O País de Sócrates que adorava Scolari

Scolari diz que para Portugal “o mínimo” é ficar entre os quatro primeiros no Mundial
12.02.2010 - 11:56 PÚBLICO

Parece que o ex-seleccionador nacional disse isto a um site ou agência no Brasil, "Terra".

Amanhã, a Imprensa do regime vai também esculpir isto, mas nem serve como pressão sobre Portugal face ao torneio na África do Sul.

Enquanto Jorge Baptista, no "Crime", chama com todas as letras "incompetente" a Carlos Queiroz, pela 1ª página que vislumbrei hoje em que procurei O Sol e não queria saber de estalos e murraças, para justificar a agressividade do seleccionador actual no "pas de deux" de sábado passado no perigoso Aeroporto da Portela da não menos recomendável Lisboa, Scolari fez também uma tirada de se lhe tirar o chapéu, digna de figurões como o dito Baptista - e há tantos por aí - que tanto o defendeu desde a exclusão de Vítor Baía, como "produto de marketing", em 2004.

De Scolari, a Imprensa do regime fez por obscurecer o trejeito conflituoso e o trajecto em plano inclinado, como a RTP fez na semana passada à manchete d'O Sol, por alegado "erro" de José Alberto Carvalho na avaliação da situação informativa e editorial que sonegou o "caso" durante toda a 6ª feira passada até envergonhada e tardiamente pegar no assuno no telejornal à noite.

No Porto, em Outubro de 2005, na véspera do jogo com a Letónia que fechava a qualificação já obtida antecipadamente para 2006, confrontado com as perspectivas para o Mundial na Alemanha, perante o 2º lugar do Europeu-2004 também sob o signo de Scolari, o brasileiro disse que a fasquia a alcançar seria os quartos-de-final. Foi-lhe perguntado directamente se não havia ambição para mais, perante a discreta e silenciosa tropa jornalista presente e ciente de o homem não gostar de "jornalistas lá do Nórrrtxi", mas ele não passou daquela fasquia.

Portugal, como se sabe, atingiu as meias-finais em 2006 e ficou no 4º lugar muito honroso que escondeu os trambolhões e a sorte do Caravaggio (então não divulgada como milagreira) da fase a eliminar. Em 2008, no Europeu e em jogos na Suíça, a queda voltou a duplicar: de 2º para 4º em dois anos, de 4º na Alemanha para 8º na Suíça no biénio seguinte.

Agora, o seleccionador tão venerado que acreditou sempre na qualificação de Portugal para 2010 e aparecia por cá de cada vez que a casa ameaçava ruir e confirmar-se a desqualificação anunciada em toda a Imprensa (dita) Desportiva, propõe igualar-se, no mínimo, o primeiro lugar fora do pódio para a nova selecção que tanto lutou para se apurar.

Ninguém vai dar conta disto. No País de Sócrates, das tropelias do Benfica e dos desmandos do Governo PS, é de gente assim, também como Scolari, que o Povo gosta. Até pôs bandeiras à janela e instruiu comentadores como Jorge Baptista, que acha ter "uma opinião, e é perigoso" sobre a competência de um treinador de futebol.

Portugal é assim.