Uma vez mais, nas eleições autárquicas, o Povo do Porto mostra como é diferente e dá lições ao País. Já foi assim com Rui Rio, primeiro destronando Fernando Gomes quando menos se esperava e renovando mandatos quando se pensava que a "influência" de Pinto da Costa ou o seguidismo portista dos seus adeptos retirasse hipóteses a um anacrónico presidente de Câmara que nada trouxe à cidade por mais de uma década.
Agora é com Rui Moreira, grande vencedor na cidade e maior vencedor nacional pela lição dada ao País, sim, pelo Povo do Porto. Rui Moreira, ex-colaborador deste blog com quem nem sempre concordei na matéria futebolística, enfatizou isso mesmo e promete mostrar sempre a diferença do Porto para o resto do País. Alguém ainda pensará, como pensa em relação ao FC Porto, na "arrogância" do vencedor.
A verdade é que, ao contrário de todo o resto, especialmente Lisboa, no Porto não se segue ninguém cegamente, não se entregam encomendas impunemente, não se ganha antecipadamente.
Rui Moreira uma vez falou numa questão de carácter. Pois foi o carácter do Porto que se revelou de forma estrondosa e espantosa. Em Lisboa, de comentadeiros a jornaleiros, todos abrem a boca de espanto, mas amanhã já esqueceram a lição de vida e o tónus democrático que é marca desta cidade histórica, Muy Nobre, Leal e Invicta onde também eu, embora actualmente não resida e vote nela, tenho imenso orgulho em ser portuense, além de portista.
O Sócrates que o PSD quis encontrar para o Porto - apesar de más-línguas e más informações sobre o alegado despesismo de Gaia - perdeu, mas não só ele. Pizarro, do PS, entoou uma canção de derrota do opositor que ficou abaixo dele sem perceber que o Porto, por muitas dificuldades que tenha e tem vivido amargamente pelo desleixo das suas principais figuras e piscar de olho a sinecuras lisboetas que Moreira assegura combater ferozmente, não vai na cantiga da ajuda desinteressada aos "pobrezinhos". Que pobreza de espírito pensar assim do Porto que já deu as tripas para os liberais se fazerem à guerra com o absolutismo e centralismo miguelista obviamente enraizado em Lisboa! O Porto que começou a ser sugado por Lisboa na gesta sócretina concentrando todo o dinheiro em nome do "efeito difusor" como um chuveiro do Terreiro do Paço para todo o País ainda acabou gozado pelo socialista vencido que nunca se deu conta de o centralismo ter sido enraizado pelo PS - com Rui Rio sempre caladinho e só a balbuciar alguma coisa em vésperas de autárquicas, precisamente.
O Porto do desemprego e do reencontro com alguma miséria não se vende por umas côdeas de pão e um prato de lentilhas. Lisboa nunca perceberá isso e é a maior missão de Rui Moreira manter viva essa força e o poder de reclamar justamente o que lhe é devido, confrontando Lisboa permanentemente, como de resto sempre o vi fazer. Pode ser apontado como "afilhado" de Rui Rio, mas mau seria se Rui Moreira deixasse a cidade morrer depois de vegetar 12 anos.
Venceu o Partido do Porto, Moreira dixit. Vence sempre. O Porto é diferente. Tem de mostrá-lo em campo. E ganhar, claro!
Quanto ao resto, como a vitória do Porto demonstrou, há muito que abomino a partidocracia, apesar de alguns julgarem que tenho filiação ou mesmo "ideologia". Não há gente mais independente do que no Porto e eu na 1ª linha.
Quanto ao resto, como a vitória do Porto demonstrou, há muito que abomino a partidocracia, apesar de alguns julgarem que tenho filiação ou mesmo "ideologia". Não há gente mais independente do que no Porto e eu na 1ª linha.
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