O Papa chega a Portugal e o Presidente da República fala por "todos" os portugueses.
Um Estado laico - ferrete e oficial avesso à maioria da população professar a religião Católica, confessando a maioria dessa maioria não praticar e, até marimbar-se para as coisas da fé à parte os 200/300 mil peregrinos certos anualmente em Fátima - fecha escolas públicas de onde há tempos mandou retirar os crucifixos e dá tolerância de ponto a funcionários, convidando a restante populaça - com quem reparte e até reforça os custos da crise - a não trabalhar também. O beija-mão já começou e lá continuará pelos que votaram o aborto e os casamentos gay, ampla e barbaramente discutidos nas tv's do regime que, agora, submissas, venerandas e silenciosas, acotovelam-se para não perder os pormenores da visita e sem esquecer os epítetos a Sua Santidade.
Porventura nesta ilusão, entre o hipócrita unamismo e o falso ecumenismo logo torpedeado pelos interesses de comerciantes e consumidores locais transtornados com os inconvenientes da segurança que nem contentores do lixo pouparam, alguns fariseus da bola saíram a terreiro como santos de pau carunchoso, apregoando moral e aspergindo boa-fé como se não tivessem deixado rasto de autênticas quedas de um anjo...
Os scolarianos estão de volta, depois de xingarem uma qualificação que nada ficou a dever à anterior do seu mestre inspirador, agora a zurzir na convocatória (quase) final em que dantes professavam o credo de "não importunar": não ver, não ouvir, não falar.
Anda-se a discutir, afinal, apenas pormenores de quem, em detalhe, deve ser digno do banco no Mundial, porque há muito o 11 está praticamente definido e, realmente, não há mais para escolher, nem para os titulares, os melhores em vista, nem para as alternativas, pouco consistentes nos seus clubes e ainda menos na selecção onde só muito poucos tiveram tempo de ganhar lastro internacional.
Não entro, como se adivinha, por aí, pois pouco há a opor. Mas percebe-se que, finado o ciclo do plano inclinado de que poucos, ébrios, se deram conta, o veneno desta malfadada época desportiva está espalhado a contaminar o ambiente. Não adianta a inspiração beneditina do Papa e serve de pouco a imbecil exaltação benfiquenta do Diabo. E vá lá que Varela e Ruben Micael acabaram lesionados e inválidos para o Mundial, ou cairiam o Carmo e a Trindade...
Será desnecessário recordar o episódio de Vítor Baía excluído por Scolari que, para os seus prosélitos, terá alegadamente feito criar na massa de adeptos uma onda de comunhão. Seria triste e tragicamente cómico se fosse porventura verdade, porque a Selecção de 2004, à parte o melhor guarda-redes da Europa que só os parvos aceitaram tal exclusão sem rebuços, viveu quase em exclusivo do FC Porto na mesma, sem a simpatia dos seus adeptos apenas por não pactuarem com chico-espertismo de vão de escada. Estrutura, forma e vício de ganhar que prosseguiram depois e, com Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira e Deco, por exemplo, ainda resiste.
Mas a parvoíce não tem limites quando não há cérebro, memória e moral, tornando em vão qualquer inspiração papal para salvação de almas tão penosas...
Não bastava o treinador do férplei da treta dizer que os "seleccionadores são bons só a escolher os melhores jogadores, não a saber treinar", onde qualquer pescador sem sandálias (se percebem o trocadilho) percebe o pecado mortal e que... o "peixe morre pela boca"!
Para os vendedores ambulantes, hoje criticando a chamada de Daniel Fernandes para 3º g.r. quando emudeceram com Bruno Vale em 2004, Moreira em 2006 e Rui Patrício em 2008, qualquer banha de cobra se vende a um pascácio.
Aqueles, ressabiados depois de anos a comer a hóstia sem sal em nome da pacificação dos adeptos e a normalização das opiniões em que abdicavam da sua como se a tivessem digna de respeito e atenção, que andaram a fazer contas ao Hulk no FC Porto antes do castigo, apoucando o rendimento, assobiaram para o ar com a influência do Incrível nas 8 vitórias (10 com a Taça frente ao Rio Ave) finais da época.
Devem ser os mesmos que, incapazes de opor Quim como melhor do que Eduardo por terem sofrido os mesmos golos na Liga, não podem contrapor o efeito Beto na baliza portista contra um guarda-redes benfiquista que, números na mão, sofreu mais golos no mesmo tempo de competição: 4-6 nas últimas 4 jornadas mano-a-mano.
Como os argumentos técnicos, e estatísticos (por exemplo, a utilização mais reduzida de Carlos Martins e Ruben Amorim preferidos da matilha), escasseiam, sobejam as canções de escárnio e mal-dizer dos fariseus do costume à procura da salvação que nunca os livrará do pecado da presunção: há já quem diga mal do apresentador feito na CNN, quando ele esteve no sorteio da fase final do Euro-2004 em Lisboa; e junta-se a adopção de um grupo americano como perniciosa, quando no Euro de trazer por casa foi-se descobrir além-Atlântico uma azougada açoriana com sotaque de Newark que mal distinguia o "com muita força" com "come-me à força".
Já só falta o Jorge Baptista, hèlas!, para ajudar à missa da evangelização miserável que em país de parolos tem tanta massa como pasto, rebanho dócil de quem se espreme a teta por tuta e meia.
Tudo isto - se quisermos esquecer o que era Jorge Ribeiro a jogar contra a Suíça em 2008 precisamente como reserva, à beira do qual até o inadaptado Paulo Ferreira à esquerda pareceu um senhor jogador - com a desfaçatez do costume, para gáudio da mouraria ainda zonza da palhaçada da Liga com tantos animais de circo.
Não bastavam os passos em frente depois dados atrás em dobro nas Obras Públicas imprescindíveis que se tornaram "adiáveis".
Afinal, bastou o governador do Banco de Portugal - que (não) viu falir o BPP e o BPN sob sua supervisão - ir para a Alemanha e ter outra visão das coisas. De super, bastou-lhe a visão como vicepresidente do BCE, em Frankfurt, para propor mais regulamentação e atenção às manobras de banqueiros que passaram de insuspeitos a gente de má catadura, claro.
Constâncio, portanto. Falta, enfim, a Câncio vir falar do Papa e vender preservativos no Terreiro do Paço em plena missa campal esta tarde. E por menos, há 102 anos, mataram ali D. Carlos, sob pretexto da salvífica República... de trastes e tristes enciclopédias de mau saber que nos deixaram.
nota sobre a lista de Queirós: já li em papel os editores das colunas de caserna a falarem dos "seus" guarda-redes e um imbecil, daqueles que falavam da estatística do Hulk antes do castigo que tanto os aliviou, opina mesmo (dá para tudo) em comparar o caso de Quim-Beto ao de V. Baía, como se ele soubesse quem era e foi sempre Vítor Baía que, de resto, não teve ainda sucessor à altura e o campeão europeu, proscrito com assentimento bovino do rebanho que hoje bale, zurra, cacareja e amua, foi então substituído pelo que era a sua segunda alternativa no FC Porto (B. Vale).
Quanto à curiosa repartição por clubes, nem os calimeros (curiosamente em maioria enquanto têm portugueses de Academia mas sem graduação maior) estão satisfeitos porque falta Moutinho, como se ele tivesse feito diferença em 2008 ou fizesse agora. A clubite está aí em toda a sua baixeza, quando a contestação portista por causa de V. Baía em 2004 foi só pelo estatuto ímpar que detinha - e, afinal, ainda tem, pois continua à margem das manobras de Madaíl capaz apenas de "recuperar" outro proscrito como João Vieira Pinto mas decerto à custa de Queirós.
Como sempre, apanham-se mais depressa mentirosos do que coxos, ainda que estes padeçam de males tanto físicos como mentais. E, como sempre, um cretino é um cretino.