Hulk abriu a contagem já no último quarto-de-hora e um autogolo quase no final deu para o FC Porto triunfar em Donetsk (0-2) e sair, de novo, vivo da gélida Ucrânia onde um golo de Lucho aos 90' em 2008 deu a vitória essencial em Kiev. Basta agora vencer o Zenit a 6 de Dezembro para os campeões nacionais seguirem na Champions. O que não será fácil, pois se o FC Porto mantém intactas as esperanças - e pelo menos aliviado da pressão de perder a Europa no Outono, com o Shakhtar agora a limitar-se a ver pela tv na Primavera - de seguir em frente, a verdade é que o jogo de transições não sai bem a uma equipa formatada para circular a bola, dominar o jogo e até esmagar o opositor.
Salvou-se o plano de jogo, não tanto o futebol em si, mas nesta fase não se pode pedir mais. O que se demonstra, mais uma vez, até pelo fòlego impressionante e a sede de vitória patentes em toda a 2ª parte, é que o problema da equipa não é físico, seria ridículo se o fosse. Pode ser mental, ou por conflito eventual com o treinador, mas não é justificável a perda do controlo emocional e a gestão do desgaste psicológico que têm marcado, a par de um relaxamento competitivo decepcionante, a época europeia dos dragões.
Tiveram brio, desta feita, tiveram vergonha do que fizeram no sábado e, afinal, tudo se conjuga para a equipa entrar bem nesta recta final antes do Natal onde se definem as posições no campeonato e o apuramento para os oitavos da Champions. Com o descanso forçado na Taça de Portugal, Vítor Pereira pode preparar a equipa em continuidade e fá-lo-á melhor se vencer o Braga no domingo, para agarrar bem a liderança da Liga, eventualmente beneficiando de um empate no dérbi de Lisboa. A recepção ao Zenit é numa 3ª feira e no fds antes não há competição: até lá, apenas o jogo de domingo.
Não pareceu lógica a aposta inicial em Djalma, além da confirmação de Maicon a lateral-direito com Fucile no banco, para um jogo de alto risco, mas o FC Porto não tem tido dos seus flanqueadores alimento para o ponta-de-lança. Com um plano de contra-ataque, com James e Djalma a fecharem os flancos que ultimamente os alas têm desguarnecido, a coisa resultou com Hulk sozinho na frente. O que volta a dizer algo das diminutas e esgotadas opções ofensivas de Vítor Pereira que, sem inscrever Walter, deixa Kléber no banco. Iria lançá-lo se a coisa corresse para o torto? E o treinador continua a ter de fazer o melhor com tanta gente longe de dar o máximo. Por isso sempre disse que a culpa não era do treinador. Esperemos por melhores dias, mas a equipa tem de fazer por isso, como fez hoje.
A equipa deu sinal de si, mas ainda com muita perda de bola injustificada, falhando muitas saídas para o ataque, atrás e à frente.
A tecla do jogo ofensivo, a pressão alta e o vinco dominador no jogo sem contrapartidas defensivas acauteladas, pelo que preconiza Vítor Pereira, passou a factura, não bateu a letra com a careta, a equipa desconfiou de si mesma e descurou o que na Champions é imperdoável: a segurança defensiva. É esse estigma e uma certa perda de identidade do modelo de jogo que têm marcado estes solavancos da equipa. É o meu diagnóstico que seguramente muita gente vai explorar por estes dias.
Pode acontecer de tudo na última jornada, menos tirar o Shakhtar do último lugar. Quem diria, como disse Lucescu, que os teoricamente favoritos estariam nos últimos postos do grupo? O Shakhtar ainda sem vencer terá moral e estofo para lutar pela honra e ganhar em Chipre a um imbatível APOEL - e, inconcebível, já apurado? Vitórias do Porto e do Shakhtar na última ronda dariam o 1º lugar aos campeões nacionais, mas hoje voltei a ver os cipriotas e não estou a ver como é que se consegue vencê-los e o Zenit raras ocasiões teve de marcar.
Há outra confiança e descontração para a jornada crucial do fim-de-semana no campeonato e um grupo reencontrado com o espírito de sacrifício que não tem tido. O grito Somos Porto! ecoou nos confins da Ucrânia e a equipa acabou o jogo em alta, como o técnico sempre desejou mas ainda não alardeara, a começar pela 1ª jornada em que contra nove "mineiros" não forçou o ampliar da vantagem.
Bom dia,
ResponderEliminarMais que tudo, ontem a equipa teve atitude séria, lutou e correu pelo resultado.
O meio campo funcionou e por conseguinte fomos fortes na pressão e na construção de jogo.
Helton esteve enorme na primeira metade, evitando males maiores. A defesa com os pés foi fantástica.
Na segunda parte dominamos completamente o adversário e sob a batuta de Hulk e Moutinho conseguimos uma justa vitória.
Espero sinceramente que não tenha sido uma exibição episódica, e que haja continuidade na atitude, pois as boas exibições surgirão com naturalidade.
Que o jogo de ontem não seja como a velha fábula do burro e da cenoura.
Falta-nos uma simples vitória para nos apurarmos. Acredito que se a atitude se mantiver conseguiremos.
Abraço e boa semana
Paulo
pronunciadodragao.blogspot.com
Foi uma vitória feliz, sofrida mas muito digna, na medida do esforço e solidariedade manifestados quer pelos jogadores quer pelo técnico.
ResponderEliminarOs problemas continuam, não desaparecerem, mas pelo menos vimos raça e ambição.
Voltar a depender de si próprio é um factor que poderá ajudar a atingir o objectivo, mas será necessário muito empenho, porque apesar do jogo decisivo ter lugar no Dragão, ao Zenit basta empatar.
Espero que a sorte que nos bafejou na Ucrânia não nos abandone.
Um abraço