15 fevereiro 2014

A táctica do Bill deixou a calculadora de Mourinho com zero remates e David Luiz de braço no ar...

Mourinho, esse sim, é um mestre da táctica, um catedrático do futebol. Como tal, e bem, foi incensado na vitória do início do mês no Etihad, um pragmático sempre a defender e com toda a sorte do jogo apesar de ter enviado três bolas aos postes (mais para fora do que para dentro), duas delas em lances de bola parada.
 
Ora, um mestre da táctica, que ouvi muito elogiado por Gary Neville e Jamie Carragher na Sky Sports no jogo do campeonato, afastando David Silva do jogo e penalizando o eixo defensivo do City com remendos num central (Nastasic) e num trinco (Demichelis), pode ser virado do avesso porque deixou de ser mestre da táctica ou a táctica, amiúde, é um artefacto que pode ser como foguete num céu estrelado ou rebentar-nos nas mãos? A verdade é que, muito por falhas de Nastasic, o Chelsea venceu os dois jogos do campeonato ao City, o primeiro em casa num erro inacreditável já nos descontos de um jogo que o City dominou.
 
Essa dicotomia remete-nos sempre para Jorge Jejum, o catedrático mestre de tudo e mais alguma coisa, incluindo o facto de ser, mais do que novo, um técnico superior a Mourinho, em 2010 assim apodado. Na verdade preparam bem os jogos, se eles correrem bem à sua feição. Caso contrário, dificilmente as suas equipas saem dos blocos de partida.
 
De volta a casa do Man. City, depois de ter glosado a táctica do massagista Bill no jogo do campeonato, o Chelsea apresentou, por seu lado, um novo trinco (Mikel em vez de David Luiz) e um novo central (David Luiz em vez de John Terry). Matic esteve longe de controlar Yaya Touré, antes pelo contrário; e numa equipa brilhante e de jogadores acima da média até Javi Garcia passa despercebido, fazendo desta vez a posição que foi do "desambientado" Demichelis.
 
Foi, agora, Mourinho, melhor o massagista Bill, que perdeu os papéis e o City aproveitou as falhas no seu eixo defensivo?
 
Ou o golo inicial do City (Jovetic, 16m), que podia ter sucedido há duas semanas, obrigou o Chelsea a fazer algo mais pelo jogo?
 
Não, o Chelsea foi igual a si próprio no 0-0 e medíocre a perder. Não sei se o massagista Bill deu a táctica, mas ela não rendeu nenhum (zero) remate à baliza do City: Pantilimon (em vez de Hart) limitou-se a defender dois ou três cruzamentos, no primeiro andou aos papéis mas o Chelsea também não metia mais de três/quatro jogadores no ataque.
 
Esta é a táctica de Mourinho, merdoso, retranqueiro, especulativo. O Chelsea saiu da FA Cup sem fazer um só remate à baliza. Ao invés, o City que joga do melhor futebol na Europa com Bayern, Barça e Madrid, jogou sempre para a posse e o ataque, Yaya Touré fugiu do raio de acção de Matic e David Silva também escapulia-se nas marcações defensivas do Chelsea, sempre com quatro na defesa inamovíveis, enquanto o City simplesmente não cedeu a bola de forma tonta e rápida e não deixou espaços para Hazard, Ramires e Willian explorarem no apoio ao isolado Eto'o - os únicos do Chelsea que se abeiram da área contrária.
 
Entretanto, com o City sempre à procura de mais um golo sem nunca se desequilibrar e não deixando o Chelsea jogar no seu erro, chegou ao 2-0 com David Luiz de braço no ar a pedir um fora-de-jogo enquanto Nasri foi buscar a tabela com David Silva, significando que o Chelsea andou sempre atrás da bola e a pedir algo que não lhe existia. Ironicamente, numa equipa que sofreu várias lesões no último mês, Jovetic e Nasri estão a voltar de paragens na enfermaria, tal como Negredo e ainda falta Fernandinho.
 
Não admira que Pellegrini, o sereno e educado treinador chileno, pedisse um central (Mangala) e um trinco (Fernando) no mercado de Inverno.
 
Não foi a Sky Sports que transmitiu a desforra, mas a transmissão da Fox Sports, dos americanos, foi clara na visão dos acontecimentos: Chelsea "outplayed" e contaram dois remates, que não vi, dos londrinos para fora...
 
Resta dizer que, à boa maneira benfiquista, David Luiz e Matic, como no jogo do campeonato, viram amarelos por faltas típicas da escola onde aprenderam, enquanto Javi Garcia também foi amarelado mas numa falta profissional que lhe cabia fazer.
 
Os azuiz claros não foram anjinhos e os azuis do Chelsea caíram num buraco negro de ineptidão e cura em divã de psiquiatra - se o massagista Bill não voltar à sua função primordial e Mourinho deixar de usar a calculadora para imaginar resultados e prever tantas vicissitudes num jogo.

Sem comentários:

Enviar um comentário