Está nos jornais, de cá e de lá, mereceu comunicado à CMVM e a venda de Falcao ao Atlético de Madrid até teve esta imagem abaixo, que vimos também na transmissão televisiva da SportTV, das "bienvenidas" ao artilheiro colombiano no Calderon. Mas, apesar disto tudo, e do recorde de transferência em Portugal, não está, perto da meia noite no site do FC Porto. Este continua a ser um logro, como nebulosa é ainda a Comunicação da SAD aqui analisada pelo Jorge
http://www.porta19.com/2011/08/fonte-de-noticias/. Ou, então, como convém, alija-se responsabilidades, repartindo-as ou transferindo-as para um quase clandestino Porto Canal, onde tudo é recitado em soprano baixo a lembrar um funeral e não com vivacidade e alegria próprias de um grande clube vencedor e hegemónico a nível nacional!
O negócio, mesmo merecendo as maiores parangonas, parece cair mal. Resta saber porquê, embora a resposta não seja dada, ou entendida, pelos tipos do "efe-erre-á" que já não chamam a este "pesetero", como ao outro libras Boas, ainda que um tenha saído do Dragão pela cláusula de rescisão religiosamente respeitada e o outro, apesar de ampliada em 50% há um mês e vivificada urbi et orbi pela Nação Portista, sai abaixo da fasquia que era, também esta, supostamente inflexível, a dos 45ME.
Como qualificar o negócio? Antes pouco plausível. Previsível, só de há uns dias, porque o destino foi mimoseado até por Pinto da Costa, a liquidez do Atlético zombada da mesma maneira e na mesma onda e a inflexibilidade tem contornos de anedota, disfarçada com mais uns 7ME por "objectivos" que, de momento, ninguém sabe quais são - mas não o de campeão espanhol, certamente, e duvido que sirva para o derbi de Madrid.
Ao vender Falcao e Ruben Micael por 45ME, um belo encaixe sim senhor e que compensa os 43ME já gastos em aquisições que, feita a catadupa dos últimos dias, fazia antever um magote de saídas que parece não ficar por Sereno (Colónia), não sendo já de descartar Moutinho e Álvaro Pereira (juntos por 55ME) no Chelsea, o FC Porto pode dizer duas coisas, ou alguém que, à parte o incensar destas coisas todas por uns rotuladas como "brilhantes" e lucro fantástico:
- Vendeu Falcao pela cláusula e ofereceu, num inesperado e indevido gesto de boa vontade, Ruben Micael totalmente à borla;
- Vendeu Falcao abaixo da cláusula, a tabela máxima que presidente e apaniguados juram ser para manter e não bufar, quem tiver dinheiro que se chegue à frente, mas Ruben Micael pelos 5ME esperados, o que é notável em desproporção e rigor absoluto que favorece o português e que seria menos de esperar.
Ora, para disfarçar a venda abaixo da cláusula, digna de mitos sempre abalados até por mais de "um cêntimo", depois de Bruno Alves e Raul Meireles, nada como juntar um factor de diversão, à falta de negócios alheios para distribuir galhardetes e picardias mediáticas. É Ruben Micael, hoje a fazer 26 anos e a caminho do... Saragoça, que é o seu destino, por empréstimo estipulado por um ano, jogar na mesma equipa que negociou por uma bagatela... Roberto, sim o frangueiro.
A mim não me surpreende e até achava "muita fruta" tanta acalmia, ainda com a borrasca previsivelmente a meio, e mais juras de amor eterno caucionadas pela célebre cláusula. Juras de amor eterno que tanto podem ser confissões públicas sobre a cadeira de sonho, como prender um 9 de sonho à camisola subindo a cláusula em 50% como só a permitir o alcance aos que alguns presidentes acham serem os maiores da Europa: o Barça, o Real Madrid e o M. United, ninguém mais, nem o Bayern, nem o Milan, muito menos o Atlético de Madrid.
É claro que a baboseira, mas também a cortesia perene de certos epígonos armados em cavaleiros do apocalipse e guardiães do portismo mais papista que o Papa, não servirá de lição e daqui por uns tempos uns serão vituperados se abandonarem, licitamente, o Dragão e outros abençoados por permitirem mais um encaixe extra, algo que era suposto, pensava eu, a SAD acautelar em Março com AVB por força da iminência dos seus êxitos estrondosos, um reforço da cláusula, como em meia dúzia de dias celebraram com Falcao. Assim, dá para salvar a face e continuar a condenar o ex-treinador às galeras, ainda ele não perdeu as estribeiras e a rectidão como o anjo Mourinho caído em desgraça e candidato a figurar no memorial de El Escorial para as figuras do regime madridista...
Se não houverem mais penáltis para o FC Porto para os críticos ironizarem, esta venda de Falcao por menos 5ME do que o estipulado quiçá os "5ME da treta", contra todas as garantias de intransigência e máxima acuidade negocial, será devidamente glosada, até por supor um enfraquecimento do FC Porto no plano interno, acima de tudo isso, porque na frente europeia a perda é evidente mesmo que mitigada intramuros face a concorrência de menor gabarito.
Já terão passado, entretanto, os remoques aos jornais que vendiam meia equipa, quase a sair pela porta grande e esperemos com maior dignidade e brilho através da Comunicação do clube/SAD, que continua a agradar aos parolos do costume, que também abundam no portismo.
Uma vitória hoje sobre o Gil Vicente permitirá passar sobre isto como cão em vinha vindimada. Um desaire caseiro já levantaria questões colaterais.
Mas o que nunca se saberá, nesta era de mais transparência em vidro fosco do tabuleiro do mercado de transferências com "players" imprevistos mas decisivos - mesmo que vituperados a maior parte do tempo pelos clubes que amiúde a eles socorrem para despachar o expediente - é que interesses há por detrás disto tudo, que influências e premências se movimentam e até triunfam. Fala-se em Jorge Mendes e nunca se percebe se é o intermediário ou o senhor. Quando dá jeito, é o primeiro. Quando é o segundo, é diabolizado. Contudo, os clubes não vivem sem eles e os jogadores, subitamente, chutam para canto o que dantes consideravam rumores e entram de cabeça em assumirem novos amores, como fez Falcao em Guimarães, sabe-se lá impulsionado por quem e num impulso bem mais contundente, eficaz e até decisivo do que quando subiu para cabecear, escandalosamente, ao lado o cruzamento milimétrico de Hulk - que o colombiano troca de bom grado pelas assistências desse tosco Sálvio que esta noite voltei a ver arrastar-se no campo frente ao V. Guimarães.
Posto isto, todas estas coisas devem ser tidas com reservas, tal como não dizer desta água não beberei. Aos contorcionistas, que desprezam quem pensa e não quem é cão de fila, obediente e cego e só ladrando para o dono, ficam, agora, os aplausos, depois dos assobios por coisas bem mais líquidas e escorreitas. Ou é da massa do sangue tuga regozijar-se com as coisas feitas por outro lado e estar sempre parcimonioso, quando não laudatório, com o chico-espertismo em que gosta de se mirar?
Como a todos os outros, desejo boa sorte a Falcao, legitimamente na pista do dinheiro que é tão bom para ele como para o clube, como sucedeu com André Villas-Boas, lamentando eu que siga o destino que Futre teve há 24 anos, para ganhar dinheiro por apenas um par de taças do Rei. Embora já anteveja Falcao a decidir a Liga Europa, pelo segundo ano seguido, reconquistando-a para o Atlético a quem o FC Porto sucedeu, enquanto a baliza de Dublin vem para o Museu do Dragão. E uns milhões bem necessários, que a uns contenta também por tapar as despesas e suprir as necessidades do orçamento recorde.
Resta saber quem mais sairá e o que sobrará, de responsabilidade, para Vítor Pereira.
Jesualdo Ferreira, a quem foi renovado o contrato por dois anos após a dobradinha de 2009 e os quartos-de-final da Champions, perdeu Lucho e Lisandro e só durou um ano, apesar do conforto dos milhões, quando era suposta a aposta maior na Champions que justificava o prémio da sua continuidade menos abonada para uma boa parte dos adeptos.
Porque tudo isto é uma ilusão, especialmente para os iludidos que, como os outros fizeram com o "ganho" com Roberto, contam apenas a entrada e a saída do dinheiro.
E a confiança de que chegará outro Falcao, certamente barato, para renovar a esperança. Tal como em 2009, não sobrará para esta Champions. E a manutenção da equipa, como em 2003 e 2004, continua na mente de todos e decerto com pedestal condigno no Museu.