15 outubro 2010

O (des)tratamento (des)igual é este, o que foram e o que são de diferentes também

Cá está, a resposta de AVB a LFV teve o destaque que era esperado nos pasquins.

Não é só uma questão de direito de resposta
devido a representantes
maiores de dois grandes rivais que em nenhum outro país seriam tratados de forma diferente como é prática em Portugal.

É questão de dignidade dos próprios jornais que fizeram parangonas com as bacoradas do presidente do Benfica e calam praticamente as do treinador do FC Porto. Reparem que, por questão de igualdade, aceito equipará-las como "bacoradas", mas sempre dizeres, falares e saberes a explorar no mercado à volta do futebol que se quer vender em papel.
O mesmo, de resto, passou-se há dias com a resposta de Pinto de Sousa, ilibado em tribunal, a um ex-condenado na Justiça portuguesa.
Nada que surpreenda, certo. Tal como não admira que as vendas destes pasquins medíocres e infantis tenham caído a pique.
O boom da Imprensa desportiva diária em Portugal, com o percursor O Jogo em 1985 com medo de sair da sua pequenez de um meio reduzido como o Porto e subalternizado como irmão mais novo do gigante e então poderoso e recordista JN, deu-se quando os três resistentes, após o desaparecimento da "Gazeta" aí por 1994, iniciaram em 1995 a corrida em circunstâncias de igualdade. Num ano apenas, o Record congratulou-se de ter superado a audiência de A Bola, e as vendas também, dominando em todas as "regiões" de Portugal, à excepção do Algarve (reinado de A Bola) e do Porto (prevalecendo O Jogo, filho da terra e à sombra do tutelar JN). Durante 5 anos, Record esmagou A Bola em todos os vectores. Hoje, 10 anos após os píncaros atingidos, com vendas reduzidas em 40% e até mais em largos períodos do ano, esta inflexão e a desconfiança geradas no público leitor não faz inverter a tendência. Desde 2008, 12 anos após uma manchete de Record a anunciar a histórica ultrapassagem, A Bola fez gozo de anunciar a inversão da tendência: continua a não confrontar as suas vendas com as dos outros (via APCT em que não confia), mas quanto a audiências é um facto que se comprova ter recuperado a liderança. O Jogo, incapaz de se definir apesar de tímidos arrufos oriundos do seu gene natural, definha, não sai da cepa torta, apesar de entretanto emancipado, em 1994-95, da tutela do JN.
Onde antes havia tratamento igual e não discriminatório dos clubes, hoje há subserviência a um e rejeição de outro que lhe faz sombra, amiúde até relegado para plano inferior face a um terceiro clube falido e praticamente sem alma, fatalmente relegado para 3º lugar por muito que custe aceitá-lo. Quando dantes as polémicas não eram encobertas, ou mesmo ocultadas de todo, em qualquer dos clubes, o que suscitava interesse em todos por vermos expostos os problemas de cada um, agora há a mistificação de um e o apagamento de outros. As broncas eram tais que, logo em 1995, os três clubes maiores entraram em blackout simultâneo, mas não detiveram o "avanço" da Imprensa, que ganhou foros de maioridade e notoriedade. O que um diz ou faz tem prevalência, agora, sobre o que outro ganhe ou mostre, mesmo que ganhe muito mais e mostre mais coisas ainda que sem espaventos.
O que muitos fazem até por esquecer, a verdade é que o Penta do FC Porto de 1995 a 1999 coincidiu com os picos de vendas, desmentindo que os êxitos dos clubes de Lisboa é que puxam pelos jornais. A questão era que, em nome da Informação adulta que se implantou e hoje desapareceu entre a arraia-miúda que meia dúzia de velhos caciques querem ter à sua volta nas Redacções, tudo era tratado, nada era escondido. Mais: no "boom" de vendas, nem havia clubes em finais europeias, ou grandes carreiras lá fora com uma ou outra excepção da melhor equipa da modernidade, o FC Porto. A própria Selecção Nacional andava apagada, depois de voltar aos grandes palcos 12 anos depois de França, em Inglaterra-96, falhou o Mundial-98, apesar da Geração de Ouro estar já em pleno e os seus maiores nomes a jogarem, então sim, nos grandes clubes do continente.
É por isto que a Imprensa desportiva, descredibilizada e até descapitalizada, definha e arrisca morrer. Para já, vegeta e suplica por favores de alguém que ajude esta filosofia a manter-se à tona. Mas a confiança nunca volta. Podia estar abalada por miríades de anúncios de reforços, mas não deixava de os debater, escalpelizar, até denunciar quando eram barretes ainda antes de se provar. Hoje exalta-se qualquer vendilhão do templo, na esperança de vender mais dois jornais por dia, confinando os pasquins àquilo que eram antes de serem diários: os seus limites territoriais - que têm o mérito, quais jornais de bairro, de garantirem a sobrevivência. O vencer fronteiras é apenas virtual, através das edições online que captam publicidade, têm leitores mas à borla. Praticamente os três têm capas diferenciadas para Porto e Lisboa, mas o Record nunca o pratica, A Bola fá-lo só em dias de jogo sabendo que a vitória dos dragões é quase certa, O Jogo respeita diariamente o interesse do leitor lisboeta e do portuense.
Hoje, O Jogo já pensa no Natal e no pinheirinho desejado em Alvalade, como se Zigic possa ser melhor do que Purovic que nem como duas gruas juntas deram grandes títulos ao Estrela Vermelha.
A Bola nem pensa sequer no treinador que já ganhou o único troféu desta época pelo clube que venceu a Taça de Portugal nos últimos dois anos e pela terceira vez em cinco anos, tendo disputado ainda outra final neste período. Incensa os treinadores de Lisboa.
Record já puxa pelos cordões à bolsa do benfas para comprar, senão pinheirinhos para a Luz, mais pequenos grandes génios talvez iguais à dupla adquirida com antecedência de meses e que não brilha onde antes só brilhou um di Maria.
É isto a Imprensa desportiva portuguesa, hoje. Desapreciando o destacado líder do campeonato, vencedor da Supertaça esta época e detentor do troféu há dois anos que este fim-de-semana os maiorais vão começar a disputar a pensar na final (Jamor? outra vez?) de Maio.
TELEVISÃO (adenda)
Até a entrevista de Paulo Bento, milagreiro e já presunçoso por ter "inventado" um pequeno jogador como João Pereira, passou despercebida nas capas dos pasquins. É certo que não disse nada de novo, que tem tendência a repetir-se e a dizer nada de novo, além dos ãh, ãh que se ouvem em muitos pivots televisivos, ãh, ãh... Só estados de alma como os do inefável (Bo)Ronha, quiçá a expiar pecados velhos de anteriores apreciações recentes e maldosas ou de antigos destinos em mão a silenciar os desatinos quando se sentava no banco da Selecção a ouvir as vedetas maltratarem os treinadores, dão ênfase a nada.
É a cultura vigente. Melhor, o caldinho que a mantém quente. Mas azeda.
Reparei agora, ao apanhar os noticiários desportivos das tv's antes do almoço, que o registo de AVB foi simplesmente apagado. Já ontem, nos telejornais da noite, parcas referências ao assunto vi-as na SIC e TVI, salvo erro. Hoje, nada se passou, nada se recuperou, nada se confrontou. Que diferença para o episódio anterior e o chinfrim ridículo criado por uma figura pateta e bronca do chamado Portugal moderno.
Entretanto, dei comigo a pensar em operações de salvamento. A Judite entra em campo para salvar o regime na tv do dito: foi o Bettencourt, a quem falou das escutas do Pífio Dourado como se ela as tivesse alguma vez ouvido ou percebido, mas não lhe salvou a noite de AG em Alvalade onde os viscondes são o que é Dias Ferreira, mãos nas ancas e alcoviteiras da pior espécie; quando se esperava a mão mediática ao Teixeira dos cantos por onde espalha as misérias dos cortes em deduções, apoios sociais e salários, eis que surgiu o seleccionador como se tivesse feito algo de extraordinário para contar com jogadores que há um mês estavam lesionados...
COISA INTERESSANTE, ESTA
"Blogues, Twitter, Facebook, Ipad são palavras que entraram de rompante no nosso tempo. A Internet multiplicou as possibilidades das pessoas comunicarem. Grande parte da informação que recolhemos destas novas fontes é obtida sem a mediação dos jornalistas. Coincidência ou não, o aparecimento das novas tecnologias agravou a crise da comunicação social e sobretudo dos jornais. Os grupos de comunicação multiplicam iniciativas nesta rede global, mas não conseguem encaixar o seu modelo de negócio nela. Previsões dão os jornais como mortos num futuro próximo. Será que a Internet matou o jornalismo? Ou pelo contrário, a Internet é uma força revolucionária que torna os cidadãos sujeitos em vez de espectadores e o que está em causa são os grandes grupos de comunicação que só pensam em negócio e esqueceram-se dos valores do jornalismo?Estas são algumas das questões que pode aprofundar num debate que se vai realizar a 20 de Outubro com a colaboração do Chapitô e do Sindicato dos jornalistas".
No blog "5 Dias", para quem não sabe, de tendência comunista mas que eu gosto de ler, sem preconceitos.

1 comentário:

  1. bom artigo,interessante e a parte em que ,quando os pasquins mais venderam ,foi na altura em que o porto foi pentacampeao.

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