Interesse público é só no futebol?

(actualizado às 23.03h) Já há Sol de amanhã!

Argumenta-se que as escutas, alegada mas não justificadamente sob segredo de justiça, que o semanário das 6ª-feiras publicou e promete manter amanhã, não são de interesse público. Assim dar-se-ia cumprimento a uma providência cautelar que um diligente juiz deste País, firmemente ancorado em Lisboa, capital de todos os arbítrios também na Justiça, ordenou para impedir a publicação de mais escutas envolvendo uma das figuras - um figurão! - "ouvidas" na edição da semana passada.

Só no futebol é que o interesse público vinga, tal a sua notoriedade.

É que, a despeito da providência cautelar do Gil Vicente para evitar a consumação, inelutável e coroada de êxito pelos sabujos do regime ligueiro, da sua despromoção por via administrativa, a FPF e todos os poderes mexeram-se e garantiram que o campeonato não pararia à espera que um tribunal tomasse uma decisão. Já lá vão três ou quatro anos.

Alegou-se o interesse público, os galos que pusessem ovos em Marte mas o sacrossanto futebol e os campeonatos decididos antecipadamente na secretaria que "amandassem" a bola para o ar e o circo prosseguisse. Como veio a suceder.

O futebol, afinal, é mesmo um estado dentro do Estado. Ou do estrado? Ou é o País prostrado perante tamanha perplexidade dos meandros da Justiça? E os "disciplinadores" das comichões da Liga? E os revoltosos do CJ da FPF com o golpe palaciano? Como pode o futebol ser diferente do País?