Esta semifinal da Champions, sim, teve um vencedor justo e com um mérito, esse sim, inatacável. Afinal, como o futebol reserva surpresas aos melhores do mundo e aos segundos nessa classificação, não há nem Barça, nem Madrid em Munique. Mas que diferença, contudo, nas eliminações dos dois gigantes espanhóis! O Barça impôs o seu jogo, como impõe sempre, seja em Londres, Atenas, Madrid ou Camp Nou. O Madrid joga na matreirice, não se impôs em Munique e não se impôs em casa. Nunca se impõe às grandes equipas, joga pela segurança e tira partido da velocidade de CR7 e Benzema, servidos pelo magistral Ozil - este, para mim, o médio que me dá mais gozo ver no futebol mundial.
Ficamos a saber, por fim, não que os alemães são bons nos penáltis, porque isso já Lineker enfatizou e eternizou há 15 anos. Os penáltis, para os germânicos, não são lotaria. E Neuer, o Manuel da Nóia, já vimos (no Dragão, pelo Schalke) defender penáltis sem lotaria: antes com uma classe que neste particular me parece inigualável.
E ficamos a saber que, depois da injusta mas compreensível à mercê dos imponderáveis do futebol, eliminação do Barcelona, a única coisa que ocorreu aos madridistas pensarem foi que, por ganharem um jogo com sorte ao Barcelona no sábado, já são melhores e prontos.
O Madrid também teve a eliminatória na mão, mas não mais esteve por cima do Bayern após o 2-0. Em Munique podia ter perdido por mais um ou dois golos. Teve sorte de sofrer o 2-1 quase no final, como teve a sorte de ir a prolongamento por um golo de caras que, desta vez, uma semana depois, Gomez não soube converter e sentenciar a qualificação de um Bayern que jogou sem medo nem autocarro e um Jupp Heynckes, antecessor de Mourinho na episódica passagem deste pela Luz, mais arrojado, mais confiante, mais sereno, mais fiável, mais alemão assumido grande na Europa.
Mourinho ofereceu-nos uma patética visão dos penáltis de joelhos, como se fosse criminoso marcar a sequência prevista nas regras., na sua tendência suicida e ridícula visão da justiça dos penáltis quando o Madrid os teve esta época aos montes em Espanha. E acabou a faena, em que foi bandarilhado em casa mais uma vez, fanfarrão e com arrufos e arrotos de... CR7 ser superior a Messi.
Não teremos Barça-Madrid na final, pior, não têm os espanhóis que a cantavam, na Imprensa. Mas já se pode fazer uma contabilização, agora que na Champions não podem rir-se um do outro.
O Barça levou a Supertaça de Espanha, a Supertaça europeia, o Mundial de Clubes e ainda tem a Taça do Rei. Perde o campeonato espanhol de como não havia memória de benefício arbitral. O Barça teve uma Champions difícil, duas vezes contra o Milan nos grupos e nos quartos. Ninguém se lembra dos adversários frágeis dos merengues na Europa... Este sim, é o fracasso. Também porque já cantavam vitória, por verem antes o Barça fora do seu horizonte.
Recordo que o Barça teve seis dias para fazer os mesmos jogos que o Madrid teve em 8 dias. Voltando à contabilidade de 2011-2012:
A Liga espanhola 2011-2012 será conhecida como aquela em que Pepe foi suspenso uma jornada por limite de amarelos ao mesmo tempo que Messi. O ridículo fala por si, já que as imagens de jogos viciados a favor do Real Madrid apagam-se facilmente das memórias fraquinhas e selectivas.
O Madrid de Mourinho, ano 2, ganha quando muito o campeonato amparado pelos árbitros. Perdeu a Supertaça para o Barcelona no despique directo, perdeu a Taça do Rei no despique directo e os despiques directos da Liga ganhou-os o Barcelona: 3-1 contra 1-2. Com futebol a rodos, mesmo sem as alternativas ofensivas de Benzema, Kaká, CR7, Higuain, sobrando Messi e Alexis Sanchez nos catalães, já que David Villa acabou por fazer a diferença pela ausência por lesão desde o Mundial de Clubes.
Mas ouvir Mourinho, a voz do Madrid, falar do despique de CR7 com Messi, que tem mais golos na época e na Champions, do que o português diz bem do subconsciente doentio do treinador tuga que nem com uma Liga oferecida pode contentar-se. E veremos como acaba, porque também nem com o húngaro Kassai todo caseiro logrou ser superior ao Bayern. E os merengues parecem esgotados para as jornadas de domingo (Sevilha em casa) e 4ª feira (Bilbau).
No final de contas, o Barça pode vir a perder apenas o campeonato, se bater o Athletic de Bilbau na Taça do Rei. Porque a Champions não a perdeu como o Real Madrid. Nenhuma equipa perde alguma coisa da forma como o Barça jogou os dois jogos com o Chelsea.
A FINAL - voltaremos a ver em Munique um embate anglo-saxónico habitual dos anos 70 e que já esquecemos a última vez, creio que o Hamburgo-N. Forest precisamente em Madrid, arbitrado por António Garrido, em 1980. Ingleses contra alemães, desta vez na Alemanha. Vários jogadores ausentes por castigo, de parte a parte. Não tenho dúvidas que Barça e Madrid são as duas melhores equipas da Europa, por esta ordem. Mas uma coisa é o Chelsea passar como passou, outra é o Bayern assumir-se como se assumiu. Sim, continuo a ver as equipas independentemente de terem ou não portugueses e vejo o Bayern muito forte e Heynckes um treinador, quase resgatado da reforma, vencedor como o reconheci enquanto jogador. Heynckes, que levou o Real Madrid a ganhar a Champions 32 anos depois na "Séptima", ofereceu-lhe a "Décima" decepção. E pode ser mais um a ganhar por dois clubes diferentes.
Zé Luís,
ResponderEliminarA última final anglo-saxónica foi o Bayern-Man United em 99 (Camp Nou).
Sugiro leitura das patéticas declarações do Mourinho em que vem queixar-se do facto de ter uma equipa mais desgastada que o Bayern. Patéticas porque o treinador do Real Madrid não pode desculpar-se com estas coisas, patéticas por dizer que também assim foi contra o Liverpool em 2007 e mais patéticas ainda por não ter dito no sábado que tinha tido mais um dia de descanso que o Barcelona. Se quer pegar por aí, então que não seja só quando lhe convém. Uma das várias coisas que me tiram do sério em Mourinho é a incapacidade de dar mérito aos adversários, de não se desculpar doentiamente com arbitragens ou azar. Só assim não foi nos 5-0 em Barcelona, mas também mau era...
Abraço!
De certa forma achei piada ao resultado das Meias.
ResponderEliminarA final cantada desde o sorteio acabou por ficar pelo caminho.
Ainda ontem, depois da eliminacao do Barcelona, ja o tuga-madrilismo parolo cantava vitoria...
Havia, inclusive, alguns que diziam que iam estar 4 ex-jogadores do Benfica na final, ja a contar com os dois do Real... ignorando que SO no Chelsea ja estavam 3 ex-Porto...
O futebol tem estas surpresas que o tornam fascinante e ontem, so gracas a desinspiracao do Gomez o Real conseguiu ir a prolongamento...
Apesar disso, em entrevista a tv inglesa apos o jogo, Mourinho nao conseguiu atribuir merito ao adversario, dizendo que "nenhuma equipa merecia a passagem mais do que outra!"...
Ao menos nao se queixou da arbitragem...
Jose Lopes, obrigado pela correcção, eu mesmo já tinha, depois de fechado isto muito tarde, lembrado o A. Villa-Bayern de 1982 em Roterdão. Essa de 1999 em Barcelona é histórica, mas não me ocorreu. E o Bayern está sempre lá, um dos mais fortes clubes europeus mas quem em 9 finais já perdeu 5.
ResponderEliminarFica registado. De qualquer modo, como vivi muito os anos 70 e o domínio asfixiante do futebol de "força na técnica", deixei-me embalar pelo entusiasmo.
É bom haver estas quebras de tradição e voltar aos good all days.
Sobre as declarações de Mourinho, meus amigos, não as li nem ouvi. Limitei-me a ler um título em que "comparava" Messi a CR7. Só isso é suficiente para avaliar a preocupação sufocante de Mourinho.
ResponderEliminarÉ compreensível que puxe pelo seu jogador e faria o mesmo com Messi se fosse seu jogador. Além do mais, são compatriotas e isso reforça mais esses laços. Tudo bem.
Mas que razão tem de vir puxar uma coisa que não se enquadrava naquele jogo que acabara de perder?
Mourinho sofre de Barcelontis e é uma doença grave.
E ganhar um campeonato, se o ganhar como tudo leva a crer, é um fracasso para ele. Até pelos favores de arbitragem que teve toda a época. E isso também lhe pesa na consciência, seguramente. Porque os despiques directos falam por si.
Boas
ResponderEliminarA eliminatória do Barcelona-chelsea fez-me lembrar o Paços de Ferreira - FCP....
Acho que em 10 eliminatórias o Barça passava em 9. Só um "tempestade perfeita" poderia colocar o chelsea na final. Aconteceu.
Em 180 minutos, 3 oportunidades, 3 golos para os blues.
Em 90 minutos o Paços teve uma e um golo.
Barça e Porto com muita mais posse de bola, oportunidades, controlo, et etc e nada.
Pensava que estas coisas só aconteciam ao "pé frio" do Vitor Pereira.
Quanto ao Real acho que, no todo, é mais forte que o Bayern. Este peca na defesa que me parece aquém do resto da equipa, mas tem grande keeper, muito bom meio campo e os 3 da frente jogam em qualquer equipa do mundo.
Quem apostava num Chelsea - Bayern na final?
O futebol continua a ser o mais "beautiful game" !!!
Abraços