Pronto, lá perdeu o Porto uma final com o Braga, algum dia tinha de ser e a verdade é que, além de justa a vitória dos minhotos, a defesa portista ameaçava fazer a desfeita aos seus adeptos e à equipa. Depois de terem sido oferecidos quatro (4) lances de golo na 2ª feira para o campeonato, desta vez houve mais ofertas, especialmente com o 1-0 e 10 jogadores na 2ª parte, com a agravante de a mais perigosa ter redundado em golo, e expulsão de Abdoulaye, no único lance ofensivo de registo dos minhotos numa 1ª parte dominada pelo FC Porto. Fabiano só viu um remate à sua baliza aos 63' e Quim, imbatível frente a Benfica e FC Porto como prémio de carreira merecido, chegou a ter mais trabalho até o FC Porto arriscar tudo na frente e mostrar-se vulnerável atrás, quando Fabiano emergiu a encher a baliza.
Tal como no golo sofrido no Dragão ante Alan (antes da tabela e do remate fatal), a ajuda defensiva de Danilo foi ridícula, agora com Mossoró, e Abdoulaye arriscou num desarme que Mossoró aproveitou para cavar o tal penálti. Danilo já tinha sido o responsável pelo primeiro amarelo a Abdoulaye, por ter sido pastelão a dominar uma bola que perdeu e levou ao precipitado carrinho do central numa falta escusada e só feita pela imaturidade do jovem africano, depois reincidente no penálti. Danilo confirmou-se o flop dos 20ME, da mesma forma que o meio-campo dá sinais de fragilidade arrepiante: Lucho de novo substituído, agora ao intervalo, James ainda sem encontrar o 1 para ser o 10 necessário e também retirado sem glória do campo, Moutinho e Fernando muito marcados pelos faltosos médios centrais do Braga.
Mossoró, que podia ter empatado a final de Dublin numa oferta de Fernando, acabou por ser o homem do jogo (pela organização?) quando aos 79 minutos pensei que seria Custódio, tantas as faltas cometidas sem cartão. O Braga em vantagem, imerecida ao intervalo, soube gerir as emoções e a reacção corajosa do FC Porto, trocando bem a bola, nos espaços, para em contra-ataque, nestas condições, poder ampliar, justificando aí o triunfo, que honra a cidade, o clube e os jogadores muito determinados em ganharem um troféu esta época como pretendiam. Mesmo assim, quase todas as oportunidades foram de baldas defensivas portistas, Otamendi reentrou para ceder logo a primeira, depois foi Alex Sandro, ainda Mangala, um fartote que podia ter dado goleada não fosse a bravura de Fabiano.
Mesmo com 10, um adversário bem plantado, extremos lançados só com a equipa em dificuldades como na 2ª feira, com Kelvin e Atsu infelizes desta vez, o FC Porto vendeu cara a derrota, honra seja feita a quem porfiou até final e ainda ameaçou marcar. Mas as baldas oferecidas custaram caro e o problema é que repetem-se desde o jogo em Málaga. Mas a equipa acabou em orgulho, mostrando fair-play no final porque só tem de queixar-se de si mesma. A reacção de Vítor Pereira sobre o penálti é compreensível mas é apenas uma opinião, discutível, sem mostrar azedume veemente com a arbitragem correcta. Danilo e Abdoulaye, por duas vezes que valeram amarelos e expulsão do central, têm seguramente mais "culpas" no desfecho e contra isso o Braga não tem... "culpa".
A defesa joga sobre brasas e parece que sob brasas, como se algo queimasse à partida e pairasse sobre a cabeça dos jogadores, talvez pelas lesões ditarem muitas mexidas num sector sempre sensível como é o dos centrais, coadjuvada por um meio-campo sem energia pelos comandantes já aludidos e esgotados. Os médios têm sido a falta de inspiração, quando antes eram a fonte da mesma, que emperra a equipa e disso já falei na 2ª feira, temos um gravíssimo problema para o futuro próximo sem Lucho, sem Moutinho e talvez sem Fernando.
Se já foi dificílimo gerir o pós-Dublin em 2011, com tantas vitórias, a ausência de triunfos sonantes se o campeonato for perdido pode levar a igual sangria. O título nacional, objectivo da época, esse sim, pode salvar a temporada mas a equipa não parece acreditar muito nisso, pelo que se tem visto noutros jogos. Ainda assim, foi infeliz nesta final, nos capítulos defensivo e ofensivo e por isso não tem como atenuar a derrota, a segunda em taças com os bracarenses e em ambas acabando com 10. Sinas,, além dos sinais. Perder de vez em quando um título faz bem à humildade e espera-se que a equipa não desista do campeonato mas também que não ofereça tantas baldas ao adversário.
NOTA HISTÓRICA - não sou muuuuuito antigo, mas ainda do tempo em que o Braga ganhou uma Taça da Liga, creio que por 2-0 à CUF, nas Antas, quando a Liga foi criada ou reactivada mais propriamente, um troféu tão legítimo e oficial, aí por 1975 ou 76, como qualquer taça latrina que desenterrem do baú. Mas se eles também deixam subjugar-se pela história escrita convenientemente por outros em Lisboa já não é comigo. Sei que em Braga há quem tenha memória dessa tarde a meio da semana no Porto. Talvez uma premonição.