15 setembro 2013

Os doidos da bola pulam e avançam

Não se pode atravessar a fronteira e passar um par de dias fora da terrinha parola em que os me(r)dia nacionais a encastram permanentemente sem esquecerem a moldura artística que os ampare também, e, ao regressarmos, deparamos sempre com... o mesmo atraso de vida.
 
Sem novidades da bola indígena com o doce "desalivio" da pressão da mesma e da roda que tortura o adepto ignaro, confesso que fiquei alarmado com a primeira ameaça de tentativa de simulacro de notícia, ao ouvir na rádio algo grandiloquente que me fazia antever, facilmente, que o Sporting ganhava em Olhão sem eu saber que jogava àquela hora. O histérico da A1 asseverava que "o Sporting pode chegar lá" e dizia-o tão enfaticamente que supus ser já líder isolado, sozinho sem ninguém. Acabei de saber que é apenas o 2º classificado mas com toda a primazia das diatribes dos comentadores da bola redonda, que a oval é muito mais ortodoxa e, daí, confiável. E só porque, ao escrever isto, parece que o Braga ganhara ao Estoril, tirando os canarinhos do tal tão auspicioso poleiro do primeiro dos últimos. Pensei, temi, que o Porto tivesse até perdido, pois pode ter galo quando menos se espera, vide aquele jogo cheio de Paixão em finais de Janeiro último.

Calma, suspirei ao ver os resumos/golos à noitinha. Na semana em que se exaltou o Portugal-Brasil e incensou de novo o Socolari sempre aspergido pela água benta das relíquias tugas, mais a disputa Ronaldo-Eusébio que quase refazia a erupção dos Capelinhos meio século depois, aconteceu que Vítor Baía tinha uma singela evocação, por ser apenas o jogador com mais títulos no mundo ainda que com menos dinheiro, pelo 25º aniversário da sua estreia. Para azar, de Portugal, de Scolari, de Ronaldo, de Eusébio, de Paulo Bento e até dos Capelinhos (e cabelinhos de risca ao meio) eriçados por aí, a semana acaba com o escolástico Ricardo a dar um frango numa daquelas saídas da baliza em lances aéreos feitas tragédia grega, a permitir o 1-0 ao Sporting em Olhão, por sinal também em fora-de-jogo mas, para as lagartixas, isso é assunto de somenos e até muito rasteiro... Fosse Baía a sofrer um golo assim, ou como na final do Euro-2004, e ele não se atreveria a dizer que "nos momentos-chave nunca falhei".
 
Mas ídolos são ídolos, como comentadores são comentadores que se perdem em pormenores e perdem os pormenores. Por exemplo, depois de um empate, que podia ter sido derrota não fosse Diego Lopez segundo a insuspeita Imprensa de Madrid, que melhor forma de contornar a subtil mas indelével desvantagem para o Barça do que fazer repicar os sinos por Cristiano Ronaldo? Garantem que superará todos os "limites", mas em termos desportivos está longe deles. E os que endeusavam Mourinho nos últimos três anos em Madrid e nunca perceberam que Ronaldo era mais importante para o clube do que o treinador "melhor do mundo", claro, pois esqueceram a derrota de Mourinho com o Everton em Inglaterra e suspiraram pelos milhões de Ronaldo na banca para fazer mais publicidade ao Espírito Santo. O atraso - além de a renovação já ter barbas... - já para o Barça são peanuts para estes "nuts"... Fosse Pinto da Costa a anunciar a renovação de Jackson depois de empatar com o Gil Vicente Arouca (o Villarreal subiu de divisão) e o que não reservariam de dichotes os editores da bola televisiva...

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