O FC Porto ganhou em Lille e este 1-0 não teve nada a ver com o último triunfo europeu fora de casa, em Viena. Esta equipa, ainda em construção e com jogadores como Quaresma, Adrián e Tello no banco para acomodar os que têm a preparação mais atrasada mesmo que outros, como Casimiro, entrem e justifiquem a titularidade apesar de ainda não dar para uma consistência de 90 minutos, vai mesmo fazer uma boa época e até dar espectáculo, estou convicto plenamente.
Acontece que, nesta fase de crescimento acelerado auto-imposto, tem de ser assim e para já está bem. Embora não tenha percebido a intenção do técnico JL em colocar o Oliver à direita, onde não rende como no meio nem é tão perigoso como atrás do ponta-de-lança sendo que o seu futebol curto mas de passada larga e passe fácil fosse necessário com os combativos gauleses, não está ainda na hora de discutir opções: seria estultícia. Mas a entrada de Quaresma no final, por Oliver, embora sem reflexo no jogo, indicou que podia e devia ter sido assim.
Não sou de prognósticos só no fim e, de resto, já me pronunciei sobre a nova vida do futebol portista, quer com a contratação de JL quer com a prevista aposta em jogadores espanhóis ou de Espanha, como Brahimi que ele conhecia de lá (Granada). E tanto assim é que, logo antes do golo de Herrera, com a entrada de Tello eu desejava que entrasse alguém(Quaresma ou até Adrián) para tirar Herrera e meter alguém forte no flanco esquerdo. Pois Herrera marcou e não vou dizer que não achava que ele devia ter saído. Correu bem, para Herrera, para o treinador que teve logo a aposta ganha em Tello, para este que vai mostrando ser decisivo em minutos de rodagem para o seu entrosamento que venha a render o máximo. Tudo está bem quando acaba em bem e o FC Porto foi mais forte colectiva e individualmente do que o Lille, equipa de trabalho, física atrás e veloz na frente, num perfil italianizado que o futebol gaulês adquiriu há mais de 20 anos. E se acaba bem é porque a equipa, o jogo e a vitória convenceram - tudo ao contrário de há um ano em Viena que me fez, aliás, logo de seguida, antes de Setembro terminar, que não iríamos longe nem com a equipa, nem com o futebol nem com o treinador. Helàs, vamos rever o Preocupações Fonseca já no sábado em P. Ferreira...
Os lapsos parvos da defesa, onde faltava a chamada de atenção do treinador malfadado de há um ano, foram trocados por entradas valentes, posicionamento correcto e alívio quando tem de ser. Uma equipa forte atrás torna-se mais forte na frente.
Parece-me é que Oliver tem de jogar no meio nem que seja Herrera o sacrificado, até por continuar a gerir mal a bola (passe) como dantes, para ganharmos acutilância na ponta que hoje pareceu manca.
São ironias do futebol mas a sua verdade do campo é normalmente incontestável. O FC Porto tem mais futebol, o Lille sabia disso mas também está formatado para tal e queria o 0-0, simplesmente não sofrer golos. Não é que o FC Porto tenha criado muitas ocasiões, mas foi senhor do jogo e impôs a sua maneira e estilo, apesar de algum desnorte nos 5' finais em que geriu pior a bola e saídas mais concretas e definidas para o ataque, quiçá para ampliar a vantagem com o Lille já definitivamente apostado em atacar com os jovens e excelentes Ryan Mendes e Marcos Lopes.
É, vai ser um cabo dos trabalhos este FC Porto. Mas para os adversários. E isto ainda mal começou, há tanto por afinar mas já muito em produto acabado a que falta acrescentar valor e brilhar. Não tenho dúvidas disso. A entrada na Champions é uma formalidade agora, já que não antevejo o FC Porto dar hipóteses de contra-ataque ao LOSC no Dragão, apesar do equilíbrio notório que esta fase de apuramento tem revelado. E esta sucessão de jogos com graus de dificuldade e especificidades diferentes - agora impondo a cautela de gestão de um resultado em casa onde atacar não é mais a prioridade - ajudam a equipa a crescer. A sério. E com maturidade e classe que ainda não se vêem.
ResponderEliminar@ Zé Luís
caríssimo,
concordo com a análise feita, reforçando as ideias de que (i) ainda estamos no "intervalo" de uma partida de (pelo menos) 180' e de que (ii) apesar de ter sido apenas a segunda partida oficial, já nos apresentámos num nível bastante aceitável para um encontro de Champions (e com alguns conceitos tácticos que revelam um bom "trabalho de casa", ao contrário de um passado recente e com o qual se quer cortar radicalmente).
infelizmente ainda há quem não o tenha percebido (o que não é, de todo!, o caso...)
abr@ços
Miguel | Tomo II