27 fevereiro 2014

«Wunderbar?»

Nunca pensei que o FC Porto desperdiçasse o 2-0 do Dragão, até porque correspondeu a uma boa hora de jogo contra um opositor limitado; nunca pensei, pior, que o FC Porto chegasse a perder 2-0 na Alemanha com um adversário com a valentia característica das equipas germânicas mas apenas esforçado e que faz jus ao seu estatuto de luta pela manutenção na Bundesliga; nunca pensei ver o FC Porto, ou qualquer equipa portuguesa, marcar dois golos de cabeça, após lances de bola parada, num estádio teutónico, sendo certo que a impetuosidade, às  vezes excessiva e até descontrolada, de Mangala e a estatura do francês marcam a diferença para a expectativa modelar e genérica do futebol português; nunca vi o FC Porto inferior ao Eintracht de Frankfurt, apesar da reviravolta do Dragão e do surpreendente 2-0 do Commerz Bank Arena; e mesmo em esforço supremo, numa intensidade sempre alta, nunca vi a equipa caída, tal como iria custar acreditar que pudesse ser eliminada por uma modesta equipa alemã; também nunca vaticinei uma derrota só para apressar a saída de Preocupações Fonseca; Ghilas fez justiça no marcador e prova-se a injustiça de, depois do golo decisivo para continuar na Taça de Portugal, além de provocar o penálti que permitiu continuar na taça da treta, ter sido desperdiçado e o plano B táctico só a murro e pontapé ser metido com toda a carne no assador.
 
Posto isto, com o FC Porto a superar tantas dificuldades, mais suas do que outras ou de outros, não creio que o apuramento sofrido mas bravo na Alemanha possa alterar o que seja na época.
 
Nunca me queixei da falta de empenho dos jogadores nem via neles a causa dos problemas. Simplesmente há uma organização que deixa a desejar para sofrer cinco golos de uma vulgar equipa alemã, por muito que eu considere a força geral do futebol alemão, com características inatas de vencedor combativo e competitivo carácter, sempre, sempre.
 
Os jogadores superaram-se por si e pelo FC Porto, o que se saúda, mas não elimina todos os "faux pas" dados antes e que já renderam a perda do campeonato.
 
Se é motivo para Preocupações Fonseca continuar lamento-o: continua a ser parte do problema. Com o Nápoles o mais provável é sofrermos golos e não marcarmos tantos. A Liga Europa deve ficar pela próxima barreira. As provas domésticas estão ou perdidas, o campeonato, ou meramente penduradas de algum imponderável que impeça o Benfica de marcar a sua superioridade ante o FC Porto, por falta de organização, não por falta de vontade.
 
O que a eliminatória, épica, demonstra é tudo o que se via antes, para o bem e para o mal.
 
Foi uma maravilha - Wunderbar? -, foi; mas ser eliminado por uma equipa, individual e colectivamente, inferior, seria imperdoável. O sai-e-fica do treinador devia apontar o caminho da saída. Não desejo uma derrota, nunca o escrevi nem admiti, só para esse efeito. Mas com Preocupações Fonseca não vamos a lado algum, quando muito até ao sopé do Vesúvio, para nos afundarmos na baía de Nápoles. O resto será a tristeza de trazer por casa. E que PF saiba onde fica Nápoles: em alemão diz-se Napeln e pode fazer-lhe confusão
 
Ainda hoje, trocando Josué por Carlos Eduardo, percebeu-se que este, como o primeiro, não faz ideia da posição e função que é chamado a cumprir. Há uma incompatibilidade funcional que emperra a máquina, e conceptual pelo desequilíbrio táctico e a desocupação de espaços vitais. Nem ajuda o ataque nem melhora a defesa. Veja-se o golo quase sofrido e que Varela evitou, com Carlos Eduardo a sair mal e a passar péssimo com a equipa virada para a frente, propiciando um contra-ataque curto. Um descalabro. Carlos Eduardo recuara para o lugar de Herrera, que  verticaliza o jogo e fazia a sua posição e a de Carlos Eduardo na frente.
 
O lançamento desesperado de Ghilas, por fim Licá, tornou-se feliz e confirmou que, fosse como fosse, o FC Porto tinha de ser melhor e tinha de passar um opositor sem grande categoria mas que esteve prestes a eliminar o campeão português. Foram golpes de sorte, estamos felizes por isso, mas não muda nada do que padece, ainda, a equipa.
 
Vamos adiar a resolução do problema que é o treinador? Para acabar na mesma de mãos vazias?

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