19 setembro 2010

Relatório (Bo)Ronha (XXIX): Madaíl e JR na abordagem ilegal de Madrid a um... fundador da FIFA


Se tinha apontado, com ironia sem recuperar-se o tempo histórico de 2004 em que tal cenário era desejável e realizável, uma possibilidade de lucidez de Madaíl a dar os últimos passos como presidente da FPF, além de a ideia ser colocada em momento deslocado e da forma errada, ninguém compreendeu o ponto de burrice desta intervenção pela abordagem ilegal a um treinador com contrato, como Mourinho em Madrid.
Ao anunciar, ontem, que o Real Madrid não foi contactado oficialmente pela FPF para a abordagem a Mourinho, Valdano destapou o que faltava desta missão não só impossível, mas suicida e ilegal. Para mais com o clube que, em nome do País, foi, em 1904, um fundador da FIFA e é o clube do século XX eleito como o melhor.
É que as regras, internacionais e de que volta e meia se fala mesmo a nível nacional como no alegado caso de "aliciamento do FC Porto a Kléber", proibem que um treinador, ou jogador, com contrato com um clube seja abordado por uma outra entidade. A FPF estava a violar gravemente um preceito básico das relações institucionais, mesmo contando, Madaíl, para o efeito com a presença de um dito expert - e eu perguntei-me o que fazia JR ali?... - na matéria de relações internacionais, outro inefável do regime como é João Rodrigues. Um burro ao sol faz sombra, dois fazem apenas um par. E, assim, seguidos de perto pela Imprensa, os dois portugueses investiram em Madrid ao arrepio dos regulamentos, do bom senso e das relações que uma instituição como o Real Madrid merece, até pelo peso histórico acima aludido.
Mesmo por dois jogos, ir falar a um treinador sob contrato com um clube, para fazer um frete à Selecção não é viável, piorando as coisas se, primeiro, o patrão desse treinador não foi contactado e soube apenas pela Imprensa que o seu empregado era desejado noutro lado e queriam tirá-lo à sucapa, embora pudessem avisar depois da inconveniência que poderia causar a saída de Mourinho por uns dias, a expensas próprias, para ir ao Porto (e a Reykjavik, onde é possível ficar retido por um vulcão), fazer uma perninha e salvar a Pátria.
O ridículo é este. Ponto final. O estertor da morte como presidente federativo, assessorado por outro sujeito pouco mais documentado do que o executivo pago, não revela, afinal, a lucidez que dizem existir nos últimos instantes de vida. Há, conta-se, delírios e zumbidos na cabeça que só antecipam as últimas asneiras possíveis de fazer até não poder fazer mais nada.
adenda: agora, claro, temos isto que nem Mourinho percebe:

5 comentários:

  1. Aqui, completamente de acordo contigo.
    Mandavam a Ética e os Regulamentos, que fosse contactado em primeiro lugar o Real Madrid e se este permitisse tal, depois falar com Mourinho...

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  2. Caro Zé Luís

    Agradecia que este comentário não fosse publicado mas sabendo de algumas coisas não quis deixar de contribuir para a discussão.

    A alteração dos estatutos da Federação Portuguesa de Vela (FPV) para dar cumprimento ao novo regime jurídico foi aprovada em Assembleia Geral em 2 de Outubro de 2009, decisão confirmada pelo Conselho de Justiça da FPV e pelo Tribunal Administrativo de Lisboa.

    Estranhamente, e posteriormente a esta data, a SEJD deu ordens para suspender todo o financiamento à FPV, o que levou esta Federação a não poder apoiar os seus atletas em deslocações a campeonatos europeus e mundiais.

    Entretanto, a FPV está num estado comatoso com toda actividade suspensa. A equipa olímpica está parada, ou se não está, é porque os atletas estão a financiar a campanha do próprio bolso, vários treinadores saíram e os poucos funcionários que ainda restam têm vários meses de ordenados em atraso.

    Todos estes factos foram sendo mais ou menos noticiados em alguns jornais, nomeadamente no Record (onde trabalhou durante vários anos o acessor de comunicação da FPV).

    As más línguas dizem que a facção oposta à actual direcção (e que durante largos meses funcionou como minoria de bloqueio nas Assembleias Gerais impedindo a adaptação dos estatutos) tem bons contactos na SEJD, e que tudo isto tem o objectivo de tomar o poder na FPV. Será verdade? Deixo a investigação a quem de direito...

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  3. Primeiro, ao FM:

    não por desconsideração com o meireles, mas porque o assunto é grave e demasiado importante, acrescido de FM não pretender publicar o seu comentário (não sei porquê) mas dar um contributo inestimável ao debate e que agradeço.

    Mesmo considerando que FM não tem perfil que o identifique minimamente, a matéria é sensível e o seu esclarecimento inestimável, pelo que admiti o seu comentário que, não o identificando, não prejudica nem a ele nem a ninguém.

    E a matéria é tão sensível que não podia ler o que escreveu pedindo a não publicação, sem partilhá-la com quem nos segue.

    Posto isto, e esclarecida mais alguma coisa nisto tudo, para ficarmos com uma ideia, não me repugna que aconteçam duas coisas:
    1) as tais forças de bloqueio podem existir e por alguma razão nesse caso existirá;
    2) e tal como motivação política pode estar por detrás disso, do mesmo modo reacções noutro sentido, como a de Paulo F., admito que possam existir também, ainda que o perfil desportivo e a longa participação, como atleta e dirigente, do antigo nadador abonem em seu favor de que faz isto desinteressadamente ou se interesse tem é pela sua modalidade e para que, no Movimento Olímpico, tudo corra pelo melhor.

    Este é o meu sentir, pelo que à partida tomo Paulo F. como pessoa séria e não implicando "política" nesta matéria. Já não digo o mesmo do SEJD.

    Assim, o enlaçamento de todas estas questões remete-nos, sempre, para a "perturbação" e o "enfeudamento" das associações/federações face ao Governo, que distribui verbas.

    Não sigo muito as modalidades, sempre o confessei, muito menos a Vela de que nada sei, embora lamente que num País com História Marítima ímpar as questões do Mar e a mera arte de navegar não sejam entranhadas no Povo Português e eu gostaria de saber umas coisas mínimas sobre isso, creio não ser exagerado sequer que esse mínimo de conhecimento de navegação seja ensinado na Escola da mesma forma que se ensina as regras do Vólei ou do Básquete para desconforto da minha filha mais pequena que liga pouco a isso.

    Custa-me, já agora, acreditar que atletas olímpicos estejam parados ou mesmo a financiar a sua actividade preparatória, porque o dinheiro (255 mil euros em causa) aparentemente continuaria a ser garantido aos atletas do Projecto Londres-2012 através não da FPV mas do COP.

    De qualquer modo, esses meandros que o FM nos traz, como digo, ajudam a perceber alguma coisa mais. E eu, não seguindo as modalidades, tinha ideia de que pelo menos na vela, ao contrário da FPF, a questão da adequação dos Estatutos já estaria ultrapassada e pelo que nos conta FM parece que algo sucedeu nesse sentido, talvez não tenha sido levado à prática e essa é uma questão em aberto.

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  4. Agora, ao meireles.

    Nem interessa muito saber se devia fazer primeiro isto ou aquilo, desde que ficasse em segredo.

    Antes do mais, Madaíl não poderia ir a Madrid sem um mínimo de garantias. Pior ainda, se o "plano" é exposto na Imprensa, impensável ir sem um mínimo de certezas.

    Um mínimo de certezas suportado em conversas telefónicas primeiro. Com o treinador ou o seu clube já é relativo, porque Florentino não era suposto saber primeiro do que Mourinho, porque a FPF quer Mourinho e não Florentino.

    O que Madaíl disse hoje (ouvi na SIC), de que falou telefonicamente com Florentino não acrescenta nada. Porque não sabemos quando o fez. E se o tivesse feito antes de ir... não teria ido, se a resposta de Florentino fosse "não".

    Portanto, Madaíl só descredibiliza mais o que fez ou quis fazer.

    O "normal" seria:
    - Tou, Mourinho, é Madaíl e quero que faças os 2 próximos jogos de Portugal. Se aceitas, falo já com Florentino.
    - Ok, presidente da FPF, aceito, fale lá com o meu presidente.
    Mais tarde:
    - Tou, Florentino, com a conversion del mio amigo JR e la suya traduccion, te pergunto se me dejas a Mouriño venir ganar los 2 partidos de Portugal en Octobre.
    - No, Madaíl, la Prensa no lo suportaria, los aficcionados tanpoco e, yo, pobrecito, no los voy a contrariar. Por mi voluntad, sí, Mouriño poderia ganar por vosotros. Pero, yo ni hablo de esto con Valdano... Mouriño no se alquila, lo escribió Marca.

    Pronto, era assim e teria poupado à FPF uns cobres de viagem e o ridículo de tudo isto.

    Tudo em segredo e, se nada desse, ninguém saberia. Pelo menos por agora. Agora, o fiasco é estrondoso.

    Lo entendes, seguro.

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  5. Eu entendo, mas se jogasse limpo, nem precisava de jogar pelo seguro...Porque se se actua de mãos limpas, o resultado é sempre aceitável, quer seja a vitória ou a derrota...E consegue-se ser muito grande nas derrotas, coisa que não está ao alcance de muitos.

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