Quando do banco sai um bom fim

V. Setúbal 0-3 FCPorto

B. Alves 65', Guarin 68' e Lucho 79'Equipa: Helton, Fucile, B. Alves, Rolando, Lino, Fernando, T. Costa (Guarin 57')), Lucho, C. Rodriguez (Mariano 78'), Lisandro e Hulk (Tarik 82')

O FCPorto provou que o Estádio do Bonfim quase se poderá considerar um estádio-talismã, já que há 26 anos que as equipas portistas conseguem lá arrecadar sempre resultados positivos.

Embora o resultado final possa ser enganador na leitura da partida, nem o FCPorto foi tão forte para marcar 3 golos nem o Vitória de Setúbal foi tão fraco para os sofrer, a equipa tricampeã nacional conseguiu conquistar mais 3 pontos importantes na perseguição ao líder Leixões, sem qualquer réstia de injustiça face àquilo que se veio a verificar dentro das quatro linhas.

A vitória veio a calhar para a equipa, acima de tudo, mais eficaz, mais segura, com maior qualidade, para a melhor equipa no campo, mesmo que não tenha realizado uma grande exibição. Mas, também é assim que se começam a conhecer as equipas campeãs, são nestes jogos onde, mais do que uma exibição de encher o olho, são necessárias verdadeiras equipas no sentido lato da palavra. Equipas com muito espírito de sacrifício, que saibam sofrer e que consigam contornar todas as dificuldades que possam vir a encontrar no seu caminho.

Jesualdo Ferreira lançou Lino para esquerda da defesa, em substituição do lesionado Sapunaru, e Tomás Costa, em detrimento da poupança de Raul Meireles que teve uma semana difícil, tendo mantido a mesma base táctica relativamente à equipa que actuou frente à Académica.

O FCPorto voltou a não começar bem na partida, fruto de alguma, inexplicável, apatia e falta de velocidade, passes muito denunciados e algo confusos, o que dava possibilidade ao Vitória ganhar confiança e procurar repetir façanhas recentes contra outras equipas. A equipa de Setúbal procurava sempre defender mais em cima do FCPorto, pressionando logo, e sempre muito alto, os laterais vitorianos eram vigorosos a defender e rápidos a atacar o que trazia imensas dificuldades à equipa portista em procurar o golo.

Apesar de Hulk tentar fazer pela vida puxando a equipa para a frente, a influência do brasileiro na equipa está a crescer, e isso está-se a sentir aos poucos, via-se que o meio campo portista não tinha o esclarecimento de outrora, a ausência de Raúl Meireles notava-se um pouco, em virtude de Tomas Costa não ter interpretado bem o seu papel.

A equipa portista tomava noção das dificuldades impostas pelo Vitória de Setúbal e notava-se querer equilibrar mais o jogo, tentando imprimir maior velocidade ao seu futebol, aos 25 minutos depois de uma grande jogada individual de Rodriguez, Lisandro Lopez, inexplicavelmente, falhou um golo claríssimo à boca da baliza, tendo rematado para trás quando um toque era o suficiente para abrir o marcador.

A primeira parte foi jogada em alto ritmo, muito disputado no meio-campo, sempre muito equilibrado, mas as oportunidades de golo só surgiam, através de remates de longa distância e sem qualquer perigo para as balizas, excepção ao falhanço inacreditável de Lisandro.

Na segunda parte, a partida começava da mesma forma como tinha terminado, tudo na mesma toada, um Vitória de Setúbal a procurar surpreender um FCPorto algo adormecido, e com preguiça de acordar, apesar das várias tentativas de Hulk despertar os seus companheiros.

Até que, Jesualdo Ferreira mostrava à sua equipa que não estava satisfeito e fazia um aviso à navegação, tirando do banco um trunfo para tentar ganhar a partida, Guarin entrava para o lugar de Tomás Costa, e, coincidência ou não, a equipa viria a se transformar de forma positiva.

O FCPorto começava a jogar com maior clareza, outra dinâmica, maior velocidade e a procurar o golo com maior objectividade. Mas foi de bola parada, e através de um canto, que o golo apareceu, após um canto marcado por Lucho, Bruno Alves cabeceava para o fundo da baliza, não dando hipóteses ao guarda-redes adversário.

Quase sem possibilidade de dar resposta à equipa de Setúbal, o FCPorto alargou a sua vantagem, Hulk consegue recuperar a bola no seu meio campo ao seu estilo, com uma imensa capacidade de explosão, grande velocidade e muito forte fisicamente, depois oferece o golo a Guarin que, após o defesa do Vitória ter conseguido interceptar o primeiro remate, não se fez rogado e rematava sem hipóteses para o guarda –redes vitoriano.

A partir daí, confirmariam todos os adjectivos que têm vindo a ser colados à equipa portista, o FCPorto era um colectivo tranquilo, dinâmico, muito seguro de si e sempre dominador não dando mais quaisquer hipóteses à equipa adversária de sonhar em chegar ao empate. O seu futebol já fluía com maior naturalidade e maior objectividade e sentia-se que a vitória na partida já não mais estaria em causa.

Mariano Gonzalez entrava para o lugar do desgastado Rodriguez e, mais uma vez, do banco iria sair boas novidades, mesmo no minuto seguinte à sua entrada, Mariano assistiu de forma perfeita o seu compatriota Lucho Gonzalez que num remate potente alargava a vantagem portista dando por terminadas, se é que ainda existiam, quaisquer esperanças à equipa vitoriana.

Até ao final, apenas de salientar o regresso à equipa de Tarik e o controlo da partida sempre feita com enorme tranquilidade e confiança confirmando um resultado justo, embora pesado, num Estádio, onde desconfio que os nossos adversários directos terão as mesmas dificuldades, mas menos competência do que o FCPorto teve para contorná-las com sucesso. E já vão 6 vitórias consecutivas, sendo metade dessas a contar para o campeonato, assim o assalto ao objectivo primordial, o primeiro lugar da Liga, está cada vez mais perto.