Percebi um inusitado número de visitas ao post anterior sobre Belmiro de Azevedo e a forma como via a Imprensa pelo menos do lado que lhe sai do bolso mas sem mexer uma palha face ao descalabro económico. que reconhece, e editorial, que percebe, do Público. Meramente por acaso, volto ao tema agora acicatado por uma leitura atravessada, via terceiros, de algo muito próximo e que aos portistas diz respeito mais directa e interessadamente. Um post actualizado sucessivamente e que saiu ao engano por umas horas mas fica aí a marinar agora. Apesar das tentativas de uns quantos afoitos que travam a fundo quando batem na ignorância e
iliteracia de caso, estes meandros podem ser tão complicados e complexos de entender como os modelos de jogo e a volubilidade dos sistemas que os mesmos afoitos encaram sem temer. Deixo, nesta passagem de testemunho entre patrões de Imprensa, mais uma do Belmiro, o dono do Público a quem deu uma entrevista, portista e que alguns apontam como
"Papabile" para a sucessão de Pinto da Costa (mas ele não
percebe de futebol, logo não se mete onde não sabe, já lhe basta o jornal falido):
- A Sonae foi excluída dos processos [Portucel e PT] por razões de natureza política?
- Você é que está a dizer isso. A Sonae foi excluída por razões que uma investigação da área jornalística há-de averiguar (risos).
- Está a desafiar-nos?
- Estou a entalar-vos.
Percebi há muito, logo no princípio, e deixei-o claro com todas as letras, que o Torto Canal, como o apelidei e mantenho apesar das
críticas resmungos recebidos, ia defraudar os portistas, porque partia de pressuposto errado, afastava-se do
core business do clube e, pior, adensaria a irritação de não agradar nem sequer a quem era suposto destinar-se, os adeptos do FC Porto, perdendo de corrida os não aficcionados, de Guimarães e Braga a Viana, Chaves e Mirandela, que não iriam rever-se na
travestização de um canal dominado por um clube e não explorado no sentido da defesa dos interesses máximos do clube em contraponto a uma opinião e oposição facciosa, doentia e vermelha realidade antiportista do panorama mediático nacional que muitos dizem ser o que é e não há volta a dar, nem pelo canal que julgavam ser a remissão de todos os pecados, Amén!
Não vejo a coisa a não ser nalgum zapping ocasional, nem diário sequer, mas o suficiente, numa visão diagonal mas atenta e abrangente por saber alguma coisa da poda pressentindo a aragem de quem vai na carruagem, para saber que a actual gestão não melhorou por aí além o que já era a marca regional do canal, em planos sociológico, cultural, de divulgação do património arquitectónico e paisagístico, até gastronómico do Norte de Portugal (há até mais inúmeras reportagens de vilas do Sul, em particular do Alentejo!!!), sendo que, na esteira de uma Comunicação institucional do clube invisível para não dizer risível, e um site mudado mas sem evolução na continuidade, antes estática como era, até a roçar a idioticie de não dar informações aos sócios (quem mais se queixa, não sou eu que apenas registo os seus lamentos), algo que cedo também percebi não merecer sequer consulta (que me falha há meses!), iria ser um fracasso. E o fracasso é evidente: não vi ainda alguém falar do canal por factos exteriores ao portismo, o que aponta para a inevitabilidade de o canal só poder ser concebido como exclusivamente do clube e do Desporto, futebol e modalidades. A programação geral actual pouco diverge da anterior à "clubitização" e onde havia rubricas de bom valor regional que agregariam as vontades e interesses das pessoas, dos destinatários. Mas desses programas ninguém fala nem falou. Logo, o foco do canal perdeu-se e falhou o público-alvo.
Por contraposição, a iniciativa do Benfica foi focar os seus adeptos, bem ou mal não interessa, e agora, por motivos irrelevantes, promete não só o essencial (jogos do futebol) como dilatar a oferta com a Liga inglesa. No aspecto de exploração e foco do negócio e do objectivo da iniciativa, é coerente e consequente, goste-se ou não.
Não acompanho sequer alguma discussão que por aí vá, porque dali só pode esperar-se mais do mesmo que leva a
este desespero, pelo que chego, obviamente, atrasado a algum assunto do dia, que não do meu, percebendo que a ideia é deixar tudo como está e quem quer gosta, quem não quer escusa de lamentar-se. O conteúdo deste post, e
o link para um outro na bluegosfera, só me dá vontade de encolher os ombros, não digo rir porque o assunto é sério e grave a suscitar mais pena e alguma lágrima pela ocasião perdida e totalmente falhada, mas é um sinal da realidade que aponta para a superior visão estratégica, fracassada, de quem optou por seguir um caminho que desconhece, não está no sangue do clube e até tem mais almas de vendilhões do templo do que competentes mercadores de feira. Por isso,
ao próprio não deixei de registar o que o assunto me merece de reflexão a que poucos agora se votam e, pelo visto, sem um sentido efectivamente crítico e iminentemente conhecedor.
É óbvio que a Comunicação do FC Porto é um fracasso e expõe-se em todos os níveis mas é por ordem superior e a quem se sujeita quem está para aí virado, sendo que o sector dotou-se de meios, técnicos, humanos e pelo visto monetários, para ser uma fonta de discórdia, ou até de concordância quanto a vituperar-se o que tão mal se gasta para tão pouco benefício. Eu próprio confessei a minha desilusão um ano depois de ter arvorado a esperança de alguma coisa mudar (só mudar e até pensei ser para melhor) com a nomeação de um certo director de Informação, depois de um director de Comunicação já existente e, agora, com um director de canal que diz como é e deve ser a coisa pois de outra forma não alinharia. O canal fica, então, em circuito fechado, isto depois de alguma entidade ter medido a audiência e de a Benfica TV e o Porto Canal andarem na ordem dos 1400/1500 espectadores diários, foi público.
O esclarecimento prestado no post, em resposta ao
mail do Miguel, na esteira de outras vozes de protesto mas que parecem ecoar no vazio e terem o feedback de quem os acolhe em silêncio porque a ordem superior não aponta para outra coisa, é sintomático e só me remete para o momento em que, colhendo a informação em fonte fidedigna, até garanti o salário do director da coisa, para quem quis saber.
O FC Porto, enfim, na esteira do Belmiro só com o Público, é um novo patrão de Imprensa que não sabe do negócio mas está nele porque sim, enquanto dura e, em vez de prometer, defrauda. Obviamente, não é capaz nem supõe ir por aí percebendo-se só que não vai por ali, poder5ia comprar os penáltis concedidos ao Benfica com os negados ao FC Porto, como no último fds, ou os fora-de-jogo tirados a Jackson (Marítimo) e um que permitiu a Sálvio um golo, mais um, ilegal (Guimarães). Não é por acaso que o Benfica não se queixa nem de penáltis nem de fora-de-jogo...
Não é nada comigo, mas aqui e ali apanho a desilusão de muitos adeptos nesta matéria e estou em crer que este alheamento da realidade e afastamento do sentir do associado está, a par da crise que tem costas largas para tudo, a marcar uma clivagem notável e notória do clube, já nem digo SAD que, como qualquer Governo, passa a corporizar o que está mal e a reforma esperada mas adiada, com adeptos e sobretudo sócios.
De facto, ser adepto ou sócio, com "aquela estranha paixão", já não é como antigamente, mas o advento das SAD tinha já deixado claro esse abastardar do "associativismo". E, contudo, muita gente, mesmo que desiludida, continua a achar que "quem lá está é que sabe". Mesmo não gostando, o sentido autocrítico vai assim, torto, pelo mesmo canal de desgosto já incontido.
Direi que o mais dramático de tudo isto não é o conteúdo, a visibilidade, a polémica ou falta dela, o dinheiro, a projecção, o alcance, a difusão, a audiência do canal. Verificando pelas palavras dos "autores do projecto", do patrão e dos assalariados, tal como se confessam com todas as letras, a referência, pasme-se mas não se assustem, é medir a bitola pela Benfica TV, como se fosse referência para alguma coisa que não fugir dessa coisa a sete pés e nem pensar em fazer algo semelhante, como se tal fosse possível, desejável e inevitável. Dizer que nem por sombras se faria algo similar à tv dos bimbos é mostrar não ter estaleca para fazer uma coisa de clube de forma diferente e bem feita. De resto, mostrar nojo como se tal fosse um insulto ou blasfémia, um canal de clube, só diz bem de como é o pensamento prevertido e ineficaz que dá azo precisamente à incompreensao de quem era suposto ser o público-alvo que tem razão de se sentir marginalizado e inconsolável com o rumo, inaudito, mas previsível, que as coisas tomaram. Esta dura realidade é a que mais custa aos contestatários engolirem: barafustam, mas confiam que se tem de ser assim, seja.
É curioso que o paradigma para o "tempo do clube" seja cortar com o que possa assemelhar-se a um "canal de clube", sendo que só há um cá para comparação mas vários lá fora muito bem feitos e... sem nojo de mexer no futebol - o que sucede mais a quem dele menos entende e se habilita a falar. Ou será de ter ou não sapiência, competência e... paixão necessárias, mas que não se compram no supermercado nem os amigos do imediato nasceram fadados para tal?
Não se quer copiar no "clube/futebol", porém a Informação pura e dura, no telejornal da noite e ceia, por exemplo, pelos quais já passei de raspão e também não gostei, oferecem, precisamente, o mesmo que qualquer outro produto do género: mudam só as caras, mas dá-se debate entre forças políticas como em Lisboa e, também, com uma impressionante presença repetitiva e contrária à representatividade parlamentar resultante das eleições democráticas que para muitos custa engolir, das forças da Oposição que saíram minoritárias do sufrágio mas tornam-se absurdamente maioritárias por serem várias e afinarem pelo mesmo diapasão contra o Governo que, pelo seu lado, como já afirmei em tempos, parece o FC Porto com medo de mostrar a sua razão e medo de falar grosso e directo se necessário for.
Ou seja, como é "cultural" no futebol cá da paróquia, ui que queremos ser diferentes, mas na Informação generalizada e avulsa é tal e qual o resto do panorama audiovisual clientelar. Ou seja, a diferenciação não se faz por uma questão negativa no futebol mas também não se faz pelo mesmo defeito de que enfermam as tv's generalistas. É por isso que entre Marketing e Estratégia pareceu-me sempre desadequado o modelo proposto e seguido com a rejeição que se sabe já dos adeptos decididos, de início, a darem tempo (vem aí fulano, isto está a começar, temos de ser diferentes), agora a mostrarem não só desprezo pelo "resto da programação" - e antes já havia divulgação do Norte com alto nível, para quem viu antes da clubetização selectiva -, de que não falam, e irritação indisfarçável pelo que mais lhes diz e cuidam, o futebol que não é só reportagens catitas e pensadas, figuras e histórias, azul e branco catatónico, muito bonito mas sem golos e vitórias que mais importam no presente. Se nem o público-alvo atingem, perdendo um ratio importante de não-portistas para o resto, nem canal de clube nem canal de futuro.
Repisei todos os conceitos que expendi na altura e que muitos entenderam assobiar para o ar mas agora, primeiro aos poucos e agora sem se conterem, não escondem a frustração que ficara atrás do biombo da confiança na "equipa" e o "prestígio" de alguém. Não vale argumentar a insuficiência de meios (quem não tem dinheiro não tem vícios), percebe-se o que está feito e por fazer. Não é caso para falar em
talibãs e defensores das mantras do regime, mas serem os mais vorazes nos comentários indignados - ainda que não abordem a totalidade do assunto nem enfrentem as razões visíveis do problema - é sintomático do mal epidémico e da sarna expansiva, sem ofensa.
Tenho isto pronto há vários dias, chegou a estar publicado por horas mas remeti-o para este tempo sem futebol e sem eu poder acrescentar algo por longos dias pois estarei ausente. Entretanto, para desgosto meu e conforto das minhas posições, deparei na última 6ª feira com um certo José Lello também a opinar, o que me causa uma repulsa pelo personagem, o que significa de "socialismo" de encher os bolsos e debitar inanidades em lugares-comuns, além da fácies de mastim de guarda e sempre pronto a rosnar pelos seus interesses e interesses do seu bando ("o PS não pode atacar os funcionários públicos porque os FP votam PS"), precisamente o tipo de gente, de representação e de interesses que nunca admitiria, eu, à minha presença nem entendo que algo de útil pode trazer à sociedade. Esta falta de critério, genérica às tv's, elimina a "diferenciação" pretendida para o canal: reforça a ideia difundida de só mudarem as moscas. Para terminar, o sacrilégio de não transmitir a entronização do Papa, alguém dirá por não ter a benção paal caseira, porventura alheando-se do Norte mais conservador e eminentemente católico que é suposto servir conhecendo-o.
De resto, e por fim,
há projectos pindéricos que só sob cobertura de alguma coisa ou marca podem achar, com certa gente, algo inovador, independente e incontestada autoridade mediática. Só falta recuperarem um ou outro badalhoco que vegetou em canais confidenciais nesta hora em que os
mutantes variam de poiso e o espectáculo da Informação é equivalente a feira de vaidades. Acho que
nem as antigas rádios-pirata fizeram tão mal as coisas. Por muitas
sinergias que anunciem as rugas de contaminações transversais são sinal de má higiene sanitária e pior odor corporal. Por falar em mutantes e na prossecução de fins jornalísticos puros, nada como o exemplo de quem foi acossado sócretinamente mas como bom estalinista despachou com um "Estás despedido!" um subdirector do seu jornal, na cara. Quando se multiplicam, como antes com as rádios-pirata, alegados projectos televisivos com uma plataforma que é
Meo termo para a
PTguesa roubalheira de Estado que já serviu para tudo e mais alguma coisa sócretina de silenciamento mediático de vozes discordantes, era bom que se perguntassem se, além dos canais de clube bem feitos e bem sucedidos na Europa, há muitos jornais com canais próprios de televisão. Devemos, os tugas e a Informação de vão de escada, ser um espectáculo, realmente...