Fora o ridículo do caso do atraso do Porto-Marítimo, da questão suscitada em si pela hora do início do jogo à indeterminação objectiva sobre quando poderia ter o mesmo sido dado como terminado, sujeito a tantas vicissitudes como perdas de tempo, lesões e até "rebolões" de jogadores do Marítimo de fora para dentro do campo como foi notório, toda esta patranha a ser julgada ou sentenciada hoje é de uma monstruosa imbecilidade que despreza dois factos essenciais mas revela o fácil acesso à justiça dita desportiva e a utilidade desta quando instrumentalizada alarvemente, isto para além da intoxicação informativa a que os submissos pasquins se devotam insanamente.
1) O facto de o início do jogo ter de ser dado rigorosamente à mesma hora não determina, nunca, que tenha de ser concluído à hora a que outro ou outros jogos terminarem, mas este é um facto de lana caprina, ou mesmo de lã de vidro, que esvazia o argumento do alegado dolo feito pateticamente pelo Sporting;
2) mas para além da comprovação - "inconseguida", segundo a novilíngua política-paralamentar... - do dolo, há outra questão, tão prática e do senso comum quanto a primeira e que acrescenta o vinagre do ridículo à ferida dos pacóvios de uma tola indignação e pueril pugna pela "verdade desportiva" e o "fim da impunidade", e que é o facto de, independentemente da hora de término dos jogos em causa, por muito tempo se ter sabido de que o FC Porto tinha imperiosamente de vencer, pois ainda perdia 1-2 e o Sporting ganhava 3-1 em Penafiel, logo enquanto o jogo durasse só a vitória serviria aos portistas e todos estavam cientes disso, dependendo tudo muito mais dos portistas, obrigados a dar à perna e marcarem dois golos nos cinco minutos finais e ainda os descontos que houvessem; já o Sporting, sabendo também que o Porto perdia 1-2 (já ao intervalo!) e calmamente ganhava 3-1 (a meio da 2ª parte) em Penafiel até praticamente ao fim do seu jogo, não sentia necessidade nenhuma de ampliar a sua vantagem para estar mais seguro do seu apuramento. E aqui está o busílis: impossível provar que o alegado atraso, inexistente em substância e forma, prejudicou efectivamente o Sporting, o que a marcha do marcador desmente mas as vicissitudes, fortuitas e imprevisíveis, do jogo do Dragão, comprovam como tendo condenado os leões fora de horas mas na mais absoluta e estrita legalidade.
Isto raia o absurdo quando não se tem de explicar a parvos, idiotas, nabos e afins, muito menos a gente com comportamento infantil e incapaz de aceitar uma desfeita, quanto mais uma derrota sobre a meta. Não é concebível que qualquer decisão possa ser diferente da de arquivar o caso, ainda que fosse inconcebível poder conceber-se criar um pé de vento que nem uma tempestade num copo de água suscita. Então apegar-se ao facto de Maicon ter chegado à beira do árbitro apenas constatando o facto de "atrasamo-nos" só nas cabeças mais ocas tem cabimento: Maicon era suposto levar o atestado médico de Fernando? ah, ah, ah
De resto, a argumentação verdadeiramente parola do Spórtém, deixando de espelhar-se no senso comum e na ciência prática das coisas, que juridicamente é muito importante e com cabimento na percepção dos factos para assumir-se uma decisão judicial até em sede descredibilizada da ordem desportiva, tinha já deixado pelo caminho duas outras vertentes que não colhiam nem na subjectividade própria dos calimeros sportinguistas - apesar de relatados no auge da sua frustração no fim do seu jogo em Penafiel.
a) a "tal" lesão de Fernando, que teria retardado o início do jogo, até tem fundo de verdade, para além das garantias médicas prestadas em sede de inquérito e averiguações, porque antes do intervalo Fernando foi substituído, precisamente por lesão, donde não se pode desconfiar da defesa portista e da boa-fé clínica quando um jogador sai com problemas físicos ainda na 1ª parte (entrou Josué, 42m);
b) a desculpa do tempo de compensação não cola, porque até foi por defeito (os 4 minutos deveriam ter sido 6 no mínimo), e o penálti nos descontos deixou de poder ser discutido à mesma luz racional, até pela concordância unânime - excepto para os que se julgam ser os únicos a marchar direito na parada e todos os outros andarem em passo trocado - da existência de falta, pois foi indiscutível.
Daí que seja absurdo admitir-se outra coisa que não dar o caixote do lixo como destino da queixa leonina.
Mesmo que o Spórtém recorra para o CJ, onde não terá mais argumentos de Direito para apor, logo sem hipóteses de sucesso na demanda em última instância, só fará adiar a semifinal Porto-Benfica e, consequentemente a final da taça da treta.
Penso que a estratégia do Spórtém é atrasar tudo e tanto que leve para muito tarde as decisões na competição e, assim, com Porto ou Benfica na final, mais as campanhas europeias de ambos, o calendário fique sobrecarregado e o Sporting possa beneficiar do desgaste alheio para atacar o título, ou pelo menos o 2º lugar que dá acesso directo à Champions que é o que eles querem.
Na pior das ironias, muito além de serôdio maquiavelismo de circunstância, o Sporting, para os teóricos de conspirações, estaria a fazer um favor ao FC Porto, permitindo que, de algum modo, o futebol portista se recupere para, quanto mais tarde melhor, enfrentar o Benfica com hipóteses de êxito, no que não "acardito". O Preocupações Fonseca não é capaz de tal proeza e a SAD portista deixa apodrecer a situação até todos serem trucidados pelo Benfica.
Para mim, além da verificação constante e ordinária do dia-a-dia da podridão ética e mental dos que se querem fazer de protagonistas do futebol com a cobertura saloia e abjecta dos pasquins de Lisboa, há duas coisas que se juntam neste caso: o meu perene desinteresse e desconsideração pela taça da treta, feita à imagem da Liga e dos taberneiros que a lideraram nos últimos cinco ou seis anos, ao súbito desconforto por existir arrivistas de meia tijela que se julgam senhores da verdade e respeitáveis percursores de uma falada nova era, mundo novo e verniz a condizer.
Bruto do Carvalho só veio acrescentar má fama ao antro imundo e desconsiderado em que se tornou o futebol. Por actos e palavras. Um bardamerdas que o futebol dispensava mas que o futebol não deixa de atrair. Nojo.
Escrevi isto n 5ª feira, guardadinho para hoje, dia da decisão. Na 6ª feira, uma notícia falava do incómodo do Sporting sobre as perguntas na CD da FPF, supondo-se que, enquanto se averigua factos e se procede a adequar a sua prova com o dolo a comprovar para haver condenação, nesta fase também se deve fazer perguntas.
A mim só espanta que o cão municado do Spórtém reporte a perguntas veiculadas nos jornais quando o Spórtém esteve presente como assistente no processo e deve saber que perguntas foram feitas, mesmo que fosse obrigado a ficar calado porque a sua condição de assistente não lhe permite intervir. A justiça da Herdade Desportiva destes camelos é assim. Estúpidos e broncos como tudo.
E, entretanto, ontem já circulava - lá foi outra vez ao ar o recato da Justiça, mesmo dita desportiva -
uma discrepância entre os delegados ao jogo e os respectivos relatórios. Ora, ainda actualizo o tema, isso é apenas mais um caso de figurões influenciados e, adivinhe-se, qual terá sido o gajo que escreveu por impulso de um clube? O Spórtém, esse antro de dignidades várias e moral em alta, só teria interesse em levantar a questão do atraso: um correligionário da Liga lá pediu, um dia depois, que se actualizasse a coisa devidamente para dar azo a um protesto sem cabimento. E, assim, de véspera da decisão, lá veio a nota para deixar no ar vigarices e a dúvida sobre quem manda nos bastidores - mas levantando de novo o tema da idoneidade e credibilidade dos delegados da Liga. Este é um processo abjecto por si mesmo que devia ser denunciado como mais um podre dos poderes de Lisboa a insinuarem-se nos órgãos de Poder, aproveitando a parcimónia dos jornalistas de merda que deslustram a Informação em Portugal. É o retrato dos que fazem as coisas por outro lado e que vêm sempre do mesmo lado: Lisboa, Lisboa, Lisboa, que não gosta de perder sem fazer um caralho para ganhar seja o que for. Os clubes de Lisboa têm o mal de sempre em Portugal: o rei na barriga e as putas na província.