18 fevereiro 2010

Jesualdo, Wenger e a "imagem" dos treinadores


E um golo do Bayern tão irregular como o do Benfica ao Porto mas que tantos não "viram"...
A honestidade, intelectual e profissional, de Jesualdo Ferreira ficou patente com a confissão, algo inocente mas crua e sincera, de que também ele teria ficado "possesso" se a sua equipa sofresse um golo como o de Falcao ao Arsenal. Não é questão de legalidade, que não se põe, mas de pressão e desconcentração a roçar a ingenuidade que é suposto não existir ao mais alto nível. Desta vez penalizou o Arsenal e fez justiça a uma boa vitória portista e um atestado de qualidade futebolística que não pode ser posta em causa com um jogo "atípico" mas tipicamente português como o de sábado com o Leixões.
Só uma grande equipa ganha ao Arsenal e contam-se pelos dedos de uma mão as derrotas europeias dos "gunners" em cada época onde amiúde joga até às fases mais adiantadas das eurotaças. Na intensa, imprevisível e até louca Liga inglesa o Arsenal perde muito mais vezes, até com o modesto Stoke City. Da mesma forma, o FC Porto empata com últimos como o Belenenses, o Leixões e o P. Ferreira, não de forma sistemática mas de quando em vez.
A Europa é outra loiça, de fino quilate, mas onde ocorrem erros que comprometem equipas e justificam resultados, ainda que o êxito azul e branco tenha tido muito que ver com qualidade e capacidade de novo comprovadas ao mais alto nível. Esperemos que, depois do 2-1, tal como em 2004 com o M. United, o FC Porto saia qualificado do Emirates a 9 de Março, seis anos após o empate nos derradeiros instantes por Costinha em Old Trafford.
A questão do frango de Fabiansky é irrelevante, porque Helton também já comprometeu de forma inacreditável uma eliminatória que parecia ganha no campo do Chelsea e, antes dele, também Vítor Baía tinha "caído" numa saída em falso que determinou uma derrota na primeira visita dos dragões a Stamford Bridge.
O golo do 2-1 decidiu o resultado desta 4ª feira e enfureceu Arsene Wenger. Mais do que condená-lo pela sua "fúria" e eventual mau-perder, até por esquecer-se de já ter ganho em lance do género (Henry frente ao Chelsea, ver aqui http://www.youtube.com/watch?v=gCWjioIR5MM&feature=related, como logo assinalou Alex na caixa de comentários), deve compreender-se o seu estado de espírito, mas não é aceitável a tolerância do árbitro sem uma admoestação ao técnico francês. Protestar, sim, com razão mas sem excessos e ele não pode ter essa prerrogativa. Ele, de resto, como Ferguson conferenciam muito com os árbitros em Inglaterra.
Não será, porém, o caso de "condená-lo" ou lamentar a sua atitude, porque Wenger é, como Jesualdo, alguém capaz de fazer equipas competitivas com menos dinheiro que muitos dos principais concorrentes. Wenger e o Arsenal não ganham nada há 5 anos, desde a conquista do título sem derrotas em 2004 sob inspiração de Henry que agora voltou a ser muito lembrado, também a propósito deste árbitro no França-Irlanda. É injusto.
Jesualdo também tem o seu coro de reprovadores portistas, não obstante os inúmeros êxitos sob a sua batuta. Wenger também não cai no goto de muitos adeptos e ganhou mais alguns indesejados após o protesto no Dragão. Mas a "imagem" dos treinadores tem de ser mais do que isso e os seus triunfos falam por si.
Evoca-se Henry e ele fez muito mais de positivo pelo futebol do que de negativo e não merece ser recordado por um lance ou outro menos regular. Ao marcar rápido um livre contra o Chelsea, enquanto Cech fazia a barreira (e quantas equipas não sofreram já com isso?; lembram-se do livre de Cunningham em 1979 enquanto Fonseca orientava a barreira e o francês Vautrot autorizou o pontapé que deu golo ao Real Madrid e que valeria para passar a eliminatória apesar do bis de Gomes nas Antas?), Henry foi tão matreiro, com a conivência do árbitro mas não de forma ilegal, como R. Micael a passar a Falcao para marcar. E quanto ao golo precedido de mão na bola, é um gesto instintito na "hora h" e difícil para qualquer árbitro ver.
Também Wenger não pode ser "crucificado" por antes ter beneficiado de uma matreirice de Henry. Pode ficar-lhe mal esquecê-lo, mas é como diz Jesualdo: a qualquer um cai mal um lance assim quando é... contra "nós".
Mas Wenger ainda tem, para sempre, um gesto sublime de fair-play, quando aceitou e ele mesmo sugeriu repetir uma eliminatória da FA Cup com o Sheffield United, porque um jogador seu aproveitou mal uma situação para marcar golo do Arsenal e ele não gostou.
Podem pegar pelo lado que quiserem, mas ainda não vi ninguém a fazer o que ele fez a bem do fair-play.
Porque o fair-play não é só de boca, é por acções. Muitos treinadores portugueses falam de fair-play, mas alguém vê essa prática em campo? Já nem digo na terrível luta pelo "pontinho", como no sábado o Leixões, mas em circunstâncias normais vêem-se lances de fair-play dignos de nota?
Há muito a mania de criticar por tudo e por nada. Há tempos um comentador televisivo falava de Ferguson "mastigar chiclete com a boca aberta", como se Jorge Jesus não o fizesse dentro de nossa casa, todas as semanas na televisão.
Jorge Jesus já aludiu a poder apenas ganhar certos jogos na Playstation, quando o seu Braga perdeu na Luz na época passada. Mas ninguém lhe aponta ser praticamente impossível ganhar em Portugal ao Benfica que hoje orienta sem ser na Playstation, tantas as ajudas arbitrais (e de secretaria) que levam o "andor" tão longe...
Na jornada da Champions de 4ª feira, mais do que o frango de Fabiansky e o 2-1 marcado à pressa por Falcao, o 2-1 do Bayern à Fiorentina é quanto a mim algo de mais escandaloso, Klose marcou claramente adiantado após toque de Olic.
No resumo televisivo não faltou apontamento algum para salientar tamanha irregularidade, algo do género até um cego veria...
São precisamente os "mesmos" que, em lance de toque para a frente com a bola para um colega adiantado e em posição flagrante de fora-de-jogo, não descortinaram o fora-de-jogo de Urreta no infame Benfica-Porto de Dezembro, quando Saviola tocou a bola para o colega uruguaio na jogada que antecedeu, por não ter sido assinalada tão evidente infracção, o golo benfiquista que da sequência da jogada sentenciou o jogo. Ninguém deu por ela e muitos recusaram-se a vê-la no dia seguinte... "Estes" já se esqueceram da sua "branca" e são dos primeiros a falar de golo irregular do Bayern. Pois...

3 comentários:

  1. Não concordo contigo no que respeita ao Wenger. É certo que ele teve um acto de fair play nesse jogo com o poderosissimo Sheffield United, mas ao longo da sua "estAdia" em terras de S. Majestade revelou sempre um mau perder e uma azia sempre que as coisas não lhe corriam bem. Não consigo simplesmente esquecer aquele sorriso jocoso aquando do nosso péssimo jogo em Londres. Sinceramente, prefiro o mau feitio frontal e sincero do Sir Alex fergunson, do que a hipocrisia deste senhor. Não se esqueçam de uma coisa, este senhor conseguiu ter más relações com o Mourinho, Benitez e fergunson ao mesmo tempo, proeza que nem o Mourinho com todo o seu estilo quezilento conseguiu.
    Também não concordo com a comparação da política contratual do Arsenal com o FCP, enquanto que o FCP tem a pressão da tesouraria e do seu orçamento anual para vender as suas pérolas ano após ano, os melhores jogadores saiem do Arsenal porque simplesmente não ganham nada e tÊm fome de títulos...felizmente esse não é um problema do Arsenal.

    Ps-Esse jogo contra o Chelsea não é caso único, no mesmo ano contra o Aston Villa o Henry teve um caso idÊntico com uma marcação de um livre directo com o keeper agarrado ao poste...no pós jogo mais uma vez as virgens ofendidas não saíram à rua!

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  2. OFF Topic:

    Comparem os comentários dos jornalistas ingleses com os ressabiados dos nossos jornalistas

    http://www.youtube.com/watch?v=uPzp7Me_fBI

    A inveja tolda-lhes a razão!

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