Vítor Pereira não está sozinho

É o homem criticado por mexer muito na equipa, com lesões, castigos, pré-época diferenciada para vários jogadores. Nos últimos jogos manteve o meio-campo mas parece que agora é estático. Porque não metia o Guarín? Pior, porque tirou o Guarín com o Benfica? Creio estar à vista, mas também a culpa é do treinador porque meteu o Guarín que joga pouco enquanto o alarido estala à sua volta mas não para socorrer um colega em dificuldades! Porque joga o Varela quando o James é melhor? Parece que também as alternativas não rendem. Só conhece o 4x3x3? Mas meteu o James a jogar a "10" no meio, quando inverteu o triângulo do meio-campo, só que também Belluschi não faz dois jogos seguidos bem. Alguém tem feito? E está ou parece tudo mal quando o melhor jogador e o rei dos marcadores da época passada falha um penálti e a recarga, seguramente por o treinador não o treinar, como não treinará os cruzamentos e, ah, os lances de bola parada que até já renderam golos.

Li em O Jogo que o treinador quis abrir os corredores (admite-se que a ideia é dizer que fez bem) mas depois juntou-se muita gente no meio (?!). E, contudo, parece faltar lá alguém... Infelizmente, Vítor Pereira é um treinador fraco mas não é de antigamente, quando havia extremos e interiores para escancarar as equipas pelos flancos. Isto depois de se criticar que, com Varela, e Hulk, o FC Porto não abria o jogo, como em Chipre.

Não, isto não é o manicómio, é o comentadeirismo a propósito e desbragado que deixa acossado um treinador perante tanto batalhão de entendidos e no seu isolamento acrisolado onde não há um botão online que o ponha a saber das repetições na tv em tempo real antes de um microfone lhe aparecer à frente e ele rezar apenas que Deus, na retaguarda, o resguarde, fiel a uma promessa do início da procissão transformada em ida ao Gólgota.

Entretanto, são poucos, mas no FC Porto sempre foi assim. Como são poucos, poucas são as notícias disso. Acabámos de saber durante a manhã na SICN que alguns adeptos foram à uma da madrugada ao aeroporto apoiar os jogadores e o treinador.

Fico muito satisfeito. À parte este e outro blog (Zé do Boné) que consultei na bluegosfera, parece que o jogo do FC Porto em Olhão não devia ter tido outro resultado em função do esforço dos jogadores que nunca pode faltar (ainda que falte lucidez e algum cimento que agregue tudo ou mesmo um pozinho de sorte que faz o melhor betão para o sucesso) e não faltou e em função dos erros do árbitro que penalizaram muito o FC Porto. Este blog, como afirmei, não serve de pelourinho nem é contorcionista nas opiniões, apesar das críticas já feitas a tudo o que enfermou (mal) a nova época e que quem hoje tanto contesta ao tempo não se manifestou. E continuo firmemente a defender o treinador do FC Porto, como nunca defendi a saída de um treinador a meio da época - algo que, de resto, se tradição tem no FC Porto não é relevante a não ser o de não ter resultado em circunstância alguma.

Pode ser que Vítor Pereira pareça sozinho com o silêncio da SAD, que o deixa offline no apoio televisivo, lembrando o pregar no deserto de Jesualdo que de derrota em derrota lá levou três campeonatos mas, fatalmente, sem rede, sem estrutura como era suposto defendê-lo após inesperada renovação por dois anos, lá acabou por cair, para gáudio da turba babada das suas razões velhas de quatro anos a labutar contra um sistema de jogo como agora insistem em ferir de morte o que de há muito está instalado também.


Mas foram seis, talvez sete ao aeroporto e gritaram que "somos campeões", deram força ao grupo profissional.


Que diferença é ser do Porto e não só de apoiar o Porto! Tenho pena, porém, que jogadores e treinador não se mostrassem, pelo que pôde ver-se, mais próximos de quem foi lá dar uma força. Surpreendidos pelo gesto, seguramente inesperado mas não inédito, jogadores e técnico olharam para aquilo como olharam para a desagradável recepção de dias antes e da qual se terão lembrado mais ao ponto de nem saberem como corresponder a este gesto magnânimo que só os fiéis adeptos sabem dar.


A diferença que pode esbater-se no ruído mediático quando dois ou três adeptos acenaram com lenços brancos no final da partida de Olhão, o destaque dado por jornais do Porto que também lembraram os insultos à chegada da equipa na 4ª feira de manhã.


Até pode tudo correr mesmo mal, com tantos a quererem que assim seja, e até se pode abjurar, mesmo aqueles que nunca pediram desculpa pelas maldades com Jesualdo. Mas, como o sábio dizia, mantendo-se a liderança na Liga, contudo ela move-se.


Voltei a ver esperança, réstea que seja. Até para saber que eu mesmo, e mais um par de valentes que aqui comentaram, não estou sozinho. E se tolinho for, já há mais alguém que anda no sentido contrário ao da maralha. É um começo, com um terço do campeonato feito. Em frente.