30 abril 2012

Uma capa alucinante e uma dúvida lancinante

Hoje foi assim, a venerada obrigatoriedade uma vez por ano em consenso cromático uniforme. Nem os eclipses regulares são tão previsíveis e, ao mesmo tempo, tão raros. Mas houve jogo e de onde saiu esta gente toda? Avisaram os pasquins? Tiraram todas as Redacções da letargia? Importunaram a telefonista? Obrigaram os bacocos a usar o ábaco outra vez para contar as latrinas que sujam todos os dias?


Mas amanhã o tom vai ser vira o disco e toca o mesmo.
http://www.publico.pt/Local/lisboa-reduziu-para-menos-de-metade-investimento-na-reparacao-de-buracos-1544038


Mas ao menos está em marcha uma campanha bem-intencionada!

29 abril 2012

Devem estar todos enganados!

Diz-se:
- pode-se enganar alguns bastante tempo;
- pode-se enganar muitos por algum tempo;
- mas não se pode enganar todos sempre!
Porém, devem estar todos enganados.
Vítor Pereira dizia que ia haver campeonato até ao fim.
Pinto da Costa dizia que não sabia bem festejar no sofá.
(act) Até Janko continua a fazer (suspeito como) má figura mesmo quando não joga e até fora dos relvados...
Vi passar em rodapé no telejornal da SIC PORTO CAMPEÃO. Não estava no sofá nem deixei de ver o telejornal da SIC, juro.
Mas na SICN um parolo qualquer falava do Benfica, já não sei se do treinador se de jogadores.
Na TVI24 uma gaja qualquer falava da birra de um jogador (presumi quem seria).
Na RTPI um idiota qualquer falava da (não) ida do Benfica ao mercado parece que por causa de um lateral-direito mas pareceu-me ouvir algo sobre um lateral-esquerdo.
Parece-me que, afinal:
- pode-se enganar todos por algum tempo;
- pode-se enganar alguns por muito tempo;
- e pode-se enganar todos sempre!
Falava-se durante a semana que o despromovido Leiria iria faltar ao jogo e alterar as contas do campeonato, que o FC Porto corria riscos e que o BPN não deve ser um problema causado pelo Governo sócretino a toda a gente.

E que o Real Madrid festejaria esta noite na Cibelles - de novo com um golo mal anulado ao adversário com 0-0... o costume.
Insiste-se em votação televisiva sobre a continuidade de Vítor Pereira, que adeptos portistas dão-se ao trabalho de pichar paredes alertando para uma série de mentiras, amanhã o Hulk aparecerá vendido e até o Tetracampeonato de Andebol do FC Porto será uma miragem.
Que mais irá acontecer? As capas dos pasquins serão amanhã a azul-branco? E o VP dará uma folga extra?

ups, até a wikipedia já actualizou isto!

28 abril 2012

Tanto controlo levou a desperdício abundante

Será o Benfica capaz de evitar domingo o 26º (obrigado à Inês, pela corecção) título portista?

O FC Porto cumpriu a obrigação, num jogo em que pôs toda a seriedade em campo face a um adversário que jogou no físico e quase não incomodou Helton. Antes do 0-1 duas bolas foram salvas sobre o risco de golo maritimista, depois do golo e antes do 0-2 mais dois golos desperdiçados por Hulk e Lucho a quem o Incrível deixou a baliza quase escandarada mas o argentino pareceu o Janko a finalizar mal. Hulk voltou a ser ponta-de-lança e marcou mais dois, de penálti, bem marcados aliás.
Dois penáltis justíssimos, controlo da bola esmagador mas enquanto só há um golo cresce a iminência do empate seja como seja. O Marítimo optou pelo futebol directo com dois estorvos na frente (Pouga juntou-se a Fidelis) e só uma vez Helton teve defesa mais apertada.
O que podia ter sido uma goleada com lances bem urdidos foi decidido apenas de penáltis e o jogo truncado e arreliador de tanto contacto físico do Marítimo não passou sequer por uma ridícula simulação de penálti de Heldon.
É difícil, num campo muito irregular, ver bom futebol quando o Marítimo joga atrás mesmo a perder e procura um golpe de sorte numa bola bombeada.
O 1º contra o 5º não teve um árbitro internacional, sabe-se lá porquê, mas Paulo Baptista esteve bem.

Então, é assim...

Jogo nos Barreiros é sempre complicado: atmosfera quente e húmida, relva alta, adversário brioso em casa. Mas há mais motivos para o FC Porto encarar bem a visita de hoje ao Marítimo:
1) ganhando pode vir a dar o título, basta o Benfica não vencer em Vila do Conde;
2) nada como ganhar para não guardar para a próxima jornada o que pode fazer nesta;
3) ganhar nem significa o título, de imediato, pelo que o item anterior fica mais facilitado atendendo ao que se seguirá no próximo fim-de-semana;
4) o plantel terá folga amanhã, domingo, pelo que poderá ser em folga, e não com a excitação da competição, que o FC Porto saberá se já é campeão caso o Benfica não bata o Rio Ave;
5) e em caso de título imediato, o prémio imediato é logo ter mais um dia de folga, certamente;
6) a festa ficará, então, guardada com toda a pompa e circunstância para a visita do Sporting, um adversário em crescendo de forma e de confiança ultimamente e um nome digno para se celebrar um título;
7) o que remete para a primeira e obrigatória alínea, vencer é ter tudo para ser campeão;
8) acresce que, apesar de não termos contas a ajustar com ninguém, podemos limpar o campeonato com o guardanapo do gajo do Marítimo que continua a sonhar incomodar o FC Porto fazendo as coisas por outro lado e mediante uma filosofia própria de uma certa maneira mafiosa de pensar cá no futebol tuga;
9) além do mais, o FC Porto já viu esta semana as duas mais fortes equipas da Europa não confirmarem o seu favoritismo na Champions, mesmo jogando em casa, reiterando-se que não há vencedores antecipados;
10) mesmo o Braga que tinha dois jogos em casa para segurar o 3º lugar acaba de perder com o Olhanense e irá para a última jornada, se calhar, com o coração nas mãos e o lugar em risco;
11) com todas as antenas alertas, mesmo depois de desactivada a tv analógica que também coroa bem o panorama televisivo português no tocante ao futebol tuga, o FC Porto só tem de pensar em ganhar;
12) até porque também terá provavelmente, como venho dizendo há semanas, o João pode vir o João Ferreira pronto a ajudar aqueles que querem fazer as coisas por outro lado.
13) um alerta que se estende ao treinador, que Pinto da Costa promoveu de adjunto depois da saída do campeão de todos os títulos, tal qual o Barça faz agora ao passar Tito Vilanova, que também ninguém conhecia além de adjunto de Guardiola, para render Pep e Pinto da Costa quer dar já o exemplo de o seu treinador ser logo vencedor e carimbar com o campeonato a aposta de risco assumida de forma inédita;
14) são todos condimentos para uma jornada de glória como pedem os adeptos portistas que estão perto de ver as páginas dos pasquins todas coloridas de azul uma vez por ano nestas circunstâncias de campeões confirmados e não de dar azo a empolgamentos lampiónicos da Imprensa do regime.

Pronto, são 14 pontos a afixar esta manhã à entrada para o pequeno-almoço, um por cada homem que terá de entrar em campo, esgotando toas as substituições e todos os esforços, para ganhar e mais nada!

27 abril 2012

Efemérides a propósito da Revolução, do Sporting e do Porto

Sigo há muitos anos as competições europeias com interesse, por tudo, por todos os clubes, gosto dos ambientes, não perco as finais e em geral os jogos importantes e decisivos. Tenho dados, retenho factos e dá-me para certas coisas.
Vi o Sporting ser eliminado, esta noite, com naturalidade e face a uma equipa melhor com jogadores de categoria superior e, como seria moda dizer da Academia de Alcochete, formados maioritariamente na cantera de Lamesa, acho que se chama assim (corrigido, é Lezama). Logo, aprecio as equipas que aproveitam os seus valores, sendo o Athletic, apesar do nome britânico da origem e que só foi obrigado a espanholar no regime franquista que bania estrangeirismos como os anglicismos, notado também por não alinhar com estrangeiros.
O Sporting podia ter sido goleado, Llorente sentenciou perto do fim mas deu duas assistências, cabeceou a um poste, falhou um pontapé de primeira que ainda obrigou Patrício à defesa da noite, teve mais duas ocasiões desviadas por defesas leoninos, enfim só por si, e a sua imensa categoria, ganhou a eliminatória. Apesar do calimerismo insuportável das queixas de falta no 1º golo (falta inexistente, apenas uma barreira legal a Schaars, mas a jogada ainda demorou a chegar a golo), de não sei quê do árbitro (devia ter expulsado Carriço), do 2-1 em tempo impróprio sobre o intervalo (mas não do 1-1 antes do intervalo... de resto um golo feliz, após canto, chuto e ressalto e por fim recarga, mas parece ser tudo obra de laboratório de graças a Sá Pinto).
Entretanto, a parolice nacional levou vários repórteres de televisão a San Mamés para ouvir adeptos. A RTP, gastadora como sempe, esmerou-se e até foi ouvir, imagine-se, Liedson a S. Paulo!!! E para ouvir adeptos em San Mamés, antes e decerto depois do jogo, a televisão pública não precisou de um, mas dois pés-de-microfone, talvez um a meias com a A1, não sei, mas no sorvedouro de dinheiro estúpido que é dos contribuintes continua Renitente a Travar Prejuízos, como apelidei no início da época. Uma RTP, de resto, que tem uma correspondente em permanência em Madrid mas só para fazer o Real Madrid, seguramente a Rosa Veloso, sempre longe do Calderon, não irá ouvir os portugueses do Atlético que vão à final da Liga Europa...
Adiante. Lembro que o Sporting já perdeu uma semifinal fora a 24 de Abril de 1974, vinha de Magdeburgo (RDA) onde perdera 2-1 depois de 1-1 em Alvalade para a Taça das Taças e chegou com a Revolução dos Cravos na rua. Agora perde o acesso a uma final a 26 de Abril e parece que os adeptos vão esperar a equipa no estádio, se calhar vão entregar algum troféu ou já contam com a Taça de Portugal que ninguém parece interessado em resolver na secretaria enquanto segue a fanfarra dos bilhetes esgotados para o Jamor...
A 26 de Abril de 1984, depois de afastar o Aberdeen com duplo 1-0, com um golo de Vermelhinho em pleno dia da Revolução, um relâmpago na noite de nevoeiro de Pittodrie que mesmo na tv a preto e branco não deu para ver o jogo, o FC Porto era obrigado a desviar o regresso para Lisboa, tal a invasão de adeptos à pista do aeroporto de Sá Carneiro, voltando ao Porto apenas no dia seguinte.
Não sei se é comparável a emoção, o orgulho e o brinde de estar na final ou fora dela, mas fica a evocação.
A FINAL - terá em Bucareste duas equipas espanholas com dois técnicos argentinos além de dois pontas-de-lança de qualidade acima da média, Llorente e Falcao. Continuo a torcer por Falcao, talvez a RTP se lembre de dar serviço à correspondente residente em Madrid para ir ouvir Tiago (foi expulso estupidamente) e Sílvio e ainda Pizzi se ela souber quem são e alguém se lembrar. O Atléti volta à final dois anos depois da vitória com o Fulham em Hamburgo, Falcao pode ser de novo rei dos goleadores e levantar o caneco depois do sucesso com o FC Porto e em caso de vitória os colchoneros obtêm 12 triunfos consecutivos o que será recorde das eurotaças, além de ter já 16 vitórias esta época o que é notável. O Athletic volta a uma final 35 anos depois de perder a Taça UEFA em casa (2-1 e 0-1) com a Juventus, golo decisivo de Roberto Bettega em Bilbau. Falamos de goleadores  como deve ser. Parabéns aos espanhóis que vão fazer o 25º de 82 derbies registados nas eurotaças, mais de 30%, na época em que os principais concorrentes da Champions e melhores equipas do mundo ficam a ver as finais pela televisão. A 7ª final europeia só para espanhóis e um Atléti-Athletic já visto três vezes na Taça do Rei (2-1 para os bascos em triunfos).

À parte, sem importância alguma, apesar da efeméride, o triste episódio, mais um, do Maro(s)cas e do contingente militar que quer tornar o 25 de Abril mais significativo que o 1º de Dezembro, já retirado dos feriados, e o 5 de Outubro da fundação (pelo Tratado de Zamora, a tal lança em Espanha) de Portugal em 1143. Isto de ser protagonistas à força é uma coisa esquisita desta Democracia estranha cujos dinossauros resistem à erosão do tempo esgotando a paciência das pessoas com mais motivos para preocupação do que birras sobre modelos de economia, privilégios régios numa República caduca e pulsões esquizofrénicas de cidadania em bicos de pé com ameaças persistentes de pegar em armas sinónimo de outros tempos a que gostariam de regressar para mais pândega de socialismo conducente à bancarrota.

26 abril 2012

O pequenino mundo de Madrid e de Mourinho

Esta semifinal da Champions, sim, teve um vencedor justo e com um mérito, esse sim, inatacável. Afinal, como o futebol reserva surpresas aos melhores do mundo e aos segundos nessa classificação, não há nem Barça, nem Madrid em Munique. Mas que diferença, contudo, nas eliminações dos dois gigantes espanhóis! O Barça impôs o seu jogo, como impõe sempre, seja em Londres, Atenas, Madrid ou Camp Nou. O Madrid joga na matreirice, não se impôs em Munique e não se impôs em casa. Nunca se impõe às grandes equipas, joga pela segurança e tira partido da velocidade de CR7 e Benzema, servidos pelo magistral Ozil - este, para mim, o médio que me dá mais gozo ver no futebol mundial.
Ficamos a saber, por fim, não que os alemães são bons nos penáltis, porque isso já Lineker enfatizou e eternizou há 15 anos. Os penáltis, para os germânicos, não são lotaria. E Neuer, o Manuel da Nóia, já vimos (no Dragão, pelo Schalke) defender penáltis sem lotaria: antes com uma classe que neste particular me parece inigualável.
E ficamos a saber que, depois da injusta mas compreensível à mercê dos imponderáveis do futebol, eliminação do Barcelona, a única coisa que ocorreu aos madridistas pensarem foi que, por ganharem um jogo com sorte ao Barcelona no sábado, já são melhores e prontos.
O Madrid também teve a eliminatória na mão, mas não mais esteve por cima do Bayern após o 2-0. Em Munique podia ter perdido por mais um ou dois golos. Teve sorte de sofrer o 2-1 quase no final, como teve a sorte de ir a prolongamento por um golo de caras que, desta vez, uma semana depois, Gomez não soube converter e sentenciar a qualificação de um Bayern que jogou sem medo nem autocarro e um Jupp Heynckes, antecessor de Mourinho na episódica passagem deste pela Luz, mais arrojado, mais confiante, mais sereno, mais fiável, mais alemão assumido grande na Europa.
Mourinho ofereceu-nos uma patética visão dos penáltis de joelhos, como se fosse criminoso marcar a sequência prevista nas regras., na sua tendência suicida e ridícula visão da justiça dos penáltis quando o Madrid os teve esta época aos montes em Espanha. E acabou a faena, em que foi bandarilhado em casa mais uma vez, fanfarrão e com arrufos e arrotos de... CR7 ser superior a Messi.
Não teremos Barça-Madrid na final, pior, não têm os espanhóis que a cantavam, na Imprensa. Mas já se pode fazer uma contabilização, agora que na Champions não podem rir-se um do outro.
O Barça levou a Supertaça de Espanha, a Supertaça europeia, o Mundial de Clubes e ainda tem a Taça do Rei. Perde o campeonato espanhol de como não havia memória de benefício arbitral. O Barça teve uma Champions difícil, duas vezes contra o Milan nos grupos e nos quartos. Ninguém se lembra dos adversários frágeis dos merengues na Europa... Este sim, é o fracasso. Também porque já cantavam vitória, por verem antes o Barça fora do seu horizonte.
Recordo que o Barça teve seis dias para fazer os mesmos jogos que o Madrid teve em 8 dias. Voltando à contabilidade de 2011-2012:
A Liga espanhola 2011-2012 será conhecida como aquela em que Pepe foi suspenso uma jornada por limite de amarelos ao mesmo tempo que Messi. O ridículo fala por si, já que as imagens de jogos viciados a favor do Real Madrid apagam-se facilmente das memórias fraquinhas e selectivas.
O Madrid de Mourinho, ano 2, ganha quando muito o campeonato amparado pelos árbitros. Perdeu a Supertaça para o Barcelona no despique directo, perdeu a Taça do Rei no despique directo e os despiques directos da Liga ganhou-os o Barcelona: 3-1 contra 1-2. Com futebol a rodos, mesmo sem as alternativas ofensivas de Benzema, Kaká, CR7, Higuain, sobrando Messi e Alexis Sanchez nos catalães, já que David Villa acabou por fazer a diferença pela ausência por lesão desde o Mundial de Clubes.
Mas ouvir Mourinho, a voz do Madrid, falar do despique de CR7 com Messi, que tem mais golos na época e na Champions, do que o português diz bem do subconsciente doentio do treinador tuga que nem com uma Liga oferecida pode contentar-se. E veremos como acaba, porque também nem com o húngaro Kassai todo caseiro logrou ser superior ao Bayern. E os merengues parecem esgotados para as jornadas de domingo (Sevilha em casa) e 4ª feira (Bilbau).
No final de contas, o Barça pode vir a perder apenas o campeonato, se bater o Athletic de Bilbau na Taça do Rei. Porque a Champions não a perdeu como o Real Madrid. Nenhuma equipa perde alguma coisa da forma como o Barça jogou os dois jogos com o Chelsea.

A FINAL - voltaremos a ver em Munique um embate anglo-saxónico habitual dos anos 70 e que já esquecemos a última vez, creio que o Hamburgo-N. Forest precisamente em Madrid, arbitrado por António Garrido, em 1980. Ingleses contra alemães, desta vez na Alemanha. Vários jogadores ausentes por castigo, de parte a parte. Não tenho dúvidas que Barça e Madrid são as duas melhores equipas da Europa, por esta ordem. Mas uma coisa é o Chelsea passar como passou, outra é o Bayern assumir-se como se assumiu. Sim, continuo a ver as equipas independentemente de terem ou não portugueses e vejo o Bayern muito forte e Heynckes um treinador, quase resgatado da reforma, vencedor como o reconheci enquanto jogador. Heynckes, que levou o Real Madrid a ganhar a Champions 32 anos depois na "Séptima", ofereceu-lhe a "Décima" decepção. E pode ser mais um a ganhar por dois clubes diferentes.

25 abril 2012

O futebol pode ser cruel e o Barça obriga a dizer que "dá cabo" do jogo

Confirma-se a maldição da Champions de o detentor do troféu não lograr o bis e de como a História, afinal, pode repetir-se, casando o azar com a imperícia que não poupa os melhores do mundo e deixa a nesga necessária para reapreciar-se o jogo na sua dimensão global de sentido atlético, de estratégia e até psicológico. Ou não fosse o Desporto mais apaixonante e que mais multidões arrasta.

O Barça, que perdeu o toque de transformar tudo em ouro, conseguiu acertar duas vezes nos postes (uma delas de penálti) outra vez, como sucedeu em Londres; conseguiu até perder a vantagem de 2-0 que lhe dava o acesso à final e mesmo jogando contra 10. Mais items a favor seria difícil, incluindo um penálti para repor a vantagem em 3-1 (Messi à barra, confirmando que não marca ao Chelsea), mas nem assim a melhor equipa da História do futebol logrou cumprir a missão para que foi talhada e incapaz de quebrar a intrínseca essência do jogo de nem sempre os melhores ganharem.
Xavi tinha dito há dias uma verdade intocável: a melhor equipa do mundo não é uma etiqueta, mas um estatuto obtido em campo e que dura há anos. Só que nem sempre se ganha, aviso amiúde repetido depois de tanto esquecido, e até para os melhores a sorte não deve/pode desertá-los, como sucedeu em dois jogos de incríveis cambiantes capazes de atraiçoar os deuses do Olimpo, nesta desconcertante eliminatória com o Chelsea.
A quase perfeição do modelo de jogo do Barcelona impõe, ironicamente, a contradição de o Barça modelar fazer mal ao próprio jogo, levando os adversários a renegarem a sua própria forma de jogar. Já se viu, de forma inédita, em 2009, com o mesmo Chelsea de Hiddink, contra todas as expectativas, a jogar no ferrolho, na defesa porfiada da sua baliza, na aposta em destruir até a alma do seu jogo para dar-lhe uma ou duas centelhas de vida útil especulando com o resultado. Curiosamente, o Barça teve a sorte de passar com o golo nos descontos de Iniesta, numa eliminatória mais falada por penáltis discutíveis mas marcada por outros incidentes então menorizados.
O Inter de Mourinho tornou mais feio, porco e mau esse conceito em 2010, impedindo o Barça de ser de novo plenamente vitorioso como foi em 2009 ganhando todos os troféus em disputa.
Curiosamente, o Chelsea continua a protagonizar, como e com o Barça, as mais extraordinárias cambiantes do jogo e da história dos resultados. Um penálti falhado por Terry em 2008, escorregando na hora de rematar, levando a bola ao poste enquanto CR7 chorava o seu penálti falhado no desempate de Moscovo, retirou o ceptro que parecia nas mãos dos blues então guiados por um treinador repescado, Avram Grant, que rendera Mourinho e merecia ser campeão europeu, tal como hoje é Roberto di Matteo.
O Chelsea que, em 2004, esbanjou o jogo do Mónaco onde conseguiu perder 3-1 e esbanjou o 2-0 cedo conseguido na 2ª mão quando também teve tudo na mão para ir à final de Gelsenkirchen com o Porto de Mourinho.

Na verdade, os altos e baixos do futebol fazem sempre lembrar-nos o velho ditado de desconforto: ninguém diga que está bem. E ninguém está livre disso. Nem mesmo o Barça, cujo estatuto ímpar não sai beliscado nem faz sequer terminar o ciclo grandioso que leva três anos mas sabe-se não durar eternamente. Quem não entende isso nunca entendeu nem gostou de futebol ou admirou a procura da perfeição que, como todas as coisas humanas, e o futebol é feito de homens como Messi que falham penáltis (um nos descontos com o Sevilha na Liga espanhola em casa, 0-0) e como Guardiola, que se baralha nas opções, o Barça mais procurou atingir.
Como a Holanda de 74, ou o Brasil de 82, cada qual com os seus admiradores, o Barça de 2012 conheceu o lado cruel do futebol mas não a falta do reconhecimento de tal forma que não os põe fora-de-jogo na História deste Desporto apaixonante, por vezes rocambolesco e até burlesco e grotesco. Ainda assim, antes ser eliminado pelo sortilégio da bola (quatro nos postes) do que com erros de arbitragem como em 2010.
E faço ainda a analogia com o FC Porto, pois AVB e Vítor Pereira têm o Barça como referência mas também vêem em Portugal gente que não aprecia a assumpção de riscos, o futebol ofensivo, o 4x3x3 sem milongas, a procura da vitória. Nem sempre se alia a vontade à conquista, o bom jogo ao melhor resultado, mas tem sido na tendência ofensiva e na sede de vitórias que o FC Porto cimentou a sua hegemonia nacional e alargada também à arena europeia e mundial. AVB teve o "setback" que se sabe com este mesmo Chelsea onde os jogadores claramente corriam contra o treinador. E VP viveu sobressaltos inimagináveis dos seus próprios adeptos e o vitupério de demais críticos, permanentemente no fio da navalha pela incompreensão das boas-intenções do jogo portista mas entre a falta de correspondência dos jogadores e uma pressão inerente e só própria das equipas que ganham tudo, carregando com a época estrondosa anterior. Sem os favores dos aduladores dos mestres da táctica e da apologia dos extreminadores implacáveis, mas com a consciência do dever cumprido.
Vale a pena pensar nisto.

24 abril 2012

A(s) entrevista(s)

Fui surpreendido pela antecipação (não procurei previamente a confirmação) da hora da entrevista, parte 2, de Pinto da Costa ao chamado canal do clube (?!), liguei às 22h mas percebi que deveria ter começado meia hora antes. Restavam 2,5 horas para falar de 30 anos de presidência com tantos e tantos títulos que é não só difícil contar - mas ajuda uma folhinha manuscrita com os troféus de cada ano - como limita muito contar o que cada um deles teve de si. Ficámo-nos por evocar, praticamente, o jogo do título de cada vez e em cada época havia tanto e tanto para contar e esses pormenores é que é pena perderem-se.

Logo, não fiquei surpreendido por aquilo, como a anterior, ter sabido a pouco. Mesmo a ênfase no título dramático de 1986, que "levou" a equipa a Viena no ano seguinte, não se pode resumir à tremideira do último jogo com o último classificado (Covilhã) com quem perdemos na Serra a fechar a 1ª volta. Já aqui recordei esses momentos.
Vá lá, falou-se do Futre, da guerra com o Sporting, e não houve muito mais revelações sobre jogadores e técnicos, os artistas que forjaram cada título. Esses meandros, e não os resultados de um jogo do título, é que são importantes para perceber a máquina de ganhar e não o momento, um dia numa época de dez meses de trabalho visível em campo.
Por fim, a revelação de Wenger ter tudo acertado para vir do Mónaco para o Porto. Creio ser inédita esta informação, pelo menos não me lembro. Já a do Lucescu lembro-me. Já as duas saídas do Ivic não foram explicadas. Então a primeira, em 1988, só pode ter sido pelo "Gomes finito", nem do banco saiu na final da Taça com o Guimarães. Ivic ganhou tudo e foi eliminado pelo Real Madrid na Taça dos Campeões (duplo 1-2) por acasos do futebol em que se incluem alguma burrice e também falta de estofo momentânea: devíamos ter ganho em Valência (1ª mão por interdição do Bernabéu) e sofremos o 2-1 estupidamente no último minuto; ganhávamos 1-0 na 1ª parte nas Antas, mas a equipa estava dezimada por lesões e até o Barriga teve de jogar a lateral-esquerdo...
Voltando ao Wenger,  é tão estranho ouvir a história por saber que, depois, o francês saiu do Mónaco para o Nagoya Grampus Eight, salvo erro, e só um ano e tal depois foi para o Arsenal. Há aqui um hiato, nas palavras de Pinto da Costa, que não compagino com o que se passou no FC Porto então. Para mim, algo não bate certo, até porque não ficou preciso o timing do encontro com Wenger, que só precisava de libertar-se do contrato com o Mónaco. Quando o FC Porto jogou a semifinal com o Barça em 1994, Robson tinha entrado em Janeiro em vez de Ivic. Só se foi nessa fase da época. O Porto, se tivesse ganho ao Milan ganhava o grupo e iria receber em casa o 2º do outro grupo, que era o Mónaco de Wenger. O Porto levou uma tareia em Barcelona (Aloísio a defesa-esquerdo...) e depois o Milan deu uma tareia ao Barça de Cruijff em Atenas (4-0).
Obviamente, muitas coisas, até muitas taças, ficaram por contar. Foi uma rapidinha que durou 2,5 horas sem nada de muito relevante, especialmente para quem viveu intensamente toda esta carreira do presidente que mereceria ser melhor contada e com pormenores dos bastidores significativos do que é montar uma equipa e corrigir desvios ao longo da época por forma a atingir o sucesso. Como sempre, os basbaques que mal somam 2+2 deliram...
NOTA - quando refiro isto, é por achar significativo saber-se como se gerem uma série de problemas ao longo da época, da constituição do plantel, do fluxo entradas-saídas, das opções e correcções inerentes na janela de mercado. Quando não se percebe isto, como acontece com os grunhos que mandam comentários destinados ao lixo imediato e não reciclável, subsiste a confusão e permanece a ignorância sobre todos os aspectos de gestão de 10 meses, e até mais, alusivos a uma época. Ninguém percebe e se for ignorante, como é uma maioria e potenciada por energúmenos televisivos que fomentam a desinformação, o caldo fica entornado e nada se aprende. Tento levantar questões e colocar os problemas em perspectiva, mas reconheço andar a pregar a peixes. Quem quer ver vê, quem não quer fica cego para sempre. E não acredito que dos pobres (de espírito) seja o reino dos céus. Já passam uma vida miserável de iliteracia, ignorância profunda e inamovível e miserável como o autêntico inferno na terra.
Já tinha dito isto na semana passada, e fica a mesma sensação de pouco conseguido. Vá lá que, desta vez, introduziram duas ou três imagens. Incluindo, para rir certamente, o golo de Ademir ao Benfica em 1978 no jogo mais dramático, acho eu, da História recente do FC Porto e sem o qual talvez não se tivesse iniciado os 35 anos de sucessos. E que aqui em tempos também recordei.
Entretanto, o dia de ontem foi passado com alusões nas tv's à entrevista de Pinto da Costa, mas ao JN, com exertos nos telejornais do online do jornal. Ou seja, a antecipação do JN esvaziou o interesse da entrevista ao chamado canal do clube (?!). E no JN sempre foi aflorado o Apito Dourado, algo de que os portistas ainda esperam posições firmes sobre assuntos pendentes! Mesmo que não fosse para tocar os mesmos assuntos, o chamado canal do clube (?!) perdia logo por ter menos impacto no quotidiano e veremos se algo dessa entrevista passará hoje nas tv's. Até que estas não falam dois dias seguidos das proezas de Pinto da Costa... Para bom entendedor, percebe-se o fiasco potenciado pela divulgação do JN, mas ninguém pensou nisto... Business as usual...

Fica para mais tarde a entrevista sobre esta época em concreto. Parece-me que motivará análises mais interessantes, falando do concreto em tempo (quase) real e que muitos acompanharam e criticaram. Masa a cada um a sua verdade ou mania, depois cada qual fará a sua contabilização.
Quando falo da(s) entrevista(s) deixo o plural entendido mas não me referia só às de Pinto da Costa.
PC DO SPORTING
Depois de ter dito, ao sair da caverna em que se movem interesses e personagens obscuros, que não falaria  publicamente do tema, Paulo Pereira Cristóvão quis abrir-se ao Rascord. Não li, mas vi os títulos e bastou-me. Jornal do regime, lagartagem infiltrada, tira-nódoas do spordein, o Rascord não retira coisa nenhuma da proeza e o ex-PJ expõe-se ao ridículo e acrescenta mais suspeitas.

Primeiro, faltou à palavra e se sai a falar do que não queria, para nada revelar, é porque se sente entalado. Depois, sendo irrelevante afirmar-se inocente na praça pública, dizer que o seu objectivo é provar a sua inocência encerra em si uma contradição que o atraiçoa.
PPC não  está acusado de nada e, sendo apenas suspeito (e arguido), é isso que todas as criaturas leoninas têm enfatizado. Porque carga de água julga ter de provar a sua inocência se não foi acusado de coisa alguma? Não lhe bastava calar-se num assunto que está em investigação - assim o esperamos - e só tem arguidos e não acusados?
Mais um tiro no pé, mas parece que a distinta lagartagem só vê virtudes nestes tipos e julgam isto uma prova de inocência. Enrretanto, quando parecia haver dados concretos e a investigação apressar-se, caiu-se no limbo do costume quando as dores tocam em Lisboa e suas sinecuras e instituições...
Já o Rascord, depois do aliviar das tensões com o presidente Godinho, sair-se com esta do PPC é querer lavar o que não pode ser tirado: forte suspeita, também, a confirmar a ideia que ficou desde o início de PPC ter elementos comprometedores para o Sporting e seus dirigentes. Presidente e vice-presidente a coçarem as costas um do outro, a porcaria que fica nas unhas destes leões de pacotilha acumula-se em papel de jornal que serve, amiúde, para embrulhar peixe (e menos para coisas ainda menos higiénicas...).
Além do tiro no pé, meteram o nó corrediço ao pescoço. Tenham bom proveito.

23 abril 2012

O futebol é mesmo cheio de surpresas

De hoje a oito o título inglês joga-se no derbi de Manchester e o City volta a ter opções.
Há 45 anos (1967, para facilitar) que o WBA não ganhava em Anfield. Desde 1985 que não marcava ali um golo. Agora ganhou com o técnico Roy Hodgson despedido do Liverpool a meio da época passada.

"Liverpool have now won only five of their 17 home league games this season.
The victory moves Albion up to tenth in the table, just two places and one point behind Liverpool, who have taken only seven points from their last 10 games." BBC Sports online

21 abril 2012

Hulk até obriga Janko a marcar

Bom jogo do FC Porto na esteira das últimas semanas: equipa solta, às vezes até despreocupada defensivamente a permitir oportunidade aos adversários, denota-se confiança, frescura física na desenvoltura do jogo preferencialmente de bola corrida, muitas ocasiões de golo, o Dragão ficou entusiasmado e o Beira-Mar apresentou-se muito digno e a causar problemas pelo seu atrevimento ofensivo.
Hulk bisou, deu a marcar quase obrigando Janko a não falhar desta vez (depois de mais um par de ocasiões goradas, uma delas de cabeça a três metros da baliza), pressão ofensiva, alegria em campo e em redor, serenidade da equipa de novo no seu registo de força tranquila que pauta os ritmos do jogo e resolve as situações de dificuldade de penetração com circulação ainda que amiúde falhe a recepção ou o último passe. James esteve infeliz no tiro ao alvo muito tentado mas sempre ao lado... Defour de novo a trinco mas Fernando a regressar para ganhar ritmo, idem para Danilo que entrou bem e torna-se importante para as três finais que faltam, Varela também teve minutos.
Foi agradável e calmamente lá vamos rumo ao título. Fundamental vencer na Madeira, no sábado, o que conjugado com uma derrota do Benfica em Vila do Conde daria matematicamente o título em que a equipa está muito focada e faz-nos acreditar que não vacilará. Mas sabemos que o futebol é fértil em surpresas, agora já nem as nomeações secretas dos árbitros trazem dúvidas e continuo na minha de que vamos levar com João Ferreira na Madeira e Duarte Gomes com o Sporting...

PEP DESASTRADO - se a sorte desertou o Barcelona completamente em Londres com o Chelsea, hoje também não esteve com o Barça para se superiorizar ao Madrid. A verdade, porém, é que nunca vi Guardiola cometer tantos erros de ex-ante e até ex-post, apostando em Tello para a esquerda sem o puto arrancar alguma coisa de jeito ao ponto de falhar três ocasiões. Pensei que Pep não queria marcá-lo com uma substituição que seria lógica ao intervalo, mas acabou por tirá-lo, saltando do banco Alexis Sanchez e Fàbregas quando pelo menos um deveria entrar de início. Ao abrir o flanco à esquerda, Pep evitava que Arbeloa tendesse para reforçar o centro da defesa como mais um central, mas Tello acusou demasiado a pressão, tal como Thiago também não deu conta do recado no meio-campo. A verdade é que pela situação física periclitante de Alexis e de Cesc Pep não terá arriscado, mesmo sem alternativas para a frente e entrou quase a perder; o jogo de espera de Mourinho, táctica e estrategicamente irrepreensível, deu que ao erro do 0-1 de canto e pasmaceira defensiva catalã, deu-se uma perda de bola infantil em transição ofensiva que o Madrid, sempre a jogar a pé fixo do fundo do court, aproveitou para, com a sorte dos campeões, marcar logo após o 1-1. Um jogo em que o Barça cometeu erros em quantidade anormal em fase defensiva e na mesma a falhar golos de caras (Xavi teve o 1-1 nos pés por duas vezes mas atirou ao lado) e acusa a falta de alternativas para a frente, com a lesão prolongada de Villa (desde Dzembro) e de Alexis Sanchez que esteve em dúvida. Foi interessante o controlo de danos do árbitro Undiano Mallenco, que não engana ninguém, na esteira do que foi a protecção de toda a época para encaminhar a Liga para Madrid. Veremos se o Barça desmoralizado chega à final de Munique.

20 abril 2012

Banho ao Bainfica - e viva o futebol positivo também em Espanha

Faz hoje um ano que o FC Porto conseguiu um dos mais fantásticos resultados da sua história, virando com 3-1 a eliminatória na Luz que começara a perder 0-2 em casa para a Taça de Portugal.
Um marco apenas, mas muito significante, da superioridade técnica, competitiva e até psicológica que justifica como o FC Porto se pôs por cima do Benfica no panorama do futebol português e com indiscutível ascensão internacional que se mede em trajectória também de vários anos e não por uma situação pontual como sucedeu este ano na Europa.
Não estava cá há um ano, só depois de chegar pude ver os golos na net e foi posteriormente que soube de incidências do jogo e após-jogo.
Ao tempo estava em Espanha e como não pude seguir o nosso jogo da Taça de Portugal vi pela tv de lá a final da Taça do Rei ganha de forma infame, com cacetada de criar bicho pelo Real Madrid ao Barcelona, sob arbitragem de Undiano Mallenco como só em jogos de Benfica-Porto se consegue ver a dimensão da parcialidade a adulterar um resultado e contemporizar com violência gratuita da equipa do regime, bem identificada em cada lado da fronteira.
Há um ano o FC Porto já era campeão, tinha-se consagrado na Luz 17 dias antes e com cinco jornadas por disputar. Agora, espanta-me a reacção de Vítor Pereira sobre a mudança de considerandos que se faz sobre o campeonato, algo de que me livro em arrelias e vontade de ripostar por nem ver nem ler, poupando-me psicologicamente e abstraindo-me das dificuldades existenciais que certa gente continua a ter em Portugal para lá dos ajustamentos indispensáveis a ter de sabermos viver com o que podemos pagar, usufruir, desfrutar. Uma coisa e outra, no futebol e na vida diária, que muitos indígenas e indigentes, pelo visto, não logram fazer.
Vítor Pereira podia dizer que o campeonato do ano passado não foi competitivo, com lugares definidos com antecedência, mas já é mau dedicar-se a "responder" a ninguém... O FC Porto pode até estar a duas vitórias apenas de ser campeão com antecipação e não com isto disputado até à última.
Amanhã, o FC Porto tem de vencer o Beira-Mar. E em Espanha o Barcelona tem de vencer o Real Madrid, mesmo com o mesmo árbitro infame da final da Taça disputada em Valência há um ano.
Para que o futebol de conquista, o futebol de buscar a vitória, o futebol que não especula com o resultado vença e triunfe a forma positiva de jogar, algo que Benfica e Real Madrid não têm nos jogos de alto risco a não ser quando estão a perder.
É toda uma filosofia que está em questão. Desejar que ganhe quem mais faz por isso e não quem prefere esquemas ardilosos e amiúde até feios, porcos e maus para chegar a títulos. Ás vezes sucede, nem sempre a sorte acompanha o audaz, o Barcelona sentiu isso mesmo, de forma chocante mas real, em Chelsea. Felizmente há sempre um jogo para corrigir o que ficou mal.
Foi o que sucedeu há um ano nas meias-finais da Taça de Portugal após o 0-2, que então também não vi por estar ausente do País. Foi o que sucedeu repetidamente frente ao Benfica na Supertaça e no campeonato dos Cincazero. Foi o que sucedeu no 3-2 fantástico de sede de conquista na Luz apesar da arbitragem de Pedro Proença, mesmo com outro 3-2 manietado pela arbitragem de Artur Soares Dias na taça da treta.
É o que pode suceder ao Barça se ganhar 1-0 ao Madrid e 1-0 pelo menos ao Chelsea. No primeiro caso põe-se a um ponto do líder do campeonato que chegou a ter 10 de vantagem graças a benção sempiterna da arbitragem espanhola; no segundo leva o jogo a prolongamento para tentar ganhar ao ferrolho que os ingleses adoptaram viciando o seu jogo inato de conquista e bravura que ante o Barça qualquer equipa já se remedeia em praticar sem olhar-se ao espelho.
Falcao - há um ano Falcao marcava o golo que seria decisivo na Luz. Ao ver os golos dele ontem, a manter a sua marca na Liga Europa, não sei se hei-de rir ou chorar. E é por isso que desejo que triunfe até ao fim nesta competição em que pôs a Europa a seus pés já depois de ter deixado Portugal rendido ao seu instinto letal de goleador e sede insaciável de vitórias. Essa marca que faltou toda a época ao FC Porto.

19 abril 2012

Anotar

"A imbecilidade não paga imposto e enquanto não lançarem imposto sobre a imbecilidade essas notícias vão sair."  Sobre Vítor Pereira, como é bom de ver excepto para uns pategos que fazem a diferença como sempre não pelas boas razões (contudo, há quem lhes dê crédito).
Disto já tinha dito o mesmo. Do resto também.
O Torto Canal é o que é, mas só o reflexo do que se faz. A começar pelo site oficial. O futuro não começa assim. E já vamos a caminho neste amadorismo que abarca tanta coisa fora do campo e longe da competência dos ateltas e treinadores.

Preparar não é o que se vê, infelizmente. Não vejo o futuro tão risonho, independentemente de Pinto da Costa estar ou não estar. Mau seria se dependesse disso. Os detractores acreditam e o presidente lá acaba por dar-lhes razão. A bajulação actual não permite a muitos ver mais longe que o próprio nariz. Depois sentir-se-ão órfãos e aptos para as barbaridades argumentativas já hoje patentes no domínio das competências e enquadramento estratégico do treinador menorizado face à "estrutura".
Vamos perder a próxima guerra dos 30 anos?

18 abril 2012

Torto Canal lá deixou a Taça esquecida de há 35 anos - mas não só, falta estofo de campeão!

Vi, com o desinteresse esperado, a entrevista de Pinto da Costa no chamado canal do clube. Parece que tem continuação a 23 de Abril, não sabemos se dezenas de títulos em 30 anos de presidência ocuparão a hora e meia que durou o monólogo de ontem para falar de 20 anos de seccionista e director de modalidades, entre as quais por acidentes vários o futebol, até à ascensão a presidente em 1982.
Como antevi, não esperava nada, nem imaginava que a entrevista teria duas partes. As luvas rotas do hóquei em patins que se jogava no ringue da Constituição nos anos 50 interessam-me pouco, mas deu pano para mangas para o seccionista cooptado de então. Eu joguei nos juvenis do Infesta, onde Pinto da Costa também foi atleta muito antes de mim, e em 76-77 treinava com meias completamente rotas e chuteiras às vezes abertas nos lados... à noite e até com chuva...
Pinto da Costa tem o seu lugar na História do FC Porto e do Desporto português. Ímpar. E tem-no, para os portistas, não só como presidente, mas também como director do bicampeonato que quebrou o jejum de 19 anos e relançou o gigante adormecido.
Para mim, como sempre defendi aqui que acompanhei esses tempos de verdadeira glória, o pós-25 de Abril de 1974 e a ascensão portista acima de tudo com Pedroto marcou o início desta era. Pinto da Costa conseguiu repescar o Zé do Boné ao Boavista. Mas as histórias do bicampeonato de 1978 e 79, afinal, não existiram. E é pena.
Os portistas mais novos não imaginam a equipa extraordinária que marcou 81 golos em 30 jornadas para quebrar um jejum de 19 anos sem título nacional. E de onde vieram? Como foram adquiridos jogadores maioritariamente vindos de Lisboa? Sim, o Octávio, o Duda, ambos do Setúbal onde foram treinados por Pedroto, o Freitas e o Murça do Belenenses, mesmo o g.r. Fonseca que fora campeão quase sem jogar no Benfica no início da década mas só chegou a internacional (uma vez) quando andou emprestado ao Varzim... O Simões da Académica. O Gabriel que era natural de Lisboa. Essa história de conquista, de desbravar o mato, de quebrar o enguiço da ponte, isso era o que esperava de Pinto da Costa.
Para piorar, nem uma referência à Taça de Portugal de 1977, para mais jogada nas Antas (1-0 ao Braga). Sou de 1962 e desde que nasci só não tive noção, apesar de saber da grande festa à chegada da equipa a S. Bento até por morar perto do centro histórico, da vitória na Taça de 1968 (2-1 ao Setúbal, então com Pedroto como treinador antes de rumar ao Sado, precisamente, e aí criar a primeira grande equipa que vi jogar e me encantou no início dos anos 70 em Portugal). Ora, Pinto da Costa descreveu os processos que levaram ao seu regresso ao clube como director do futebol e a puxar Pedroto de novo para as Antas. Porém, da Taça ganha em 1977 nem uma palavra, e no entanto, foi a 1ª época de Pedroto de volta ao seu clube do coração.
Pedroto ganhara em 75 e em 76 a Taça de Portugal para o Boavista que tinha uma belíssima equipa, onde pontificava João Alves das luvas pretas. Taí, o velho careca lateral-esquerdo, também veio para as Antas. Quase foi campeão em 1975 (ficou a dois pontos do Benfica, com quem perdeu no Bessa a iniciar a 2ª volta) mas foi a Alvalade ganhar a Taça ao campeão. E reteve a Taça com 2-1 ao Guimarães e numa final também jogada nas Antas, onde festejaria um ano depois a conquista da sua terceira Taça de Portugal consecutiva e a segunda para o FC Porto desde 1968.
Um marco inolvidável também pelo motivo de a final com o Braga ter sido nas Antas, numa 4ª feira à noite, faz de hoje a um mês 35 anos (foi a 18 de Maio). Eu no topo sul ainda retenho a imagem na baliza lá distante do topo norte onde Gomes fuzilava Fidalgo na baliza minhota, depois de um raide, creio que de Seninho, pela direita, a meio da 2ª parte.
Está visto para o que serve o Torto Canal, como aqui já lamentei. E que isto é para quem sabe e pode, não para quem quer. Presumo que Rui Cerqueira, hoje incógnito director eventual de uma alegada Comunicação no FC Porto, terá menos cinco ou seis anos do que eu e já devia ter idade para ter visto aquela final e perguntado na entrevista ao presidente por isso, pelos jogadores, pelo regresso de Pedroto ao relvado das Antas, o processo de aqusições feitas no início da época enquanto ainda cá estava o famoso Cubillas que era o capitão. Não sei se Rui Cerqueira, dos tempos preguiçosos da rádio que replica apenas as notícias dos jornais, perdeu algum jeito mínimo que tivesse de jornalista desde a acomodação numa qualquer cadeira de sonho. Para ler um guião também não serviu, ao que se viu,, não tem memória e como sempre na malta da rádio e da televisão não se dão ao trabalho de consultar dados, de ir à Imprensa da época, de possuir o Almanaque do FC Porto que pode dar uma ajuda.
Por exemplo, a 17 de Abril de 1982, e porque as eleições decorriam normalmente ao fim-de-semana e Pinto da Costa ascendeu a presidente, o que lembraria, foi-lhe perguntado, o entrevistado? Nada, mas o FC Porto ganhou nessa tarde em Penafiel com um penálti de Jacques. Não sei exactamente se foi um sábado ou um domingo (o mais provável). Mas esse é, sim, um pormenor insignificante.
Há coisas que por serem esquecidas, de forma lamentável pelo presidente e pouco profissional pelo director de Comunicação (?), não foram menos importantes. Os portistas mais novos nunca as saberão, como não imaginam como corria Seninho, o foguete das Antas, e a equipa em que todos tinham bigode em 1978 (à excepção de Ademir, que tentava deixar crescer uns pêlos...) dava banhos de bola em todo o Portugal.
Ah, a Taça de 1977 foi ganha aí com 33-1 em golos, só o Montijo (7-1 nas Antas) teve a honra de bater Joaquim Torres (outro ex-sadino, salvo erro). O Sporting, por exemplo, levou 3-0 em meia hora, no sábado de Páscoa, fez a 9 de Abril 35 anos e eu lembro-me que dessa vez estava no cimo do topo norte e vi os golos ao longe na baliza sul numa tarde solarenga magnífica e 15 dias depois de o Sporting ter levado 4-1 para o campeonato com 3 de Oliveira e um de Duda.
A Taça esquecida, lamentavelmente, uma vitória que lançou a equipa na Europa, eliminando o Colónia que foi bicampeão alemão, e o Man. United com 4-0 nas Antas, aí com 3 de Duda e um de Oliveira, até cairmos aos pés do Anderlecht no auge da sua era (3 finais consecutivas e 2 vitórias na Taça das Taças), uma projecção europeia na época do 1º campeonato em 19 anos - isso sim, era a glória máxima daqueles tempos.
Por fim, a confusão de ideias e factos por causa da recusa de jogadores portistas irem à selecção. Em 1979, Mário Wilson era treinador do Benfica e seleccionador nacional. Pedroto e Wilson tinham grandes desavenças e entrevistas na Bola. Pedroto dizia que o Benfica não tinha estofo para campeão. Um brado! A expressão ficou para sempre. Estofo de campeão. O FC Porto, que no regresso à Taça dos Campeões em 1978 levou 6-1 em Atenas do AEK (deu 4-1 nas Antas e chegou a acreditar-se no milagre), lançava-se para o bicampeonato, inadmissível para o Benfica. Há guerra de palavras, A Bola reinava em absoluto, mesmo chegando ao Porto às 7 da tarde...
Pinto da Costa tem pouca memória e o jornalista nem isso nem vontade de ir ao arquivo municipal.
Entre duas vitórias por 3-1 (Bonfim e com o Rio Ave), o FC Porto recebe o Milan. Ainda jogava Rivera, no fim da sua carreira, vi o 0-0 nas Antas com o ferrolho italiano impenetrável. As eliminatórias jogavam-se todas à 4ª feira, com uma semana de intervalo sem jogos entre as duas mãos. Até ir a Milão, Portugal jogava na 4ª feira seguinte em Vigo um amigável com a Espanha. Pedroto não deu os jogadores do FC Porto ao treinador do Benfica e da Selecção, que faz 1-1 nos Balaídos. E na 4ª feira seguinte vai a Milão mostrar o ferrolho aos italianos e saiu um peru de Albertosi num livre de Duda a 45 metros da baliza, descaído para a lateral-esquerda, fixei depois no parco resumo televisivo e a preto e branco da RTP. O FC Porto passa o Milan e cede a seguir ante o Real Madrid que também vi, desde o 3º anel no sucateiro atrás do topo norte, nas Antas o tal golo de Cunningham de livre com Vautrot a deixar marcar enquanto Fonseca formava a barreira. Os dois golos de Gomes valeram menos, estava 2-0 e o golo no Bernabéu liquidou o FC Porto.
Menos importante era se a equipa que eliminou o Benfica, alegando cansaço pelo jogo de Portugal em Vigo, era húngara (PC dixit). Por acaso foi o Aris de Salonica (3-1 e 1-2), que fez o golo fora a 10 minutos do fim e virou a eliminatória. Pedroto ganhou a Wilson, o FC Porto seria campeão em 1979, perderia a final da Taça com o Sporting numa finalíssima no Jamor com dois jogos viciados pela arbitragem (a primeira com um penálti inventado a dar o 1-1 e forçar a "negra"; a segunda com o chinês Mário Luís de Santarém a viajar depois com a fatiota oficial do clube de João Rocha todo impoluto...). O FC Porto tinha ganho o estofo de campeão. Essa foi a expressão forte de então. Não me lembro que o eco do Dragão fosse notado naquele tempo, em 1979, como evocou Pinto da Costa. Isso já foi depois, quando se tornou presidente.
É por isto, tudo isto torto que nunca se endireita, que a História do FC Porto é mal contada e muitos feitos desvalorizados. É para isto que serve o dito canal do clube? Só se for com bolinha vermelha no canto superior, o que seria pior. Mas mau já é. Não consigo deixar de me indignar.

nota: mais vale ir ao youtube e repescar trechos de discursos de então. Mas, de novo, não faltarão basbaques a deliciarem-se com o que ouviram... ACT: a alternativa acrítica, típico pé de microfone, é isto.

17 abril 2012

Os 30 anos seguintes

Escrevo, como quase sempre, por antecipação; corro o risco de errar, de ter de corrigir, de falhar o alvo. Mas assumo-o e acredito não estar enganado.
Hoje completam-se 30 anos da eleição de Pinto da Costa como presidente do FC Porto, cargo só depois assumido a 23 de Abril de 1982, salvo erro. Já vi por aí tantos elogios, justos; escaparam-me exemplos de alguma crítica, irrazoável. Os crentes, os aduladores são assim. A massa crítica tem outra ponderação. E vê para além, se, entretanto, não ficar refém de prebendas e comendas tal como acantonadas críticas de outras eras. Ai se fosse ao arquivo rebuscar críticas de então a pugnar por uma libertação do jugo pintista...
Como vivi, até intensamente em muitas fases, todo o percurso, e já sou do tempo de muito antes, de uns 10 anos antes, passo sobre o que os mais novos exaltam agora. Para os mais novos, o filme dos 30 anos que muitos não viveram seria um êxito, afinal o FC Porto já tem meios de produção e gente da área mas o risco de fazer algo sensaborão é grande do tamanho do amadorismo e gente timorata que de si nunca deu grande coisa.
Pinto da Costa merece os êxitos conseguidos e um dia terá a estátua merecida no Dragão; ou, como é imodesto, uma frase marcante, pode ser a da paixão, ambição, competência e rigor, mais ou menos assim, ou arranja-se outra para lá do "A vencer desde 1893". Podia ser "Ganhar em Liberdade" que foi o fio condutor de mais uma Revolução portista - que o País centralista teme e abomina, mas já não trava - a dar uma lição ao Portugal do comodismo e absolutismo da capital em que desgraçadamente se centra. 

O FC Porto é o mais pujante vencedor clube do Desporto português, com domínio nas principais modalidades e a superioridade em futebol. Aquém e além fronteiras. Vivi praticamente todos os grandes momentos e ainda em Dezembro evoquei a primeira Supertaça desses 30 anos com 4-1 ao Benfica depois e 0-2 na Luz.
Para mim já não é o mais importante, só o título que vem a seguir. Penso nos 30 anos que se seguirão, uns poucos com Pinto da Costa, a maioria sem ele e nem todos chegarão a ver 2042. De momento, para já, sobra um clube enorme arrastando inerentes pedregulhos que ameaçam, como a todos, paralisá-lo. O orçamento cresce a níveis impensáveis e os frutos, como os lucros, são uma miragem: pagar para andar à tona? A SAD encobre problemas profissionais em negociatas pouco claras e o fracasso de Benfica e Sporting nesta área devia alertar-nos mais um bocadinho para os perigos da deriva que, ao mesmo tempo, retira a base nacional de suporte do plantel com o desinvestimento interno que retira um pouquinho de identidade. E é de Identidade que se deve falar no FC Porto, não pelo bairrismo que é conversa para boi dormir, mas de projecção sem perder as raízes naturais nas quais se ergueu o clube no qual os sócios, na sua maioria, se revêem mas em que estão tão à margem em associativismo como relegados a meros espectadores a quem se liga pouco e a quem se entretém tão pouco antes e no intervalo dos jogos no Dragão.
Ficaram para trás - talvez silenciados na entrevista marcada para hoje no canal do clube que promete prolongar a efeméride durante a semana - também muitos erros, muita teimosia, muitos passos em falso, falhas clamorosas e tempos até indecorosos. O saldo é, porém, positivo e o regozijo dos Portistas é enorme com toda a razão em força e a força da razão. Ora, é esta que não tem prevalecido.
Os 30 anos que temos pela frente, obviamente, ninguém os pode antever, pelo menos para além do Museu a erguer neste mandato e no máximo mais um mandato já na forja. Esse pode ser o último erro de gestão dos muitos que se têm repetido.
Gestão polémica em muitos aspectos que poucos recordarão. Gestão, no momento, que passa por falar do futuro do treinador que tantos querem ver pelas costas sendo uma aposta pessoal do presidente que não pode correr o risco de se desmentir a si próprio.
Como dizia Drucker, agora que passa o 110ª aniversário do nascimento do pai da gestão moderna:
"O teste derradeiro ao bom gestor é o da sucessão".
Não creio que haverá novidades, apesar de ser feita a pergunta de algibeira com a resposta costumeira. E é sem essa esperança que vou, sem grande espírito, tentar assistir ao programa. A maioria nem perceberá isso e dificilmente aceitará a "revelação" de Vítor Pereira continuar. Não conhecem Pinto da Costa e, por isso, não imaginam o futuro sem ele. Eu nem imagino, com o enfado, sequer ver a conclusão da entrevista.

16 abril 2012

Platini verde de raiva mas isto não é com ele, trata-se de uma Operação Furacão ou bonacheirão Otelão?

Já perceberam que deviam estar calados há muito... Cada cavadela, cada minhoca. O silêncio, agora, pode ser entendido como... "assumpção de culpa". É a confusão. Eles sabem no que estão metidos. Falta apontar culpados e castigar em consonância. Há coragem federativa? Ou vai para as calendas?...
Acaba por ser contraditório este "baque". Põe à prova a fidelidade canina dos lagartos, demonstra a idoneidade do mafarrico e, ainda bem, reabre, recupera, resfolega uma estória que estava a cair em sossego, depois de pintada a cor-de-rosa, obrigando a falar do assunto, não deixá-lo, como a Leonor Cipriano, com um olho negro apenas... A gerência agradece, até porque entretanto alinhavei os pontos fortes e quentes da refrega. Estava tudo montado, a propósito, mas tinha de fazer esta actualização. Esperará o homem a vaga de fundo que o proteja? Dá sinal de que tem trunfos e pode comprometer alguém se não lhe derem protecção? Isto vai continuar a servir para iludir alguém perante factos tão graves que a "inteligentzia" lisbonense procura conter danos? Que mais nódoas mancharão imagem de alegado clube sem mácula?
Pois é, quando a subserviente massa de papel se dispunha a servir de arremedo higiénico à falta de melhor, aquele que pugnava por um Sporting de volta ao lugar a que tem direito falou e disse.
Caiu um silêncio sepulcral sobre mais um escândalo em Lisboa. A Imprensa Destrutiva do Pífio Dourdo amansou a sua sanha persecutória em nome da causa desportiva de uma agremiação do regime em que se insere a bonança capitolina. Veremos que tipo de onda se verificará, em todos os quadrantes sensíveis e que não podem menosprezar a avaliação externa e não só para verificar a dualidade de tratamento gritante e patente em tantas áreas de acção no País, se se confirmar este cenário. Isto, no fundo, é muito mais do que assobiar uma equipa vencedora de uma taça da treta, embora nos questionemos como algumas pessoas vão, por esse objectivo, às duas da manhã aplaudir esse mesmo sucesso - mas diz muito da idiosincrasia tão tuga das coisas da bola na Porcalândia.

Estou, como compreendem, não intrigado, mas conscientemente interessado nesta questão, não para ver o fundo ao tacho, nem o fundo só, nem o tacho que há, mas até que ponto as pessoas julgarão o estado a que isto chegou e se tomarão medidas, definitivamente, para acabar com certas pessoas da Informação tanto quanto do Futebol. Já que são as primeiras a pedir limpeza no segundo andar...

Ainda bem que nada disto tem consequências desportivas: nem na taça, garantia rápido O Jogo, nem na Europa, suspirava de alívio A Bola. O Record não pedira, desta vez, ajuda de ninguém próximo dos árbitros para esmiuçar estes meandros, mesmo que dinheiro em mão não deixe rasto, e os génios da bola podem tergiversar à vontade, com as cambalhotas necessárias, na conivência bovina dos mandantes. A rapaziada de Alvalade, na blogosfera, congratula-se por um depósito de 2000 euros na conta de um árbitro - sinónimo de vigarice e corrupção de Cardinal, logo na primeira reacção! - não ser sequer tentativa de coacção como a que despromoveu o Boavista. Não, trata-se apenas de denúncia caluniosa da parte de quem, afinal, expôs que lhe meteram dinheiro na conta sabe-se lá porquê, talvez para o incriminarem. As dormentes consciências, há uns anos tão exaltadas, querem pôr isto na paz dos senhores e nada como acalmar as capas dos pasquins não vá o Platini, o eterno gladiador contra os corruptos e vigaristas, chatear-se e chamar batoteiros a gente impoluta como se sabe e vociferar, o cabrão do franciú, contra a presença europeia de uma equipa cujo dirigente de topo depositou dinheiro - esqueça-se por momento a intenção, embora para Platini tal não precise de ser provada, o depósito diz tudo e as regras foram actualizadas sem contemplações depois de 2008 - e o Sporting joga esta semana.

 Ora, a gente sabe que é melhor não agitar as águas, nem mandar para Nyon as cópias do que se diz e fez por cá. Et pour cause. O dirigente pirómano que se demitiu e quer voltar atrás já tem o apoio dos apaniguados directivos que logo aceitaram a sua demissão. Outro facto estranho, tanto como fazer finca-pé da denúncia do clube, enquanto o árbitro pediu ao seu chefe o afastamento "por motivos pessoais" contando o sucedido e, diz, desviando os dois mil para caridade social, claramente 1-0 para o Cardinal. O resta da manada aplaude tudo isto, a Imprensa corrobora e colabora, em nome de uma paz social e de um troféu de luxo do tipo pechisbeque que faz uns quantos saloios contabilizar taças da latrina antiga...
 De qualquer modo, aqueles Cavaleiros da Imaculada que uma vez reuniram à rebelia para despromoverem o Boavista e afastarem o FC Porto da Champions não se apresentam agora nas instâncias justiceiras desportivas. É pena. O mínimo a fazer seria eliminar o Sporting da prova em questão, proibir a sua participação por uma ou duas épocas e, claro, afastar o clube da Europa nos próximos dois ou três anos.
Se estivessem, e o conceito de coacção prevalecesse desses tempos, queria ver se achavam mais coacção o depósito de 2000 euros na conta de um árbitro - ficamo-nos só com a queixa do denunciado que denunciou e saiu o tiro pela culatra - ou a tentativa de coacção (sic), feita pelo telefonema depois de um jogo, para mais um jogo perdido (1-2) em casa com o E. Amadora, de um dirigente do Boavista ao árbitro Jacinto Paixão. Se bem me lembro, Valentim Loureiro ligou-lhe e nem era já dirigente do Boavista; creio que João Loureiro também o fez e prontos, como se sabe, por um telefonema indevido e infeliz e inútil, o Boavista ainda vegeta em momentos difíceis até por o relvado ter sido trocado pelo sintético no Bessa e vegetar assim não é fácil...

Então, a lagartagem está tranquila com a sua consciência, sabe que 2000 euros no banco é menos tramóia do que escutas pífias e testemunhas com cheiro a criolina devidamente tratados em tribunal de gente e para gente como nós. Para eles, um PC pode ser legítimo a defender que não assume a culpa, mas o PC que "desistiu" alegadamente dos 6 pontos na sentença estapafúrdia assumiu a culpa. Vá lá saber-se porquê este silêncio que a todos compromete e não dignifica sobre o despautério do que era coacção há uns anos e não é hoje, antes pode colorir-se de forma pueril em denúncia caluniosa, ou do que era não assumir culpa em 2006 e o que é hoje. É claro que uma mulher da vida sempre foi puta por ser pobre mas muito moderna e livre de vender o seu corpo (sem corrupção, nem moral sequer...) se for menina de bem e até tiver filhos betinhos para amamentar...
Faz-me lembrar aquele escândalo da Operação Furacão: serviu apenas para recuperar créditos devidos ao Fisco e passou-se uma esponja branca sobre um assunto verde de nojo - e chegamos ao fundo do poço, como estamos. É coincidência ser o BES do impoluto Espírito Santo Salgado um financiador (desesperado) do Sporting e apanhado naquele turbilhão de acontecimentos, tal como agora sai ilibado na Herdade da Vargem Fresca (é assim, não é?) apesar da morte de uns milhares de sobreiros em Benavente. O Sporting é só um caso de polícia, apenas uma rês tresmalhada que um certo rebanho acolhera pomposamente no seu seio numa eleições que tiveram o seu quê de galhofa e pindérico. Acho que este sacrifício no altar do bom nome da instituição nem chegará ao fogo do galinheiro montado, aparentemente pelo mesmo chico-esperto de agora, aqui há tempos...

Então, percebe-se que, fora o Furacão, se for o Otelão (expressão cunhada, salvo seja, por mim agora mesmo) pode-se instigar a pegar em armas que nada sucede. E vem o sonso beirão retomar o anátema sobre o futebol, mas não mexe uma palha à espera que algum(a) escritor(a) faça um livreco para o PGR se empolgar e animar a malta dos pasquins.
Como sempre, isto não são diferenças de opiniões, são meros trocadilhos lisbonenses que em breve escoarão pelo ralo do que não interessa falar e ecoarão depois a prodigalizar os arautos da verdade desportiva. E como tudo está calado, mesmo os serviços de espionagem - como evoluiu o clube diferente desde as fichas actualizadas à máquina pelo abominável homem das neves - de uma empresa do director do clube são meramente um caso de polícia. Também acho, eu prendia os que contam histórias da carochinha. Deve ser por isso que deixaram de ouvir-se coisas das noitadas lisboetas e a fama do Elefante Branco ou do Maxim esmoreceu muito, o que é pena para a imagem glamorosa de outros tempos. Sic transit gloria mundi, mas mesmo assim Roma caput...

Poderia haver outro tipo de furacão ao jeito desta notícia da loucura de uma ninfomaníaca. Neste caso, o pirómano leonino só pode ir preso. Mas, iliba-se o clube por uma argumentação capciosa?

15 abril 2012

Clássico de Espanha "submete-se" ao Porto-BeiraMar

Com a diferença horária, às 7 de sábado o Barça-Madrid e às 21.15 mais uma etapa da contagem decrescente para o título
Já agora, o árbitro del clasico soube-se com três jornadas de antecedência, aquela a meio da semana e a deste fim-de-semana. O Mallenco foi o que deu ao Madrid a Taça do Rei da época passada, permitindo toda a brutalidade a Pepe e Cª...

Entretanto, o árbitro dos Cincazero da época passada diz umas coisas do tuga de Madrid.

Em Portugal é o que se sabe: coitadinhos, atrasadinhos, parvinhos, pequeninos.

Na contagem decrescente, em Espanha, Madrid e Barça jogam ainda, de permeio com La Liga e 4 pontos a separá-los, a presença na final da Champions.

O chorão Mourinho, sempre a inventar ocorrências, deste vez não se pode queixar nem do calendário:
O Barça joga 4ª (Londres), sábado (clásico) e 3ª (Chelsea) - 6 dias.
O Madrid joga 3ª (Munique), sábado (clásico) e 4ª (Bayern) - 8 dias.

14 abril 2012

Ainda não há novidades, deve ser lá para Junho...

Deve ser por isto que se conta a anedota de como irritar um belga: pô-lo a procurar chocolates nos cantos de uma sala redonda :)
Em França, hoje, também há algo. Curiosamente, Deschamps desvaloriza, mas o vencedor irá à Liga Europa, algo que o Marselha pelo campeonato não deve conseguir. E, contudo, ele preocupa-se com o campeonato. É sempre um outro modo de ver as coisas e dar importância às mesmas.


13 abril 2012

Treinadores, encontram-se

Esta jornada foi reveladora de treinadores prontos para colocação.
Os desesperados portistas que procuram substituto para Vítor Pereira - até admito que sim, mas não acredito nisso - podem olhar:
- para o 2º lugar da tabela e ver o que dizem desse; - para o antepenúltimo lugar da tabela e ver o que dizem desse também.
Boa sorte. Sempre têm os convidados da RTPI, muitos despedidos já e outros em vão à procura de emprego. Até têm lá o Tadeia também ou o lobo das tácticas no "papel quadriculado".

De resto, já tentaram impingir o Socolari, o Paulo Bentoinha, o Xoramingos e até o outro adjunto que é muito badalado no antepenúltimo classificado aí em cima. Tinha de ser, agora, o ai Jasus!... Desespero é mesmo bater com a cabeça na parede e, claro, um dia a casa vem abaixo.

12 abril 2012

Feitiço virado contra o feiticeiro?

Em Barcelona já associaram o Cardinal com um roubo efectivo, por sinal a beneficiar um treinador tuga...
Em Portugal, os moralistas do costume, mais do que os de ocasião como certos génios do periodismo parolo e saloio em pasquins rascas que compram informações a qualquer abominável homem das neves, com dinheiro para não deixar rasto, começaram a salivar sobre certas ocorrências, antevendo cataclismo a sério, para terem credibilidade. Como de costume, e não ocasionalmente, fala-se muito e antes de se saber algo sobre a trama o julgamento já está feito na praça pública.

Em Portugal, como já é costume através de uma gaja ressabiada, era giro ver um caso virar-se contra o próprio moralista de ocasião, num rumo imprevisto. Pelo menos contrário à versão oficial e bovinamente aceite dos arautos da verdade desportiva e, como sabemos, identificados com boas práticas de investigação, interrogatório e dedução de acusações entre murros e cabeçadas, mais incitamentos à violência e fogo em galinheiros.

A tendência viral é espalhar a onda de crimes alegadamente cometidos. Ninguém pensa na motivação da denúncia, nas razões da mesma e sua plausibilidade, no rumo da denúncia e por aí fora.

Quando eu tiver uma denúncia vou contar ao clube A ou B, de preferência de Lisboa, já nem digo a FPF, em vez de ir à PSP da minha área residencial ou à PJ do Porto, por exemplo. Terei o discernimento, e os conhecimentos, para escrever a um clube. Quiçá por intermédio de alguém que escreva por esse clube ou para esse clube. Procurarei um(a) justiceir(o)a, de preferência um(a) ex-PJ que sabe da poda e até já participou em interrogatórios de pôr os olhos negros às pessoas (Leonor Cipriano em Portimão). Um jornalista dá jeito, mas não um génio foleiro, daqueles que preferem apanhar bonés em vez de ver se vale a pena andar de cu para o ar e correr o risco de ser enrabado ou, se não se importar, se tem vergonha de fazer a figurinha que faz estribado em contos antigos de valor zero e moralidade que não quis tirar a não ser enviesar à falta de poder provar alguma coisa; não, tem de ser um abominável homem das neves comprovado no mundo do Crime.

Depois das notícias do dia nos jornais online, a SICN faz-nos constar que, uff, felizmente, a PJ acredita que isto pode envolver dirigentes do Sporting, mas não o próprio Sporting. Ser um PC qualquer vicepresidente, tipo Pereira Cristóvão, não implica o clube. É curioso, ia jurar que por causa de um PC qualquer presidente já implicava até o sinaleiro da Batalha, pedia-se justiça à italiana, batia-se com a mão no peito e vendiam-se livros a gente com barbas...
Porreiro, pá! Então, os calimeros do costume já anteviam que se preparava um cambalacho para prejudicar o sbordem. Agora, aparentemente, fazem-se desentendidos e assobiam para o ar como se não fossem nada com eles nem um deles, alguns deles, não estivessem a fazer as coisas por outro lado. Veja-se que até se interrogam como é que alguém iria ao Funchal depositar dinheiro e não se perguntam se é legítimo saber se o dinheiro foi usado ou não mas como foi posto lá (depositar é fácil, basta saber o número da conta, não dá é para tirar) então o criminoso é esse...
Ao invés, eu perguntava-me se a tal gaja da questão fosse amante, para ser suave, qual o interesse em o corrupto contar isso em redor da cama?

E, ainda, acho estranho no século XXI alguém ainda escrever à máquina! Fantástico! Dactilografar não deixa rasto.... é como o dinheiro, quando fala a verdade cala. Faz lembrar o outro chico-esperto que confessou ter mudado de residência e era secreta, mas um certo dossiê foi lá parar como por artes mágicas, sabe-se lá se enviado do Uganda ou Quénia por um gorila mais zeloso...

Como digo abaixo, o ridículo só é facturado com a ironia.

Estou expectante. Até porque quero rir-me, a semana tem sido fraca de emoções e de boa disposição.

ACT.: Já me comecei a rir...
AH, AH, AH (e contunuo): a A1 diz que fonte (fonte?) da PJ garante que o Sporting está ilibado!
A lagartagem está que nem sabe: então a Académica é que fez isto para desviar o Sporting da final?
Ou o outro malvisto, o Alves do Nacional, só para se vingar do Marítimo?
O guardanapo do Marítimo vai culpar o PC e erradamente foram ao Pereira Cristóvão?
Não há cu que aguente!


Os marretas e o penálti primeiro que se tivesse sido...

... mas nem com a APAF se safaram. Quando não se tem jeito e só se depende de ajudas, a barraca é... com as que circundam a lixeira da Luz.
Já esqueceram, como é costume, a conversa de outros jogos em que também não lhes foram marcados penáltis antes de outras ocorrências: o Porto-Benfica de 2009 (Aimar-Lucho, com 0-0, ante do penálti de Lisandro) e o recente clássico na Luz com o penálti de braço duplo armado do Cardozo antes do golo em fora-de-jogo. O ridículo só é facturado com a ironia.