19 junho 2013

Queiroz e os talibãs de Lisboa

Quando ele partiu, referi sumariamente que Queiroz preferia os ayatollahs de Teerão aos talibãs de Lisboa.
Pois ao conseguir, como quando levou Portugal a ganhar na Bósnia em 2009, que o Irão volte ao Mundial no que é a 3ª qualificação alcançada do treinador português com selecções diferentes que nem Mourinho vencedor  na Champions por três clubes, os mullahs lisbonenses confirmaram a fatwa lançada sobre um dos mais carismáticos e conhecidos técnicos nacionais. O dia de ontem foi pródigo em ler a reposição dos Versículos Satânicos de escribas capitolinos tão verrinosos sempre e só contra quem não gostam porque não lhes liga nenhuma e, ocasionalmente, podem levar uns sopapos.

As edições online dos pasquins que reclamam tanto a Liberdade de Imprensa como a Verdade Desportiva tinham, ontem, após o apuramento iraniano conhecido às 3 da tarde, apenas meros despachos noticiosos, a maioria da Lusa que vale o que vale. Raríssimos jornais online verteram umas linhas da sua lavra e o correio da manha, na sua saga persecutória digna de um qualquer Octávio Ribeiro imundo, nem uma menção mínima apurou até à meia noite, sem faltar o lixo costumeiro a esse esgoto a céu aberto que sendo o diário de maiores vendas diz bem do nível de leitura e literacia informativa do País.

(afinal, esta manhã, o lixo do dia lá actualizou a coisa com a verdade distorcida como é costume: não há manguito algum, como se pode ver nas imagens disponíveis mas o correio da manha só dá sinais de vida para escrever isso, um nojo)
 
 
A par, as caixas de comentários em geral encheram-se de meia dúzia de aplausos e incentivos de quem provavelmente nem viu como o Irão superou a Coreia do Sul (vai para a 8ª presença consecutiva, desde 1986) no seu próprio reduto ainda que a equipa persa pareça ter ido à DMZ de Panmunjon sob ameaça nuclear dos irredutíveis do Norte e dessa façanha anacrónica da PDRK da dinastia Sung e derivados. Ironicamente, depois dos fogachos à Jorge Jesus do sul-coreano fanfarrão e basófias, o que se discutia à noite era de Queiroz fez um gesto obsceno para com o técnico homólogo, quando apenas limitou-se a apontar o punho firme e fechado e dizer "Toma", o que não é ofensivo e enquadra-se na troca de galhardetes que antecedeu o encontro. É só ir procurar a imagem que não pode dar mais pano para mangas do que a qualificação como vencedor do grupo.
 
Tivesse ficado Queiroz a ver o Mundial-2014 pela televisão, como rosnara um inabitual arremedo de antipatia sul-coreana da parte de Kang-Hee Choi, e não faltariam nem manchetes com o fracasso nem comentadores abundantes que se deleitam com as proezas da Selecção das Quinas sobre cujos tremeliques, desta vez, nem os mais basbaques subservientes de Bento poderão dizer que... a culpa é do Queiroz.

Da mesma forma, sem menção noticiosa sequer, mais um triunfo dos sub-21 espanhóis no Europeu da categoria onde faltou Portugal passa ao lado dos parolos modernos que por isso não sabem como fez Portugal para se guindar ao mais alto nível nos escalões jovens, pela mão de Queiroz e num processo que os artistas federativos e os mastodontes do imobilismo só capazes de jogadas rasteiras e politiquices baratas se encarregaram de destruir´.

A única coisa é que, quando falta a memória, soçobra o reconhecimento. Diz bem da impreparação e poder imberbe da matilha actual da pasquinagem lusitana. Os talibãs de Lisboa não deixaram de ter no império ainda do "amigo Joaquim" o foco pequenino de despeito do JN portuense onde o nível é elevadíssimo como se tem visto e o mullah Tavares também vai dando uma de muezzin de ocasião a chamar alguns crentes à oração da tarde...

Aliás, a projecção de talibãs também se vai alargando no Porto, a ver como a saída de Vítor Pereira foi tratada rumo ao sunismo de Jeddah, desta vez sem o sarcamos de moeda boa ou forte e sem se melindrar o clube porque o treinador foi traidor...

Não é Portugal um país de cínicos (não só os políticos, mas periodistas e adeptos ignaros seguem os tiques trauliteiros e sem piada) e, como no fecho dos Lusíadas, de invejosos?

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