24 abril 2012

A(s) entrevista(s)

Fui surpreendido pela antecipação (não procurei previamente a confirmação) da hora da entrevista, parte 2, de Pinto da Costa ao chamado canal do clube (?!), liguei às 22h mas percebi que deveria ter começado meia hora antes. Restavam 2,5 horas para falar de 30 anos de presidência com tantos e tantos títulos que é não só difícil contar - mas ajuda uma folhinha manuscrita com os troféus de cada ano - como limita muito contar o que cada um deles teve de si. Ficámo-nos por evocar, praticamente, o jogo do título de cada vez e em cada época havia tanto e tanto para contar e esses pormenores é que é pena perderem-se.

Logo, não fiquei surpreendido por aquilo, como a anterior, ter sabido a pouco. Mesmo a ênfase no título dramático de 1986, que "levou" a equipa a Viena no ano seguinte, não se pode resumir à tremideira do último jogo com o último classificado (Covilhã) com quem perdemos na Serra a fechar a 1ª volta. Já aqui recordei esses momentos.
Vá lá, falou-se do Futre, da guerra com o Sporting, e não houve muito mais revelações sobre jogadores e técnicos, os artistas que forjaram cada título. Esses meandros, e não os resultados de um jogo do título, é que são importantes para perceber a máquina de ganhar e não o momento, um dia numa época de dez meses de trabalho visível em campo.
Por fim, a revelação de Wenger ter tudo acertado para vir do Mónaco para o Porto. Creio ser inédita esta informação, pelo menos não me lembro. Já a do Lucescu lembro-me. Já as duas saídas do Ivic não foram explicadas. Então a primeira, em 1988, só pode ter sido pelo "Gomes finito", nem do banco saiu na final da Taça com o Guimarães. Ivic ganhou tudo e foi eliminado pelo Real Madrid na Taça dos Campeões (duplo 1-2) por acasos do futebol em que se incluem alguma burrice e também falta de estofo momentânea: devíamos ter ganho em Valência (1ª mão por interdição do Bernabéu) e sofremos o 2-1 estupidamente no último minuto; ganhávamos 1-0 na 1ª parte nas Antas, mas a equipa estava dezimada por lesões e até o Barriga teve de jogar a lateral-esquerdo...
Voltando ao Wenger,  é tão estranho ouvir a história por saber que, depois, o francês saiu do Mónaco para o Nagoya Grampus Eight, salvo erro, e só um ano e tal depois foi para o Arsenal. Há aqui um hiato, nas palavras de Pinto da Costa, que não compagino com o que se passou no FC Porto então. Para mim, algo não bate certo, até porque não ficou preciso o timing do encontro com Wenger, que só precisava de libertar-se do contrato com o Mónaco. Quando o FC Porto jogou a semifinal com o Barça em 1994, Robson tinha entrado em Janeiro em vez de Ivic. Só se foi nessa fase da época. O Porto, se tivesse ganho ao Milan ganhava o grupo e iria receber em casa o 2º do outro grupo, que era o Mónaco de Wenger. O Porto levou uma tareia em Barcelona (Aloísio a defesa-esquerdo...) e depois o Milan deu uma tareia ao Barça de Cruijff em Atenas (4-0).
Obviamente, muitas coisas, até muitas taças, ficaram por contar. Foi uma rapidinha que durou 2,5 horas sem nada de muito relevante, especialmente para quem viveu intensamente toda esta carreira do presidente que mereceria ser melhor contada e com pormenores dos bastidores significativos do que é montar uma equipa e corrigir desvios ao longo da época por forma a atingir o sucesso. Como sempre, os basbaques que mal somam 2+2 deliram...
NOTA - quando refiro isto, é por achar significativo saber-se como se gerem uma série de problemas ao longo da época, da constituição do plantel, do fluxo entradas-saídas, das opções e correcções inerentes na janela de mercado. Quando não se percebe isto, como acontece com os grunhos que mandam comentários destinados ao lixo imediato e não reciclável, subsiste a confusão e permanece a ignorância sobre todos os aspectos de gestão de 10 meses, e até mais, alusivos a uma época. Ninguém percebe e se for ignorante, como é uma maioria e potenciada por energúmenos televisivos que fomentam a desinformação, o caldo fica entornado e nada se aprende. Tento levantar questões e colocar os problemas em perspectiva, mas reconheço andar a pregar a peixes. Quem quer ver vê, quem não quer fica cego para sempre. E não acredito que dos pobres (de espírito) seja o reino dos céus. Já passam uma vida miserável de iliteracia, ignorância profunda e inamovível e miserável como o autêntico inferno na terra.
Já tinha dito isto na semana passada, e fica a mesma sensação de pouco conseguido. Vá lá que, desta vez, introduziram duas ou três imagens. Incluindo, para rir certamente, o golo de Ademir ao Benfica em 1978 no jogo mais dramático, acho eu, da História recente do FC Porto e sem o qual talvez não se tivesse iniciado os 35 anos de sucessos. E que aqui em tempos também recordei.
Entretanto, o dia de ontem foi passado com alusões nas tv's à entrevista de Pinto da Costa, mas ao JN, com exertos nos telejornais do online do jornal. Ou seja, a antecipação do JN esvaziou o interesse da entrevista ao chamado canal do clube (?!). E no JN sempre foi aflorado o Apito Dourado, algo de que os portistas ainda esperam posições firmes sobre assuntos pendentes! Mesmo que não fosse para tocar os mesmos assuntos, o chamado canal do clube (?!) perdia logo por ter menos impacto no quotidiano e veremos se algo dessa entrevista passará hoje nas tv's. Até que estas não falam dois dias seguidos das proezas de Pinto da Costa... Para bom entendedor, percebe-se o fiasco potenciado pela divulgação do JN, mas ninguém pensou nisto... Business as usual...

Fica para mais tarde a entrevista sobre esta época em concreto. Parece-me que motivará análises mais interessantes, falando do concreto em tempo (quase) real e que muitos acompanharam e criticaram. Masa a cada um a sua verdade ou mania, depois cada qual fará a sua contabilização.
Quando falo da(s) entrevista(s) deixo o plural entendido mas não me referia só às de Pinto da Costa.
PC DO SPORTING
Depois de ter dito, ao sair da caverna em que se movem interesses e personagens obscuros, que não falaria  publicamente do tema, Paulo Pereira Cristóvão quis abrir-se ao Rascord. Não li, mas vi os títulos e bastou-me. Jornal do regime, lagartagem infiltrada, tira-nódoas do spordein, o Rascord não retira coisa nenhuma da proeza e o ex-PJ expõe-se ao ridículo e acrescenta mais suspeitas.

Primeiro, faltou à palavra e se sai a falar do que não queria, para nada revelar, é porque se sente entalado. Depois, sendo irrelevante afirmar-se inocente na praça pública, dizer que o seu objectivo é provar a sua inocência encerra em si uma contradição que o atraiçoa.
PPC não  está acusado de nada e, sendo apenas suspeito (e arguido), é isso que todas as criaturas leoninas têm enfatizado. Porque carga de água julga ter de provar a sua inocência se não foi acusado de coisa alguma? Não lhe bastava calar-se num assunto que está em investigação - assim o esperamos - e só tem arguidos e não acusados?
Mais um tiro no pé, mas parece que a distinta lagartagem só vê virtudes nestes tipos e julgam isto uma prova de inocência. Enrretanto, quando parecia haver dados concretos e a investigação apressar-se, caiu-se no limbo do costume quando as dores tocam em Lisboa e suas sinecuras e instituições...
Já o Rascord, depois do aliviar das tensões com o presidente Godinho, sair-se com esta do PPC é querer lavar o que não pode ser tirado: forte suspeita, também, a confirmar a ideia que ficou desde o início de PPC ter elementos comprometedores para o Sporting e seus dirigentes. Presidente e vice-presidente a coçarem as costas um do outro, a porcaria que fica nas unhas destes leões de pacotilha acumula-se em papel de jornal que serve, amiúde, para embrulhar peixe (e menos para coisas ainda menos higiénicas...).
Além do tiro no pé, meteram o nó corrediço ao pescoço. Tenham bom proveito.

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