar.


olémica porque, também, o Mundial foi pouco interessante, ou melhor: pouco entusiasmante, porque interesse houve em jogos muitos equilibrados e evolução notória de selecções como a sul-coreana e norte-americana , japonesa e ganesa. Normalmente, quando crescem as equipas fora do eixo europeu-sul-americano, são as equipas europeias a pagar as favas, até por serem em maior número. Portanto, nada de extraordinário. E, daí, saltar-se agora para as polémicas.


Vou continuar a insistir e opinar em sentido contrário ao de muita gente que, reconheço, está em maioria esmagadora: não é preciso vídeo-árbitro. Se um dia houver vídeo-árbitro, a tarefa de arbitrar pode ser entregue a qualquer tipo, porque os erros serão corrigidos depois.


Nos lances de hoje ressaltam, claramente, duas situações: inacreditável desatenção no 1-0 argentino por Tevez. Pior: sendo um árbitro-auxiliar italiano, logo muito experimentado e também sob o ponto de vista mediático e com todos os lances escalpelizados no "calcio" por dezenas de televisões e milhares de comentaristas, custa mais um erro tão básico por nascer num tipo de gente preparada para isto. É, este, simplesmente inconcebível por resultar puramente de desatenção básica.


Já o golo de Lampard, com a bola dentro da baliza sem ser necessário ver repetições, resulta de ineptidão e falta de "feeling" do assistente uruguaio. O remate foi em jeito, não em força tal que impeça uma razoável percepção do ressalto da bola na trave e no solo. Há desatenção e, acima de tudo, falta de percepção do movimento da bola. Foi claríssimo, logo à primeira, que a bola caiu para lá da linha de baliza e subiu até à trave de dentro para fora, movimento que denuncia o impacto da bola no solo. Experiência precisa-se para estes detalhes.


Não é preciso vídeo, basta atenção e percepção para colmatar dois erros banais, o caso do fora-de-jogo já visto passar a favor da Eslováquia - má posicionamento do auxiliar - frente à Nova Zelândia (1-o momentâneo, acabou 1-1) e anulado indevidamente aos EUA (seria o 3-2 frente à Eslovénia, acabou 2-2).


Escusam de rasgar as vestes alguns puritanos que, na maior parte do ano, nem com vídeo conhecem a verdade desportiva, nomeadamente em competições nacionais... O clamor cresce, sim, porque há potências mediáticas em causa, desta vez a Inglaterra com razões de queixa. Fosse isto num anódino C. Sul-Nigéria ou mesmo num Sérvia-Gana e a coisa acabava no dia seguinte.


E, tal como os testes de doping continuam a ser negativos, no caso a 100%, nos Mundiais e Europeus, também os casos em que só o vídeo descortinaria uma boa decisão arbitral são raríssimos, muito menos de 0,1%, para justificar o vídeo-árbitro, de resto rejeitado pela FIFA e por mim, como adepto, porque não pode admitir-se um recurso a tecnologias numa competição internacional e não em provas domésticas. Os que advoguem dever existir sempre, não calculam os custos e não imaginam os problemas de regulamentação para definir lances-chave e momentos de paragem para consulta. Por fim, seria sempre uma ínfima parte de lances sujeitos ao vídeo-árbitro, para deixar a um mínimo os pressupostos para usar esse recurso.


Foi, é e sempre será este o meu ponto de vista.


Outra perspectiva é que, como agora é a doer, e admitindo que golos assim custem a "engolir" a jogadores e adeptos que têm razões para sentirem decepção e até raiva, tem-se visto agora futebol de primeira água e 4 jogos fantásticos de futebol, sacrifício, agonia pura, grandes jogadas, belíssimos golos e toda a gente presa à cadeira por prazer.


A Inglaterra, apesar de tudo, foi dominada e recebeu uma lição de jogo da Alemanha: e logo no começo do Mundial notei a diferença de uma para outra e mudei o meu vaticínio, apostando claramente nos germânicos. Mas os ingleses deviam ter ganho o grupo se tivessem marcado mais do que um mísero golo à Eslovénia, ainda que Rooney tenha estado muito em baixo para ser letal no ataque que Capello não soube definir claramente. Já a Mannschaft, um gozo a cumprir funções simples e eficácia modelar que é do seu gene natural de vida.
O México, apesar da réplica, sucumbiu a uma Argentina que encanta e para a qual já não se pode menosprezar o facto "apesar de" Maradona... De resto, Messi está a superar a prova do "10" com nota 20, apesar de lhe faltar o golo que não o deixa obcecado, forjando jogadas para dar a marcar, mas por pouco ainda não alcançou e, aí, fatalmente fazer explodir a "comparação", odiosa, com... Maradona.


Era de futebol, ao mais alto nível, que devia falar-se mais, embora faltem os mágicos "10" à excepção de Messi que Maradona quer recriar à imagem que foi a sua de jogador extraordinário e que me levantava suspeitas se Leo iria aguentar, a) por não descansar, b) por jogar em profundidade pegando jogo muito atrás para maior desfaste físico e sujeito a mais cargas e até lesões; c) a ideia de estarmos perante o novo Maradona à viva força, com desgaste psíquico penalizante. Mas o puto resiste a tudo e teve "golos feitos" que, caso fossem mesmo golos, já seria impossível negar o destino de ser o predestinado designado sucessor do maior génio da História do futebol moderno.


Gana confirma a evolução e único sinal positivo que já aqui elogiei entre os africanos, podendo bater o disciplinado mas só esforçado Uruguai nos quartos. EUA e Coreia do Sul mereciam algo mais mas mostraram já muito futebol com, realce-se, treinadores locais...


De Portugal, tudo nos conformes: recorde de invencibilidade para desfazer de novo o mito scolariano, muita azia dos críticos encartados, defesa sem sofrer golos e a prova de que é/era importante não perder o primeiro jogo, especialmente se for contra um adversário directo. Há que jogar com o calendário e às vezes só com o momento. A Suíça ganhou à Espanha - num golo que parece ter sido eu o único a notar a irregularidade - e foi incapaz de marcar a Chile e Honduras, com quem arriscou perder. O "safety first" penalizou algumas equipas que mostraram depois carências atacantes. A Nova Zelândia não jogou como os Camarões a surpreenderem em 1982, mas empataram 3 jogos. A Austrália lá ganhou um e também fez história nos antípodas de várias equipas europeias: esforçada Eslovénia e pobre Dinamarca que superou Portugal no apuramento mas levou banho de bola do Japão.
Portugal ia beneficiar do jogo da véspera de defrontar a C. Norte, entre C. Marfim e Brasil, sabendo gerir as situações perfeitamente. O emparelhamento com a Espanha, também previsível, deixa-nos na via de acabar com dignidade ou superar-se a um nível de grandeza que a Selecção Nacional ainda não terá mas que, se alcançar, vencendo, será uma proeza de alcance mundial, isso sim, legitimando todas as perspectivas futuras.


O que deixa alguns verrinosos ainda com esperanças de malharem mais no que não gostam e tenho dúvidas que abundassem por estes dias na Imprensa incomensuráveis registos de recordes já alcançados pela equipa de Carlos Queiroz, para mal dos velhos do Restelo que são os mesmos há semanas a anunciar vendas milionárias ainda por concretizar.

22 junho 2010

Souza, "isto" não é o Benfica...

Este "minino", de 21 anos, terá sido contratado pelo FC Porto e logo por 5 épocas.
A Imprensa, oficiosa e outra ainda abaixo na escala diz que é oficial, mas não se lê nada no site do clube a respeito e parece que, ao contrário do que se costuma referir como obrigatório, se contratação houve não terá sido cumprida a determinação de informar o mercado, no caso a CMVM, e não o mercado do futebol, muito menos o mercado de Imprensa.
Depois de Sereno, com total indiferença generalizada por não ser um qualquer sul-americano a aterrar em Lisboa, apesar de antes pretendido pelos clubes da capital a suscitarem muitos títulos de jornal, o reforço Souza acrescenta pouco ou nada à expectativa dos adeptos portistas, mais caídos em desânimo tanto por falta de notícias importantes como pelos medíocres jogos do Mundial, depois de um ano sem campeonato no papo.
Apresentado como médio brigão e que tanto joga na cabeça de área, à frente da defesa, como concorrência a Fernando, como é meio-volante, dizem que tipo Raul Meireles, Souza é tão desconhecido como Franco Jara, por exemplo, revelando-se igualmente indiferente que jogue no Vasco da Gama, que ganha tão pouco apesar da fama mundial e da ligação intrínseca, historicamente, a Portugal, um dos seus mais afamados navegadores e a dirigentes lusitanos que fundaram o clube, como se jogasse num secundário e mesmo medíocre clube argentino tipo Arsenal de Sarandy que raramente se ouve falar...
Como saber, então, de Souza, especialmente fora do Brasil? Pois, como vicecampeão mundial de sub-20, em 2009 no Egipto, nada como ir procurar o rasto dele. Titularíssimo na equipa que venceu todos os jogos menos a final com o Gana, perdida por penáltis no Cairo, Souza destaca-se por ter um amarelo em praticamente todos os jogos desse Mundial. À excepção do primeiro, fácil com a Costa Rica, mas depois foi amarelado no segundo jogo do grupo e, por precaução, foi poupado a seguir com a Austrália. Na fase a doer, por eliminatórias, lá começou a gesta de Souza: amarelo com o Uruguai, suspenso frente à Alemanha nos 1/4 de final, depois amarelo de novo na semifinal com a Costa Rica e amarelo ainda na final.
Sem saber - alguém sabe? alguém ouviu?, alguém viu? - de Souza, o que não basta para desconfiar dele, de resto a um custo estimado de 3ME por 3/4 do seu passe que no total valerá 4ME, permito-me no mínimo deixar um aviso a Souza: servir o FC Porto não é jogar pelo Benfica e quanto a amarelos a discrepância de tratamento dos árbitros, e da Imprensa, é gritante. Em Portugal vai perceber rapidamente a diferença como Ramires viu logo no primeiro jogo do Mundial pelo Brasil até com a Coreia do Norte: um amarelo que por cá passou sempre olimpicamente sem sanção em falta semelhante. No Mundial é assim, em Portugal "isto" no FC Porto não é como no Benfica, pá!

21 junho 2010

Goleada de elogios sem o mérito do estatuto


Uma das maiores goleadas da história dos Mundiais (depois de 10-1 da Hungria a El Salvador em 1982, 9-0 da Hungria à Coreia do Sul em 1954 e 8-0 da Alemanha à Arábia Saudita em 2002) deixa Portugal praticamente qualificado por diferença de golos em último recurso, se perder com o Brasil, depois dos 7-0 de hoje à Coreia do Norte.
Eusébio ficou confortavelmente instalado na bancada e só Tiago bisou, mas também Simão marcou a dar a tranquilidade necessária após a abertura da contagem pelo inevitável Raul Meireles que lançou para o golo o mais internacional (83) dos jogadores do presente da Selecção. No fim, mesmo em posição duvidosa, Ronaldo também fez o gosto ao pé e os elogios podem multiplicar-se mas tudo assenta na estratégia e definição de princípios de Carlos Queiroz. Uma goleada de alterações no onze de início, onde o estatuto não pesou com Deco (lesionado) e Liedson de fora, tal como Danny, três jogadores pouco presentes no jogo de abertura com a Costa do Marfim.
Fosse respeitado o estatuto dos jogadores, tido como o mais influente na história da Selecção Nacional ao longo dos tempos, mais antigos e mais recentes, e talvez tantas alterações não tivessem ocorrido e, decerto aplicadas sem miasmas nem contemplações, também sem surpresas, e o reencontro da Selecção consigo própria poderia não ter chegado para o 7-0 final que é dos mais notáveis resultados e o recorde em fases finais para Portugal.
Aos habituais verrinosos críticos de Carlos Queiroz tanto poderá ocorrer desvalorizar o 7-0 com o argumento do adversário tão fraco (entregou-se depois de 3-0) que soube resistir ao Brasil e amenizar o resultado (2-1), como esquecer que só escolhas estapafúrdias, sectarismos doentios que tais comentadores perfilhavam na base clubística e más opções em hora de gerir resultados e jogadores foram subalternizadas no período em que alguns ainda teimam insistir comparar com o "modelo" Scolari, já superado nos modos e em resultados úteis do início do seu polémico reinado.

Viu-se, aliás, ainda a meio do jogo com a C. Marfim que as opções iniciais por Deco e Danny não resultaram, do que se ressentiu Ronaldo e, diante dele, Liedson. Mesmo quando entraram Tiago e Simão nesse jogo se percebeu logo a diferença. Queiroz não pensou duas vezes e naturalmente Tiago e Simão tinham de ser titulares, Ronaldo voltou a jogar só no último terço do campo e o ponta-de-lança, agora Hugo Almeida por causa do piso, da chuva e dos combativos norte-coreanos, teve mais serviço com o contributo de tanta gente.

Mas os jogos de abertura são assim, com nervoso miudinho e os dedos para fazer figas quanto ao acerto das primeiras escolhas de titulares num Mundial de onde nunca se sabe muito bem o que vai sair. Razão não para voltar a falar do que foi o jogo anterior, mas para perceber o que se percebeu para mudar o necessário. Sem olhar a nomes e estatuto mais antigo (Deco) ou mais recente (Liedson).

Já a questão de trocar Paulo Ferreira, melhor defesa, por Miguel, mais vocacionado para atacar, é relativa face a opositor sem atrevimento ofensivo persistente e que pouco usa as alas, optando mais por movimentos interiores e diagonais para a área. Mesmo assim, em dia de elogios merecidos para todos, pareceram exagerados aqueles dirigidos na transmissão da RTP a Miguel, muito longe da produção do excelente Coentrão na esquerda. Mas o elogio maior, acima dos jogadores, é devido a quem montou a equipa com os "melhores" e não com os de maior renome ou de preferências pessoais deste ou daquele seleccionador. Duvido que esse destaque seja dado merecidamente a quem o justifica.

Para a frente, contando com um Brasil sem as primeiras escolhas e a gerir as reservas, e Portugal pelo menos a precisar de um ponto para se apurar, discutir a vitória na 6ª feira não é só procurar a primazia do grupo e, porventura, "fugir" da Espanha como provável 2º classificado do grupo H com quem haverá cruzamento de apurados na fase seguinte. Há, ainda, um 2-6 de Brasília que constituiu a última e dolorosa derrota da era Carlos Queiroz com um amigável agendado de forma imprópria, em tempo desajustado e imbecis condições, destinado ao fracasso e cuja força telúrica ameaçou derrubar a Selecção e o seu responsável que continua a não cair no goto dos invejosos e de quem está contra por questões pessoais senão mesmo porque sim.

Só Liverpool mais "valioso" que o FC Porto na Liga Europa




São 106 equipas no sorteio de hoje ao meio dia (hora portuguesa) em Nyon, quando a UEFA começar a sortear a Liga Europa para as duas primeiras qualificações onde o Marítimo saberá já o seu parceiro na segunda ronda de apuramento, com 26 vencedores da primeira qualificação.
O Sporting entrará na 3ª fase de apuramento e o FC Porto apenas no “Play-off” de Agosto quando se disputará o acesso directo à fase de grupos a decorrer no Outono. Mas os Dragões são o 2º clube com coeficiente mais alto na prova, apenas atrás do Liverpool que, contudo, entrará em competição a par do Sporting na 3ª ronda de uma prova em segunda versão do sucedâneo da Taça UEFA que o FC Porto venceu na última vez em que lá participou, em 2003.
São conhecidos os nomes de 161 clubes de momento inscritos na Liga Europa, do vencedor de 2010 Atlético de Madrid aos estreantes Tre Penne e Faetano que engrossam o lote de equipas de San Marino na Europa com o recorde de três incluindo o campeão Tre Fiori que disputará a 1ª qualificação da Champions.
O FC Porto é um dos 27 inscritos na Liga Europa como vencedor de taça, a par de 9 clubes que entram como vencidos na final da taça do seu país e ainda três “wild cards” por via do Prémio Fair-Play invariavelmente a brindar equipas de países escandinavos ou britânicos, desta vez para o Randers (Dinamarca), Gefle (Suécia) e MyPa (Finlândia). E há ainda 23 estreantes na Europa, entre eles uma equipa de portugueses de Andorra, os Lusitans.
O sorteio de hoje apanhará 52 equipas para apurar, obviamente, 26 da 1ª qualificação, que se juntarão aos 54 nomes (entre eles o do Marítimo) a sortear, num total de 80 clubes para apurar 40, na 2ª qualificação. Esses 40 apurados após duas rondas seguirão para o sorteio da 3ª qualificação a realizar mais tarde, já com o Sporting entre as 30 equipas que esperam a sua vez. Desse total de 70 clubes sairão 35 vencedores de eliminatória a duas mãos, como sempre, com o Liverpool à cabeça dos coeficientes com 115,371 pontos, contra 76,659 pontos do FC Porto que aguardará com outros 23 clubes – e ainda 15 clubes saídos da Champions em fases preliminares, quiçá o Braga… - para o total de 74 clubes que entrarão num sorteio posterior só para a última fase de apuramento, o Play-off que qualifica para a fase de grupos.
Na fase de grupos, para já, está apenas o Atl. Madrid (63,951 pontos de coeficiente) e entrarão directamente outros 10 clubes que não cheguem à fase de grupos da Champions.
Ora, antes da Liga Europa, a Champions terá o seu sorteio duplo, para uma 1ª fase com 4 clubes (campeões de Andorra, San Marino, Malta e Montenegro), cujos 2 vencedores se juntarão a 32 clubes que esperam na 2ª fase. O Braga só entrará depois, mas já sabe que para a 3ª fase de apuramento irá defrontar um entre Celtic, Unirea Urziceni, PAOK Salonica, Young Boys Berna ou Ghent. E se passar um destes opositores, o Braga já sabe que terá, depois, pela frente um entre Sevilha, Werder Bremen, Tottenham, Sampdoria e Auxerre.
Talvez como o Sporting na época passada, o Braga seja recambiado para a Liga Europa, onde poderá entrar no Play-off como o FC Porto, se for eliminado à primeira na Champions, ou ir directamente para a fase de grupos se cair, eventualmente, apenas na ronda com os maiores nomes da segunda apanha da sua qualificação da Champions.

20 junho 2010

A vantagem potencial de Portugal no fracasso africano


Um possível e admitido fracasso português na África do Sul, considerado o difícil grupo saído do sorteio da cidade do Cabo em Dezembro, pode tornar-se hoje, se a Selecção vencer e preferivelmente por mais do que a margem mínima a Coreia do Norte, uma vantagem potencial dos "Navegadores" que resultará no avolumar do rotundo fracasso africano tomando em conta os resultados do contingente de equipas do continente anfitrião. O 3-1 do Brasil, esta noite, frente à Costa do Marfim deixa a equipa de Carlos Queiroz com todas as possibilidades de gerir a diferença de golos que, como se antevia desde a 1ª jornada, poderá ser decisiva e deixa os marfinenses em maus lençóis para a qualificação.

Sem menosprezo pelos modestos mas abnegados, não profissionais (e sabe-se lá que mais vicissitudes particulares...), norte-coreanos que souberam bater-se digna e solidamente frente ao Brasil, não é admissível considerar as possibilidades de apuramento para a fase seguinte a qualquer equipa que não vence os asiáticos "filhos" do sucedâneo do Grande Líder Kim Jong-Il, herdeiro de Kim Il-Sung no fechado país comunista. Portugal viu, hoje, abrirem-se para o jogo de amanhã, as maiores possibilidades de seguir em frente, para o que tem obrigatoriamente de vencer.

Não se antevê, agora, outro cenário - salvo uma catástrofe - que não seja o apuramento de Portugal e tudo porque, também desta vez, a Costa do Marfim deu barraca no seguimento dos fracassos colectivos e de resultados das restantes equipas africanas. O "jogar em casa", ter "o público do seu lado" maioritariamente e outras benesses admitidas em teoria para as equipas africanas resulta, praticamente em termos definitivos, num fracasso como há muito não se imaginava para a aura do futebol daquele continente - idealmente considerado como o que poderia intrometer-se na disputa euro-sul-americana pela supremacia mundial.
E este é o dado mais marcante do Mundial-2010, precisamente por ser "lá", em África, e por todas as expectativas que se acumulavam para as suas equipas mais representativas, às quais faltou apenas o Egipto, ironicamente o campeão continental que em Janeiro se coroou em Angola rei de África e com goleada ao Gana.

Mas é o Gana, de momento, que conta a única vitória africana, quando já equipas credenciadas como Camarões e Nigéria estão praticamente eliminadas, ambas com duas derrotas. Só a Argélia, taída por um frango do seu guardião com a Eslovénia, mostrou brio e equilíbrio, com um bom jogo frente à Inglaterra, num pendor ofensivo e futebol criativo de muitos jogadores virados para a frente. De resto, os "herdeiros" de Madjer ainda podem apurar-se, enquanto a desacreditada Inglaterra precisa só de vencer a Eslovénia para ganhar o seu grupo, ainda que não tenha mostrado futebol para tanto...

O Gana, vencedor da Sérvia e incapaz de bater a Austrália com 10, tem potenciado todas as qualidades intrínsecas do original, criativo e afamado futebol africano: gosto pelo ataque, jogadores virados para a frente, nada de calculismos e, pelo meio, a mostra de um equilíbrio táctico que tem rareado, precisamente, nas outras equipas africanas. De resto, para melhorar ou majorar a sua prestação, os negros da Estrela Solitária contam nas suas fileiras, curiosamente, com vários jogadores que cresceram nas selecções jovens. E curiosamente porque, contrariamente ao desperdício de muitos talentos precoces que se revelaram em Mundiais de limite etário (sub-17 e sub-20), esta equipa conta com alguns jogadores campeões mundiais em 2009 de sub-20 e ainda alguns que vêm de gestas anteriores de outros Mundiais jovens. Um aproveitamento, convém salientar, que faz jus ao trabalho de base que parecia desacreditado por falcatruas nas idades de alguns jogadores. Os ganeses, precisamente, suscitaram muitas dúvidas em várias edições de Mundiais jovens e muitos talentos que se viram rapidamente desapareceram da circulação.
E com um treinador há algum tempo a trabalhar no país, e desconhecido na cena internacional, Rajevac pode igualar o feito do compatriota sérvio Dujkovic, que levou o Gana na estreia mundial aos 1/8 do Alemanha-2006. Desta vez sem poder contar com os afamados Essien e Appiah, lesionados.

Ora, se Costa do Marfim e Nigéria, da África Ocidental como o Gana e os Camarões igualmente decepcionantes, estão em vias de fracassar com estrondo devem-no a treinadores estrangeiros apanhados ao acaso e praticamente de emergência, que não fazem milagres e de cujo temperamento e enquadramento social parece desencontrado com os hábitos locais. Lagerbäck e Eriksson, dois suecos, estão ligados ao decepcionante jogo de nigerianos e marfinenses, comprovando o seu "pé frio" e com redobrado mau jeito de Eriksson, que fracassa por todo o lado onde passa apesar de muito "considerado" por já longínquos episódios de sucesso no Benfica, um deles com quase 30 anos...
Desde a "explosão" africana de 1994 nos EUA, com Nigéria depois repetida em 98, na sequência das proezas dos Camarões em 1990 e Argélia em 1982, a previsão de alguma vez uma equipa africana poder sagrar-se campeã mundial se puder, efectivamente, concretizar-se, ou será pela afirmação plena das potencialidades atléticas e técnicas, sem descaracterizar o jogo visceralmente ofensivo de origem, porventura com um técnico local de alguma destas selecções mais representativas, ou a ilusão de um estrangeiro, talvez europeu, poder dar ordem táctica àquele caos posicional e intermitência psicológica para manter uma justa concentração no campo, será fracassada de vez como agora parece evidente.
E este é o dado essencial a retirar até agora do Mundial estreado em África, onde o árbitro Lannoy, do Brasil-C. Marfim de hoje, mostrou ser tão mau como a selecção francesa em vias de ir para casa sem honra, nem glória e na maior das confusões como habitualmente ocorrem em equipas. africanas onde as estrelas têm um peso decisivo muitas vezes para o pior - quando não pela quase ausência como sucedeu a Eto'o e a Drogba.
Hoje na cidade do Cabo, onde Bartolomeu Dias navegou com toda a esperança e contra o Adamastor, Portugal pode deixar mais um cabo dos trabalhos africanos para trás. Obrigatório bater a Coreia do Norte.

17 junho 2010

Como acabar a carreira ao sol mas sem brilho?

Já podia ter feito um apontamento sobre a queda de Quaresma para a Turquia, onde há tempos marcou e ficou impressionado com o ambiente no jogo com o Besiktas que agora irá representar. Lembra-me Jardel e a ânsia de ir para ali, perder-se no cu do mundo europeu. E se já antevi o destino de Quaresma em Itália, este tour de force pouco acrescentará à sua carreira se é que alguma vez recuperará o prestígio e a aura que as suas fintas lhe granjearam no Dragão. Os portistas assobiavam-no e o desenlance era inevitável, mas Quaresma também não aguentou e, agora, amarga.

Nem de propósito, hoje que acedi a um pc e à net para pôr alguma escrita em dia (longe e sem preocupação de arranjar fotos), ouço na rádio que Jesualdo vai para Málaga. A sedução do campeonato espanhol pode ser tão fantástica como era o calcio para Quaresma. Mas Jesualdo vai voltar ao normal, isto é lutar pela manutenção como se habituou na Académica, E. Amadora e afins em Portugal. Pode ir para um lugar ao sol com a equipa que se safou na última da descida, com golo de Duda ao Real Madrid, mas não sei se terá o brilho que merece neste fim de carreira do treinador.

E, como ouvi ainda, Vítor Baía se lhe juntar na Rosaleda como director-desportivo, confirmar-se-ia que nenhum cargo de relações públicas satisfaz um ex-jogador de prestígio que devia ser melhor aproveitado no FC Porto. Se as funções forem essas que ouço, então estava-lhe vedado outro protagonismo no Dragão. Por muito que se queira dourar uma função que, como a Comunicação do clube(SAD), tem um brilho opaco e eficácia nula. Para meditar.

E até domingo remeto-me de novo ao silêncio, enquanto me rio com umas manchetes a falarem não sei quantas vezes de transferências milionárias e convites desbragados por pretensas estrelas e affaires de mercado, sempre na iminência de se concretizarem há semanas...

Mas a melhor, acho eu que tenho visto estas coisas de relance, é o chamariz de 12ME por Carriço da parte do Atl. Madrid que alegadamente só dava 7ME por Luisão. Há diferença e não é só no valor na mesa, mas de um jogador para outro e estatuto muito diferenciado que devia tornar estes números do avesso, mas a silly season é assim, não é?...

Palpites do Mundial (II)

Para actualizar um pouco, mesmo sem ter conseguido ver todos os jogos (tão enfadonhos são e já perdi uns três golos fora de horas por desligar antes do tempo), mas pelo menos visionando as principais equipas, os meus palpites do Mundial já saíram furados pela França, praticamente eliminada com o 0-2 de hoje com o México. Nada de extraordinário, se lembrarmos que os campeões mundiais de 1998 e europeus de 2000 não marcaram qualquer golo em 2002 e ainda tinham Zidane...

O único resultado injusto foi o da Espanha, uma espécie de Barcelona a bater contra um muro de uma espécie de Inter, sendo Hitzfeld o responsável por a Suíça defender tão bem. De resto, tudo como previsto, à excepção da magra vitória brasileira que torna o jogo de domingo com a C. Marfim fundamental e que pode pôr em risco o apuramento dos canarinhos... Pois é, Portugal pode partir para o jogo decisivo só a precisar de um empate se os aflitos brasileiros não ganharem a Drogba e Cª.

Nas arbitragens, nota-se o rigor e o cumprimento das ordens que todos cumprem praticamente sem excepção. Houve instrucções e quase ninguém falha um lance, apesar de um golo irregular da Eslováquia à Nova Zelândia - porque o auxiliar não estava em linha com o último defesa. E, sem que praticamente ninguém visse ou fizesse notar, o golo suíço de Gelson Fernandes é também em fora-de-jogo, porque ganha o ressalto da saída de Casillas só com um defesa espanhol a interpor-se entre ele e a baliza...

Quase todas as equipas com a defensiva bem trabalhada, raros deslizes defensivos e os sul-africanos os que mais os cometeram e estão quase fora do seu Mundial o que é um feito inédito e indesejado para a equipa anfitriã. Só hoje, no 1-0 do México, se viu um jogador isolado ante o g.r. contrário e porque a armadilha do fora-de-jogo não funcionou. Não há baldas nos lances de laboratório, não há vencedores no 1x1 que muito poucos arriscam e tudo fica tão apertadinho que, mais uma vez, pergunta-se qual a admiração de Portugal e C. Marfim terem jogado tão na... defesa, de parte a parte.

Furadas as contas no Grupo A, perfila-se à mesma um Argentina-Alemanha nos quartos-de-final. A posição da Espanha pode baralhar algumas contas, tal como a incerteza sobre o Grupo G com Brasil e Portugal... Espera-se que Itália e Inglaterra corrijam o faux pas da estreia e acabem a ganhar os seus grupos.

Só o Gana ganhou entre a desilusão das equipas africanas por quem não pesa o factor casa como se pensava. Pode discutir com a Alemanha a liderança do grupo, apesar de os germânicos se mostrarem muito sólidos. A Holanda, como a Espanha, impõe o seu jogo e seja o que Deus quiser, quiçá até à final de onde já risquei a Inglaterra que me desiludiu.  

De resto, as vuvuzelas não me incomodam, apesar de ainda hoje serem tão faladas e volta e meia aparecerem nos telejornais como alguns queixarem-se de como é estranho ter frio na África... Lá no sul, onde é Inverno, já se sabia como seria e a Taça das Confederações no ano passado tinha "avisado".

Ah, e nem quero falar nos comentários e asneiras assoprados nas diferentes tv's. Gabriel Alves perdura, e dura, e dura... É cada um mais ridículo que se a flexibilidade das relações laborais for para a frente muitos tipos devem rezar para se manterem ao leme. Meu Deus, até queriam que a Coreia do Norte jogasse aberto com o Brasil - e que saudades do Paulo Pigarro a gritar golo do Brasil, tão estapafúrdio como o acompanhante nunca ter visto Maicon marcar um golo daqueles (que até o fez a Portugal no 6-2...). Enfim, o Mundial das asneiras comentadas dava mais um livro, tal como dantes com o Gabriel Alves... 

O "mata-borrão"

Enquanto a Selecção se afunda mais em gestão comunicacional, onde pesa tanto o silêncio como vozes dissonantes como um dirigente aceitar a tala de Drogba para protecção do seu braço ferido, emergiu com Nani e Deco a gestão dos sites das empresas que gerem as carreiras dos jogadores e mostram o seu profissionalismo.

A chegada de Nani a Lisboa e outro momento desbocado prontamente corrigido na Gestifute, teve paralelo com o apressar de negar a Deco a intenção de questionar as opções de Carlos Queiroz.

Mas estes subterfúgios não podem funcionar como "mata-borrão", ainda que estejam já institucionalizados e a Imprensa busca avidamente nesses refúgios umas declarações politicamente correctas que só acentuam o "ao Deus dará" na Selecção sem ninguém aparentemente acompanhar os jogadores na zona mista. No caso de Nani era previsível que iria ser alvo de recepção em Lisboa. Com Deco, depois da saída intempestiva do campo para o túnel, nenhuma preocupação com esse gesto descortês e a percepção de que, a fumegar, poderia soltar labaredas no final?...

Queiroz também paga por esta inabilidade funcional da assessoria de Imprensa da FPF que se ocupa apenas do ordenamento das cadeiras e se os microfones funcionam na sala... Lamentável. Mas previsível.

Deco já foi decisivo pela direita num derby

O estranho caso de Nani já começou a ter reflexos, resta saber o resultado final...

Do estranho caso de Nani à imprevista reacção de Deco e a Selecção parece viver mesmo sobre brasas. Mas é tão ridículo o "feeling" negativo sobre as hipóteses de Portugal como inaudita a forma como, inusual, Deco se mostrou desbocado a comentar a suasubstituição e o facto de jogar momentaneamente à direita.

Não me lembro quem marcou - Jankauskas, creio, ou Derlei - mas num Porto-Boavista, em 2002-2003, com Deco marcado impiedosamente pelos mastins que Jaime Pacheco largava no meio-campo, Mourinho deu instrucções para o 10 portista abrir na direita. Subitamente sem Deco para marcar, os médios do Boavista perderam a noção das coisas e num minuto o criativo portista abriu pela direita e cruzou para o golo da vitória num jogo fechadíssimo como era timbre dos axadrezados nas Antas.

Deco pode não se lembrar sequer, a maralha da Imprensa nem ter ideia, Carlos Queiroz andava por Inglaterra, mas foi assim e Deco foi decisivo à direita. Não foi sequer influente, nem à direita de que se queixou, nem ao meio a partilhar com Danny o fracasso da acção ofensiva de Portugal frente à C. Marfim, e daí nem se justificar a polémica depois do 0-0 que também desagradou a muita gente mas estava nas estrelas que, como em todo o Mundial, nenhuma equipa queria perder.

Vim à net propositadamente para recordar este facto, emergindo do Portugal profundo com o estupor de ver tanta gente a comentar o jogo de Portugal, para aqui e acoli, quando não se passou nada de anormal e está tudo em aberto até para a eliminação do Brasil se continuar a jogar devagar e davegarinho e com duplo pivot defensivo como Dunga se habituou desde o tempo de Mauro Silva em 1994 com C.A. Parreira.

Mas a questão de Deco, por Portugal, além de pôr-se como um desabafo próprio de quem está em fim de carreira pelo menos na Selecção, se foi prontamente corrigida com o jogador a mostrar a verticalidade que sempre patenteou, traz ainda a sequela da falta de Nani, enfraquecendo as opções de ataque de Portugal.

Com o mistério de Nani ainda longe de estar esclarecido, a chamada de Ruben Amorim e mais um jogador de pendor defensivo - contra os 8 defesas, 6 médios e 6 avançados preconizados por CQ na convocatória inicial - torna mais redutor o futebol de Portugal. A sua inesperada chamada a render Meireles acentuou o valor do 0-0 do jogo de terça-feira, com um elemento de reserva a entrar à frente de outros que iniciaram o estágio na Covilhã.

É tão surpreendente o facto quão patético a valoração do incontornável Hélder Conduto a enfatizar no relato do jogo a presença de dois benfiquistas em campo, a óbvia preocupação desta gente com os velhos tiques a tornarem ainda menos agradável o insípido jogo com a C. Marfim.

11 junho 2010

Barulho ou talvez não...

Deixo-vos, ainda, para o fim-de-semana, apesar de só pensarem,
como eu, em futebol mundial, a bonita ponderação sobre:
1) o relatório da CPI sobre o caso PT/TVI em que, à partida, se "incrimina", obviamente, o PM, ainda que este já tenha esperneado a desmontar a "cabala" que aponta ao relator do processo e decerto terá os seus pagens a vituperar as conclusões por essa blogosfera sócretina que cobre o País de fumo contra-informativo e idealismos delirantes e ainda Pacheco Pereira viu amansada a ameaça de divulgar as "notas" dos magistrados de Aveiro que agora interessam mais do que tudo até porque serão, finalmente, versados na conclusão da CPI;
2) o TAF de Lisboa, não sei quantos anos depois da acção que nem era a primeira versada sobre a despromoção gilista à Liga de Honra feita pelos Mourão e Cebola antes da Bosta que chegou`à CD da Liga para safar o Belenenses, lá por 2006, dá razão ao Gil Vicente contra a FPF por ter excluído os minhotos da Taça de Portugal e até impedido as suas equipas de putos de jogarem os respectivos "Nacionais", o que antevê seja dada, justamente, razão aos de Barcelos contra a Liga na primeira acção por causa de terem sido despromovidos.
O facto de ser tudo em ano de Mundial, mesmo 4 anos depois no caso gilista, não retira interesse ao(s) assunto(s), ainda que umas coisas façam mais e maus barulhos do que outras. A derrota jurídica da FPF praticamente passou despercebida nos jornais que fizeram 1ªas páginas com a descida gilista. Outro ponto comum é que o Gil Vicente é do Norte...
Já os bastiões do poder, do centralismo e da força capitolina far-se-ão ouvir até meio da próxima semana até a CPI fechar os trabalhos, malgrè PS...

Palpites para o Mundial

Com os dois primeiros jogos no dia inaugural do Mundial confirma-se, pelo menos, que a prova começou hoje e a sério, para usar a terminologia barata de um Tónio qualquer a lançar o mote para a competição, algo que La Palisse não desdenharia tal como, no mesmo O Jogo,
opta-se por dar o calendário de toda a competição, numa página inteira, com a indicação de todos os jogos serem transmitidos pela SportTV (sem alternativas), o que não sendo novidade ajuda a reforçar a plataforma do próprio patrão do jornal que é bom accionista da tv de pagamento... Já o Record insiste em diferenciar as transmissões com bolinhas para a RTP e a SIC numa página a preto e branco, o que dá igual para todos, depois de pelo menos sete erros nos horários dos jogos na tabela de toda a competição da sua revista...
Começou a sério e com as dúvidas habituais pelo "nervosismo" dos jogos a doer que são a estreia típica em grandes competições. África do Sul com poder de choque e muito físico mas sem manha e México com toque mas sem profundidade e entregue à invenção dos seus homens da frente, os celebrados jovens Vela e Giovanni dos Santos, até entrar a calma e tarimba de Cuhautemoc Blanco a pôr ordem no ataque, animaram o jogo de abertura mas não entusiasmaram pelo seu futebol. A França tem um poder ofensivo que não perde para nenhum concorrente e só a tenacidade (e atabalhoamento sem percussão ofensiva) uruguaia travou uma linha avançada que ainda deixou no banco Cissé depois de meter toda a carne no assador, imagine-se, com Govou, Anelka e Ribéry de início, mais Henry, Malouda e Gignac depois!!! - sem evitar o 0-0 mas os gauleses sem desmerecerem a categoria de favoritos pelo menos até aos quartos-de-final.
A tónica, para mim, foi o apuro físico das equipas que mereceram ganhar, anfitriões e os europeus, o que pode ser importante numa prova disputada em Inverno, o que ajudará a refrescar homens muito esfarrapados por extenuantes provas europeias e que costumam dar-se mal em ambientes tórridos nas finais que se disputam no Verão do nosso hemisfério.

Pode ser, neste ponto, uma discussão de batatas e sua lógica, mas talvez o clima favoreça os mais fortes e impeça qualquer surpresa. E impedir surpresas é evitar que os cabeças-de-série no sorteio acabem em 1º lugar nos grupos, tornando-se indiferente quem
acaba em 2º lugar e jogue com o vencedor do "grupo do lado", o que continua a dar vantagens aos mais fortes que, assim, poderiam chegar com lógica e sem batatas aos quartos-de-final: França, Argentina, Inglaterra, Alemanha, Holanda, Itália, Brasil, Espanha pela ordem dos grupos de A a H. Como só depois há um novo módulo de vencedores de grupo salteados (A-C e B-D, em vez de A-B e C-D), nessa previsão simplista ditaria assim os quartos-de-final: França-Inglaterra, Argentina-Alemanha, Holanda-Brasil, Itália-Espanha, la crème de la crème e o verdadeiro torneio de campeões com o Uruguai como único excluído de todos os que venceram a Taça do Mundo da FIFA e com a presença da Holanda sempre perfumada e a Espanha campeã europeia.
A partir daí não é só palpites, mas o gosto por uma equipa a desempatar os vaticínios. Muita gente aposta em Brasil e Espanha e concedo que os campeões europeus em versão Barça de jogo de toque em progressão e letal na área são os meus favoritos, mas tenho dúvidas do potencial canarinho, tal como a capacidade de Maradona fazer uma equipa de excelentes individualidades que ainda nada provaram colectivamente, justificando-se as interrogações sobre a Argentina. Valores mais certos parecem-me, como sempre a Alemanha, digam o que disserem se quiserem esquecer que a História faz-lhes sempre generoso reconhecimento a esses determinados jogadores, além de depositar muitas esperanças, ao contrário de Maradona e porque este já muito provou e ergueu a equipa dos Três Leões, em Fabio Capello se a Inglaterra apresentar uma frescura física que sustente a valentia dos seus jogadores.
Pelo que, fugindo ao vaticínio mais corrente, Inglaterra ou Holanda poderiam ser finalistas com a Espanha.
Ora, tanta "confiança", justificada e não cega, na Espanha inviabiliza a progressão de Portugal que tem na terça-feira a sua final logo a abrir com a Costa do Marfim. Sem Nani e perdendo muito potencial ofensivo, com C. Ronaldo mais intermitente como no último ano e meio na Selecção sem ser carne nem peixe e nem se adequar a um jogo onde só pode jogar no último terço do campo - e não vindo atrás, como quer mas não resulta, sem que C. Queiroz corrija esse pormenor posicional e de estratégia, em minha opinião o busílis da questão do seu sub-rendimento -, Portugal terá mais dificuldades em passar o grupo mais dificil de todos e das duas uma, se passar: como 1º, o que é inverosímil, acabaria por defrontar a Holanda nos 1/4 e como 2º terá logo a Espanha pela frente nos 1/8, para mim as selecções, com a Inglaterra, com mais variedade de soluções e alegria ofensiva e, por isso, potenciais finalistas.
Decerto depois de todos virmos cada equipa pelo menos uma vez ficaremos com uma ideia mais assertiva do seu valor, mas não se vislumbram, nem em pormenor, factos que alterem a hierarquia estabelecida no sorteio. Quem quiser, faites vos jeux...
adenda (13/6): depois de ver a Inglaterra a tremelicar e com um guarda-redes que "enterra" na linha dos antecessores, retiro o que disse; e, sim senhor, gostei da Alemanha que, mais uma vez, não poupa nos jovens: Neuer, Ozil, Khedira dos sub-21, ataque poderoso para a companhia atrás que não inventa, Mario Gomez é um cepo como qualquer "keeper" inglês que nos brindam com frangos já intragáveis.

09 junho 2010

Diminuíram-se as dúvidas na selecção?

ACTUALIZAÇÃO (11/6): Era escusado, mas o rumor tem pernas para andar em Portugal e foi preciso alguém devidamente credenciado, como se não houvesse mais alguém e na própria Selecção, vir acabar com a polémica. De resto, como admiti, teriam sido normais os testes de prevenção, ainda na Covilhã, pelo que só teria valido a pena dar toda a informação em tempo útil e, quiçá, se os pés de microfone tivessem lucidez para antecipar a coisa e comunicá-la da forma mais normal possível. Deu no que deu, não havia necessidade...
O estranho caso de Nani e a previsível mas inútil chamada de... um jogador do Benfica tanto reclamado...




Talvez por agora a savana africana nos sugerir imagens como esta abaixo não se faça eco das dúvidas que deveriam, mas estranhamente estão ausentes, marcar a saída de Nani da selecção já na África do Sul e, simultaneamente, a sua substituição por Rui Amorim.






Mesmo assim, nos espaços habituais de maledicência, uns atrevidos que dizem gostar de futebol, e percebê-lo ainda melhor, alvitraram que poderia haver fogo por detrás do fumo com que se fez cortina, quase de silêncio e muito de verdades convenientes, à volta de Nani, não só um dos mais promissores jogadores actuais como um dos que poderiam fazer Portugal brilhar no Mundial.




É curioso, porque faz hoje 3 anos que Nuno Assis foi suspenso seis meses por doping. Um jogador do Benfica que foi depois vitimizado e absolvido pela Imprensa do regime, além dos órgãos competentes que pretenderam, e momentaneamente conseguiram, levantar tal suspensão. Os coristas destas cenas tanto repetidas defenderam o jogador, até o secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias, assumir que teria de haver suspensão e obrigou autoridades internacionais na matéria a intervir para se cumprir a pena. Pena foi que, por esse gesto de fair-play e estrito cumprimento de leis, além da imagem necessária a limpar o futebol, Laurentino Dias tenha sido, como responsável da tutela ainda que politicamente incorrecto face ao clube do regime que soltou os mastins para ladrarem em todos os altifalantes, mais vituperado que o infractor dopado e, finalmente, punido.




Amiúde passam-se coisas estranhas na selecção. Eu, de longe, não deixo de cismar. Quim foi afastado por nandrolona, salvo erro, em 2000, lançava-se ele no Braga. Em 2002 foi Kenedy já em Macau, a caminho da Coreia, recambiado por doping. Agora, a pretexto de uma lesão numa clavícula ainda em Lisboa, Nani é considerado inapto, mas convenhamos que muitas explicações são esfarrapadas e centradas em Carlos Queiroz: para que serve o serviço de Imprensa da FPF no local, cujos telefones se "perderam" para contactos essenciais, e especialmente a autoridade do grupo clínico que está na África do Sul?




Não sei se algum intrépido cronista de caserna, nos jornais de hoje, quis ser tão especialista como o João Manha a incriminar Queiroz por ter feito alinhar Ronaldo frente à Hungria, agravando-se uma lesão num pé que motivou paragem do jogador no Real Madrid. Não sou eu a levantar suspeitas, apenas apanho o que li entretanto pela blogosfera avulsa que está mais em cima das coisas da Selecção. Nem sei se JQM se atreverá a questionar, como faz António Boronha, como é que uma simples luxação (aparente) na clavícula pode deixar um jogador inapto para a maior prova da sua vida.




Mas a Selecção guardou a maleita em segredo total - algo que era impensável nos tempos recentes -, os jornalistas presentes nem se aperceberam nos treinos se Nani limitava os movimentos com o braço e ninguém desconfiou de nada, até porque Queiroz reiterou, antes e depois do jogo com os Camarões, que não queria ninguém lesionado e insistiu agora antes de defrontar Moçambique. Mas alguém já andava tocado. E ninguém se apercebeu, ainda que Nani tivesse falhado um último treino em Lisboa.




Entretanto, para adensar as dúvidas, a brigada do mosquito apareceu no campo português no habitual controlo antidoping rotineiro mas de surpresa. Tudo bom para a teoria das suspeições que os tremendistas sempre colocam à selecção quando as coisas não são do seu agrado... Já só falta adensar o mistério e, prevendo que a selecção tenha adoptado, preventivamente, e bem, controlos da sua lavra ainda em Portugal, alguém alvitre, como tem constado, que Nani acusara drogas e sabidos os resultados estaria agora de fora com uma alegada desculpa boazinha...




Centro de muitas atoardas, nem sei porque António Boronha não comentou, no seu blog, um parágrafo que só agora li na revista do Record para o Mundial, da autoria de António Oliveira, decerto a queimar as orelhas de ex-dirigentes e mesmo de directores actuais que estão na África do Sul. Reza assim:


"Sabemos, porque temos memória, que podemos contar com o profissionalismo, empenho e sacrifício dos "grandes" jogadores que compõem a nossa Selecção. E, embora a mesma memória nos deixe apreensivos relativamente a aspectos de direcção e organização, devemos, por agora, imbuídos da esperança de que a irresponsabilidade, inabilidade e incompetência não atinjam as proporções do passado recente, direccionar forças no sentido de apoiar a Selecção".


(nota: eu só escrevo em português recto porque não assumo nenhum acordo pornográfico para alterar a nossa língua comum, algo a que o Record se dispôs fazer eliminando os "c" mudos de várias palavras acima transcritas).




Mas a troca de Nani por Ruben Amorim talvez ainda reduza mais as possibilidades de polémica. Não porque o estreante (na selecção) jogador do Benfica duplique os representantes do campeão na equipa nacional, onde só estava Fábio Coentrão com toda a justiça e utilidade. R. Amorim foi dos mais falados para integrar a lista de uns quantos "seleccionadores de pacotilha" encartados pelo clube da Luz. Os potenciais seleccionadores que há em muitos de nós e chegaram a quantificar os números correctos de defesas, especialmente centrais, médios e avançados nos 23 eleitos para o Mundial devem dar voltas à cabeça como justificar a saída de um avançado por troca com um médio de características menos ofensivas, para não dizer defensivas.




Para não falar, ainda, dos 24 que foram à Covilhã e dos quais Zé Castro, como previsto, foi excluído, porque não se questiona, agora, o que fazer com 22 jogadores no Mundial? Pois, porque R. Amorim só pode ter sido chamado para conter a fúria (opinativa e furibunda, de facto)vermelha tão mal representada na selecção. Porque utilidade será muito diminuta: além de ser apanhado a meio das férias, parece que no Dubai, não tem nem movimentos afinados e muito menos ritmo de jogo, além de estar com níveis físicos muito inferiores aos dos colegas. Não será opção frente à Costa do Marfim já na terça-feira e dificilmente em cinco dias mais, até defrontarmos a Coreia do Norte, estará em condições desejáveis para o segundo jogo no Mundial. Como é inverosímil ser titular frente ao Brasil, a fechar o grupo G, então já ninguém questiona o que lá vai fazer um jogador além de número para completar os 23?




Pois é, é do Benfica e não se fala mais nisso que ainda o presidente anda a contratar um guarda-redes secundário em Madrid para substituir Quim que a malta do costume, dos complôs do "Snob" (conhecido bar lisbonense), quis impor à selecção.




Como ainda não tinha falado da selecção, o resumo até aqui, para mim, foi assim: caldo verde com Cabo Verde, cokctail com os Camarões e "muamba" (bem picante na 2ª parte) com os "Mambas" de Moçambique. Agora com menos um nos 23 e sem Nani que representa muitos, os catastrofistas poderiam sair a terreiro e condenar as muito menos hipóteses de sucesso da Selecção no Mundial. Mas estão calados que nem ratos. Ou a fazer as coisas por outro lado. Até o tempo lhes dar razão e recuperarem velhos factos (fatos para o Record e quejandos) que sustentem as suas oportunas opiniões.