O treinador até garante que não vai mudar nada. Até deve mudar jogadores. O que só vai enfatizar o erro. E o "ésse"...
É que, dos princípios do futebol, um sistema não se impõe aos jogadores, são estes que fazem um sistema. O 4x2x3x1 não parece adequado ao plantel portista, de resto já "viciado" num 4x3x3 que parecia fazer "escola".
O que nos leva a outro tipo de reflexão, mesmo que seja uma chatice em dias de 120º aniversário. Como não sou de festas, cá vai.
Tal como o "Projecto 611" foi um fracasso, sem aproveitamento para o plantel principal do que quer que seja, sendo que o projecto acabou quando, ironicamente, a equipa B entrou em funcionamento, também se sacrifica, facilmente, o que parecia uma ideia fixa, a de implementar o 4x3x3 que já parecia vincado no futebol portista nestes últimos anos.
Então, a ideia era pôr todas as equipas, até à base da formação, a praticar o mesmo sistema de jogo. Tipo Ajax. Alguém sabe se isso se aplica hoje em dia?
Outra questão, que é sempre uma chatice quando todos pensam em festas:
o plantel foi pensado, na cúpula administrativa a quem muito poucos pedem responsabilidades (aliás, nenhuns e nenhumas, respectivamente), a contar com um treinador discípulo do 4x2x3x1?
Bom, pelo menos Paulo Fonseca já aliviou uma das muitas preocupações da última semana. No que viu como uma "actuação inteligente" em Viena, já percebeu que nenhum portista se contentou como ele com a estreia a ganhar na Champions.
Resta-lhe perceber que o FC Porto não pode ter oscilações jogue em casa ou fora. E isso vem-se repetindo sistematicamente, o que é um problema do treinador e que o treinador tem de lidar sem querer ou poder sequer assobiar para o lado e... dizer que não se desvia um milímetro do seu caminho, que não é necessariamente o que os adeptos pretendem para o futebol portista.
Paulo Fonseca diz não andar aos "esses", mas andar a direito, de qualquer maneira, à espera que o caminho se adeque ao seu percurso titubeante, esse sim, é um problema. Sobram-lhe, por isso, preocupações, aos adeptos também e, como escrevi entre Viena e Estoril, era tempo de clarificar as coisas.
Vamos ver, sendo que nem as vitórias servem para acalentar adeptos "exigentes". De Paulo Fonseca não é uma questão de ter tempo ou dar-lhe a adaptação necessária. É o trabalho que não se vê, a confusão táctica e as exibições que, sendo decepcionantes, são piores e resultam da desorganização colectiva, por falta de trabalho e entendimento, algo que quis clarificar com os jogadores no início da semana. Parece-me bem, mas o que ele diz aponta em sentido contrário. Os jogadores terão de adaptar-se ao sistema dele porque sim? Sim, se funcionar. Mas parece que não funciona.
E no início de Julho, percebendo o seu postulado para jogar com "interiores", logo aqui deixei a minha perplexidade. Não é de agora. Agora só constato que isto não parece ir lá e, daí, que podemos não ter treinador. Nunca arrisquei uma previsão destas no passado nem o faço agora porque sim ou só para querer ser "engraçado" como outros já foram com todos os antecessores.
Uma coisa é falar de exibições: a forma. Outra é de organizações: o conteúdo. Não podemos confundir exibição com organização. Talvez só remontando a Victor Fernandez se encontre paralelo na desorganização táctica da equipa. E acho que existe desorganização hoje, independentemente da exibição. PF gostou de Viena e apercebeu-se que mais ninguém gostou fora do círculo dele. Porque o que está em causa é bem mais fundo e isso é que é preocupante.
Se com Vítor Pereira fui, nomeadamente após a eliminação da Taça em Coimbra, o único defensor por entender que foram os jogadores os culpados daquelas exibições miseráveis, e por circunstâncias conhecidas de então, já agora não vejo que sejam os jogadores a perturbarem o trabalho do treinador. Este é que parece complicar o trabalho dos jogadores. E ainda não vi alguém a comparar PF com VP, nem é isso que está em causa. Está-se a falhar o essencial, porque se teme abordá-lo da melhor forma, com o pragmatismo necessário. E é tempo que se esclareça, como afirmei antes do Estoril.
Não falta muito para sabermos se outra evolução acontece. E, como antevi, temos jogos em barda para perceber se vamos ter uma época de sucesso e de sintonia plantel-treinador. Sem tibiezas de abordar, construtivamente, estes temas que os acéfalos não dominam e invectivam quem ousa refletir. Espero que Paulo Fonseca não me dê mais anseios e não se transforma em Preocupações Fonseca.
Já quanto a auscultação de "adeptos notáveis", enfim, são o que são e servem apenas para desculpabilizar a falta de opinião dos jornalistas, pedindo opiniões de fora. Ontem, por acaso, li três que resumem tudo o que é a discussão descontextualizada e desconexa do momento portista: Manuel Serrão limita-se, como sempre, a falar de "gosto": assim, assado, mais ou menos "aborrecido" e por aí, não tem uma ideia de jeito e de futebol só lhe interessa ganhar; Miguel Guedes julga-se sempre na Lua e muito distante da Terra, sem perceber que, sim, há Fernandos que só sabem jogar sozinhos e outros que só sabem jogar com apoio (vide Mascherano, trinco único falível no Liverpool e melhor quanto acompanhado, idem no Barcelona onde, por fim, recuou para central); Álvaro Magalhães, como sempre, escreve muito bem mas de futebol não alinhava duas ideias seguidas com sentido e lá culpa Defour (mesmo não o vendo "em linha com Fernando"). Uns falam na estrada da Beira, outros na beira da estrada; a obra-prima do mestre (organização, coerência e impacto funcional=desempenho óptimo) não pode ser confundida com a prima (exibição, que vem como consequência da organização) do mestre de obras responsável por tudo o que se passa em campo. Este é o ponto que quis discutir ontem com um amigo em sms.
Vamos ver no que dá: em casa é normal que a equipa se imponha, o factor adeptos e a pressão são enormes para a equipa e o adversário; fora de casa não pode haver tantas más exibições e a desorganização é mais notória. Pensava que a equipa marcaria uma média de três golos por jogo e já não acredito nisso. Até me provarem o contrário.