30 novembro 2011

Há 31 anos foi como em Coimbra

Não sei se alguma inquietação de vários adeptos portistas amainou com a intervenção de Pinto da Costa no pós-desastre de Coimbra. Se se convencem, ainda, das insuficiências de Vítor Pereira, que obviamente não é um treinador completo no auge da sua experiência e estará a fazer um tirocínio de fogo para subir na carreira que todos têm obrigação de saber não ter ainda o grau de mestre nem que vença quatro troféus numa época. Ou, como se tem percebido de algumas notícias que não custa acreditar serem verdadeiras do sentir do interior da "estrutura" e o nuclear presidente do FC Porto, se já aceitam que a vergonha na Académica foi da exclusiva responsabilidade dos jogadores: "Não desaprenderam de jogar". Para bom entendedor...
A mim não me custam de per si as derrotas, felizmente muito poucas, nem quando se perde com um adversário ao fim de 40 anos. Vou fazer em Março de 2012 40 anos do meu primeiro jogo do FC Porto (*) e nunca pensei ver o Porto perder nas Antas com o Salgueiros (1997) e até com o Boavista e vi em épocas muito próximas e tal nunca sucedera para o campeonato (1998) com os axadrezados. O que me custa é ver a equipa nada fazer para ganhar, arriscando perder tudo, até a auto-estima e o brio profissional que o seu salário não admite empalidecer nem consente reduções/retaliações...
Prometi voltar ao assunto no dia de hoje, ciente, entretanto, de também o mesmo sentimento de vergonha ter espoletado a reacção de quem manda. Porque faz hoje 31 anos que assisti a algo semelhante. O Jorge que tem à margem uma bela caixa de memórias datadas esta não abarcou. E o que vi, e senti, num 2-2 com o Penafiel nas Antas, revoltou-me de tal forma que comecei admitir a vontade de sair de sócio. Acabei por sair, um ano e tal depois, já então por razões várias de índole pessoal e profissional que alteraram significativamente a minha vida, afastando-me do contacto semanal com o complexo desportivo e do clube e até do próprio futebol pela incorporação militar entre 83 e 84.
Há 31 anos, neste dia, o FC Porto tinha saído do "Verão Quente" após a perda do tricampeonato, duas ocorrências difíceis de digerir. Rebelião dos jogadores, Pinto da Costa e Pedroto fora do clube, balbúrdia e falta de pulso da Direcção de Américo de Sá. Gomes saíra para o Gijon e havia muitos cacos a colar. Precisava-se união. Um inesperado 2-1 em Alvalade a abrir o campeonato, com um ataque algo limitado em nomes e credenciais (Coelho, Albertino, Romeu, Costa, Walsh) e um treinador austríaco sem grande nome, abriu boas expectativas e os resultados agradavam, apesar de derrota ao cair do pano em Setúbal e comprometedor empate caseiro com o Varzim, compensados com vitórias no Bessa (1-0) e em Braga (3-0) e sobre o Benfica e o Belenenses em casa. Lembro-me ainda do 6-3 invulgar ao Amora, depois de um desaire em Portimão onde era difícil ganhar. Mas a equipa cambaleava um bocado e nem conseguiu aguentar em Zurique o 2-0 de casa com o Grasshoppers, eliminada com 3-0 na UEFA. Era uma equipa sem ataque preponderante e dos campeões de 79 só restava na frente o extremo José Alberto Costa imparável no pique pela esquerda e Duda tipo nº 10 e bicampeão de 78 e 79 mas já em fim de carreira. A equipa soberba que ganhara, um ano antes, no Milan com golo de Duda e perdera com o Real Madrid por golos fora (2-1 e 0-1) não tinha penacho ou estofo. E como ficou demonstrado no Verão de todas as revoltas nas Antas, com metade do plantel a iniciar a época a treinar à parte em Matosinhos, com Hernâni Gonçalves, enquanto Hermann Stessl ficava com os restos no estádio, faltou liderança directiva do tão contestado Américo de Sá.
Com o Penafiel não faltou muito para a equipa entregar o jogo, deixando-se empatar por duas vezes. Não fosse Walsh, o imperial irlandês mestre do jogo aéreo típico do futebol britânico que enfeitiçava audiências pelo campeonato que era o único seguido em Portugal com exclusiva atenção prendendo os adeptos ao televisor nas finais de Wembley e passando resumos de jogos tão raros naquela altura, e teríamos perdido mesmo. Oliveira, para piorar, era, além de desertor de Verâo e a caminho depois de Alvalade, treinador-jogador do clube da sua terra natal e empatou 1-1 após o intervalo e o golo de Sousa a findar a 1ª parte. Ao 2-1 de Walsh veio o 2-2 de Abel a seguir e ouvi ali assobios como nunca conhecera nas Antas, pois não era moda a massa assobiativa de hoje.
Depois o FC Porto engatou 10 vitórias consecutivas e também lembro a 10ª pelo golo de carrinho, como os britânicos mostravam saber fazer e não era hábito entre nós, de Mike Walsh, chegando primeiro à bola e tocando-a sobre o g.r. do Braga (Quim ou Ferro, salvo erro era um nome curto que não preciso) com quem chocou e lhe abriu um sobrolho. Depois o FC Porto foi perder ao Benfica, com um golo irregular de João Alves de pé em riste antes de disparar de fora da área sobre o intervalo, num raro jogo em directo na RTP creio que ainda a preto e branco, embora a cor aparecesse na tv por aquelas alturas. Mais três vitórias e a última delas com 7-0 à Académica com quatro golos de Walsh todos de cabeça. Por fim, três empates, o primeiro também com o Penafiel, nos últimos quatro jogos e o campeonato perdido para o Benfica por dois pontos que fácil é perceber onde se perderam de forma crucial. E era um FC Porto algo frágil, sem a pujança e alguns dos craques do bicampeonato e nenhuma atenção da Imprensa a não ser quando dava borrasca, tal como hoje...
Poucos pontos em comum entre o Porto-Penafiel de há 31 anos e o Académica-Porto: dantes só Walsh era estrangeiro numa equipa com quase todos os jogadores portugueses de selecção, agora há poucos portugueses mas a apatia foi igual; e Américo de Sá não tinha o ascendente, nem proximidade, que Pinto da Costa tem sobre tudo o que é o FC Porto. Era bom que, como depois daquele incrível 2-2, o FC Porto obtivesse agora 10 vitórias consecutivas que implicariam triunfos em Alvalade e na Luz! Mas pelo menos houve já uma voz de comando que se impôs após a eliminação da Taça de Portugal, algo que se assume estar em falta no balneário actual mas que, há 31 anos, era incompreensível com os vários Sousa, Frasco, Fonseca e Rodolfo, o nosso capitão de sempre, ainda para dar e durar na década de 80.
Comecei a pensar seriamente em deixar de ser sócio com aquele 2-2, até por ter visto Oliveira de cabeça envolta em ligaduras e teatrealizações que já marcavam a sua carreira e nunca abandonou, a festejar de joelhos e braços bem erguidos como se fosse o golo da sua vida virado para os protestos do Tribunal, no sector sul por onde entrava a equipa em campo. Já por razões extra-futebol cheguei mesmo a terminar essa ligação umbilical que o cartão de plástico duro e quebradiço significava e com um número já então relativamente baixo, na ordem dos 13 mil e tal ou até menos. Posso dizer que fui e deixei de ser sócio muito antes de alguns administradores da SAD o serem, sendo mais velhos do que eu... Sentimentalmente nunca desliguei e no final da época lá fui fazer as 7 horas de autocarro pela EN1 (não havia A1) à minha primeira final do Jamor, a de 1-3 com o Benfica e a última em que um jogador (Nené) fez três golos até James Rodriguez igualar o feito na final de Maio passado com o Guimarães.
Integração no mercado de trabalho, cedo interrompida pelo serviço militar, mais a crise e a intervenção do FMI de que nem o triste Mário Soares de hoje (então PM) nem qualquer socialista de pacotilha já recordam tempos austeros mesmo, ditaram essa quebra de vínculo associativo em que, entretanto, passei da quota de "Menor" para a de adulto. Era duro mesmo, até a RTP emitia apenas 8 ou 9 horas por dia e a reclusão militar, especialmente em Mafra, só acentuou essa dificuldade.
O 2-2 com o Penafiel nunca me saiu da memória, pelo laxismo dos jogadores num jogo que foi uma bronca geral sentida por todo o estádio, tendo eu já então bagagem assinalável de jogos por não falhar um nas Antas (e no Bessa, onde adorava ver o dérbi pelo ambiente de estádio britânico que me seduzia). O Almanaque do FC Porto por que tanto ansiava, publicado no final deste Verão com todas as fichas dos jogos, pela dedicação do Rui Miguel Tovar oportuno a aproveitar a época de tantos títulos de 2010-2011, veio trazer-me nomes e datas (* já identifiquei a minha estreia no velho estádio) que a minha memória não podia reter e que situa esse jogo da 12ª jornada a 30 de Novembro de 1980 para efeito estatístico. O essencial tinha retido e não tinha gostado. Fica o desabafo final.

29 novembro 2011

Filmes e Teatro a 13%, fumeiro e saltar a fogueira a 23%

Porque é que o futebol entra no domínio da Restauração e não tem IVA moderado como a Cultura?


Há fogo e fogo.

Nem todos os vídeos têm nível
Há coisas picantes na ementa piores do que filmes com bolinha vermelha
Para porcos e outros animais o fogo na pocilga é o pior remédio
Eufemismos não ficam bem na cozinha
Segurança não é o forte em certas tascas e os intelectuais têm pavor a Polícia por perto
Clientela que resmunga e parte mobília e pessoal auxiliar não tem direito a descontos
Espectáculos com terroristas em teatro só em Moscovo por infiltração de fundamentalistas do sul armados em mártires
Cultura tem direitos de autor e Futebol só direitos de andor
Em certas tascas já há preços tabelados a 2500 euros pela Liga para quaisquer desmandos, do cachaço no árbitro a mistérios dos túneis
A Cultura deixa um rasto diferente depois de correr o pano


ARREMESSO 1. Resta, digo eu, a pergunta do milhão de dólares: qual o jornal do regime a publicar texto e/ou fotos/filmes registados pelos leões? Não saem convenientemente como as notas de certos árbitros? E que comentários de directores e afins se lêem por aí sobre os clubes da vizinhança e da cagança da verdade desportiva e do fair-play da treta?

ARREMESSO 2. Como estão bem uns para os outros e é tudo "all in the family" com figuras sinistas e comediantes de ocasião, traficantes de droga e condenados por racismo, talvez apostem em uníssono em convencer o Parlamento, à boleia das "folgas" do PS, a amenizar as coisas para o futebol também. Afinal, depois de o PSD ter ido em três PEC na conversa do Sócrates, os totós ainda acreditaram que aquela gente tem palavra e é de confiança. Mais um barrete laranja a adornar os chifres do País que é sempre o último a saber das novidades...

Clichés e en...Fado

"Resultado melhor que a exibição" e "serviços mínimos" ou "futebol ainda inconvincente" mas também "dependente de fulano" além de, claro, "treinador no fio da navalha" são rótulos que não se aplicam a todas as equipas em Portugal, mesmo que ganhem vários jogos seguidos por um golito e sem merecimento. Creio até que está na moda brindar o FC Porto apenas com esse leque de originais trivialidades, mas se conhecerem outras excepções seguramente farão um livro dessas ocorrências.

Mas isto é muito como saber quem ergueu o fado a um altar qualquer num desses destinos exóticos de que se conhecem as palmeiras e as areias da praia em cartazes promocionais fáceis mas que são tão caros quando toca a publicitar o Turismo em ou de Portugal.
Os 24 magníficos países que acompanham, ou juram fazê-lo, um certo fado da vida são estes membros de uma comissão seguramente conhecedores tanto do fado como, se lhes impingissem o desafio de cantar à desgarrada, da qualidade do futebol portista:
Albânia, Azerbeijão, Burquina-Faso, China, Chipre, Coreia do Sul, Croácia, Cuba, Espanha, Granada, Indonésia, Irão, Itália, Japão, Jordânia, Madasgáscar, Marrocos, Nigéria, Niger, Omã, Paraguai, Quénia, República Checa e Venezuela!
Pelo que há muito por onde escolher clichés e dar trabalho a certas comissões onde provavelmente alguns pensarão que Níger é diminutivo de Nigéria...
Entretanto, o Governo dizem que de Direita continua tão Socialista como os melhores da espécie: nacionaliza prejuízos dos bancos e até já assalta os juros de quem tem amealhados uns cobres em depósitos. Como tiram com uma mão o que dizem dar com a outra, aos que (não) querem cortar subsídios esmifram-lhes os parcos depósitos a prazo, sejam funcionários públicos ou outros indiferenciados. Tudo em nome da coesão social e da distribuição de sacrifícios e a que, qual cliché, chamam "cortes cegos".
Terá sido o do Hulk para penálti?

28 novembro 2011

Mestre Vítor Pereira ensina a pescar com Hulk

"Sobre a recuperação filosóifica expressa em campo" a que me referia ontem na avaliação do Porto-Braga, registo algumas notas dissonantes como sempre:
- uma iníqua preocupação de alguns sectores em evidenciar-se os "assobios nas substituições", como se fosse o público a ditá-las e a maralha entendesse muito do assunto para ter uma palavra a dizer, mas faz as delícias de certas análises tão idiotas como as reacções epidérmicas da bancada;
- um fait-divers por eventual "sacudidela" de um jornalista no final do jogo, sendo tão moeda corrente dar uma versão dos factos (aguarda-se comunicado portista) na televisão como esquecer de apresentar a competente e testemunhada queixa junto das autoridades policiais (ACT.: parece que dizem que apresentaram, quase 24 horas depois);
- a prevalência da utilidade de Defour, enqunto a estrela de James empalidece em muitos momentos mas sem deixar de cair em graça em cartas franjas de comentadores dados à "boa Imprensa", embora o belga continue a deixar-me perplexo por, sendo um homem de força, dificilmente cumprir dois jogos completos seguidos, como já também por aqui observei.
Abstraindo-nos desses comentários parcelares e marginais à essência do jogo, apraz-me registar que, mais do que uma nova "táctica" que só tem diferentes intérpretes para a executar, o treinador do FC Porto agora seguiu a prática de não incluir no menu a oferta de peixe a esfomeados, optando por ensiná-los a pescar, uma certa filosofia consagrada na evolução da Humanidade que que activou um gene determinante de sobrevivência da própria equipa.
É que Hulk deixou de alimentar o ataque para ser ele o isco para o ataque. Não mais a construir para alguém finalizar na área, no que era uma propalada "Hulkdependência". Sem ele na construção de trás para a frente, ficando-se como desestabilizador no coração da defesa contrária que se pretende arrasar, cabe à equipa saber pescar a bola, levar o jogo de molde a metê-la nas redes do opositor valendo como ponto/golo e não dádiva ou maná, e usar ou beneficiar tão só dos desequilíbrios que Hulk crie naquela zona fulcral de decisão dos resultados. A equipa vai à pesca com as suas canas, sejam de Defour ou Moutinho a chegarem à vez à área (algo como multiplicação dos pães, servidos à vez), sejam os flanqueadores James e Djalma nos últimos jogos ou Rodriguez que tem entrado bem.
Hulk, bem entendido, continua a ser carne para canhão, agora como isco e não como lança-granadas ao inimigo. Assume de novo o que muitos voltarão a considerar "Hulkdependência", porque os clichés estão baratos, como é o caso ao fazer o que fez frente ao Braga e que é exactamente o que se espera do melhor marcador do último campeonato e de jogador mais valioso de todo o campeonato português. Seja em que posição for, se for para decidir, ajudar a decidir ou forçar mesmo a decidir - novo golo oferecido a Kléber -, mesmo que faça o trabalho de ponta-de-lança - já testado também por Mano Meneses no Brasil -. que relega para o banco.

Moral da história? Não tem, a maralha vai continuar a ver maleitas e deficiências, olhando de soslaio e não acreditando no trabalho continuado ou preferindo falar da sorte do lado para onde se atira a rede aos peixes. Por um lado, moral já rareia, e histórias todos podem contar à sua maneira. Resta fazer o caminho caminhando e o cerno franzido de Vítor Pereira e o novo laconismo das suas declarações enfatiza a forma compenetrada e consciente de como as coisas estão a ser feitas para a recuperação do corpo e da alma da equipa com o choque térmico no retiro gélido de Donetsk propício à introspecção. Creio firmemente que se tal reabilitação for coroada de êxito ganhando ao Zenit a equipa atingirá o seu zénite em breve. Mesmo que outras parábolas sejam validadas por aí, outros produtos postos à voracidade dos vendilhões do templo, mais uns berlindes para distrair o mercado e se enfatize mais o Hulk do que o notório e crescente trabalho colectivo, numa reconquista interna ainda por convencer até certos sectores de adeptos mais desesperançados.

nota: há de facto, ainda, um aspecto que carece de confirmação mas que já antevi antes do jogo com o Shakhtar, que é o de saber como o colectivo voltará a reagir ante um opositor fechado, pois a equipa sentiu mais dificuldades contra as retrancas e mais ágil face a quem quer jogar.

27 novembro 2011

Assistir de cadeira e assumir a batuta (e um certo en...Fado)

Só não deu fuga por mero acaso, falhado o prognóstico de empate no dérbi lisbonense que foi bem justificado pelo Sporting na Luz. De resto, o FC Porto vincou superioridade com um valente Braga e o resultado final é tão enganador (3-2), para o que se passou em campo, como acabou por tirar ao FC Porto o "título" de melhor defesa do campeonato que parcialmente concretizou-se na partida em despique directo. Mas está claro  a terapia colectiva resultou, no choque térmico de Donetsk deu-se a reabilitação do corpo e da alma do Dragão e a semana que começou em cacos termina numa alegre cacofonia, apesar do laconismo do treinador no pós-.jogo em que terá sentido como quiseram agarrar o situacionismo dramático de um "one-off" em vez da recuperação filosófica expressa em campo.

Mas os golos finais dos arsenalistas são o prémio, inesperado no momento mas justificado na partida, para uma equipa que nem com 3-0 baixou os braços e os seus golos não surgiram do nada, houve boas jogadas e nem foi caso para Vítor Pereira recriminar tanto os minutos finais de uma natural descompressão competitiva portista que não pode negar o mérito dos minhotos. Equipa igual à de Donetsk, Djalma a perder algum medo ou "respeito", Maicon a sentir-se mais identificado a lateral-direito e mais comedido a subir, Defour a dar outra consistência e os médios mais complementares, deixando ao tridente ofensivo as contas dos desequilíbrios individuais que são marcantes quando o colectivo funciona melhor. O Braga não se rendeu e encurtou distâncias, apesar de o FC Porto ter tornado o jogo fora do alcance do visitante sempre incómodo. Com Hulk soberbo, a equipa sólida e solidária, entreajuda na recuperação da bola e abertura de linhas de passe para um jogo intenso e variado pelos flancos e roturas no meio, o FC Porto jogou ao seu mais alto nível.

Acabou 3-2 como na época passada. Mas, sinceramente, e ao contrário de algumas opiniões a respeito, achei esta partida mais vibrante e um resultado justificado que podia ter mais números. Na época passada, como defendi então, os cinco golos não valeram a partida, que não teve mais ocasiões de perigo e alguns golos até surgiram de nada e o Braga, de Domingos, arriscou pouco e marcou em dois remates à baliza (L. Aguiar de livre e Lima de bomba de muito longe). Desta vez, houve muitas situações de perigo, um golo mal anulado ao FC Porto, Quim a evitar mais três ou quatro e o resultado podia ser do tipo do hóquei em patins (6-3 ou 7-2). O Braga jogou de peito aberto, não tem o calculismo que Domingos lhe incutiu mas só no final o seu esforço foi recompensado a fazer jus, também, à codícia de Lima (mais dois golos no Dragão).

Valeu um Porto reencontrado consigo próprio, já pletórico de confiança, maleável mas vertical nos posicionamentos e desmarcações dos médios e a solicitar sempre os homens da frente. Hulk bisou, num raro golo de cabeça à ponta-de-lança e um petardo ao seu jeito de canhoto, deu a Kléber para marcar, deu ainda outro a marcar que foi mal anulado e até cometeu um penálti, enchendo o campo. Voltou a ser o Incrível, de novo na posição 9 como em Donetsk mas com uma mobilidade, em apoio de costas para a baliza mas também a fugir aos defesas e abrindo espaços para os médios entrarem (subidas de Defour e diagonais de James).
Só faltou garantir a melhor defesa, fica igual à do Braga mas ambos ainda pior do que o Beira-Mar (6 sofridos), como igual está com o Benfica na frente mas muitos mais golos marcados o que dá um certo conforto.
Depois, apesar de o dérbi suscitar dos epígonos da comentadeirice lisbonense uma paixão tão assolapada como celebrar essa coisa do Fado, exultantemente propagandeado, cujo alcance é mais limitado do que uns ecos chegados a Bali (where else?) e a destinos exóticos onde costumam acontecer concursos dos mais extravagantes que rapidamente caem no esquecimento, a vitória do FC Porto teve mais significado do que a do Benfica. Portugal, ou parte dele que se importará com isso, celebrou o Fado, muito à base de imagens e voz de Amália, o que é demonstrativo da amarra com o passado com a colagem de Lisboa na presença do edil "abronzzato" como diria Berlusconi. E na conferência de Imprensa desta noite parecia que ainda ecoava o fado de Coimbra... Nada mais falso. O "Somos Porto!" ouviu-se bem. Os chamados "críticos" e outros que tais vão lembrar que "não está tudo bem", como se estivesse alguma vez em Novembro e o caminho não se fizesse caminhando.
O FC Porto teve um jogo em condições difíceis e um regresso da Ucrânia alongado, com menos descanso, e respondeu positivamente, mandando no jogo e mostrando frescura e merecimento da vitória. O Benfica sofreu imenso com o Sporting e teve bastante felicidade em não sofrer golos, caindo-lhe um do céu para mostrar que continua com mais força que jeito. Em termos puramente futebolísticos a ameaça do Sporting deve ser mais levada em conta. Já na troca de galhardetes dos vizinhos a coisa vai andando empatada e em patadas e luzes são sempre mais de clarões de revolta e foguetes ou veri-lights...

Nota estatística: ter melhor ataque e melhor defesa pode não significar muito se não for 1º, que o diga o Bayern que caiu para 3º na Bundesliga...É como isto, pouco significativo se não valer um recorde.

25 novembro 2011

Era óbvio...

Ironicamente, há 36 anos nesta data o PC perdeu. Coisas de troikas e nomenklaturas. Esta capa não deve ser por acaso.
 
... que alguém teria de pôr os meninos na ordem.
"Eles não desaprenderam de jogar".
Contunuem a reabilitação.
Não há outra forma.
Há uma pirâmide
Até ao cume
Títulos!
FCP!
nota 1 - vejam ali ao cantinho o APOEL: "mais eficaz de todas", ganhar em casa e empatar fora.
nota 2 - importante é ganhar e o Chelsea (sem nunca segurar 1-0 fora e com mais jogo) derrapa.
nota 3 - tanto era dos jogadores que eles trataram de mostrar mais com menos

24 novembro 2011

Duas vitórias a alcançar, duas promessas a não quebrar

Espero que sim. Que aquilo de Coimbra não mais se repita e esta expressão foi usada por Vítor Pereira, enquanto o presidente só apareceu na hora da vitória e para falar, mais uma vez a despropósito e só revelando quanto isso o irrita, de personagens estúpidas da cena do pontapé na bola falado, os correios das manhas e o Rui Prantos.
Apreciei e senti a atitude do treinador, comentando com calma, e um gelo na expressão facial e nos termos utilizados bem como o tom de voz reduzido depois de alguma alteração dos últimos tempos. O seu grito de revolta deixou-o no campo, ao festejar ruidosa e expressivamente o 0-1 de Hulk. Assim é que deve ser e se o balneário também estava revoltado, mesmo aceitando críticas justas de (alguns) adeptos, é no campo que deve prová-lo, afinal o palco onde o FC Porto criou a sua marca e cimentou a sua hegemonia com a fidelização dos seus adeptos e o reconhecimento internacional.
Partilho a ideia de os dois próximos jogos serem fundamentais para a temporada. Pelo meio, a folga da Taça de Portugal até ajudará a perceber e lembrar de novo o ridículo do passado sábado. E, repetiu o treinador, pode estar enterrado, bem no fundo onde batemos, mas não pode ser esquecido.
Tanto como as vitórias esperadas nos próximos jogos, essa promessa dupla, de não repetir mas de não esquecer, é para ser cobrada e com juros altos.
GREVE GERAL
Por causa de uma greve geral em Portugal, o FC Porto aterrou em Vigo às 7.30h. Também neste ponto há gente que brinca com coisas sérias, por muito ar sério e preocupações legítimas que queiram revelar os seus protagonistas mais célebres mas traídos pelo matraquear de um chorrilho de lugares-comuns que denunciam os objectivos de sempre de manipulação política. O espectáculo da Informação dá-nos as coisas do costume, discrepâncias nos números e divergências nas interpretações, já com muita indiferença geral. Nada de novo. Nem o desrespeito por quem quer trabalhar perde direitos, nos piquetes quais tropas de choque, de alforria sindical, nem os que fazem greve serão talvez em número equiparado aos desempregados que não devem juntar-se-lhes para aparecerem na televisão.

Sobre a greve, vale a pena ler coisas por aí:
Nos paraísos dos trabalhadores
Eu também estou curioso para saber a adesão nos privados
Olha para o que eu digo e não para o que eu fiz
E os grevistas que barram o caminho a quem quer trabalhar continuam com o salário assegurado por todos que pagam os empréstimos contraídos pelo Estado

DE VIGO AO PORTO, PELA A3 OU A SCUT PAGA HÁ 404 DIAS
A propósito da viagem de Donetsk, via Vigo e de autocarro para o Dragão, não sabemos se da fronteira ao Porto o autocarro da equipa viajou pela A3 ou pela A28, esta SCUT que só é paga no Litoral Norte e no Grande Porto, há 404 dias (ver JN) e como únicas excepções no Portugal em greve geral para satisfazer a matilha que vive maioritariamente em Lisboa.
Mas sobre isto nem um post se vê por aí. E pur si muove, diria Galileu. E no "relógio do JN", counting...

23 novembro 2011

Gelados, mas vivos... no plano, menos no jogo!

Hulk abriu a contagem já no último quarto-de-hora e um autogolo quase no final deu para o FC Porto triunfar em Donetsk (0-2) e sair, de novo, vivo da gélida Ucrânia onde um golo de Lucho aos 90' em 2008 deu a vitória essencial em Kiev. Basta agora vencer o Zenit a 6 de Dezembro para os campeões nacionais seguirem na Champions. O que não será fácil, pois se o FC Porto mantém intactas as esperanças - e pelo menos aliviado da pressão de perder a Europa no Outono, com o Shakhtar agora a limitar-se a ver pela tv na Primavera - de seguir em frente, a verdade é que o jogo de transições não sai bem a uma equipa formatada para circular a bola, dominar o jogo e até esmagar o opositor.


Salvou-se o plano de jogo, não tanto o futebol em si, mas nesta fase não se pode pedir mais. O que se demonstra, mais uma vez, até pelo fòlego impressionante e a sede de vitória patentes em toda a 2ª parte, é que o problema da equipa não é físico, seria ridículo se o fosse. Pode ser mental, ou por conflito eventual com o treinador, mas não é justificável a perda do controlo emocional e a gestão do desgaste psicológico que têm marcado, a par de um relaxamento competitivo decepcionante, a época europeia dos dragões.

Tiveram brio, desta feita, tiveram vergonha do que fizeram no sábado e, afinal, tudo se conjuga para a equipa entrar bem nesta recta final antes do Natal onde se definem as posições no campeonato e o apuramento para os oitavos da Champions. Com o descanso forçado na Taça de Portugal, Vítor Pereira pode preparar a equipa em continuidade e fá-lo-á melhor se vencer o Braga no domingo, para agarrar bem a liderança da Liga, eventualmente beneficiando de um empate no dérbi de Lisboa. A recepção ao Zenit é numa 3ª feira e no fds antes não há competição: até lá, apenas o jogo de domingo.

Não pareceu lógica a aposta inicial em Djalma, além da confirmação de Maicon a lateral-direito com Fucile no banco, para um jogo de alto risco, mas o FC Porto não tem tido dos seus flanqueadores alimento para o ponta-de-lança. Com um plano de contra-ataque, com James e Djalma a fecharem os flancos que ultimamente os alas têm desguarnecido, a coisa resultou com Hulk sozinho na frente. O que volta a dizer algo das diminutas e esgotadas opções ofensivas de Vítor Pereira que, sem inscrever Walter, deixa Kléber no banco. Iria lançá-lo se a coisa corresse para o torto? E o treinador continua a ter de fazer o melhor com tanta gente longe de dar o máximo. Por isso sempre disse que a culpa não era do treinador. Esperemos por melhores dias, mas a equipa tem de fazer por isso, como fez hoje.

A equipa deu sinal de si, mas ainda com muita perda de bola injustificada, falhando muitas saídas para o ataque, atrás e à frente. 

A tecla do jogo ofensivo, a pressão alta e o vinco dominador no jogo sem contrapartidas defensivas acauteladas, pelo que preconiza Vítor Pereira, passou a factura, não bateu a letra com a careta, a equipa desconfiou de si mesma e descurou o que na Champions é imperdoável: a segurança defensiva. É esse estigma e uma certa perda de identidade do modelo de jogo que têm marcado estes solavancos da equipa. É o meu diagnóstico que seguramente muita gente vai explorar por estes dias.

Pode acontecer de tudo na última jornada, menos tirar o Shakhtar do último lugar. Quem diria, como disse Lucescu, que os teoricamente favoritos estariam nos últimos postos do grupo? O Shakhtar ainda sem vencer terá moral e estofo para lutar pela honra e ganhar em Chipre a um imbatível APOEL - e, inconcebível, já apurado? Vitórias do Porto e do Shakhtar na última ronda dariam o 1º lugar aos campeões nacionais, mas hoje voltei a ver os cipriotas e não estou a ver como é que se consegue vencê-los e o Zenit raras ocasiões teve de marcar.

Há outra confiança e descontração para a jornada crucial do fim-de-semana no campeonato e um grupo reencontrado com o espírito de sacrifício que não tem tido. O grito Somos Porto! ecoou nos confins da Ucrânia e a equipa acabou o jogo em alta, como o técnico sempre desejou mas ainda não alardeara, a começar pela 1ª jornada em que contra nove "mineiros" não forçou o ampliar da vantagem.

Procissão do adro para Capela

A passagem da arbitragem da Liga, com Vítor Pereira (dos árbitros), para a FPF após as eleições de 10/12, com a previsível vitória do statu quo com Fernando Gomes também a transitar do Porto para Lisboa, continua a dar-nos flashes extraordinários do cortejo de certas figuras e mensagens subreptícias do que está em andamento.

Depois de ter negado duas grandes penalidades ao FC Porto, além de não ter expulsado o central Maurício no lance do penálti assinalado e que Hulk desperdiçou em Olhão; depois de ter viciado gravemente o V. Setúbal-Naval com um penálti generoso para os sadinos com 0-2 e que lhes serviu para reduzir a desvantagem, um golo anulado aos navalistas já com 2-2 (que seria final e apuraria os sadinos na Taça da Liga) e expulsado três jogadores do clube da Figueira da Foz que ficaram logo impedidos de actuarem no jogo seguinte por sinal frente ao Benfica para a Taça de Portugal; eis que o árbitro-intérprete deste diálogo de surdos-mudos está de volta.

Num par de semanas, João Capela passou de coveiro do FC Porto em Olhão e de castrador da Naval em Setúbal para benefício do Benfica, a ser nomeado para o seu primeiro dérbi e sábado estará na Luz para o Benfica-Sporting. Qual marioneta bem articulada por cordelinhos não tão invisíveis e mãos seguramente conhecedoras e conhecidas dos meandros.
Jesus pediria para três fazerem um quadrado mas o Vítor Pereira dos árbitros fechou a quadratura do círculo. Em nome da verdade desportiva, que ninguém duvide.

Nem sempre a procissão sai da igreja, como se sabe também lá volta depois de correr algumas capelas... O despudor chegou a este ponto.
Artur Soares Dias apitará o Porto-Braga no domingo.

Porto na Luz duas vezes em Março

Não é que a Taça da Liga mereça atenção só por si, que não a tem e continua sem valor na escala hierárquica das competições domésticas o que, por princípio, a situa como um nado-morto depois de ter sido o escape para o ex-tasqueiro da Liga se afirmar na gestão do futebol profissional torpedeando o campeonato de 18 clubes que estava muito bem lançado.

Mas a possibilidade de o Porto jogar em Março duas vezes na Luz, a 4 para o campeonato e a 21 para a meia-final da taça da cerveja das apostas ilegais, pelo imbróglio jurídico sobre a legalidade que os tribunais não lhe outorgam por protesto da SCML (santa casa, misericórdia, lisboa, diz tudo), dá outro perfil à competíção que o FC Porto de AVB malbaratou na época passada.
Desta vez a 3ª fase já não é toda em Janeiro com os jogos de grupos a trote mas que permitia preencher um mês frio e sem nada para além do campeonato e dar ritmo a quem ainda goza férias de Natal; estende-se até Fevereiro e o FC Porto começa em P. Ferreira (2 ou 3/1) para receber (18/1) depois o Estoril e o V. Setúbal. Se vencer o grupo D e o Benfica o B, tendo aqui oposição de V. Guimarães e Marítimo começando no berço e acabando com os insulares em casa, há clássico a 21 de Março.
Não se pode imaginar como estarão as equipas nessa altura. Mas o duplo confronto na Luz faz recuar até Abril passado quando, apesar do apagão, o FC Porto celebrou o título no dia 3 e qualificou-se para a final da Taça no dia 20. De momento, só alguma similitude das datas pode dar alento aos portistas, evocando os triunfos do já distante Abril. Para Abril de 2012, dia 14, está marcada a final... em Coimbra que pesa como chumbo nos cábulas portistas que tão mal estiveram no sábado para a Taça.
Seria bom se esta noite, e já depois de saber do resultado do Zenit-APOEL, o FC Porto mostrasse que está vivo, saindo do escuro da mina em Donetsk com uma pepita de esperança. Uma esmeralda, não é preciso ouro.

À PARTE: Será também a forma de saber se a SAD portista segurá o exemplo da leonina, metendo-se na gaiola duas vezes com os seus adeptos segregados por estruturas físicas que paulatinamente foram abolidas em todo o mundo e que só têm justificação, erguendo-se em 2011 de forma anacrónica, nos antros de violência premeditada como é o caso da Luz onde não há segurança a não ser em certos túneis e onde os beneméritos encarnados já enfiaram três mil portistas em mil lugares subitamente encolhidos face aos regulamentares 3250 disponíveis para público visitante, à custa de uma multazita como se dá a um cachaço num árbitro auxiliar.

22 novembro 2011

«Tchák»

A "estrutura" com cara de caso e não é caso para menos. Ou como uma foto vale mil palavras.


"Estamos unidos e confiamos uns nos outros. Esperem para ver".

Espero que seja, na longínqua Donetsk, o começo da promessa de que "daremos a resposta a essa gente toda". A notícia de ameaça de bomba na cidade ucraniana "antecipa" um traumatismo ucraniano?

Vítor, amigo, o Porto está contigo?

É nestes jogos, e este terá um opositor aberto em desespero pela vitória que ainda não tem, que o FC Porto costuma(va) mostrar a sua fibra. Sem equipas fechadinhas ao ataque, como APOEL, Olhanense e Académica, os jogadores terão o espaço, como se diz?, para "expressarem" a sua categoria. Terão, porém, bri(lh)o lá nos confins da estepe mineira para mostrarem se são pedra bruta ou diamante?

Melhor oportunidade não há. E pode ser a última. Com temperaturas gélidas não é de pedir bons ares, mas muito boa sorte que é bem precisa.

«Se querem que eu me vá embora digam»

Volto ao tema da actualidade. Recordo apenas uma frase sintomática do que é a relação de uma equipa vencedora de quase tudo na época anterior com o novo treinador desejado pelo presidente e antecipadamente visto como herdeiro da ideologia futebolística montada no clube.

Já lá vão muitos anos e, por isso, sei que se passou assim mesmo mas já não estou certo de com quem foi. Tratou-se de o treinador perceber e enfrentar os jogadores que claramente jogavam contrariados.
Alguns devem saber quem o disse. Os que não sabem, fiquem a pensar.
Ah, por fim lá voltou o filho pródigo. Com tempo pôs tudo aquilo nos eixos outra vez. É claro que pelo meio não ganharam nada. No fim teve de fazer-se a limpeza do balneário.

E como já deixei explícito sobre a origem da "crise" e o comportamento reprovável dos jogadores como homens e como profissionais, estou à vontade para comentar o que vem a seguir.

O QUE É UMA NOTÍCIA?
O Espesso é o que sempre foi: jornal com toda a panóplia de protagonistas do regime com as mais variadas elocubrações para a mudança de forma a deixar tudo na mesma. O espelho do País. No Desporto, é inexistente. Por isso, é capaz disto, dar um título a uma notícia cujo segundo subtítulo teria o maior impacto e a razão de ser de uma notícia se fosse presumida verdadeira ou minimamente fidedigna..É um nojo. Está de tal forma escrita, no online de ontem, que o que seria mais importante vem no fim; aliás, alguns jornais ditos da especialidade aproveitaram a deixa e puxaram para destaque o que parece envergonhado no texto do Espesso. Denuncia a "firmeza", nem digo certeza, do que escreve. Mas escrito pela moça que há 8 anos, na inauguração do Dragão, disse que choveu, está tudo dito...

Podiam fazer como no início do ano e publicar algo como essa página em cima que não é da Imprensa falsa, mais as subsequentes a respeito da boa execução do orçamento que era propagandeada semanalmente.

Por exemplo, Vítor Pereira já não sai!; ou já não vai!; ou já não cai!


21 novembro 2011

«Jogadores (não) têm fome de títulos»

Volto a ver multiplicadas as bacoquices de uma certa linha (idólatra, inculcada, incapaz) de pensamento porque não saem, como os pintainhos, do redor das saias de Pinto da Costa (sem segundas intenções ou alvejando outras figuras, juro).

Há aí ainda tanta gentinha a acreditar que Pinto da Costa foi apanhado de surpresa pela saída de AVB. Mas a infalibilidade papal foi decretada e abolida há séculos. É só ir à História...
Houve tempo para contratar um treinador ganhador e comprovado. Como houve tempo para contratar um ponta-de-lança a sério. Com um ano de Walter no clube acham que dali sairia melhor? E o Kléber do Marítimo ia dar alguma coisa? Foi para isto que Hulk ficou? E Guarín? E Fernando?
Ainda há tempo para ter alguma memória sobre o que foi dito num dado tempo e desdito noutro momento a seguir. Mas os pascácios, os pastores armados em conselheiro Acácio, já esqueceram da garantia dada pelo presidente de que não haveria problema em substituir AVB porque quem dava os treinos e tudo era o Vítor Pereira - o único que AVB não escolhera no seu staff por ser prerrogativa do presidente!. Ou que o presidente era capaz de substituir todos os jogadores menos o Hulk. Falcao, esse, de firme no ninho à 1ª jornada deseja voar com o presidente ao lado nas declarações à tv em Guimarães...
A questão é que, "independente" do que se diga da continuidade do plantel, que é de facto bom e melhor do que tem mostrado de si mesmo tout court, estes jogadores não mantiveram a fome de vitórias. Porque não foi isso que perceberam à sua volta, e não foi pelo treinador.
E não pode ser uma derrota numa Supertaça europeia a pôr isso em causa. A não ser os próprios, sempre com o timing na cabeça. O gong. E o tilintar do dinheiro.
Não era Vítor Pereira, co-optado como fosse e num risco altíssimo para si mesmo, quem iria certificar-se disso. Mesmo assim, conquistada a Supertaça de cá, sabe-se como desde o final da época passada, sempre a pairar na mente de todos e mais alguns como se transitasse uma alucinação de Maio para Outubro, se pensava em ombrear com o Barcelona. A equipa deu uma imagem de si positiva no Mónaco. Mas ficaram interrogações no ar e que aqui deixei. Porque não foram opção certos jogadores? Pois a actual situação de ostracismo a que foi votado Cristian Rodriguez vem com o apenso de ter sido utilizado para ser vendido até final de Agosto. Ora, tanto a SAD queria encaixar e despachar flanqueadores que tem aos montes, como os jogadores darem um último alento às aspirações de sairem. Aos montes. Se a SAD colaborou ou contribuiu, primeiro que tudo, nesse plano, como pode dizer-se que a ideia era manter a equipa e atacar a Champions com o mesmo treinador?
Talvez, precisamente lembrando não 2003 mas 2004, AVB tenha pensado nisso. E na grande oportunidade foi-se. Não de repente. Nem com o constrangimento que se alardeou. No Dragão ainda não é como na PGR: não avisam a Imprensa de uma fuga ou captura iminente... Passou-se com o próprio Mourinho, tudo parecia negro em Gelsenkirchen desde a chegada da equipa finalista com a vitória na Corunha que fez o treinador voar logo à chegada ao Porto para Londres. Um tema, de resto, que vinha desde Manchetser em Março e tivera avanços em Abril e desenlace em Maio. Nessa da surpresa é que não acredito. Nem a Imprensa quando começou a falar do Chelsea outra vez. Na altura havia certezas a mais para aquilo ficar por um golpe de última hora. E, assim, ficou o problema com uns belos 15ME. Como ficou a percepção, em todo o grupo, de que era tanto para ficar como para vender. Mas se possível vender. Porém, não foi possível.
Ou há explicação, mesmo com o freio de algumas renovações apressadas como para evitar levantamento de rancho, para os jogadores ansiosos por sair agora jogarem na proporção inversa do que falam os seus empresários? Não há, e cada vez menos eles jogam, cada vez eles mais falam. É o risco da multiculturalidade e os farrapos que ficam não fazem uma manta a não ser rota.
Já repararam que os jogadores não se falam em campo? Não se recriminam por tantas e tantas asneiras de principiantes? Não há um berro, alguém que se imponha? Pior, em vez de se mostrarem unidos, é cada um por si, afastam-se, não dão linhas de passe, não se faz o 2x1, nunca há superioridade numérica, resolve tu que tens a bola e nem ajudam a receber, criando o problema inicial, muito menos vão socorrer o colega que atarantado perde a bola? Numa equipa alemã haveria dentes partidos, certamente. Mas há quem acredite que os jogadores devem "morrer" pelo treinador? Não! Têm de dar tudo pela equipa, pela camisola, pelo que conquistaram (títulos e salários) e não podem malbaratar. São os ídolos de pés de barro, os deslumbrados de circunstância de quem em breve pouco se falará.

Talvez não gostem dela, apesar do escudo de campeão e sem derrotas. Eu sempre achei haver ali muito branco, pouco azul, parece-me pálida e a imagem está a corresponder em campo.
A acalmia das férias é que fez crer que tudo parecia sereno. Mesmo com as ondas que se levantavam para levarem na espuma os mais variados jogadores. A divisão e a incerteza entre vender e manter deu numa paz podre. Alguém conhecia estes empresários de que agora se fala? Ora, tiveram subitamente a primeira grande oportunidade de facturarem a sério. É como os mercados da especulação financeira. A crise e os oportunistas. Real world. Mercado. Ganhos. Pilim.
Estes jogadores, mesmo com doces da SAD, relaxam como ainda em férias e a verem ainda acenarem os mais variados pretendentes para Janeiro? Por isso estão no estado que se vê. E não aceito que se culpe o treinador! Ainda que saiba o velho dirado de ser fácil mudar um a onze...
Os jogadores quiseram ganhar mais dinheiro, não mais títulos. O jogo de sábado é para recordar mas obrigando os jogadores a vê-lo, todos os dias. Porque daquela maneira perdem todos os jogos, basta sofrerem um golito. Notei há dias que deixaram, em parte, de incidir na questão física, além da falta de capacidade do treinador, para falarem de um problema psicológico. É sintomático.
Em 2003, perdendo com o Milan até por inventar o Ricardo Costa a defesa-esquerdo por onde fugiu Rui Costa para cruzar para o golo de Shevchenko, Mourinho chegou ao fim e revelou que sentia os jogadores com fome de mais títulos. A Champions, não me venham com tangas, não estava no horizonte. Sucedeu, ainda bem e com toda a justiça. Mas os louvaminheiros de hoje não viam ali - no FC Porto?, não ouvem as risadas deles? - o melhor treinador do mundo. O título europeu, para essa gente idiota, foi comprado como todos os outros ceptros, cá e lá fora. Portanto, 2004 foi um feliz acidente que, de resto, teve as consequências consabidas a seguir. Um crash impressionante.
Vêem estes jogadores com vontade de ganhar alguma coisa? Vislumbram-lhes algum brio?

E acham que é por o treinador não os motivar?

Acreditam mesmo no que dizem?
Quem é incompetente?

De quem é a culpa?

adenda: já agora, sobre a culpa, parece que em Espanha os nuestros vicinos não aprenderam a lição portuguesa e também voltaram as costas ao socialismo moderno da esquerda (c)aviar e mobilizadora do despesismo do Estado e da nacionalização de prejuízos privados, preferindo um passo em frente à queda no abismo, dirão uns chico-espertos da "austeridade inteligente". Não pensaram nas consequências de um voto de risco à beira do precipício e com 5 milhões de "paro". Nada como ajudar a lembrar a pura e dura realidade, que por cá alguns esqueceram. E não são versões técnicas a fazer a diferença de inglês para espanhol.

20 novembro 2011

O (meu) Liverpool deu uma ajuda ao FC Porto?

Não sei, nem acredito em bruxas, mas que as há...

A verdade é que o Chelsea perdeu hoje em casa com os reds. Uma equipa de vedetas subjugada por uma equipa de tretas. Pior, um defesa-direito pouco mais do que medíocre, ex-Chelsea que até foi Mourinho a enxutar para fora do Bridge, marcou o 1-2 quase no fim, numa jogada individual que ao Johnson sai uma vez na vida.

Pode ser que,
- com a "ameaça" latente de Hiddink "apontado" de volta aos braços de Abramovich;
- com o Chelsea mais distante do Man. City na Premiership;
- com Vítor Pereira claramente sem condições, face ao que a equipa demonstra em relação ao treinador e a si mesma, para poder ter um futuro risonho no Dragão (eu eu não sou adepto de chicotadas);
- com o Dragão de Ouro fresco de uma pincelada de cinismo e SADismo para com o ex-treinador de quem se disse o piorio

apesar de tantos que meteram fel mesmo no mel recente, além dos nomes próprios que criaram a Villas-Boas, mas esses lá engoliriam mais um sapo enorme em nome das opções do presidente que não ousam beliscar minimamente, não se sabe se não acaba composto o cenário mais improvável do regresso de AVB à sua cadeira de sonho.

Era a quadratura do círculo e a confirmação de no futebol tudo poder acontecer. Em 41 anos perder de novo com a Académica ou em 40 dias voltar a ter o treinador de todos os títulos.

Ou será que só no regresso da Champions, com o Chelsea em Leverkusen e o Porto em Donetsk, se dirá que prognósticos só no fim?

Eram apostas de altíssimo risco no Dragão e em Stamford Bridge ambas em vias de correr muito mal.

Mas eu que vi os jogos do Chelsea na Champions digo que isso é um engano. Os blues deviam ter ganho todos os jogos e empataram em Valência e em Genk por azar e erros tão inacreditáveis como o de hoje de Mikel, qual Fernando a fintar em frente à área com a equipa a sair para o ataque, a oferecer o 0-1 com a perda de bola inadmissível. Em Valência devia ter havido goleada e o recém-entrado Kalou ofereceu um penálti idiota ao empate de Soldado. Em Genk mais golos falhados e outro oferecido. Num grupo em manifesta superioridade, uma derrota em Leverkusen deixaria o Chelsea em risco de nem ficar em 2º, se depois perder em casa com o Valência.

Hoje, curiosamente, vi um passe transversal no meio-campo do Chelsea apto a ser interceptado quando a distância a percorrer pela bola é muito grande (30 metros pelo menos) e o adversário está todo posicionado. Ontem, em Coimbra, pelo menos quatro vezes tentou-se um passe da 50 metros, da esquerda para a direita como se dirigida a bola a um Quaresma ou Ronaldinho que a domine e siga em frente. Obviamente, com a Académica posicionada atrás, todos foram interceptados. São erros que se corrigem desde os iniciados, para obrigar a bola a passar ao colega mais próximo nestas situações, circulando em segurança e com apoio próximo. É difícil lembrar ou fácil esquecer coisas tão básicas. Ah, quem fez o passe hoje foi Ramires, que invariavelmente vê amarelos no Chelsea tal qual David Luiz.  Há coisas que só vistas, porque contadas é raro acreditar.
O futebol tem, como se sabe, muitas surpresas. Em resultados, em opções e em atitudes.
Só que as que vi dos jogadores do FC Porto não são admissíveis em profissionais de elite e principescamente pagos. Não acredito em milagres, mas que as coisas poderiam compor-se a direito por linhas tortas, também é um dos mistérios que caem bem no futebol. Mesmo no modernismo actual que dispensaria actores secundários e peças teatrais de amadores que deixam qualquer cenário desabar, cruzando os braços.

adenda: olha, até o Carvalhal pode ser hipótese, depois de 0-0 em casa com Galatasaray e menos de um mês após 2-2 em casa com Fenerbahce e o Besiktas muito longe da liderança. A seguir...

19 novembro 2011

Valha-nos o andebol, o hóquei e o básquete

Esta equipa de futebol do FC Porto tanto ficou na História pela época maravilhosa de 2010-2011 como caiu no ridículo em escassos meses. Conseguir não fazer um remate na 1ª parte é obra! E escolher o pior em campo torna-se missão inacabada...

Depois de termos visto, à tarde, uma manifestação de querer inabalável do andebol que só a 5 minutos do final ultrapassou o Benfica (21-20) com quem esteve a perder até por três golos, acabando a vencer por 23-22 de uma forma apaixonante de jogar e ser à Porto, além do festival dos hoquistas de Tó Neves a subjugarem o campeão europeu e espanhol Liceo (7-4), o futebol deu a barraca que se andava a montar há algum tempo. O básquete soma e segue também (duas vitórias em dois dias contra açorianos) e são todos estes campeões da época passada que fazem jus ao estatuto indiscutível que ostentam e defendem com brio.

Não é possível estes tipos que se julgam jogadores de futebol fazerem tanto esforço para perderem um jogo. Ver-se de Hulk a passividade a receber a bola deixando-se antecipar permanentemente. Belluschi sem meter um passe. Walter sem ganhar uma bola. Maicon sem fazer um cruzamento decente. Álvaro a refrear a ida à linha preferindo cruzar a 30 metros da área. Moutinho, o homem em forma que dizem ter visto na selecção, apagado de novo. Rolando sem rei nem roque. James perdeu o ouro e ficou menino outra vez. Coitado do Bracalli, o único absolvido nesta catástrofe.

Podem pedir a cabeça de Vítor Pereira, claramente assustado com o que se lhe depara em campo, mas não é admissível a quantidade de asneiras de saída de bola que redundaram no 1-0 (bola perdida à entrada da área) e no 3-0 (lance perdido por Fernando na linha do meio-campo a permitir a superioridade numérica na transição da Académica), além da pasmaceira de Maicon (como no golo sofrido ante o Benfica para a Taça no Dragão) no 2-0. E até parece que o sector recuado é culpado ou esteve sempre apertado. Não! Do meio-campo para a frente começou o descalabro, não atacando e não defendendo. Pagam todos, justamente, mas Hulk merece agora o adjectivo de miserável que lhe poupei pela "cena" feita no jogo com o P. Ferreira. Com tudo tão mal à frente, o sector defensivo tinha como adversários os locais e como passivos os colegas da frente. Tenham vergonha! Vergonha! Vergonha!

Num país com um milhão de (escondidos) desempregados, com cortes salariais a tocarem a todos, estes jogadores deviam perder dois meses de salários no mínimo, como medida apenas cautelar até se decidir em Janeiro o que fazer com jogadores claramente contrariados que destroem uma equipa. A passividade da SAD é pavorosa porque não há no balneário um murro, já nem digo na mesa, mas em alguém por forma a fazer mossa que um inaudito 3-0 em Coimbra não chegará para fazer corar minimamente jogadores de trazer por casa que só a si mesmos podem culpar de regredirem futebolisticamente ao ponto de indigência já insuportável.

Os futebolistas, os mesmos, quase todos, celebrados por milhões em Portugal e ainda há poucos dias com repercussão dessa gesta escarrapachada na Imprensa internacional, deviam ter vergonha de jogarem para perder. Já há muitos, muitos anos que não assistia a uma coisa destas. No dia 30 voltarei ao assunto.

18 novembro 2011

RTPI nada

Há dias fui surpreendido, eu que nem ligo muito a andebol, com a notícia na RTP de um jogo entre Benfica e Sporting na modalidade. Ontem, por curiosidade, fiquei à espera de ver imagens do ABC-Porto que até catapultou os campeões nacionais para a liderança, apesar das derrotas inciais contra os rivais lisboetas. Mas não vi nada à hora de almoço que uma certa gente costuma preencher com Desporto de toda a maneira e feito. Estranhei, porque na noite de 4ª feira, horas depois do jogo acabar em Braga, vi imagens no último telejornal do dia, por acaso sem som (nem soube do resultado mas percebi que o Porto dominara os acontecimentos e porventura ganhara). Por sinal, também o Benfica jogara, com a revelação Águas Santas que comandou a tabela bastantes jornadas e os encarnados subiram à 2ª posição. Tudo isto, para quem não acompanha a modalidade, deixando Porto e Benfica separados por um ponto a dias, amanhã sábado, de se reencontrarem no Dragãozinho. É obra, mas não vi nada, nadinha na RTP que por cada derbi lisbonense esfalfa-se para mostrar serviço.

Ora, para quem se lembra, isto era a RTP de antigamente, a informação de sempre com ventos favoráveis à divulgação dos clubes da capital e que, por décadas, mereceram ampla cobertura por forma a que todo o cidadão soubesse das suas façanhas.

Isto faz-me pensar no que é a capacidade de servir o público, a um milhão de euros diários de despesa que todos pagamos forçadamente pela taxa do audiovisual a quase 2,5 euros mensais na conta da electricidade nem que não tenhamos televisão, quando ele está a ser discutido em fórum próprio para ser pensado pelo novo Governo na forma de o reestruturar, definindo-o e racionalizando-o, para poupar metade das despesas e dos sarilhos até, para um arejado, renovado e correcto serviço público de televisão. A RTP é, por isso, a mesma merda de sempre, por muitas aplicações andróides e outras anormalidades que queira inventar para se pôr a par com o tempo.
Entretanto, fugindo a ideias feitas e sem ser minimizada pela deserção de três dos 10 membros da equipa constituída há dois meses e picos, algo foi feito para fazer pensar no assunto.

Ao contrário do que dizem, acho o relatório do Grupo de Trabalho constituído para aclarar a noção de serviço público de televisão muito meritório. E certeiro. Li-o e poderia subscrevê-lo. Está correcto, aborda a realidade, porém foi torpedeado. Por causa de 'soundbites' e com os inevitáveis clichés, a começar pelo serôdio Sindicato dos Jornalistas que nem em bicos de pés chega a um nível aceitável e a acabar na opinião publicada de avençados e encartados vários. 

Já não bastava a manipulação grosseira da Informação na RTP e a invasão dos estúdios, consentida e não à moda impune de Luís Filipe Vieira, pelo aparelho sócretino. Sócrates, como se sabe, montou o polvo cujos tentáculos chegaram a afastar Manuela Moura Guedes e era a TVI independente. Mas o corporativismo bacoco, deste Portugal da Idade Média no tempo das redes sociais e 'mídia' revolucionados, não se revê no intervencionismo do Poder instalado a cada momento. Há dias comentei aqui a posição de estupefacção do novo director de Informação da RTP que ninguém sabe como chegou a tanto. Pois Nuno Santos sacudia a ideia, generalizada e alvo de crítica ao Provedor do Telespectador, salvo erro, de que se dava demasiado futebol. Já quanto a certas reacções da esquerda (igualmente) de sempre, barricadas de imediato contra certos chavões que julgam remexer em túmulos, um espectro de "a bem da Nação" foi o rastilho para uma indignação parola mas muito presente nos aerópagos de hoje que ainda marcam de vermelho encardido a Comunicação Social.

ACT.- E, afinal, parece que há um Polvo 2, dada a tentativa de estrangular a Cofina, já que a Controlinveste estava controlada facilmente, como estão todos os que precisam de avales do Estado para sobreviver. Percebe-se, então, não só a vontade de o patrão Paulo Fernandes em vender e desistir do grupo de 'mídia', como a forma de o CM se encaniçar contra Sócrates. Entretanto, manso como um corno, o Rascord ficou no seu cantinho lisbonense onde antevê, no futuro próximo, o regresso ao passado do tempo do recôndito buraco onde existiu no Bairro Alto.
Quem conhece minimamente o que são serviços públicos de televisão em Espanha, França, Inglaterra (cuja BBC é sempre apontada como modelo), não falo da Alemanha porque não percebo o que dizem, não estranhará as conclusões do GT liderado por João Duque. E são só 32 páginas que se lêem bem, sem esforço de compreensão pois a linguagem é simples, não técnica, e incorpora o conhecimento que, pela via do escrutínio dos 'mídia' em geral e das páginas de tv nos jornais em particular, numa especialização recente mas bem difundida pelos maiores títulos da Imprensa escrita, se tem do fenómeno.

Enquanto vamos vendo (eu fico-me pelas caras e fujo logo!) na RTP programas onde assentam, a 600 euros a cabeça, gente capacitada como o ex-ministro Mendonça que queria trazer espanhóis de Madrid à Caparica em TGV e o sindicalista eterno Carvalho da Silva, percebendo-se o equilíbrio ideológico da coisa e com o desplante de elegerem esta gente sem se rirem da isenção demonstrada em tal conclave, a Informação da RTP, designadamente desportiva (o hóquei que fazia vibrar o povo ficou soterrado com o desinteresse pelo Decacampeonato portista), é a chaga social que o País ainda tem de enfrentar por muito tempo. É que já não acredito que se concretize o esplendor de Relvas de privatizar a RTP e aliviar um pesado fardo dos contribuintes. E é pena. Para mal da Nação. E nada, quanto a RTPI que, sim, deve cingir-se ao básico na informação mas que chegue de todo o País, para todo o País sem excepções.

O ruído parvo que se sente sobre o relatório do GT, infelizmente, nem toca no inconcebível de, com a mudança para a TDT, obrigar-se toda a gente a... pagar para ter a "nova televisão". Os quatro canais são grátis, mas para vê-los é preciso pagar o descodificador. Sobre isto ninguém, ligado nas cidades ao cabo (parece que há 1,5 milhões de assinantes da Zon e 1 milhão no Meo, mais uns quantos espalhados) e dispensados de sintonizador para TDT, se indigna nem pede equidade. A tia Maria em Monchique e o ti Manel na Guarda que se amanhem, mesmo com subsídio de 22 euros para ajudar na compra, forçada, do equipamento.

Entretanto, a RTP (pública) e a Lusa, agência parcialmente pública mas asfixiada pelo gabinete de propaganda de Sócrates, fazem greve na 5ª feira. Com o público. Mas não servem.

17 novembro 2011

Podiam mostrar isto ao orgásmico Bento

Agora que este aviso foi colocado numa universidade americana por causa de certos devaneios nos balneários/chuveiros, presume-se que masculinos, podiam mostrar algo parecido ao seleccionador scolariano que também quer fazer pouco dos pretos, se Bosingwa não levar a mal.
Depois de, mais uma vez, ser desautorizado pelos factos, revelando-se de má-fé além de mentiroso e crápula, Paulo Bento continua a espalhar a sem-vergonha por aí. Um nojo, como sempre foi.

Volto a imaginar Carlos Queiroz, após a qualificação com duas vitórias sobre a Bósnia, a portar-se mal e porcamente como o seu sucessor. Queiroz, evoquei então, tinha motivos para reagiar a la Maradona: "que la chupen e sigan mamando". Bento, que acidulou mal se qualificou e disparou para todo o lado, não pára de se masturbar, em público o que é mais grave. Cairia, sobre CQ, como caiu depois, o Carmo e até a Trindade do Rita, Manha e Boronha ressuscitaria. Mas como é o Bentinho, tá tudo bem e pode continuar a dizer as maiores enormidades, mesmo que a verdade o desminta categoricamente e a isso ele não poder contrapor.

Ou, como ele mesmo dizia, "os adeptos não se deixam enganar".

O preto e os animais, o cancro e os números

Eu não sei se os periodistas pensam mesmo que os leitores, ainda que ocasionais e tendencialmente rarefeitos (e contrafeitos) a pegar em pasquins, são burros. Ou se isso é tendência para se colocarem a par a esse nível. Inclusive jornalistas que passam a assessores de Imprensa e destrambelham nos clubes tanto quanto nas Redacções em geral.

Isto a propósito de três episódios que retratam a indigência a que se chegou.
1) Li ontem no café dois pasquins ditos desportivos e em ambos uns quantos pegam-se por números. Ridiculamente, em O Jogo, um tal Cortez ou Cortes diz mais ou menos que os defensores de Queiroz têm de meter a viola no saco, porque os números de Bento falam por si. Defensores não vi algum e só constsatei que Queiroz prefere os ayatollahs no Irão aos talibãs de Lisboa. Isto depois de duas vitórias sobre a Bósnia há dois anos e de agora ter sido um empate e uma vitória. Já para não falar de os números de CQ serem melhores do que os de PB, aqui registei na apreciação aos factose sem outro pretensiosismo. Em A Bola, Fernando Guerra bate na tecla, mas é só mais um wishful thinking com o handicap de os números dizerem o contrário do que escreve, embora o faça da forma mais estapafúrdia possível, comparando dois jogos iniciais da qualificação, em que CQ nem esteve no banco, com toda a qualificação feita por PB. E se quiser comparar as duas vitórias sobre a Bósnia de 2009 com os resultados de 2011 com a mesma Bósnia (a mesma não, que esta teve medo de Portugal, enquanto a de Blazevic pensou qualificar-se e foi subjugada de forma assustadora no tal ervado de Zenica com o qual a FPF de hoje fez um campo de Aljubarrota para incentivar os tugas descrentes) esteja à vontade. O Jogo, todo Cortez e louvaminheiro de Paulo Bento, empunha a bandeira da bacoquice, além da deturpação da verdade decorrente da adulação idiota.
Precisamente na hora de "sufragar" Bento com toda a presunção, a forma de eternizá-lo, "reclamando" a renovação do contrato, e carregar o andor da Selecção, é apelar a todos os deuses para que o sorteio de Kiev seja benemérito, tanto quanto O Jogo o é. Ora, para comparar, mal, CQ a PB na Selecção, nada como pedir o grupo mais acessível no Euro-2012, repelindo a expectativa de um grupo da morte (Holanda, Alemanha, Portugal e França; ou Espanha, Itália, Portugal e França, a reedição de uma taça latrina qualquer) como teve na África do Sul com Brasil e Costa do Marfim. Eu acho que, com a efervescência serôdia com que a FPF pedia um relvado novo em Zenica, devia exigir-se um grupo em 2012 com checos, irlandeses e dinamarqueses, pois estamos tão sedentos de vingança dos vikings como alguns pategos estão em relação a CQ.
2) Eusébio confirmou de certa forma ser muito plausível que o Garcia espanhol tenha chamado preto a Alain. O preto para quem o tremoço era o melhor marisco diz que não se importa que lhe chamem preto, porque ele o é e indignar-se-ia se o chamassem de branco!... Qual filosofia de cagadeira? Já nem sei se se importa que lhe chamem estúpido, como ele chamou a Alain, supondo que ele, Eusébio - a quem chamam King sabe-se lá porquê e ele não se importa nem interessa a razão de ter um epíteto em inglês como se o Pelé não se importasse que o chamassem Kaiser em vez de Rei - não se melindrará que o tratem abaixo de cão. Isto é muito ao jeito de se evitar atribuir ao Benfica as culpas do apagão de Abril na festa do título do FC Porto, enquanto se acumulam de dúvidas o apagão de Braga de há dias. Sobre o racismo no futebol nada como seguir o que se passa e diz lá fora onde não se põe paninhos quentes numa matéria efervescente que por cá tem a tolerância do costume quando se trata de defender o regime e suas figuras acolitadas pela Imprensa beligerante do costume (ACT.)
E isto de pretos vem a propósito de, mais uma vez, ser verosímil que o espanhol Garcia tenha chamado preto a Alain. O marfinense Marc Zoro (*), que chegou a Portugal definindo-se como (foi capa de A Bola) "um animal em campo", ainda há tempos disse que no Benfica "trataram-me como um cão". Ora, tudo parece bater certo, até porque na Luz, li em A Bola, já meteram os bósnios numa "gaiola" onde encerrarão os lagartos no derby. Vir agora Zoro dizer que no Benfica o espanhol Garcia nunca lhe chamou preto é o mesmo que Eusébio dizer que entre pretos não há que duvidar, são todos da mesma família com um atestado, como se percebe, de "maiores e vacinados", digo eu...

(*) depois de Zoro, p.s., salvo seja, o Zorrinho que não corre o risco de um correlegionário lhe roubar gravadores mas podia ter mais tento na língua.... Porque é que não se vão todos queixar ao portista F. José Viegas?

3) “O jogador não foi interceptado a 165 km/h, não conduzia sem cinto de segurança e muito menos obrigado a pagar uma coima de 700 euros. Efectivamente, Capel conduzia em excesso de velocidade, na A2, junto a Paderne [Algarve], à velocidade de 156 km/h. Pagou uma coima de 120 euros. Tudo o mais que foi e é noticiado sobre este tema é especulação e visa a desestabilização". Isto reza um comunicado do Sporting agora com um ex-jornalista da RR, Pedro Sousa, nas lides da comunicação leonina. Ok, não foi a 165, foi a 156; e não foram 700 mas 120, mudam os números mas a notícia do CM, supostamente ridicularizada, foi para todos os efeitos confirmada. Se fosse na Guarda em vez de no Algarve teríamos bronca da grossa, seguramente.
Faz-me lembrar Pinto da Costa negar veementemente, ouvi então nas rádios, após um jogo nas Antas, que Robson não tinha cancro nenhum no estômago, desancando verbalmente os jornalistas pelo rumor posto a circular mas era notícia em Inglaterra, isto há 15 ou 16 anos quando os jornalistas traduziam tão mal as notícias como o fazem ainda hoje. De facto, era um cancro, mas no nariz e não no estômago...

adenda: em relação ao post anterior, para alívio dos portistas, não é que A Bola concluiu a reportagem com Paulo Bento com a pergunta sobre os "rumores dos bastidores" de um assédio do FC Porto? A estupidez não tem limites, tal como o universo, já dizia Einstein. "Vítor Pereira é competente e isso não tem fundamento", terá sido a resposta do seleccionador que os aziagos ao FC Porto presumem um dia ver no Dragão.

16 novembro 2011

Bosingwa, 2 - Paulo Bento, 0 (emocional e mentalmente)


O lateral não se baldou na Suíça, na véspera do jogo com a Argentina, como denunciou o seleccionador. E, ao contrário do que certos aspirantes a jornalistas desejavam, de que se calassem para sempre, tudo indica de que há muito que contar e histórias de pasmar.
Ou os médicos da FPF voltaram a meter o pé na argola - como fizeram, então com sentido contrário, com a luxação de Nani num ombro dando-lhe esperanças de jogar o Mundial... -, pois decretaram em relatório que Bosingwa estava inapto por lesão, ou Paulo Bento é, como Carlos Queiroz, um seleccionador que não sabe o que há-de pensar do departamento clínico da Selecção, o que o antecessor pretendia limpar de vez da FPF.
Ou Paulo Bento também já não tem memória, nem moral, para falar de simular lesões, como se o seu passado de jogador - ou tirou Medicina? - lhe garantisse até que ponto dói ou não dói, se Pepe e Coentrão fizeram gazeta aos jogos com Islândia e Dinamarca para estarem aptos a regressarem à competição mal os jogos da Liga espanhola bateram à porta do Real Madrid.
Realmente.
Não sei que professores educaram o Bosingwa, mas os de Paulo Bento foram efectivamente maus. Reles. E broncos. E quanto a beber água, é como a presunção e Bento tem muita e fiéis devotos...
Como a porcaria da FPF vai ser varrida de vez, mesmo que involuntariamente, talvez se perca o tempo e a maneira de mandar o seleccionador pastar rebanhos dóceis para outro lado. Os carneiros periodistas dar-lhe-iam espaço no curral, já que tanto lhe fazem a corte.
Já agora, estou a ferver por saber o que Carlos Godinho tem para desabafar, nem que não seja tudo (oooooooh...). E que, depois de o fazer, fecha a sua loja, concerteza (como ele gosta de achar que se escreve tudo junto). Parece-me mais um funcionário público, que não é, a choramingar para se manter no posto de trabalho. E tem claque...

ACT (12.12h) - acrescento isto, do MK no 442:
"onde o anterior seleccionador teve um vice-presidente a dizer-lhe nas vésperas de um jogo decisivo que não contava com ele, talvez mesmo antes do jogo com a Bósnia, teve Paulo Bento um abraço público a isentar de responsabilidades, caso algo corresse menos bem. A onda é tão favorável que os suspeitos do costume voltaram a escrever peças jornalísticas tão execráveis que deviam valer a perda de carteiras profissionais a quem as assina e a quem permite que sejam publicadas. FPF e os media habituais estão novamente em paz. Paulo Bento forever"

Portistas respiram de alívio!...

Com a qualificação para o Euro-2012 garantida após um jogo impetuoso, de raiva e brindado com golos do mais fino quilate artístico e recorte técnico a fazer jus à manifestamente superior categoria de Portugal sobre uma Bósnia que, ao contrário do apregoado (para fazer render o peixe e vendê-lo com mais-valias para o seleccionador) não vale o dobro da equipa de há dois anos, antes metade, os portistas podem respirar de alívio.

É que, apesar do ridículo que tais notícias comportam, a perspectiva de algumas luminárias apontarem Paulo Bento à cadeira de sonho do FC Porto, não se concretizará. Ainda me lembro de, a 1 de Abril de 2010, muita gente dispensar a data simbólica das mentiras para anunciar que PB iria para o FC Porto. Convictamente. Acabou por ser AVB, para os mesmos se desdizerem e depois apregoarem que sabiam que era o André. Agora a loja está com Vítor Pereira.

A gente ri-se da estupidez reinante e dos bimbos de certa Imprensa, mas nada como exorcizar fantasmas e sublinhar que não, desta vez também não. E acredito que nunca. Como não foi, em tempos, Scolari, apesar de apregoado pelos louvaminheiros agora devotos do santo Bento. Como nunca poderia ter sido. Porque largos dias têm  100 anos.

adenda - só esta manhã percebi o que foi a comemoração do seleccionador, para quem nem só os bósnios irão ver o Euro na tv. Lembrar como se criticava Queiroz pelo "relacionamento" com os jogadores (o bate-boca com Pepe foi já depois e este devia ter vergonha das picardias que iniciou depois de "ressuscitado" indevidamente para o Mundial) é ver como a crítica tem medo de ser e de estar, de joelhos perante o poder instalado enquanto dure (como foi no Sporting com PB) é bom o efe-erre-á e umas pernoitas garantidas, como diz o meu amigo da Gandra-Herzegovina.