Não é uma contratação espanhola a somar às desta época. Mas fiquei surpreso com a notícia de hoje no JN, da substituição de João Marcelino como director do DN, pelo André Macedo, do Dinheiro Vivo, suplemento bom de Economia que trouxe valor quer ao DN quer ao JN sem eu fazer ideia como aquilo nasceu.
Depois da integração de Manuel Tavares na Porto Média, por relevantes serviços seguramente prestados, os arrufos do passado entre Pinto da Costa e Marcelino não interfeririam com a entrada deste no universo portista. Afinal, quem tanto criticava "o amigo Joaquim" e dele dizia o que Maomé não dizia do toucinho, acabar por vir a ser o delfim de Oliveira no universo da Controlinveste é sinal de que qualquer porco anda de bicicleta. E mesmo o "off the Record", por sinal por causa do irmão António, nem impediu Pinto da Costa de andar com beijos e abraços com Marcelino, como este de se aproximar e tornar-se braço direito e dilecto de Joaquim Oliveira.
Sempre me escaparam certas coisas, para lá da honra e da decência humanas, no universo da Comunicação Social em Portugal em que já vi tanto porco andar de bicicleta e mais ainda a irem comer à mão dos abastados comensais do negócio, mais do que os que cuspiram no prato onde comeram. Aliás, o sinal de mediocridade na afundada área da Imprensa em geral fala por si. Dificilmente se topa um bom director e sobram directores apenas de sub-informação, aquela enviesada deliberadamente para servir os interesses dos poderosos e da qual praticamente ninguém escapa.
Sem dúvida que o universo da Comunicação Social irá mudar, pois antevê-se raios e coriscos pelo andar da carruagem. Não sei se para melhor...
Enquanto se vê na RTP 1 mês de reportagens publicitárias gratuitas do Algarve, num frete comunicacional rareado de notícias e menos ainda de acontecimentos dos quais não se sabia, como a gastronomia e a paisagem, as areias ou as águas, o caos de Agosto que regozijava Guterres - "Há 1,5 milhão de portugueses de férias no Algarve", ufano ao inaugurar a A2 para sul - tem o seu pecado estrutural que, como é típico do tuga dos salamaleques a venerandos senhores e seus interesses, apanha a Saúde - e lá abriram os telejornais com greve de enfermeiros e lamúrias sindicais em que nem isso é novidade. Durão Barroso ex-futuro emigrante em Bruxelas bem dizia que não haveria estádios novos [Euro-2004] sem hospitais decentes nas capitais de distrito. Sócrates levou a dele avante [foi o governante que impulsionou a primeira grande PPP generalizada com os diversos estádios e os favores ao Benfica] e ninguém mais falou disso. O caos do Algarve parece ser surpresa só para os distraídos ou repórteres que lá andem de férias.
E remeto para o livro sobre Edward Snowden "Sem Esconderijo" que acabei de ler e cujas peripécias os telejornais da parvalheira já esqueceram porque os americanos também não lhe dão mais importância devido ao incómodo. Na Pátria da Liberdade e no Paraíso da "Free Press", o autor Glenn Greenwald, que entrevistou Snowden e publicou relatórios arrasadores sobre a NSA espiar toda a gente desde o labrego do Midwest à Merkel de Berlim, com total impunidade e cobertura tácita do mago Obama da Administração mais transparente da história e que, como Sócrates, se tornou no presidente que mais jornalistas perseguiu em poucos anos, é ainda mais demolidor no tratamento dos média de Washington e a balofa "patine" de títulos como o Post ou o NY Times mais os seus jornalistas multimilionários. Ler, fora as tramoias da NSA que Snowden revelou com vergonha e medo do que era o alcance de tal intromissão na vida privada de milhões de cidadãos como era possível na URSS ou ainda é na Coreia do Norte, o que se escreve das negociações para publicar histórias "com o conhecimento da Administração" americana e o que se diz dos jornalistas yankees é perceber porque os índios foram varridos do mapa e contidos em reservas.
Algum jornalista português que, lendo aquilo, não core de vergonha por perceber que o mesmo se passa na pátria tuga onde tantos batem no peito é o jornalista do sistema, do regime e da puta que os pariu.
e-s-p-e-c-t-a-c-u-l-a-r!
ResponderEliminarabr@ço
Miguel | Tomo II