Naval - FCPorto , Sábado 18H45 - SportTv 1
31 outubro 2008
No fio da NAVALha
29 outubro 2008
Diabos à solta
«"Foi um flash que me passou", diz o agressor em julgamento
Frente a frente em tribunal, o adepto 'encarnado' e o árbitro auxiliar do jogo Benfica-FC Porto explicaram o "cachaço" de há dois meses, na Luz. Árbitro está a ser seguido por psicóloga.
Carlos Santos, totalmente careca e com uma comprida barba branca ponteaguda, não sabe o que lhe passou pela cabeça quando mascarado de Diabo decidiu invadir o relvado do estádio da Luz e agredir pelas costas o fiscal de linha José Ramalho, com um 'apertão' na zona da nuca.
O insólito episódio ocorreu durante a 1ª parte do jogo Benfica-FC Porto, da 2ª jornada do campeonato da I Liga de futebol, disputado a 30 de Agosto, foi registado pelas câmaras televisivas, mas não obrigou sequer à interrupção do dérbi que terminou empatado a 1-1.
Ao Expresso, Carlos Santos garantiu que está "arrependido e envergonhado" do que fez. Contou ao Tribunal de Pequena Instância Criminal de Lisboa que não tinha gostado que o árbitro não tivesse assinalado alguns fora-de-jogo do ataque portista e quis chamar-lhe a atenção para esse facto.
Não pretendeu magoar José Ramalho, mas tão só dar-lhe um toque: "Foi um flash que me passou", disse o agressor em julgamento. Recorda que estava na bancada central, muito próximo da vedação que separa o público do recinto do jogo, e que se limitou a sair por uma porta que estava aberta. Sem segurança nenhuma, como fez questão em repetir várias vezes.
O árbitro auxiliar, sem ter a menor ideia do que se passava nas suas costas, foi surpreendido com uma pancada forte na nuca. Um "cachaço", como especificou aos presentes. Desequilibrou-se, andou uns metros para a frente, mas não chegou a cair.
De pronto alertou, pelo intercomunicador, o árbitro principal para a agressão sofrida, mas o internacional Jorge Sousa pediu-lhe que aguentasse até ao intervalo. Atitude justificada pelo facto de em jogos com aquele nível de tensão qualquer interrupção poder criar reacções mais agressivas da parte do público.
A determinada altura do julgamento de hoje, a tentativa de esclarecimento da intensidade da agressão sofrida por José Ramalho originou uma discussão semântica em redor das expressões "calduço e cachaço" utilizados por alguns depoentes. Uma dúvida que levou o juiz a questionar por diversas vezes: "Mas foi um calduço ou um cachaço?"
Afastado da arbitragem, José Ramalho, árbitro há 15 anos, ficou atónito e perplexo com o que se tinha passado e questionou-se como tal tinha sido possível num jogo com tamanho grau de segurança. Na segunda-feira a seguir foi analisado no Instituto de Medicina Legal, onde lhe diagnosticaram um traumatismo cervical. Ficou sem trabalhar cinco dias.
Mas o pior não foi isso. Em casa, o seu filho de cinco anos tinha visto tudo na televisão. A mulher de José Ramalho contou que este desatou a chorar a e gritar a perguntar por que razão ninguém ajudava o pai. Na rua, nos dias seguintes e, como contou ao tribunal, até hoje, passou a ser gozado e ameaçado de levar mais "calduços".
Gozado e ameaçado na rua
Sem conseguir aguentar a pressão, Ramalho tornou-se mais irritadiço, à noite tinha pesadelos e deixou mesmo de arbitrar jogos em Portugal. Está a ser seguido por uma psicóloga.
Ao invés, Carlos Santos continua a não perder nenhum jogo do Benfica. Ainda na quinta-feira passada esteve na Luz. Os amigos garantiram em tribunal que é um homem pacífico, que já correu a Europa atrás da equipa 'encarnada', e não conseguem encontrar explicação para o sucedido. Segundo as suas testemunhas de defesa, a mulher e filhas ficaram duas semanas sem lhe falar depois do ocorrido.
O 'diabo de Gaia' - nome por que ficou conhecido porque, além da barbicha, vestia, nesse jogo, um 'corta vento' vermelho e tapava a careca com um gorro com corninhos, da mesma cor - é acusado de invasão de recinto desportivo e ofensa à integridade física.
A sentença será proferida na quinta-feira.»
In Expresso.pt
Mais um diabo "Paraty" APAF
In O Jogo
Jogador da Bancada - Época 2008/2009 - 9º Round
28 outubro 2008
Que final para um filme já visto?
1998-99, 5ª jornada (ou 6ª, cito de memória), Porto-Boavista, 0-2
2005-06, 5ª jornada (ou 6ª, cito de memória), Porto-Benfica, 0-2
2008-09, 6ª jornada, Porto-Leixões, 2-3
Nas duas primeiras épocas, batido “sem espinhas” nestes jogos, o FC Porto perdeu a liderança mas acabou campeão. As circunstâncias eram diferentes, mas o momento actual faz lembrar a época de sobressaltos mais recente.
O que sucedeu? Os treinadores receberam o conforto público e notório da SAD. Mas da última vez, tal como agora, fazia-se a reorganização de uma equipa, com um treinador novo, Adriaanse.
Da primeira vez, Fernando Santos levou o FC Porto ao penta. Mas, pelo caminho, ainda foi afastado da Taça pelo Torreense, foi contestadíssimo, mas saiu das Antas com Reinaldo e Pinto da Costa, nessa tarde de Carnaval de 1999. Tinha, porém, uma equipa fortíssima, os Capucho, Drulovic, Jardel. Mas só estabilizou em Janeiro, com a chegada de Vítor Baía.
Adriaanse estreava-se no Dragão após uma época muito conturbada e com três treinadores, no pós-título europeu. O Benfica venceu no Porto ao fim de 14 anos e o treinador apresentara nesse jogo uma equipa sem um trinco reconhecidamente seguro e manca à direita, pois Quaresma só entrou na 2ª parte (cito de memória). Acabou a 1ª volta à frente, mesmo após uma desastrada campanha na Champions por inabilidade táctica inadmissível ante equipas rudimentares como o Rangers. Foi campeão e venceu a Taça, mesmo depois de atacado por adeptos após um empate em Vila do Conde onde os jogadores, como Diego, mostraram que por eles a equipa não chegaria a lado algum, tal como no ano anterior com o empalidecido Fernandez (desconto o avençado del Neri) e Couceiro, um produto de marketing.
Após três títulos seguidos, qual deles o mais justo e incontestável pelas lideranças a fio, um do holandês “ganda maluco” mas que pôs a equipa a jogar à bola, e dois de Jesualdo, este tem de refazer a equipa que perdeu três jogadores fundamentais, sendo um deles, o mágico Quaresma, invectivado pelos adeptos. O aviso ficara: no final da época deixariam de assobiá-lo.
Declarações infelizes de presidente e treinador
O FC Porto, contudo, não mudou só três jogadores, retocou meia equipa. Não podia pedir-se espectáculo, mas uma base segura para crescer. Como não se faz uma casa pelo telhado, a defesa tem de dar garantias, se não a atacar, pelo menos a dar tranquilidade à equipa. Um calendário difícil e arbitragens adversas como de costume não impedem a ascensão, firme, à liderança.
Estranhamente, começa a duvidar-se que Helton inspire confiança nos colegas à sua frente. Mas o FC Porto só sofre um meio golo (Luz) e um penálti (Alvalade), aqui já com Nuno. É líder, foi sempre superior aos adversários e, a despeito de uma goleada com o Arsenal onde com uma montanha de craques perdera com clareza (ainda que por expressão menor, 2-0) dois anos antes, ganhara o primeiro jogo da Champions em casa (3-1 sob assobios) desde o tempo de Fernando Santos…
Por dois anos apontou-se a Jesualdo que nunca mudava a táctica. Este ano alternou dois sistemas, mas ainda o acham conservador. Depois de atingir a liderança duas declarações infelizes marcam a actualidade da equipa.
O presidente diz que a liderança é normal, não aquece nem arrefece. Não entusiasma, não inventiva, esvazia o esforço feito em circunstâncias difíceis.
O treinador comenta, primeiro, que a posição que foi de Paulo Assunção – aquele que Adriaanse, após aquela derrota caseira, meteu na equipa a seguir e com resultados imediatos na estabilização defensiva – é fundamental, estrutural numa equipa. Mas o jogador que mais parece capaz no lugar, em quem mais tinha insistido, Fernando, tira-o ao intervalo no Arsenal, com o Dínamo de Kiev e deixa-o no banco frente ao Leixões.
Depois, Jesualdo vem comentar que se estivesse na bancada também assobiaria. Outro belo método de espicaçar a equipa: joguem mal que levam o tratamento da massa assobiativa.
Que Jesualdo diga ser o assobio institucionalizado no futebol em Portugal, entra pelos ouvidos dentro.
Agora, que ele unir-se-ia ao concerto de assobio, só porque os outros assobiam, dá pena.
Infelizmente, Pinto da Costa desvalorizou a norma de o FC Porto ser líder. E Jesualdo quis desdramatizar uma situação normal em Portugal, de facto, mas fê-lo da pior maneira: associar-se ao assobio, porque é generalizado, não pode servir de argumento.
Parece que assistimos a um concurso de asneira no FC Porto, ultimamente.
As convicções de Jesualdo…
Jesualdo exponenciou alguns erros. Nuno não tem reflexos para andar na vaga de fundo que o promoveu a titular. Como se, por haver dois guarda-redes do mesmo nível, seja possível jogarem alternadamente. Uma equipa cresce com a coluna vertebral que vai da baliza ao avançado-centro, em pilares sucessivos que passam pelos centrais, trinco e eventualmente um nº 10.
Fernando apareceu no banco, Tomás Costa foi um desastre a trinco. A forma atarantada como o FC Porto sofreu o 2-0, com o argentino a ser o primeiro a permitir o jogo de pingue-pongue em frente à área, com a bola a sobrevoar depois Meireles, Bruno Alves e com Lino desatento a fechar e Rolando a deixar Braga em jogo, mostrou como o caos tomara conta da estrutura defensiva. No canto (1-0) ninguém atacou a bola ao primeiro poste, ela ainda foi ao chão antes de chegar a Braga com Lino apanhado de surpresa. Nestes lances, a reacção é feita no primeiro momento, depois ninguém adivinha o que se seguirá. A estrutura defensiva sofreu uma derrocada a pé fixo, sem jogada de bola corrida nem os adversários precisaram de se mover e desmarcar, foi um “meiínho” pelo ar que meteu dó para quem assistiu.
Mas já se andava a dizer que, com Fernando, as transições ofensivas eram lentas. Como se fossem muito rápidas com Paulo Assunção e estamos a falar de três épocas após amadurecer no posto, no seguimento de três empréstimos quase como incógnito. Mas insistem em comparações inadmissíveis e Fernando foi, depois de Helton, o segundo a ser queimado na perda de estribeiras do treinador.
Percebia-se que Hulk, apesar de defeitos da sua deficiente formação, mexia na equipa quando entrava. Jesualdo fez a última concessão aos adeptos: sem processo defensivo consolidado, com súbita mudança na baliza que não mostrou, como se antecipara, um melhor entendimento de Nuno com os centrais. Com a posição estruturante de trinco de novo em bolandas porque achavam que Fernando libertava tarde a bola, a arrumação ofensiva com Hulk obriga a desequilibrar a equipa na largura do ataque, que aparece coxo do lado direito com o Leixões. Tarik, surpreendentemente, estava fora dos convocados.
No meio deste turbilhão em que o técnico se deixou envolver, abdicando dos seus princípios e fragilizando as posições-chave na retaguarda, jogadores como Meireles e Lucho parecem perdidos em campo, correm em aflição numa equipa insegura no passe e permissiva ao contra-ataque. A defesa continua muito recuada e se uma menor velocidade de reacção de Pedro Emanuel impediria aventureirismos, a titularidade de Rolando não supriu essa lacuna de um vão imenso da defesa ao ataque com o meio-campo a trabalhar sem rede, receoso a atacar e pouco eficiente a defender. Rolando andou a dormir em qualquer dos três golos, embora não fosse o único, mas no terceiro nem oposição fez a Braga que surgiu sozinho após ressaltos com o central encolhido, depois de lhe permitir o 2-0 ao colocá-lo em jogo.
Afectado pelo compromisso com um sistema preferencial (4x3x3), Jesualdo varia mas chega a um impasse em que, como agora, não se percebe se a equipa vai em 4x4x2 ou 4x3x3, pela ineficácia de Rodriguez e um sub-rendimento só menos evidente no Benfica por estar ali rodeado de uma mediocridade atroz. Agora veio fazer parte do problema e nunca é solução, não desenrasca sozinho uma jogada, nem com a bola no pé nem lançado em profundidade.
Com um calendário difícil na época passada, Jesualdo apostou na estabilidade e obteve oito vitórias seguidas de entrada e uma invencibilidade só quebrada à 13ª jornada (no Nacional) e com autorização do pobre Pedro Henriques… O técnico não admitiu concessões, traçou um rumo, escolheu os navegadores e os aguadeiros, foi tudo sofrido mas planeado, de forma inabalável, privilegiando a segurança mas vencendo sem mácula.
… e os papéis perdidos
Jesualdo, agora, perdeu os papéis, baralhou tudo e com uma equipa animicamente destroçada depois de chegar à liderança aos solavancos mas com mérito, tem um trabalho a dobrar. Ao contrário dos antecessores citados, tem de refazer uma equipa com menos valores do que teve Fernando Santos, Fernandez e Adriaanse. Este ajudou a valorizar aqueles que eram olhados com desconfiança, de Pepe e Bruno Alves a Quaresma e Meireles. Jesualdo tem metade deles e um monte de problemas.
Só Fernandez foi substituído por uma derrota caseira (Braga, de Jesualdo, em Janeiro de 2005) já na 2ª volta. Fernando Santos e Adriaanse tiveram tempo de recompor-se, o primeiro com jogadores de calibre internacional, o segundo com uma reviravolta invulgar na forma e na substância do jogo já após a derrota da Amadora no virar do campeonato, mas duplamente premiado no final, apesar do sobressalto de Vila do Conde em plena fase de transição que acelerou a sua convicção de mudar sem olhar a nomes (Baía foi relegado para o banco e Jorge Costa já nem aí tinha refúgio, repartindo para o estrangeiro).
Quando Jesualdo estranha a “crise de confiança instalada de um momento para o outro”, sendo a equipa líder da Liga, não pode ser alheio ao problema e vir apelar a convicções, como fez, quando atraiçoa os princípios que foram seus em dois títulos consecutivos.
Resta saber, antes de mostrar ser capaz, se a SAD virá demonstrar-lhe apoio que no final de sábado não se pressentiu…
26 outubro 2008
Cair ao tapete sem saber como reagir
É tempo de começar a assumir, de uma vez por todas, algo se passa, de mal, com este FCPorto !!! Este não é o FCPorto que nos habituamos a amar e que os adversários se habituaram a respeitar e a temer. Não adianta tapar mais o sol com a peneira, não adianta tentar esconder o mau momento que a equipa tricampeã está a passar, dando justificações que a equipa está em construção ou foi apenas falta de sorte. Olhando para aquela equipa ( ? ), ou melhor, aquele conjunto de individualidades descoordenadas e desorganizadas que estiveram na noite de sábado no Estádio do Dragão, e que foram derrotados, justamente, pelo Leixões, apenas se pode concluir que a equipa, conjuntamente com os seus responsáveis, necessitam, todos juntos, urgentemente, de arranjar um antídoto para que este mau momento não se alastre até ao final da época e tome proporções desajustadas para quem tem um nome vencedor a defender.
O FCPorto é um equipa que vive de momentos, conseguindo tocar o céu e o inferno no mesmo jogo, tanto poderá estar a dominar e a massacrar o adversário num momento, quando, no momento que menos se espera, sofre um golo ficando logo atordoada, não sabendo como responder.
Jesualdo Ferreira optou por fazer entrar Hulk de inicio, remetendo Mariano para o banco, e mudou, inesperadamente, o meio campo entrando Tomás Costa, sendo o jogador que alinhou mais posições, e todas elas com esforço, neste jogo, por Fernando, mudando tacticamente também a equipa, Lucho descaía para a direita, quase como se fosse um médio direito, e o certo é que o FCPorto, até Lucho jogar naquela posição, nunca foi capaz de mandar no meio-campo. Um treinador famoso disse " escolhes a equipa, deixas-me escolher o meio-campo e ganho-te o jogo", poderia-se dizer que calhou a José Mota escolher a chave da sua vitória nesta partida.
Para quem necessitava de tranquilidade, o jogo começou da pior forma possível, logo aos 3 minutos, na primeira descida do Leixões ao ataque, num canto onde toda a defesa portista viu jogar, Bruno China aproveitou para inaugurar o marcador.
A partir daí, o FCPorto mostrou a faceta já conhecida, quando sofre um golo não se sente uma capacidade de reagir, nota-se a equipa demasiada presa psicologicamente, meio perdida e atónita, perguntando-se a si próprio como aquilo foi acontecer não conseguindo criar ocasiões para se auto-motivar.
Quando tudo parecia querer mudar, Lisandro, num remate à meia-volta, e Rolando de cabeça, quase empataram, eis que Braga, isolado não perdoa e faz o segundo golo da equipa forasteira, com o resultado a ganhar contornos de escândalo. Imediatamente, Jesualdo retira Lino da equipa e faz mandar entrar Candeias, e passados 6 minutos, Lucho Gonzalez reduz o marcador,através de um pontapé de grande penalidade.
Até ao fim da 1ª parte, o FCPorto mudava de figurino e começava a querer mandar na partida, tentando chegar ao empate o mais cedo possível, embora muitas vezes ataboalhadamente.
Na 2ª parte, a equipa portista entrou de forma bastante forte, Lisandro, sempre incansável, procurava puxar a equipa para a frente, mas, sentia-se que faltava mais qualidade, a equipa lutava para mudar o rumo dos acontecimentos, mas algo falhava sempre. E foi, Lisandro Lopez, numa grande jogada individual, que igualou o marcador dando um pouco de esperança aos adeptos já impacientes com o resultado, mas principalmente com a exibição.
Passados alguns minutos, Jesualdo Ferreira mudou na equipa tirando Sapunaru entrando Mariano para defesa esquerdo tendo sido obrigado Tomás Costa ir para defesa direito, opção que não se compreendeu e não viria a dar frutos na partida ,acabando o jogo sem laterais de raiz.
O Leixões equilibrava a partida e obrigava a que a equipa portista o respeitasse, a equipa lutava mas nada saía com sucesso, Jesualdo punha Farías na equipa, tirando Rodriguez, mas quando se julgava que a equipa já estava de pé e pronta a mandar ao tapete o seu adversário, eis que aconteceu o contrário, novamente Braga, num remate de fora da área, num lugar onde deveria estar alguém a tapar o caminho à baliza de Nuno, faz o terceiro golo, rum grande golo, colocando alguma justiça no marcador.
Até ao final da partida, a bola queimava nos pés de alguns jogadores portistas, ninguém a queria ter nos pés e levar a equipa às costas, parecem que andam perdidos no campo, sem governo nem quem os governe, o medo de falhar, o receio dos assobios, a falta de poderio físico, ou qualquer outra coisa, anda a impedir que a equipa se auto-motive e ultrapasse o mal momento da equipa no jogo. O Leixões acabou por ser um vencedor justo, trabalhou imenso, e José Mota foi capaz de montar uma equipa tacticamente perfeita e que com muito espírito de sacrifício, humildade e sorte conseguiu arrancar uma vitória que os coloca no primeiro lugar do campeonato.
Estas últimas derrotas, e exibições, deu para sentir que falta muita coisa no FCPorto, sendo que essencial a existência de uma voz de comando dentro do terreno do jogo para tentar levar a equipa para a frente, e também deu para provar a confusão que anda na cabeça dos responsáveis técnicos que lideram a equipa. Algo tem de mudar, o mais rapidamente possível, este FCPorto tem de fazer por merecer as quinas de campeão. É tempo de mudança, de quem lidera juntamente com os jogadores, tentarem compreender o que falta e mudar o mais rápido possível, porque neste clube as vitórias não podem esperar.
25 outubro 2008
FCPorto 2-3 Leixões
Consolidar a liderança
FCPorto - Leixões, 21H00 RTP1
Liga Portistas de Bancada - Top ten - Fim da 3ª Jornada
- A Liga Portistas de Bancada, num total de 13.384 ligas, está no 192º posto;
- O primeiro classificado da Liga Portistas de Bancada, a equipa Apito Encarnado do "mister" Manuel Guedes, num total de 232.365 equipas, está no 2.830º lugar;
- Número de participantes da Liga Portistas de Bancada - 144 equipas
24 outubro 2008
Jogador da Bancada - Época 2008/2009 - 8º Round
23 outubro 2008
Quando um treinador ouve adeptos...
Pior, quando um treinador ouve adeptos e acolhe as suas opiniões tá feito.
São os adeptos de televisão, colunáveis e mesmo senadores. Os que andam nos blogues... é só para bater no Jesualdo. Viram os que apareceram a dar forte e feio no treinador? Esses foram os ausentes após a vitória de Alvalade. Ah, e uns quantos a malhar nas contratações, nas comissões e outras comichões...
Mas Jesualdo é culpado de quê? De pôr o Nuno. De dar guarida aos que pediam o Nuno à baliza. Rui Moreira revelou que pelo menos uma vez, admita-se que mais do que isso, fala com o Jesualdo. Ele e o Manuel Serrão falaram. Super-entendidos do futebol, aqueles que sabem mais do que os treinadores e estes devem ouvi-los.
O FC Porto perdeu com o Dínamo de Kiev, uma equipa banal como o Artmedia, fechada como a do Sporting e de pontapé para a frente que nem o Benfica. O FC Porto tentou jogar a bola, com as limitações que se sabem mas aí culpa é da SAD, está instituído, vendeu o Bosingwa, o Quaresma e deixou sair o P. Assunção. Bem, é certo que estes não foram falados, desta vez. Nem o Helton, aquele a quem descobriam todos os defeitos e o vício desarmante de tocar guitarra, sujeito a um torcicolo, valha-nos Deus...
Esses escrutinadores de tácticas e individualidades, experts de mercado e avalizadores de guarda-redes, podiam fazer como acontecia ao Helton: ver se a barreira estava bem feita, quantos homens e a distância do livre para a baliza. Nuno não viu a bola partir não se sabe porquê, fez-se ao lance já com atraso e andou aos papéis, quis corrigir mas a trajectória da bola não ajudou. Mas foi a 35 metros... Com o Helton clamava-se logo por substituí-lo sob uma campanha absurda que a Rebelião das Massas consagra: ter opinião sobre tudo, mesmo com o risco de chutar contra a própria baliza.
Eu bem não queria antecipar esta desgraça, a de Nuno ser tão impelido para a baliza que podia dar um frango e sair uma derrota. Só precisava de saber se Jesualdo ouvia as vozes dos adeptos. E a exibição, estupenda, de Alvalade, até na Sertã, deu força aos defensores do Nuno. Está confirmado: Jesualdo é o culpado, o Nuno deve continuar a defender e os adeptos estão ilibados porque lhe transmitem toda a confiança.
Mesmo que, nos "mentideros", se murmurem hipotéticas transferências... Só de ouvido? Mesmo depois de se falar com o treinador?...
Batam palmas, é um espectáculo. O público faz parte.
Eu não acredito em bruxas, mas o Halloween está próximo e já enraizado como cultura americana, mais uma desgraça a juntar às previsões de crescimento da economia e da recolha de impostos para 2009.
Esperem lá que vou ali tirar o carro porque os "moinas" já andam doidos que nem baratas tontas na caça às multas: sempre são 80 milhões que o Governo prevê nesta modalidade...
Bem, falava de... ah, o frango estava muito bom. Como diz o outro, é pena não vir mais tarde, aí uns 15 jogos depois (Rui Moreira dixit). Bem me parecia que por jogar mais o Helton estava muito exposto...
Nota: O Sporting ganhou na Ucrânia, como o D. Kiev no Dragão: tudo a defender, pontapé para a frente, alívios à toa (Abel fartou-se de "espirrar o taco"), Patrício a dar graças a Deus com golos iminentes. Portanto, a coisa resulta mesmo e com Paulo Bento quanto mais para o empate melhor: lá tirou Romagnoli, meteu Pereirinha, tirou Izmailov e meteu Grimi. Empatar era preciso. Ganhou. Já tinha visto este filme no Dragão. Mas ele deve ter razão, os resultadistas vão tecer-lhe loas e todos em uníssono compreenderemos que,. afinal, "parece que em Portugal os adeptos não percebem nada de futebol, só os treinadores".
p.s. - à parte uma vitória em Roma na secretaria (3-0, moeda da tribuna feriu árbitro sueco), o Dínamo de Kiev somava 15 derrotas e 3 empates nos últimos 19 jogos realizados fora na fase de grupos da Champions; a última vitória registara-se a 8/3/2000, em Trondheim (2-1) frente ao Rosenborg. Nem de propósito, esteve ausente em 2005-06, no ano do... Artmedia.
22 outubro 2008
45 minutos de avanço e um um autocarro em frente da baliza
Como é apanágio das equipas Ucranianas o Dínamo fez um jogo com uma defesa altamente mecanizada e um bloco baixo que inviabilizou a profundidade do futebol Portista e retirou os espaços no último terço. Muita pressão sobre a bola, onze jogadores por detrás dela. Jogou para empatar e ganhou.
O Porto jogou para ganhar e perdeu. Perdeu por diversas razões. A razão principal foi um livre que acontece uma vez na vida. Pontapé violentíssimo, a bola leva um efeito caprichoso no final da sua viagem e surpreende Nuno.
O futebol praticado foi o dos últimos dois anos e meio, chato, não tem profundidade e é castrador da imaginação, principalmente no miolo do terreno.
Qualquer equipa que venha ao Dragão jogar desta forma, arrisca-se a não perder.
Porque o Porto ainda não tem um sistema bem implementado que combine Hulk e Lisandro.
Porque Jesualdo insiste no inconsequente Mariano, quando tem Hulk no plantel (tendo em conta que Tarik ainda não tem ritmo para 90 minutos). E porque o Porto não tem um abre latas. Não temos um patrão no meio campo que “parta” o jogo, que crie roturas com passes de morte e dribles que desequilibrem o meio campo adversário.
Já sei que alguns não concordam mas volto a relembrar Ibson. Esta é uma daquelas decisões do nosso treinador que nunca entendi. Lucho é um 8 e não é Meireles que vai assumir as despesas da organização ofensiva quando o meio campo se encontra menos povoado. Não tem características para isso e tem um desgaste defensivo enorme. Mas com Ibson no meio campo, fosse a 6, fosse a 8 a bola girava de outra forma.
Nas substituições Jesualdo fez o que pode.
Esteve muito bem na primeira. Mas não corrigiu a asneira (ilegítima nesta fase) Mariano, ou por outra, corrigiu-a tarde.
Pela primeira vez tivemos a oportunidade de ver o Porto a jogar num sistema mais dinâmico com dois avançados na frente e apenas dois homens no miolo.
E que diferença. Total domínio da partida com os Ucranianos acantonados. Que falta fez nesse período um verdadeiro 10 ou um Lucho com a frescura que se impunha. Traída pela falta de experiência a equipa perdia por consequência a clarividência e mostrava coração mas não demonstrava organização nos momentos chave.
Há claramente movimentos que ainda estão mal trabalhados. Hulk e Lisandro são compatíveis mas não combinaram com acerto uma vez que fosse. Hulk como sempre mudou o jogo e embora individualista deixa sempre a sensação que deve ser titular e que o treinador perde tempo e compromete resultados ao deixá-lo no banco. Há muita falta de trabalho na ligação entre estes dois jogadores. As discussões entre ambos, são elucidativas.
Mais uma vez o Porto entra com o sistema estático do ano passado, com dois alas a jogar a extremos que interpretam mal o sistema. Dando aso às suas características fogem insistentemente para o meio, procurando terrenos onde se sentem mais à vontade. Julgo que era tempo de acabar com a insistência em jogadores que interpretam mal o sistema do ano passado e, pior que isso, não têm características para jogar nele. Mariano não dá profundidade ao flanco e não é a solução ofensiva para o apoio a um lateral com a qualidade de Sapunaru (mais um belo jogo do Romeno, certo a defender e muito perigoso na área adversária).
Este ano os abre-latas não estão nas alas e o sistema não pode ser o mesmo. Quando Jesualdo dá o sinal em Alvalade que começa compreender isso pensei que entramos no ponto de viragem necessário, mas este jogo revelou que o treinador teima em desligar-se dos medos do passado.
Há que apoiar os jogadores porque abnegação não faltou. Há que insistir em Hulk, é um diamante e precisa de jogar com Lisandro. Há que discipliná-lo tacticamente e criar-lhe juízo e humildade. Haja pulso e coragem.
O resto não é novidade, existe já um estigma de incapacidade que cresce na equipa quando está em desvantagem. Isto porque a equipa sabe, que o sistema trabalhado não é um sistema que permita virar resultados. Os jogadores têm coração mas não têm ligação.
Mais 45 minutos de avanço com um sistema desadaptado às características dos jogadores que iniciaram a partida e mais 67 minutos com um jogador que não tem qualidade para ser titular. Pormenores destes podem ser fatais na Liga dos Campeões. Se juntarmos a isto a sorte, que só protegeu o adversário… enfim.
O Dínamo não mostrou nada sem ser acerto defensivo. Somos muito superiores tecnicamente e temos tudo para ir à Ucrânia ganhar. Haja vontade e uma pontinha de sorte que nos faltou.
21 outubro 2008
FCPorto 0-1 Dinamo Kiev
20 outubro 2008
Hora de dinamizar acesso aos 8ºs
FCPorto - Dinamo Kiev, 19H45 RTP1
PS: Não se esqueça que têm hoje até às 19h15 para actualizar as vossas equipas do UEFA Fantasy Football
Quique Flores falando claro
El Oporto es mucho mejor que el Benfica?
La diferencia es que ellos tienen un plan desde hace años y eso les da una cierta ventaja que debemos reducir. El plan 2006-2011 le llaman y va desde la contratación de futbolistas a lo económico, lo social Tienen pocas pérdidas en las cuestiones importantes y es evidente que han sido el equipo de referencia en Portugal estos últimos años.
Formar un equipo cuesta; destruirlo es sencillísimo.
Como todo en la vida. Levantar una casa es más complicado que derruirla. Hay que sentar unas bases lo que lleva su tiempo, su creatividad, su trabajo. El fútbol no es una excepción en casi nada.
Hablado de situaciones excepcionales: Reyes parece que vuelve a ser Reyes.Llegó un momento en que su flecha de rendimiento sólo podía ir para arriba y así está sucediendo.
El Madrid sigue a su jugador argentino Di María.Es un proyecto importante de futbolista, pero hay que respetar los plazos de formación y él está en pleno aprendizaje. Necesita no decaer en el trabajo y como tiene humildad para hacerlo, seguro que será un jugador importante. Va para gran futbolista, pero debe madurar. A menudo pretendemos que sean estrellas en muy poco tiempo.
¿Cómo es la liga portuguesa?Tiene una clase alta muy localizada y como sucede en la Premier, en Alemania y en nuestra Liga, una clase media que empieza a moverse mejor, lo que aumenta la dificultad de sumar puntos cuando te enfrentas a ella. El ambiente futbolístico en el país es grande, cuenta con buenos entrenadores, trata de fichar bien fuera, se preocupa por la base Es una Liga en alza.
Háblenos del entrenador portugués, que tiene su máxima expresión en Mourinho.Está preparado, indaga en la profesión, acumula conocimientos No hay técnicos experimentales ya: estás preparado o la propia profesión te expulsa pues la competencia es muy grande. Jesualdo Ferreira, del Oporto, o Paulo Bento, del Sporting, podrían dirigir a cualquier club del mundo. Son los más conocidos, pues dirigen a clubes grandes, pero otros como Manuel Cajuda, del Vitoria Guimaraes, están tocando la Champions, la UEFA. Es interesante el caso de José Mota, del Leixoes, que está entre los cuatro primeros con un trabajo fenomenal. Trabajan, estudian, leen, ven fútbol: están.
Excertos de uma entrevista do treinador do Benfica no "As" de ontem, domingo.
Sabe o que é o projecto 611 do FC Porto. Reconhece as razões do sucesso portista. Da sua equipa, diz que, claro, Reyes andava tão mal que só podia melhorar e que di Maria, obviamente, é um projecto de jogador.
Avalia bem a capacidade das equipas portuguesa para o campeonato. Sabe quem é Mourinho, arrasa o futebol italiano (ao qual acabou de vencer através do Nápoles), elogia os treinadores portugueses (normal) e destaca especialmente José Mota.
Penso que não é preciso tradução para se entender que o homem sabe de futebol e tem uma postura exemplar. Gosto dele, como dantes gostei de Camacho. Não precisam pôr-se em bicos de pés nem mistificar as coisas: falam futebol como respiram.
18 outubro 2008
Sertanense 0-4 FCPorto
A taça passa (novamente) pela Sertã
17 outubro 2008
Mais alguns segredos do sucesso
“Além do domínio das capacidades técnicas do jogo, é preciso, acima de tudo, uma grande paixão”
“embora a robustez física e atlética e o domínio dos princípios do jogo sejam muito importantes, só com o “sentir” se consegue alcançar uma grande capacidade competitiva.”
“Um jogador tem de saber fazer e saber pensar, o que implica o domínio dos princípios do jogo e das capacidades técnicas (...) no futebol moderno só se consegue estar 15 anos no top como Luís Figo com muito trabalho e grande cabeça”
“a construção de uma equipa exige, sobretudo, um discurso orientado para objectivos, tal está sempre presente no FCPorto. Quando eu olho para o nosso presidente [Pinto da Costa], vejo logo que há objectivos”
“a chamada táctica não é mais do que um conjunto de princípios a aplicar durante um jogo, com vista à vitória”
“é fundamental a cooperação entre todos os jogadores, já que cada um sabe a sua função e sabe qual é a dos outros”
“Um jogador tem, hoje, que ser muito forte para aguentar jogos de três em três dias, muitas vezes sob grande pressão e com recuperações incompletas do desgaste físico”
“Hoje um jogador não pode mentir, porque o computador diz-nos tudo sobre a forma como jogou (...) é preciso grande disciplina táctica em campo, já que, muitas vezes se joga em apenas 38 metros. Mais do que a arrumação da equipa em campo, é imprescindível que todos se desdobrem num sistema dinâmico, sendo uma “tanga” o modo de jogar em 4-3-3 ou 4-4-2."
16 outubro 2008
O segredo do sucesso
Olhando para o caso que me interessa mais, impressiona verificar que 67% do plantel do FC Porto é constituído por jogadores estrangeiros. Não me lembro de outra época em que os números tenham atingido esta dimensão.
Mais. Dos 10 jogadores portugueses, dois são guarda-redes e outros dois - Tengarrinha e Candeias - estão "à experiência" e não surpreenderia se, em Janeiro próximo, fossem emprestados para rodar...
De modo a ser possível efectuar algumas comparações, o estudo também apresentou os números de jogadores nacionais versus estrangeiros para a Série A, Premiership e Liga espanhola.
O cenário acima apresentado é, em grande parte, consequência do Acórdão Bosman. Recordando o que se passou, em final de contrato com o FC Liége, Jean-Marc Bosman viu este clube exigir uma indemnização para permitir a sua transferência para o Dunquerque. Com o apoio do advogado Luc Misson, Bosman intentou uma acção junto de um tribunal belga que, por sua vez, colocou a questão ao Tribunal Europeu de Justiça, a mais alta instância judicial da União Europeia.
Ao dar razão ao jogador belga, o acórdão do Tribunal Europeu de Justiça constitui um marco na jurisprudência desportiva, no que diz respeito às transferências de jogadores. Assim, a partir de 1996, os jogadores de futebol que terminem contrato podem circular livremente na União Europeia e os clubes estão autorizados a inscrever futebolistas comunitários sem quaisquer restrições.
Adicionalmente, o Acórdão Bosman praticamente coincidiu com a reformulação da Liga dos Campeões e a partir da época 1997/98, para além dos campeões de cada país, passaram a ter acesso equipas classificadas imediatamente a seguir, em função do ranking de cada um dos países.
Com mais dinheiro (proveniente da "liga dos milhões" e da renegociação de contratos televisivos) e regras que eliminam grande parte das restrições associadas à contratação de jogadores estrangeiros, os clubes mais poderosos dos principais campeonatos europeus - Inglaterra, Espanha, Itália e Alemanha - transformaram-se numa espécie de multinacionais, contratando os melhores jogadores que despontavam por toda a Europa.
Se antes já era difícil, passou a ser uma miragem clubes de outros países repetirem sucessos passados e ganharem a principal competição europeia de clubes.
Contudo, em 26 de Maio de 2004, um clube de um pequeno país conseguiu o impensável: vencer a actual Liga dos Campeões.
Sem ter dinheiro para contratar os "melhores jogadores" onde esteve o segredo do sucesso do FC Porto?
Evidentemente, houve vários factores que se conjugaram e contribuíram para os êxitos obtidos no período 2002-2004. Contudo, não será despiciendo salientar que, oito anos após o acórdão Bosman, o onze inicial que alinhou na final de Gelsenkirchen tinha nove jogadores portugueses - Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Costinha, Pedro Mendes, Maniche e Deco - e no banco de suplentes sentaram-se ainda mais quatro - Nuno, Pedro Emanuel, Ricardo Costa e Bosingwa.
Penso que não haverá dúvidas que ter 13 jogadores portugueses entre os 18 convocados, grande parte dos quais com uma fortíssima identificação com o clube, foi fundamental para a coesão de um colectivo que superava, em muito, a soma das partes.
Aliás, se recuarmos a 1987, verificamos algo muito parecido: o onze inicial de Viena tinha oito jogadores portugueses - João Pinto, Eduardo Luís, Inácio, André, Quim, Sousa, Jaime Magalhães e Futre -, na 2ª parte entrou o Frasco e de fora, por lesão, ficaram os habituais titulares Lima Pereira e Gomes.
Coincidência?
Na minha opinião, não.
Quer antes de Bosman (em 1987), quer no pós-Bosman (em 2004), o FC Porto chegou ao topo da Europa com equipas baseadas em jogadores portugueses, vários dos quais formados no clube, a que juntou alguns (poucos) estrangeiros de bom nível - Mlynarczyk, Madjer, Juary, Derlei, McCarthy, Alenitchev.
Será possível repetirmos a gracinha invertendo o paradigma, isto é, com uma equipa baseada em estrangeiros, com alguns (poucos) portugueses de bom nível e praticamente sem referências formadas no clube?
Na minha opinião, não.
Para agravar o problema, a esmagadora maioria dos estrangeiros do plantel actual são sul-americanos, cujos empresários (e eles próprios) olham para o FC Porto como uma mera porta de entrada no mercado europeu e que, conforme já se viu, não hesitam em desestabilizar publicamente o grupo de trabalho para obterem mais dinheiro.
«Andei oito anos nesse mercado [argentino] e sei como é inflacionado. Há que ter boas redes de observação e apostar nos clubes fora de Buenos Aires. As regiões de Cordoba e de Rosario são viveiros. (...) Só conseguirão jogadores feitos recorrendo a fundos e parcerias, como sucedeu nesses casos [Lucho e Lisandro]. (...) Quem vai para o FC Porto sabe que é para jogar na Liga dos Campeões, para se promover e para sair para um grande campeonato europeu.»Vale a pena recordar que esta não é a primeira vez que a SAD aposta em força no mercado sul-americano. Antes do Mourinho chegar ao FC Porto e ir "contratar jogadores à loja dos 300" (Paulo Ferreira, Nuno Valente, Derlei, Maniche, Pedro Mendes, Pedro Emanuel), tinham sido contratados nos anos anteriores: Argel, Alessandro, Rubens Júnior, Esnaider, Pizzi, Ibarra, Quintana, Paredes, etc. Na altura as coisas não correram nada bem, espero que agora corram muito melhor.
Luis Norton de Matos in Record, 14/10/2008
Nota final: Como é óbvio, nada tenho contra os jogadores estrangeiros, principalmente se forem de boa qualidade. Contudo, entendo que para um clube como o FC Porto, que não tem capacidade financeira para contratar "estrelas", é fundamental ter uma base sólida de jogadores portugueses, que garantam um balneário coeso e facilite a integração dos estrangeiros que chegam.
José Correia in Reflexão Portista
14 outubro 2008
Os reforços, as posições e o plantel avaliados
É que, tal como na incapacidade de ver-se que a equipa já joga em dois sistemas consoante as necessidades, também agora noto em muitos comentários uma predisposição para vaticínios infalíveis sobre as qualidades individuais ou o valor dos jogadores.
Fucile é o exemplo mais flagrante. Já muitos pronunciaram uma sentença aparentemente verdadeira e, pior ainda, inabalável. Fucile é o melhor para jogar a defesa-esquerdo. Não só não concordo como ponho outra questão.
O uruguaio, estou a citar de memória, jogou na Luz, em Vila do Conde e
Um jogador num sistema
Fucile jogou mediante um diferente figurino táctico, mais de contenção, menos aventureiro no ataque, em 4x4x2 (ou variantes). Quando foi preciso atacar, Fucile fracassou. A conclusão, para mim, é que como bom lateral sul-americano, Fucile defende melhor do que ataca (as excepções confiram a regra, de resto o preço é invariavelmente altíssimo e segue a fama do jogador excepcional). Muitos remataram as suas conclusões sobre a superioridade de Fucile em termos de defesas-laterais do FC Porto. Acho precipitado e de âmbito demasiado alargado.
Porque em corrente ofensiva, como mostrou frente ao Rio Ave e mesmo ante o Fenerbahce, Lino esteve muito bem. Tem vocação ofensiva, amiúde era mais médio-ala na Académica do que defesa-esquerdo e assim criou muitos problemas ao FC Porto nos jogos em Coimbra.
Ora, a conclusão parece ser a de Lino estar mais apto para a maioria dos jogos, de ataque continuado, do FC Porto na Liga. Fucile quando tocar mais a defender parece a solução óbvia. De resto, Lino tem pedigree nos livres directos – e só Bruno Alves não chega, há que diversificar opções nesses lances de tiro à baliza. Lino tem, pelo seu lado, muitas vantagens sobre Fucile.
Na época passada, aliás, Fucile não fez um jogo decente em apoio ofensivo. Começou a abusar de alguma dureza e foi expulso frente ao Schalke 04, no Dragão. Em Gelsenkirchen, quer a defender quer a apoiar Quaresma, Fucile esteve muito mal, mesmo num momento propício a demonstrar as suas qualidades de marcador, o seu sentido defensivo. Tecnicamente denotou muitas debilidades, quer a receber ou a passar a bola.
Era preciso uma opção para Fucile. A saída de Bosingwa obrigou a procurar alternativas e chegou Sapunaru, que tem propulsão ofensiva mas não se resguarda a defender e já cometeu erros graves que custaram golos: porque vem de um futebol romeno jogado à zona, permite liberdade aos alas contrários para cruzamentos. Estas pechas corrigem-se com trabalho e o romeno tem 21 anos apenas.
Com Lino no plantel e Fucile com concorrente para a direita onde tem raízes, era preciso uma alternativa para a esquerda. Veio Benitez, com defeitos congénitos (lembram-se de Ibarra?) de um futebol com outro ritmo e menos flanqueado, pelo que encontrou dificuldades na Europa. Tecnicamente também não se sente à vontade com a bola, e com mais rapidez no jogo a coisa agrava-se. Mas cruza bem e tem sentido vertical de jogo, entra na área (quase marcou ao Fenerbahce).
Cumprido um início de época exigente, Benitez fica a perder no cômputo geral. Mas será Fucile o melhor para a esquerda, relegando Lino e, pior, Benitez que é um defesa de raiz naquele lado?
Creio que vamos ter sempre mais Lino do que Fucile a lateral. Se se confirmar, é a prova, depois da época passada, de como o “estágio” de um ano no Dragão faz evoluir os jogadores. Pena é que os fracassos da época passada, de Bolatti a Farias, não demonstrem melhoras.
Novas provas e a eliminar
Entretanto, a Taça de Portugal obriga já no sábado o FC Porto a mostrar as segundas escolhas no regresso à Sertã. Com o Dínamo de Kiev terça-feira no Dragão, Jesualdo poupará jogadores ou deve retomar o ritmo mínimo para os habituais titulares? O campo do Sertanense, lembre-se, tem condições precárias e pode favorecer a predisposição para retirar os melhores deste jogo. Será a ocasião de os menos utilizados, entre eles o recém-chegado Pelé bem como o ex-lesionado Tarik, mostrarem se o plantel melhorou em quantidade
Só aí, creio eu, se poderá afiançar a qualidade do plantel, como já o sublinhei há dias. O jogo da Sertã é, por isso, importante porque pode ser revelador da questão do momento. É que não tarda e o FC Porto será também chamado à Taça da Liga, onde na época passada teve alguma infelicidade, sem nada diminuir o muito mérito do Fátima. E nesse jogo começou a perceber-se que muitos reforços não teriam trazido à equipa uma qualidade de segundas linhas necessária. Curiosamente, o panorama melhorou depois, com uma chegada ao Jamor sem sofrer golos pelo caminho e com Bolatti e Farias a marcar despertando algumas atenções, prova de que o trabalho só com tempo pode render frutos.
Esta nova época será olhada por antecipação de forma mais concreta, na sua globalidade, com o que o resto do plantel fizer nas provas de taça por cá. Guarín e Benitez terão mais minutos de competição em provas que exigem determinação e aura de vencedor.
Os melhores reforços e algumas euforias
No onze principal, Fernando ganhou um lugar por mérito próprio – e cujo antecessor no lugar, ainda que se compreenda a diplomacia e o facto de ser também brasileiro, o reconhece como legítimo herdeiro – na posição que muitos sentiram órfã de Paulo Assunção como se fosse possível num ou dois meses encontrar um substituto fixo e capaz de dar conta do recado.
Rodriguez só agora descobre atalhos para a área contrária, retirando-se do isolamento (a que votava também Lisandro) da linha. E Tomás Costa, muito voluntarioso, precisa de provar se faz os
Em resumo, a equipa, renovada, vai-se encontrando e melhorando. Já tem o conforto psicológico do 1º lugar – e o que teve de lutar para lá chegar reforça esse espírito, identificando-se com a marca genética do clube. Começará agora uma diversidade de frentes competitivas que testarão os limites da sua competência e a extensão da sua qualidade.
É, portanto, cedo para euforias, as exigências não abrandaram. Noutros clubes, como no Sporting, até já se fizeram 1ªas páginas só por uma liderança à condição (3ª jornada), sem nunca ter estado verdadeiramente no 1º lugar (era do Nacional). No Benfica, ganhar dois jogos já é atingir a Lua e há quem festeje o regresso de Katsouranis ao miolo – esquecendo que em três épocas o grego fracassou fisicamente nas 2ªas voltas, é só aguardar…
Candeia que vai à frente é a do Porto. Mas com os pés sempre no chão. Até na Liga dos Campeões, onde uma virada do barco não impede que se chegue ao bom porto da 2ª fase. As competições europeias, em Dezembro, tirarão a devida factura, como tem sucedido desde que os três grandes competem em patamares de igualdade e só um tem mostrado a fibra de campeão.