12 outubro 2010

Relatório (Bo)Ronha (XLIII): o coador de merda

(tão receoso estava de o título ferir susceptibilidades que nem dei conta de me ter faltado a imagem que seleccionara; não por prurido de agregar ao utensílio o excremento a peneirar, acção voluntária e higiénica depurada no texto que segue em baixo - grato pela compreensão)

Repugna-me até ao vómito a súbita grandiloquência com que mimoseiam, não a Selecção Nacional, mas o que ela produz agora, supostamente com a benção milagreira do novo seleccionador que parece fazer algo de extraordinário ao ponto de se gabar, já?!, de ter inventado um meio-jogador como João Pereira, intrinseca e moralmente sem perfil para abrilhantar qualquer jogo de futebol adulto num relvado pejado de profissionais que dispensem teatrealização a não ser para rivalizar com o colega do lado contrário Fábio (de novo) Caientrão, para uma equipa orfã de todo o sentido de humildade e reconhecimento das suas limitações.


Mas o nacional-porreirismo é assim, só faltam as bandeiras nas janelas.


Passamos, num infeliz momento, o tempo de seis anos de desastre governativo socialista com o afundamento político, ético, económico e moral do País sem esse desgoverno deixar de recolher, após uma reeleição digna de parturiente em horrenda agonia para sacar um sapo do útero imundo de mentiras e trapalhadas, esondagens que custam acreditar, uns 32% de intenções de voto de um eleitorado e de uma cidadania trôpega que expõe o que são os valores vincados numa Nação. Até reconhecermos que quem tinha razão em campanha eleitoral em denunciar as mentiras e os encobrimentos, como Manuela Ferreira Leite, do pavoroso domínio socialista do aparelho de Estado, vê hoje esta a querer capitular perante o mesmo Sócrates que quis denunciar e ninguém a ouviu à boca das urnas.


O paralelismo da vida nacional, no tocante à Selecção Nacional, parece apontar que o futebol de hoje do chamado Clube Portugal do Pagode, em que já Merdaíl se perfila na recandidatura com a proverbial vaga de fundo associativa e o emérito A. de Carvalho em busca da medalha no 10 de Junho quando se cumprirem 25 anos de Saltillo em Maio próximo, dá sinais de ser melhor do que na qualificação anterior que quiseram comprometer ainda sem a caminhada a meio ("Adeus África" em parangonas ao 4º de 10 jogos).


Com a Dinamarca aquilo foi a roçar o fraco na 6ª feira passada, jogando muito menos do que no duplo confronto anterior e criando nem metade das ocasiões de golo de então em qualquer dos dois jogos em 2008 e 2009. Hoje, com a modestíssima Islândia que invariavelmente acabará em último no grupo, mais uma vitória difícil de parir e só graças ou a bambúrrios de remates de longe antes nunca no alvo e esta noite por duas vezes no mesmo jogo ou por mais um golo de parvalheira defensiva como o último do jogo anterior no Dragão.


Só falta dizer que jogar com a Dinamarca é o mesmo que defrontar a C. Marfim e enfrentar a Islândia iguala o Brasil mesmo em versão B de já qualificada nos grupos do Mundial. E para não falar na Espanha que eliminou Portugal e cujo reencontro, em Novembro, também nunca terá a carga decisiva, num amigável agendado para preencher calendário, depois do bota-fora da Cidade do Cabo.


É que, subitamente, descobriram, em estados de alma conciliatórios depois de intolerâncias extremistas a roçar o paranóico, e nunca vistos nem na qualificação nem no jogo fantástico realizado na Bósnia a carimbar o apuramento para o Mundial com classe ímpar, que os rapazes agora são um só e apenas um será responsável, o seleccionador, para o bem e para o mal, antes Queiroz vilipendiado e hoje Bento glorificado e a deixar-se enlevar pelas palmadas nas costas e o coro de hossanas com fundo de Avé Maria.


Quando até aqui se discutia se a equipa era capaz de futebol de classe e mais prà frentex ou receosa apenas com medo do adversário que ostentava outros "nomes" de respeito, agora olham-se as vitórias e desaprecia-se a fraca qualidade de jogo que era, aliás, imerecido exigir ser do mais fino quilate, depois das vicissitudes do início da qualificação que, mais uma vez, não querem identificar com as intromissões de gente de fora preferindo encontrar um só culpado, de resto despedido e sem cuidar-se da justeza jurídica, prática e ad hominem da sua pura liquidação. E ai daqueles, a pregar no deserto, que peçam para não se cair na insídia de procurar paralelismos impossíveis de encontrar... Talvez só quando, numa provável fase final em 2012 para a qual a Selecção Nacional tem valor suficiente para se qualificar, como digo desde a primeira hora mesmo reconhecendo que o apuramento nunca seria fácil face a adversários sempre incómodos e batalhadores a complicarem mais do que a jogarem com categoria, surgir de novo o elo de equiparação entre defrontar uma Alemanha ou Espanha, mas até o Verão na Polónia ou Ucrânia teremos muita parvalheira a funcionar em moinho de vento...


O ridículo, já apreciado no pós-jogo do Dragão, continua nas apreciações, mais fantasmagóricas do que fantásticas, do que faz, agora, Portugal. O bimbo da RTP, digno seguidor das emissões da tv dos bimbos, anda há dias a martelar nos méritos de Paulo Bento na reabilitação da equipa nacional, forçando a nota em todas as questões que colocou a Cristiano, longe de ser o Ronaldo que parece desaparecido há séculos, e João Moutinho, além de Paulo Bento nas reacções após o Islândia-Portugal (1-3) de modo até a forçá-lo, mesmo que o próprio o negue e enalteça antes o comportamento dos jogadores, a reconhecer aquilo que o "wishful thinking" nacional-parolo subitamente descobriu mesmo sem haver tempo de inventar a pólvora e explodir a Selecção Nacional numa orgia de futebol que só com bebedeira incomum se vislumbra.



Exemplo disto é, para alguns patarecos, acharem que o João Moutinho de hoje, no FC Porto, tem o mesmo mérito desportivo do que na época passada se afundou com o Sporting e que, em qualquer dos casos, teria de per si o prognóstico favorável de ser seleccionado porque sim... Parece já fazerem o mesmo com um esforçado mas inconsequente João Pereira e mesmo Hélder Postiga, conquanto o mesmo Sporting, ainda que com nova orientação mas também por si só contestada internamente, esteja tão mal agora como em toda a época passada que começou, então, sob a égide do então ilipendiadíssimo Paulo Bento. Mas quem diz da diferença de Moutinho a verde ou a azul fiz, no cúmulo anedótico, de usar Pepe-Carvalho a centrais por serem do mesmo clube, como se dantes o fossem. Santa ignorância que tão doutos apreciadores cria!


E lá vamos, de parangona em elogio fácil e parvo, a caminho de descobrir como trunfo e triunfo até o que dantes pareceu um sacrilégio: esperar pelo embate entre nórdicos, Noruega e Dinamarca em Março cara a cara, para tirar proveito e subir mais uns degraus na parvoíce comentadeira, como dantes teve de se esperar entre a Dinamarca e a Suécia de forma a Portugal ascender ao acesso ao play-off sempre tido como de favor. O que era crime e desabonatório, agora já se afigura proveitoso e meritório, mas é o que crepita no ardor de cada um descobrir mais um fogo fátuo no desespero de dizer-se coisa alguma com nexo e razoabilidade.


Felizmente teremos um hiato enorme, até Junho, para nos aliviarmos deste descodificar permanente de mensagens nem sequer coerentes a fazer tábua rasa da anterior qualificação, já de si desvalorizada face à precedente e mais sofrida para 2008, senão mesmo em ter como ponto de referência um Mundial onde Cristiano, longe de explodir como o próprio Ronaldo prometeu, não jogou um corno e Nani primou pela ausência. Ronaldo e Pepe, por exemplo, ausentes até dos dois jogos de abertura deste apuramento, seguramente mais influentes do que as ausências de Moutinho e C. Martins na Áf. Sul mas muito menos importantes do que a vivacidade e percussão sempre patentes em Nani que tanta falta fizeram no Mundial. Como se, salvo uma ou outra situação pontual, este grupo, agora subitamente descoberto coeso como se nunca tivesse oportunidade de sê-lo há escassos meses, não seja praticamente o mesmo, comendo à mesma mesa ou em salas separadas do staff acessório e não técnico, como seguranças e olheiros.


A diferença, supostamente, é a tal água benta e presunção. Mas uma mesmíce e parolice vincadas no triste ser lusitano que obrigam a ficar de pé atrás com cada palavra dita e intenção manifesta começam, já, a causar náusea. E a blogosfera sempre tem o mérito de fugir ao politicamente correcto e incapaz de se reproduzir em jornal ou ecoar em microfone.

8 comentários:

  1. muitas loas se vão ouvindo, assim numa exaltação pátria para bacocos, mas a realidade está bem visível.
    Portugal não tem qualquer qualidade.
    Jogo de equipa não existe. P'ra quê disfarçar?

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  2. navegante,

    mas não lê/ouve os comentários?

    olhe para as sondagens e diga lá se o tuga burro e bacoco tem memória e noção de decência... Nem de si próprio.

    É o que é. Uma merda.

    E rogo para que não me levem a mal. Só que não evito o vómito.

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  3. Ze Luis, Spot On!! Quando a seleccao tiver que defrontar a Alemanha, a Franca (que esta no topo do grupo, salvo erro) e a Espanha os PTs vao ver as mudancas dos "bentos". Enfim, a mediocridade e' mesmo profunda!

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  4. No tempo do talentoso queirós é que jogavamos bem à bola lol viva a poderosa arménia que joga tanto à bola como a islândia mas que nos fez a vidinha bem negra nos 2 jogos do ano passado...

    Viva o Porto e Portugal !!! Rua com o mafioso madaíl que o cepo do queirós felizmente já se foi !!!!!!!

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  5. Eu vejo apenas uma criação da CSocial...Como antes tentaram destruir CarlosQueirós, agora entronam PauloBento, mas os autores são os mesmos, são os que apoucam as conquistas de uns e endeusam os pergaminhos de outros...Por isso eu não encontro razão para estar muito surpreendido, embora tenha que admitir que a equipa pelo menos ganhou espírito e isso foi fundamental, para conquistar estas duas vitórias.
    No fundo tudo está bem, Mourinho em Madrid, Jesus em Lisboa e Bento na Selecção a bem da Nação...Há mais coisas para tratar em devido momento, mas para já o sossego impera...Até ao próximo jogo de Campeonato.
    E eu não tenho nada contra a Selecção, fui contra Scolari por ser um vendido aos interesses Lisboetas, estive com Queirós num momento de traição dessa Lisboa que ele amava...Mas o que eu mais desejo é que "ela" ganhe muitos jogos e seja, se for possível, campeã da Europa e do Mundo...Não suporto é estas oscilações no posicionamento dos jornalistas, esta clara e constante mudança de paradigma de acordo com as suas conveniências...Em suma não suporto esta hipocrisia, preferia mil vezes a verdade, dolorosa mas autêntica, a confissão dos reais intuitos e juízos de quem faz a Informação...Por que sinto que é muito difícil alhear-me desta lavagem ao cérebro e encontrar um caminho correcto de leitura, no meio de tanta propaganda e cortina de fumo...Quero apenas a verdade e a confissão dos amores autênticos, nada de mentiras ou camuflagens, pois cada um tem direito às suas posições desde que mantidas dentro da legalidade...

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  6. J. Silva, a poderosa Arménia foi no tempo de Scolari e, sim, empatámos 1-1 lá e ganhámis 1-0 sob assobios em Leiria e um penálti roubado aos arménios da forma mais evidente possível.

    Você tem tanto a noção disto como distingue xixi de água de colónia.

    Agora jogamos bem, não há dúvida.

    É uma questão de fé. E água benta, claro.

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  7. Quem não consegue ver/aceitar que as exibições (e já agora os resultados) da selecção mudaram da noite para o dia, nestes 2 jogos, tem um problema?

    O Queiroz até pode ter sido queimado por muitos e o Paulo Bento agora estar em estado de graça pelos mesmos, mas é a evolução da selecção é notória.

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  8. Pedro Reis,

    os resultados mudaram, é inegável...

    agora, as exibições?

    Quem tem um problema?

    Mede a "evolução" pelas exibições, discutíveis, ou pelos resultados, inegáveis mas, até eu sempre o defendi, normais e naturais?

    É que não adianta dourar a pílula. Tome-a, atribua-lhe magia, mas é uma pílula. Veja lá que, com essa pílula, até o Merdaíl já viaja quando antes estava incontactável e se convence de que vai continuar pré-sidente.

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