06 fevereiro 2014

O desvario à luz da lesão de Carlos Eduardo

Retive um dado na altura da saída de Carlos Eduardo por lesão, no streaming da transmissão tv. O médio portista, que uns bonzos pensam ser um nº 10 e uns pategos imaginaram um Deco até pelo 20 nas costas, confirmou em 18 minutos o que se viu no jogo do Marítimo: corre mas não está, anda mas não se nota, joga como se não estivesse perdido e é nulo como se não existisse. Tudo porque o treinador não ensina como se deve jogar e ninguém tem ideia de como deve jogar. Um desastre.

 
À luz dos menos de 1km (creio que 0,980m ou parecido) que apanhei de relance à altura da sua saída (21 ou 22', mas ele lesionou-se aí pelos 18'), significa que Carlos Eduardo correu, grosso modo, 1 km em 18'. Se quiserem fazer um arredondamento mais simples, são 3 kms numa hora (3x18=54 minutos) e está por excesso. Imaginam quanto demoraria a correr uma maratona de 42 kms? É só fazer as contas...
 
Um futebolista não corre uma maratona, a correr bem num jogo de alta intensidade pode fazer 10 kms em 90'. Até Lucho os fazia e estava a ficar fora do prazo.
 
Mas se importa perceber se os jogadores correm muito ou pouco, importa saber mais como correm e para onde correm, se têm um sentido de vida no jogo e se há um propósito claro, identificado por todos os colegas de equipa, andar por ali esbaforido. Não há, não tem, Carlos Eduardo é, como muitos outros ou praticamente todos, uma inexistência.
 
Porque enquanto anda lá não anda nos lugares onde era suposto, já nem digo como um 10 clássico, mas alguém à frente de Herrera e Defour que com o Estoril voltaram a reeditar a dupla de pivots no meio-campo do Produções Fictícias.
 
Carlos Eduardo não está nas zonas onde deve estar, amiúde está lateralizado e há um vazio enorme na zona imediatamente atrás de Jackson, em cujo apoio praticamente ninguém ocorre e, por isso, é raro ver alguém perto do ponta-de-lança e é raríssimo ver muitos portistas chegarem à área. Há quem diga que Jackson, agora, não se dá ao jogo e não abre linhas de passe. Quem e quais? Se não tem um colega nas costas para tabelar, deve fazê-lo com os alegados extremos. Na zona frontal da área o jogo perde-se, não há ninguém e por isso Jackson tem de recuar: deixa os centrais livres e não marca os médios defensivos contrários. A zona das costas de Jackson ou é terra de ninguém no ataque portista ou os médios centrais do adversário recebem todas as bolas à vontade, saem a jogar, posicionam-se e até avançam. Por isso, ontem, o Estoril crescia no campo e só se viam jogadores de amarelo numa grande mancha do campo.
 
Mas se revirem o inacreditável jogo do Marítimo, Carlos Eduardo nunca aparece a apoiar Jackson e anda sempre ora na esquerda, ora na direita. Sempre uma vacuidade inconcebível a não ser por um treinador incompetente que não ensina a jogar, não tem noção de táctica e muito menos de estratégia e afunilou o jogo do Porto, antes organizado e cerebral, com posse e propósito nem que fosse desgastar mentalmente os adversários, num pontapé ao Deus dará, para a frente, resultando de quando em vez com Ghilas lá à frente ao ladod e Jackson.
 
Há pategos que ainda não perceberam nem de como jogava o Porto nem de como joga o Porto sem meio-campo, ainda que não vislumbrem "ideia de jogo". Porque ninguém sabe o que fazer em campo e zonas fulcrais de pressão, e para gestão de posso ofensiva e massacrante, desapareceram e não foi por ausência de Moutinho. Alguém, qualquer um manco, tem de ocupar a zona onde os adversários normalmente têm 3 e mesmo 4 elementos, como tinha o Estoril e era a razão de o Porto nem criar oportunidades de golo nem sequer lograr rematar à baliza.
 
Mesmo quando entrou Josué, esforçado mas limitado, a quem não se pede, eu não peço, que seja um James, aquela terra de ninguém do Porto era só preenchida pelo Estoril. Daí a minha perplexidade de há muito tempo ao julgarem que Josué poderia fazer de nº 10 quando não sabe os terrenos que deve pisar e de como fazer a diferença. Lucho, recorde-se, era em teoria o nº 10 sem características para tal porque não lhe basta a técnica, é preciso uma mobilidade e energia que Lucho já não tinha.
 
Eu acho que o incompetente Preocupações Fonseca tem razão numa coisa: deve jogar com dois ou mesmo três médios de características semelhantes, como Defour, Herrera e Josué ou Carlos Eduardo. E mantê-los só na zona do meio-campo. Depois, como Mourinho ou Jesus, lança 3 ou 4 jogadores na frente como Quaresma, Ghilas, Varela e Jackson - por favor, poupe-nos ao sacrifício de Licá, já que ostracizou regimentalmente Kelvin -até pode ser pontapé para a frente que a coisa vai resultar com o Paços de Ferreira.
 
Mas na 2ª feira, com toda uma semana livre para trabalhar, apresente-se um novo treinador do Dragão. Os dirigentes, a mudar no final da época, podem fazer esse supremo esforço para endireitar o barco. A Liga já nos poupou a uma primeira barracada com o Benfica em casa, adiando o jogo da taça da treta. E Preocupações Fonseca pode sair com uma vitória, nem que seja aos trambolhões como as últimas, enquanto qualquer equipa de meia-tigela nos parece um Adamastor face ao mostrengo que temos em casa.
 
O novo treinador pode preparar a ida ao Gil Vicente, o jogo europeu com os alemães e os seguintes onde, algures, poderão incluir-se os desafios com o Benfica para as taças domésticas, ainda eliminar os alemães se correr bem e preparar o final de campeonato com mínimas hipóteses de o ganhar e não ser humilhado com a festa do Benfica no Dragão.

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