Um mito de algumas redacções lisbonenses que, estupidamente, para não regatearem cobertura do clube do regime, as nortenhas, já raras, tentam respeitar, servilmente, porque como antigamente o respeitinho é muito bonito: o Benfica vende jornais.
Não vende. Melhor, não vende o que se apregoa, vende a parte respeitante à sua proporcionalidade - e quando perde sobressai mais a horda dos que gostam do Glorigozo! - e que é bem inferior ao que se divulga.
Podem é os jornais, de calças na mão mais em cima ou mais em baixo, venderem-se ao Benfica. A Cofina entregou-se às cercanias do Colombo e dos abarracados à volta, da Media Markt ao volume de contraplacado cuja cobertura às vezes voa em dia de dérbi...
Podem os pasquins vender estórias da treta e multiplicar os reforços sonantes enquanto um (como se Hernandez fosse famoso e o Palermo a Juventus só porque amiúde também joga de cor de rosa) troca o colosso do Colombo pelo Hull City e outro prefere ficar no Mainz (não é maionese, vá lá!) a coroar-se no Alto dos Moinhos, g.r. de quem já esqueci o nome.
Só há um jornal, porque vende goste-se ou não, que de há anos publica os números da APCT, a entidade que controla tiragens e vendas da Imprensa, supervisão à qual A Bola sempre se esquivou não importa aqui porquê. O Correio da Manhã que tem mais de metade do mercado de leitores de jornais. O único que cresce, porque faz jornalismo ainda que em muitos aspectos questionável e mesmo censurável, além da parvalheira congénita e facciosismo militante. Ontem, 6ª feira, publicou o quadro com os números mais recentes, de Janeiro a Junho.
Repare-se, no tocante aos desportivos (O Jogo, sem nunca se assumir, mal saiu do patamar 16-20 mil de sempre), que o Record aparece com 42156 vendas diárias em banca. As subscrições são episódios residuais em todos os jornais, daí nunca serem relevadas e, amiúde, esquecidas. Aqui, porém, contabilizam todas as vendas, mas as diferenças não são significativas. O panorama geral da Imprensa é este: todos juntos venderam 190 mil jornais a menos face a 2013.
É curioso que os 42156 ora registados para o Record são exactamente os 42156 antes registados em média de Janeiro a Abril (CM, de 7/7/2014). A notícia, que não sei se o pasquim agora com outra Manha e um par de bandarilheiros à volta para afastar as chocas no final da faena, é que o Record susteve as quedas. Não é mau.
Mas há mais coisas para além dos números e isto não é demagogia política dos carroceiros do costume. É que se em Abril já era notória a "cheia" lua do Benfica, em Junho já tinham sido consumados todos os títulos domésticos (faltava a Supertaça) e uma final europeia, a segunda consecutiva após repescagem de um falhanço clamoroso vulgarmente atirado para debaixo do tapete, em que nem perdeu e lamentou o g.r. contrário permitir-se mexer-se na hora dos penáltis, o desgraçado.
Pois é, não só os títulos do Benfica não vendem, como se vê, como os títulos ganhos e o sol no seu zénite do Benfica ainda venderam menos do que os títulos falhados do Benfica na época anterior.
É que no período homólogo Janeiro-Junho de 2013, o Record vendeu em banca 45825 jornais (CM, 31/8/2013). Já de si era uma queda de 13,8%, face aos 52225 jornais do período homólogo (Jan-Jun 2012)
Notável, não é?
E, entretanto, preparava-se para o Verão de 2013 a mudança de director, decerto um cargo amaldiçoado pelo Marcelino ele agora ejectado do Diário de Notícias porque até os fretes têm limite e o sócretinismo não ressuscita apesar das narrativas postas a correr e os delírios habituais. Saíra um esfusiante Alexandre Pais, o mais cretino e cabotino director falhado em muitos projectos, até em revistas de gajas (uma que existiu nos anos 90 em que elas mal tiveram tempo de despir-se) que em 10 anos no cargo conseguiu a proeza de ver as vendas caírem de 92 mil para 46 mil - o visionário que anunciara que as vendas de 100 mil, antes dele registadas, não mais se iriam repetir. Há profetas na praça que são um portento. E administrações criteriosas que mantêm bestuntos destes uma década a afundar, o que diz bem dos gestores compreenderem o fenómeno dos jornais e daí o escabroso panorama geral com os novos donos do JN/DN pensando que vão fazer mais com menos, cortando pessoal e pensando em jornais vendedores. Idiotas.
Ou seja, a lamúria dos títulos perdidos, o Campeonato Kelvin, os 90+2 replicados em Amesterdão na cabeçada magistral de Ivanovic, tudo aquilo conseguiu vender mais jornais do que a choradeira de o Beto se mexer na nova final de Turim, algo nunca visto em g.r. borrados de medo ante os temíveis marcadores de penáltis do temível clube a cuja passagem os jornais abrem as suas páginas venerandas como vestais na escadaria do Senado de Roma.
É, o Benfica falhado de 2013 vendeu 45 825 jornais.
O Benfica triunfante de 2014 vendeu 42 156 jornais.
Já agora, se não fizerem como o outro PM que mandava fazer as contas, são 8% menos. Os títulos do Benfica venderam -8% do que os seus falhanços.
Deve haver mais leitores, pelo menos, mais felizes com as derrotas do Benfica do que os que as gozaram mesmo. O que comprova, enfim, que o Benfica não tem os 6 milhões que se apregoam - outra estupidez nacional, mas muito natural. Mas sobre a representatividade do Benfica na sociedade - que não é a dos "famosos" e das cores clubísticas na corte de deputados - já as audiências dos jogos televisionados tinham demonstrado o mesmo.
A verdade é que o boom dos diários desportivos, em termos de vendas, foi nos anos do Penta portista, com todos os jornais a saírem diariamente a partir de meados de 1995. E ter sido o Boavista campeão (2001) entre dois títulos do Sporting (2000 e 2002) não alterou de forma significativa as vendas, à época ainda na ordem dos 100 mil diárias no Record. O declínio começou por aí e não mais parou, à média de -10% anuais até o chico-esperto do Pais ter perdido metade das vendas em 10 anos.
A verdade é que o boom dos diários desportivos, em termos de vendas, foi nos anos do Penta portista, com todos os jornais a saírem diariamente a partir de meados de 1995. E ter sido o Boavista campeão (2001) entre dois títulos do Sporting (2000 e 2002) não alterou de forma significativa as vendas, à época ainda na ordem dos 100 mil diárias no Record. O declínio começou por aí e não mais parou, à média de -10% anuais até o chico-esperto do Pais ter perdido metade das vendas em 10 anos.
Os grunhos da Silva que se alimentem da palha habitual e os pés-de-microfone sujeitem aos ditames do politicamente correcto. A vida é como é, os jornais é que a pintam como gostariam que fosse. As tv's, então, dão cor à parvalheira no seu conjunto. Bom proveito e boa sorte.
É claro que isto, como tudo o que se publica, não deve dizer nada aos parolos que acreditam nas histórias da carochinha.
Por exemplo, ainda e sobre histórias da carochinha.
Junho compreende também o mês do Mundial e do Portugal de pernetas que o saloio Bento levou ao Brasil rodeado da corte de idiotas com canetas e microfones. A euforia, que depois do social e quando tocou ao futebol, deu lugar à depressão, não ajudou a vender os pasquins que nunca antecipam os fracassos porque vão na onda dos descobridores até desaguarem no deserto da sua incompetência. Nem o Melhor do Mundo, nem as rapariguinhas histéricas, nem a poupança a visitas de índole social que quase todas as selecções fizeram menos a do "país irmão", nada salvou Portugal. Com a estupidez reinante, nada salva a selecção, nem os pasquins.
Vale a pena pensar nisso, aproveitem o fim de Agosto antes de entrarem na realidade.