Vão ver que, esvaziado o caso Bosingwa no alegado confronto com Jesualdo a quem se exigia chicote e racionamento de comida para o (in)subordinado que exprimiu em mau português (língua muito traiçoeira…) uma opinião sobre o que se passou na Amadora; ultrapassado o obstáculo V. Setúbal, que empatara em Alvalade e na Luz (eliminando depois o Benfica da Taça da Liga) e seguia imbatível nas provas domésticas; a derrota “à inglesa” que não belisca minimamente o FC Porto na Champions e um empate festejado em Lisboa que não tira sequer a equipa da iminência da derrocada europeia da “melhor equipa dos últimos 10 anos” a caminho do “colosso em 2011”, vai ser o suficiente para fazer atemorizar o líder da Bwin Liga no sábado na Luz.
De uma Liga a outra, a versão dos lampiões vai fazer encher manchetes e garrafões.
Ontem, no final dos jogos da Champions em directo na SportTV 1 e 2, as coisas terminaram como começaram, especialmente para os apreciadores de estatísticas líquidas que não requerem muitos raciocínios e qualquer burro entenderá.
O FC Porto perdeu em Anfield, continua em 1º do seu grupo, basta-lhe um empate na recepção ao Besiktas e se vencer, com alguma lógica, arrisca-se a terminar na frente do Grupo A.
O Benfica empatou na Luz com o Milan que só precisava de um ponto para se qualificar a uma jornada do fim. A euforia foi tal que, primeiro deu-se conta de que ainda havia hipóteses de seguir na Champions, sem cuidar de saber-se que o Celtic venceu, uma vez mais com sorte e aquela garra que lhe permitiu marcar sobre o 45º e o 90º minutos, arrumando o Benfica da fase seguinte; depois, o tal empate permite ao Benfica… hã, hum, hã, poder ainda continuar para a Taça UEFA mas tem mesmo de vencer na Ucrânia aos mineiros de Donetsk que sepultaram a Luz com bom futebol e 0-1 inapelável no jogo de cá.
A fanfarra teve as habituais honras televisivas. Arranca a emissão da noite e só se ouve Benfica. Primeiro, o Benfica do engano: pode seguir na Champions; depois, o Benfica da reparadora saída para a UEFA, hã, hum, hã, se vencer o Shakhtar que já provou ser a 2ª melhor equipa do grupo. Reportagem com o erro primário, depois reparado mas sempre reportagem, um empate com o campeão europeu que fez o serviço mínimo em Lisboa. Acabou a Champions para o Benfica, mas parece ser a Liga dos Lampiões…
Muda-se para a RTP. Começa com o Benfica. Esteve perto de ganhar, embora parecesse que esteve perto também de perder. Mas o resultado final, que até pareceu justo, não altera nada. Mas o alinhamento dos jogos é mais do mesmo. Porém, a RTP já decalca a TVI: mete jogos da véspera com Barca, Lyon, Inter, PSV, antes de jogos do dia. Salgalhada. Nem o Real Madrid mete mais respeito…
Anfield “rap”
O FC Porto perdeu e foi relegado para plano secundário. Acha-se justa a derrota, mas percebeu-se mal ou tem explicações pouco perceptíveis para resultado tão enganador. Leio os comentários nesta Bancada e fico estarrecido. Mas percebi: a culpa é do treinador porque mete mal o onze; só Jesualdo acredita em Stepanov e lhe devolve o lugar de central; e Jesualdo não arrisca.
O FC Porto sofreu dois golos de canto, qual deles o mais anedótico; sofreu um penálti que pensei só ao alcance dos árbitros portugueses, com falta do atacante transformada em castigo para Stepanov; sofreu um golo que o Liverpool não sofreria, pois um Mascherano haveria de dar uma trancada em alguém, como deu pelo jogo fora com a complacência da arbitragem, uma cacetada que um portista, nem cheguei a vislumbrar qual, não deu na linha do meio-campo quando a jogada se iniciou lá pela esquerda. Apesar desse lapso que qualquer Binya ou Petit resolveria, a verdade é que Kewell ganha dois ressaltos a Bosingwa, a sobra vai para Torres que ganha novo ressalto a Stepanov e marca. Uma inacreditável sucessão de meias-jogadas deu em golo aos 78’ que não se vislumbrava. Eu, pelo menos. E, creio que Jesualdo.
Mariano, erro de casting original, não jogou grande coisa e estava desgastado quando saiu. Mas dava-se pouco por Kazmierczak e ele fez um bom jogo. Impôs o seu físico, o que é importante nestes jogos, cruzou bem e Lisandro marcou. Kaz estava a sentir-se bem e saiu. Mal. Estava 1-1 ainda, lembre-se. Mas percebia-se que a equipa saía mal a jogar. O Liverpool vai atacar em massa mas Jesualdo não percebeu. Kewell num flanco é só o sinal do que vem aí. Alguém para romper, tirando Voronin que joga na frente com Torres mas a mobilidade de ambos não fez mossa na defesa portista.
Jesualdo arrisca, quer melhor saída da bola e transição correcta que a “ausência” de Quaresma não facilita. Está 1-1, sai Kaz entra Meireles, sai Benayoun e entra Crouch, adivinha-se o chuveirinho mas Jesualdo, que tirara Kaz, não compensa com Bolatti para reforçar o eixo defensivo e ganhar a 2ª bola, se não a primeira… O 2-1 nem devia existir, tal o encadeamento fortuito que lhe dá origem. Mas porque alguém não travou o portador da bola na zona morta onde se iniciou a jogada. Antes, porém, saiu Mariano, ainda e sempre mal a passar, como Cech tremido, como Stepanov aflitivo, e Tarik era a opção para esticar o jogo, colocar a pressão à frente, retirá-la da área portista onde a bola era bem cortada e mal jogada.
Aquele 2-1 foi caricato mas acontece. O penálti é digno de um qualquer João Ferreira ou quejando. O 4-1 acrescenta vinagre na ferida.
Foi por isto que o Porto, “fraquinho” para alguns mas que conteve bem o Liverpool e podia ter dado a volta ao resultado ainda na 1ª parte, perdeu. Mas nada está perdido.
Aposto, porém, que há empates valorizados como vitórias, derrotas sem consequências de maior que serão “valorizadas” como catastróficas e os três pontos de sábado, para outra competição, nunca valerão quatro, o FC Porto continuará líder, sereno, com o destino nas suas mãos, por muito que virem o bico ao prego nos próximos dias.
Circo, palhaços, bolos, tolos e coisas fora de horas
O circo, porque vem aí o Natal, teve mais uma antestreia leonina, a quem voltaram a não deixar marcar um golo ilegal e até Queiroz percebeu que a Filipe Soares Franco alguém devia dizer “por que non te callas” após certas horas do dia.
O circo, porém, com o outro clube de Lisboa, quis ser agradável, também aqui. Onde Queiroz falou em jogadores bons a seguir com atenção, como M. Veloso, Bosingwa, Quaresma, Bruno Alves (sic), só o menino da passarela apareceu e não foi na Imprensa Cor-de-Rosa. Este desfile de vaidades vai cansando e Queiroz até conheceu um caso Dani em Alvalade… Mas isso são contas do rosário de lamentações do clube chorão por excelência. Aquele que quando ganhou a Supertaça “da forma que todos viram” era o melhor do mundo e arredores, tem sempre altos objectivos e contenta-se com mínimos conseguidos graças a dínamo de baixa voltagem. Mas parece que ir à Taça UEFA é alto desígnio. Será, lembrando-se a derrocada da época passada. Mas talvez Liverpool e Bayern não consintam outra desfeita leonina.
Ainda na Europa, a qualificação do Chelsea não acabou realçada. Um eremita israelita, a quem condenaram a vaguear no deserto talvez por 40 anos, fez o que Mourinho não conseguiu. Um exemplo para Portugal, onde os profetas da desgraça não acreditam que haja vida para lá de qualquer salvador ou vendedor de banha da cobra…
Nesta semana só de episódios, o blogue da bola mais paradigmático do regime até se lembrou de dizer que o benfiquista Jorge Sousa, acolitado de resto pelo benfiquista de Valongo José Luís Melo, é má escolha para o clássico… Não há dúvida que palhaços não faltam e com papas e bolos se enganam os tolos.