"Sobre a recuperação filosóifica expressa em campo" a que me referia ontem na avaliação do Porto-Braga, registo algumas notas dissonantes como sempre:
- uma iníqua preocupação de alguns sectores em evidenciar-se os "assobios nas substituições", como se fosse o público a ditá-las e a maralha entendesse muito do assunto para ter uma palavra a dizer, mas faz as delícias de certas análises tão idiotas como as reacções epidérmicas da bancada;
- um fait-divers por eventual "sacudidela" de um jornalista no final do jogo, sendo tão moeda corrente dar uma versão dos factos (aguarda-se comunicado portista) na televisão como esquecer de apresentar a competente e testemunhada queixa junto das autoridades policiais (ACT.: parece que dizem que apresentaram, quase 24 horas depois);
- a prevalência da utilidade de Defour, enqunto a estrela de James empalidece em muitos momentos mas sem deixar de cair em graça em cartas franjas de comentadores dados à "boa Imprensa", embora o belga continue a deixar-me perplexo por, sendo um homem de força, dificilmente cumprir dois jogos completos seguidos, como já também por aqui observei.
Abstraindo-nos desses comentários parcelares e marginais à essência do jogo, apraz-me registar que, mais do que uma nova "táctica" que só tem diferentes intérpretes para a executar, o treinador do FC Porto agora seguiu a prática de não incluir no menu a oferta de peixe a esfomeados, optando por ensiná-los a pescar, uma certa filosofia consagrada na evolução da Humanidade que que activou um gene determinante de sobrevivência da própria equipa.
É que Hulk deixou de alimentar o ataque para ser ele o isco para o ataque. Não mais a construir para alguém finalizar na área, no que era uma propalada "Hulkdependência". Sem ele na construção de trás para a frente, ficando-se como desestabilizador no coração da defesa contrária que se pretende arrasar, cabe à equipa saber pescar a bola, levar o jogo de molde a metê-la nas redes do opositor valendo como ponto/golo e não dádiva ou maná, e usar ou beneficiar tão só dos desequilíbrios que Hulk crie naquela zona fulcral de decisão dos resultados. A equipa vai à pesca com as suas canas, sejam de Defour ou Moutinho a chegarem à vez à área (algo como multiplicação dos pães, servidos à vez), sejam os flanqueadores James e Djalma nos últimos jogos ou Rodriguez que tem entrado bem.
Hulk, bem entendido, continua a ser carne para canhão, agora como isco e não como lança-granadas ao inimigo. Assume de novo o que muitos voltarão a considerar "Hulkdependência", porque os clichés estão baratos, como é o caso ao fazer o que fez frente ao Braga e que é exactamente o que se espera do melhor marcador do último campeonato e de jogador mais valioso de todo o campeonato português. Seja em que posição for, se for para decidir, ajudar a decidir ou forçar mesmo a decidir - novo golo oferecido a Kléber -, mesmo que faça o trabalho de ponta-de-lança - já testado também por Mano Meneses no Brasil -. que relega para o banco.
Moral da história? Não tem, a maralha vai continuar a ver maleitas e deficiências, olhando de soslaio e não acreditando no trabalho continuado ou preferindo falar da sorte do lado para onde se atira a rede aos peixes. Por um lado, moral já rareia, e histórias todos podem contar à sua maneira. Resta fazer o caminho caminhando e o cerno franzido de Vítor Pereira e o novo laconismo das suas declarações enfatiza a forma compenetrada e consciente de como as coisas estão a ser feitas para a recuperação do corpo e da alma da equipa com o choque térmico no retiro gélido de Donetsk propício à introspecção. Creio firmemente que se tal reabilitação for coroada de êxito ganhando ao Zenit a equipa atingirá o seu zénite em breve. Mesmo que outras parábolas sejam validadas por aí, outros produtos postos à voracidade dos vendilhões do templo, mais uns berlindes para distrair o mercado e se enfatize mais o Hulk do que o notório e crescente trabalho colectivo, numa reconquista interna ainda por convencer até certos sectores de adeptos mais desesperançados.
nota: há de facto, ainda, um aspecto que carece de confirmação mas que já antevi antes do jogo com o Shakhtar, que é o de saber como o colectivo voltará a reagir ante um opositor fechado, pois a equipa sentiu mais dificuldades contra as retrancas e mais ágil face a quem quer jogar.
Moral da história? Não tem, a maralha vai continuar a ver maleitas e deficiências, olhando de soslaio e não acreditando no trabalho continuado ou preferindo falar da sorte do lado para onde se atira a rede aos peixes. Por um lado, moral já rareia, e histórias todos podem contar à sua maneira. Resta fazer o caminho caminhando e o cerno franzido de Vítor Pereira e o novo laconismo das suas declarações enfatiza a forma compenetrada e consciente de como as coisas estão a ser feitas para a recuperação do corpo e da alma da equipa com o choque térmico no retiro gélido de Donetsk propício à introspecção. Creio firmemente que se tal reabilitação for coroada de êxito ganhando ao Zenit a equipa atingirá o seu zénite em breve. Mesmo que outras parábolas sejam validadas por aí, outros produtos postos à voracidade dos vendilhões do templo, mais uns berlindes para distrair o mercado e se enfatize mais o Hulk do que o notório e crescente trabalho colectivo, numa reconquista interna ainda por convencer até certos sectores de adeptos mais desesperançados.
nota: há de facto, ainda, um aspecto que carece de confirmação mas que já antevi antes do jogo com o Shakhtar, que é o de saber como o colectivo voltará a reagir ante um opositor fechado, pois a equipa sentiu mais dificuldades contra as retrancas e mais ágil face a quem quer jogar.
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