21 setembro 2013

Confusão táctica

Vou voltar à "vaca fria". Foi claro que em Viena o FC Porto jogou em 4x3x3. Lucho jogou mais recuado do que ultimamente, Varela e Licá bem abertos nos flancos como extremos. Lucho fez mais jogos com os médios e extremos do que com Jackson. Tudo verificável de vários modos, para além da visualização do jogo: o desenho táctico na ficha do jogo em O Jogo, com 4x3x3 vincado; a posição de Josué no lugar de Defour que, por sua vez, era de Moutinho e remete para as recentes declarações de Defour sobre ser titular e ganhar confiança. Chamei aí em baixo a atenção para essa "revelação". O 4x3x3 não é "puro", o triângulo do meio-campo é algo "isósceles" ("deformado") por certas posições se pretenderem mais dinâmicas e algumas duplas nas alas funcionarem de forma distinta ao que era hábito: Josué-Licá, porém, nem deram largura nem profundidade.
 
Ora, aceito que Paulo Fonseca experimente - tem de ser - situações jogo a jogo e, obviamente, nos treinos. E que os jogos menos conseguidos ultimamente tenham a ver com uma certa confusão táctica e o facto de os conceitos não estarem a ser assimilados pelos jogadores (não vi o jogo com o Gil Vicente, os 2-0 cedo facilitaram e o resto foi desagradável, para quem o contou, a toda a gente). Já em Paços de Ferreira aquilo foi pobrezinho, confuso, jogo sem fluir, jogadores sem criarem desequilíbrios. Qualquer dos adversários ultimamente apresentaram-se muito fechados (os gilistas ganharam pouco com isso em virtude dos golos sofridos logo de entrada). Mas na Mata Real o FC Porto ainda criou, paciente e diligentemente, muitas oportunidades de golo. Acabou a marcar um golo quase por acaso e de bola parada (Jackson). Em Viena quase não criou, os austríacos corriam, e estorvavam, muito mais e a pachorrenta atitude portista inviabilizava riscos defensivos dos locais. O golo, por sinal, não foi o espelho do jogo.
 
Os jogos amiúde dão nisto, muita confusão e a sensação de tanta coisa por fazer. Mas creio que a base está na falta de entrosamento para uma nova "táctica" profusamente veiculada mas raramente verificada em campo.
 
Curiosamente, ninguém tem abordado este tema, depois de meses a pregar o 4x2x3x1 como coisa inelutável e à vista de toda a gente. Eu próprio estive para enfatizar o 4x3x3 de Viena mas nem quis ir por aí, não dou assim tanto relevo a tácticas nem sou entendido nessas matérias. O jogo de Viena foi francamente mau.
 
Posto isto, Paulo Fonseca ainda tem uns tempinhos para definir a coisa. Embora no Estoril não seja propriamente um palco para andar em experiências. Vá lá que Defour volta, ele é que tem sido o pêndulo, amiúde é o motor e impõe o ritmo. Se Varela se mantiver, sai Josué. Mas tal como no 1º ano de VP, a indefinição causa mossa. Contudo, havia uma clara explicação para a turbulência então sentida. Desta vez não há, a não ser um novo treinador (VP também era, quase todos se esqueciam disso). Há mais soluções, ao que dizem mas ainda não as "validei" pessoalmente, porém faltam desequilibradores: Quintero no banco e Kelvin na bancada.
 
Paulo Fonseca está a ser mais conservador e eu antevi-lhe a prudência quando "pretendia" e "preferiria" o duplo pivot: dependia dos riscos do mercado e dos humores dos jogadores. O mercado fechou, até Rooney se convenceu disso e "baixei a cabeça e tinha de trabalhar" no M. United.
 
As coisas têm de ser claras. De momento, apesar dos 100% de êxitos, não são no FC Porto. Vamos entrar em Outubro para jogos difíceis na Liga e definições de apuramento na Champions. O tempo esgota-se. Clarificação e precisão são cruciais.
 
Parece que na conf. Imprensa de ontem não se falou nada disto. Os pés de microfone não servem para isso. Não podem. Ajudam à confusão. Basta a que se vê no campo. Arrepiem caminho.

Sem comentários:

Enviar um comentário