14 abril 2016

A votos no Politburo do Dragão (-3)

Não se aflija, a "estrutura", ou a hierarquia de poder no FC Porto não é tão complicada como ler o Metro de Tóquio, ainda que poucos portistas sejam capazes de distinguir corpos dirigentes, pela sobreposição de cargos e concentração de poderes, entre SAD e clube.
Também poucos adeptos e mesmo sócios serão capazes de citar o quatuor de predicados em tempos enunciados sem se saber porquê e para quê, porque saiu do nada e caiu, portanto, na irrelevancia...
De igual modo, ainda, é tão indiferente para muitos aficionados que Antero Henrique seja o CEO do futebol profissional e agora rumo ao CA, sendo de futuro, também, director do clube na formação. Se o PM Costa da geringonça nomeia amigos, sem mais nem menos tateias ou peias éticas com as quais se incomodem as esganiçadas de Esquerda, para assuntos de Estado e negócios escuros correlacionadas, também sem que o Bilhim da Cresap seja chamado a peneirar, tantos 140 Boys&Girls subitamente colocados numa fúria de nepotismo e amiguismo sem paralelo como na devastação do Vieira da Silva no IEFP,  para quê alguém se preocupar no regime norte-coreano do Dragão?
O que interessa se o filho do presidente embolsa comissões, mesmo amiúde trabalhando pro bono, sem jogadores na sua carteira mencionados no site do agente, se o PM Costa despudorado entrega a representação do Estado a um amigo cuja sociedade de advogados não tem, no site oficial, nomes de colegas causidicos?
O FC Porto, como outros clubes, também é o reflexo do país do deixa andar. Portugal chegou onde chegou. O FC Porto também. Reacções?
Acredito que muitos sócios nem saibam a diferença entre clube e SAD porque, a cavalo das conquistas quando em 1997 ou 98 as SAD vieram há luz do dia, a coisa passou e os troféus comprovaram que assim estava bem, até se acumularam em todos os escalões do futebol maior e de limite etário e inclusive somando as principais modalidades.
Mas o modelo esgotou, da mesma forma que são já raros os casos de ecletismo abrangente no mundo. Como esgotou o modelo de organização portista, escaqueirado curiosamente em cada baixa no elenco sempre pelo lado do CFF,  o chefe das finanças como foram Fernando Gomes e Angelino Ferreira, por exemplo, pois os outros cargos ou são irrelevantes ou de mera nomeação assente na fidelidade canina como se autopromoveu o "general prussiano" Camões para o JN...
Temos, nesta análise que proponho à estrutura organizacional do FC Porto, uma bela salada de grelos e muitos nabos. Uns abespinham-se no Facebook, outros nem piam por nada terem a dizer. O chefe do bando amestrado não passa cartão às tropas, o exército de apaniguados leva de todos os lados - mas o Napoleão que emergia da República sempre se coroou Imperador. E o regime absolutista prosperou e na Cidade Muy Nobre e Sempre Leal e Invicta, que resistiu ao cerco da monarquia e ganhou foros de Liberal, temos o regime que se sabe, com um ou outro Robespierre de pacotilha entre vassalos novos e velhos louvaminheiros.
Quando o ciclo da 13a República não se fechará ainda, um expediente com barbas é lançado para limitar os danos e sugerir recondução por aclamação ao novo Querido Líder, aparecendo ainda a pantomina de uma deputada sucialista de permeio a esgrimir legitimidade de assinaturas antes da ovação ao timoneiro da nação, o circo está instalado e ninguém se insurge, até a cordata e servil imprensa de sarjeta local desvia atenções e limita os danos, sendo parte da abnegada mas sempre enganada bluegosfera posta a banhos incapaz de molhar os pés e lavar as mãos, porque isto de grandes talentos em horas de prime-time só revela os trastes que são - como dizia Peter Drucker, e muito falarei dele doravante, é fácil fazer boa figura em épocas de expansão "mas vivi umas quatro ou cinco e as épocas de expansão puseram sempre charlatães no topo".
Ora, como me propus, não estou numa de culpar treinadores que dirigentes escolhem supostamente com critério, nem de avaliar jogadores, uns e outros sob lupa crítica todas as semanas em campo.
E tenho tão boa memória de épocas de expansão como do tempo das vacas magras. Não, este tempo não é novo, é velho e os erros repetiram-se, o que não se admite numa gestão de topo. Aquilo por que me bato aqui.
Também ligo pouco ao ruído das comissões com empresários, mas retendo que a mulher de César era suposta não só ser séria, mas parecer séria também. Não discuto a espuma dos dias e as minudencias me®diaticas porque não tenho agenda nem amigos a defender.
O FC Porto esbanjou recursos espantosos nestes 3 anos anunciados como o retomar de 30 anos de vitórias. Foi também com o maior orçamento de sempre, então, com 90M€ de gastos previstos após o Penta, no virar do século, que se cometeram as maiores barbaridades do rumo desportivo, dos Pavlin aos Pizzi e Esnaider: 3 anos sem ganhar, valeram 2 taças de Portugal e carreiras meritórias na Europa, mas lutando pelo título até à última (2000) jornada ou quase (2001), sendo que no auge de 1999-2000, com 1/4 final da CL com Bayern, os reforços de inverno foram Caju e Clayton...
Mas não é esta SAD, sob análise de accionistas que metem o seu dinheiro com conhecimento de causa e um módico de gestão e accountability nos seus currículos, que vai a votos, porque está renovado o mandato, apesar do estapafúrdio fracasso com, este sim, orçamento já acima de 100M€. Vai a votos quem acabou com o basquetebol e tem o hóquei nas ruas da amargura, quem recebeu uma vez e outra dinheiro estatal para piscina olímpica (lembram-se?) cujas fundações chegaram a ver-se nas Antas junto ao pavilhão e agora são usadas por usar de favor autárquico as municipais de Campanha.
Afinal, são os mesmos da SAD e do clube. Uma grande e dispendiosa confusão. Porque o FC Porto deixou de fazer bem o que fazia e perdeu os papéis, além de muito dinheiro.
É a política global, a estrutura organizacional que discuto, não de agora, e sem esperar que os mesmos de sempre mudem alguma coisa. Cosmética não chega. Boas intenções são só demagógicas.

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