07 abril 2016

Entrevista de crise, conversa em família

Gosto é de futebol e não deixarei de ver os jogos desta noite na Liga Europa - não pelo Braga, que jamais terá arbitragem amiga como a anterior - por muito aflito que esteja o presidente do FC Porto para voltar ao ecrã da emissora nacional portista para uma conversa em família com um típico corta-fitas.
O FC Porto emergiu após o 25/4/74, mas o procedimento de Pinto da Costa lembra o PM Marcelo Caetano de outros tempos.
Uma noite na RTP, aí por meados de 1973, falava o governante e explodia uma bomba no Quartel-General, à Pr. República, no Porto. Um ano depois aconteceu a Revolução de Abril. Não se espera tamanha reviravolta nos acontecimentos pré recondução presidencial norte-coreana no FC Porto. Havia sinais, naqueles tempos, apesar da censura, e mesmo tentativa de golpes e até rebelião mais ou menos declarada no seio militar que sustentava o regime nada democrático. Agora há revolta declarada e insultos explícitos, mas nada perturba a tranquilidade de cemitério que pousou no Dragão e, por si, condenou a equipa ao conformismo em campo, sem exemplo de cima.
Pinto da Costa, em pouco mais de um mês, não só deu uma entrevista ao Torto Canal iniciada sem beliscar arbitragens não tidas como antagónicas do FC Porto, mas também questionado, ou só confrontado, por alguns adeptos inquietos numa assembleia. Há crise até pela oficialização no panfleto da SAD. E lá volta a necessidade de explicações, depois de apontadas mentiras descaradas do presidente de viva voz aos sócios em AG; mas depois de querer, supérfluo e bacoco, esvaziar acusações de comi$$ionistas no seu seio administrativo, pior, a bomba rebentou à sua porta mesmo antes de falar, com tarjas expostas mas não na às vezes conivente, mas sempre cobarde, pouca imprensa local: nem O Jogo nem o JN mostraram as fotos que circularam em profusão e o primeiro contentar-se-ia com um nota a dizer que a SAD negava tal acontecimento entretanto já divulgado nas tvs.
A conversa de crise será, certamente, da treta e não é difícil antever o conteúdo: vazio em geral, propagandista aqui e ali no sentido, mirifico, de inverter as coisas, sem evitar "lirismos amplos", adjectivaria Eça, diante de um aprendiz de cerimónias que, pelo consagrado autor, se destaca pela "lubricidade de bode".  Acredita -se que o Juca,  qual guardanapo para o presidente se limpar, fará o primeiro mea culpa desta vez não desculpabilizando as nefastas arbitragens - a coisa mais notável que se registou do último rendez-vous de meter nojo ao Rui Reininho...
Seguir-se-á uma profissão de fé para agarrar os crentes no sebastianismo, decerto já contentes porque o presidente não se perdeu algures, muito menos em batalha que se tenha dado conta de ter esgrimido valentemente como os sopapos prometidos do herdeiro da tradição soarista de levar nas trombas imundas; e para dar sinal de estar vivo, e os acólitos aplaudirem a proverbial "boa forma", antes de a Fernanda esposa sair a terreiro destemperada a bater com os tachos, mostrar frieza de estado num discurso sério e vacuidade programática alicerçada na recondução da "estrutura"  de resto alargada no CA.
Mas as bombas deflagraram na cara de quem era habitual anunciar, de tom onomástico, uma "bombaa", pois depois das parcerias do filho nas comi$$oes retorna-se a um sírio ou libanês já conhecido como cunhado do Antero, o sempre protegido acólito predilecto e cautelosamente promovido na hierarquia onde se acotovelam familiares alegados comi$$ionistas de administrador encartado.
É claro que há crise, que será tratada com o mestre de cerimónias decerto com o chavão de não se poder ganhar sempre pendurado no microfone recatado, mas com tantos problemas e rabos de palha só a saída airosa dum tete a tete porreiro permitirá passar um serão de pacóvios, sem novidades bombásticas, digno da província inerte sem que Lisboa estremeça ou sequer dê conta disso.
E, à laia de outros tempos e numa prática assumida em Alvalade, Octávio já veio dizer como é e lembrar como se fazia nas Antas, questionando o Capela em Coimbra em socorro do andor académico com que os árbitros, reverentes e imundos, atapetam os caminhos suaves das procissões de fé em redor do novo velho clube do regime.
Se o tema pender para as arbitragens será só mais um sinal do atavico atraso em agir em vez de reagir, imagem de marca de regime caído em desuso, putrefacto e decrépito, o extertor que se prevê no fim de ciclo de mais 4 anos de volta ao tempo de forçados nas galeras.

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