02 outubro 2011

O líder do costume, no modelo habitual



Foram três, deviam ter sido seis, podemos rotular de brilhante, adjectivo muito em voga quando se ganha por três, mas foi apenas o suficiente para manter a liderança intocável ante um adversário com o qual o FC Porto não perde há 40 anos (e foi nas Antas, Dezembro de 1971) e um triunfo de véspera do arquirival tão espevitado que o bronco presidente já diz piadas - que o treinador Vítor Pereira rotulou de "não é sério" e ao "folclore" acena com a Supertaça ganha e 45 jogos sem perder no campeonato.

Bastou uma hora para três golos, todos de belo efeito e que noutras latitudes e alguns (para)fusos horários dava nota artística: bom cruzamento para Walter mostrar que sabe da poda e cabecear para o golo entre os centrais da Académica; finalização de James, desmarcado por Hulk, a confirmar a codícia goleadora; contra-ataque fulminante de Helton a Moutinho e deste a James para Guarín carimbar a liderança que perigava por diferença de golos e só a parolada do Rascord não respeita e merece até a reprovação do treinador da chiclete que sabe o que é liderar à condição...


Tornou-se algo enfadonha, cumprida a missão do líder, a meia hora final, apesar da réplica permanente e premente da Académica - de onde poderá vir um Cissoko para a lateral-esquerda, porque também este é de aproveitar quando venderem Álvaro apesar da sua renovação até 2016 -, com mais recreação com bola e menos eficácia no remate, contendo o marcador em números respeitáveis e que não desonram o bom campeonato da atrevida equipa de Pedro Emanuel. Voltou o futebol de ramerrão, que quase custava um golito sofrido e fez desperdiçar contra-ataques mortíferos.

Mas viu-se, no cômputo global, o líder assumido, o do costume que não vacila apesar de montarem miríades de cenários de crise e notícias parvas a condizer da pasquinagem idiota em queda, essa sim, livre em audiências e vendas numa situação real e bem aflitiva. Um líder no modelo habitual, não naquele tempo apressado de querer agarrar o céu com as mãos e os pés também, que quebrava a equipa e estragava resultados. Recuperado o "tempo", marcando ritmos diferentes mas convenientes, pausando ou acelerando, foi mais o modelo habitual da época passada, com toque e passe e desmarcação, a gerir a bola, o espaço, as saídas de jogo e o resultado, controlando o ímpeto do adversário. Um modelo que vai mais com os médios de perna curta para os quais é penoso esticar ou acelerar demasiado o jogo, penso que foi a recuperação dos tempos de jogo e gerindo os ritmos necessários que o FC Porto levou a Coimbra sem pressão de coisa nenhuma e crise só inventada alhures.

Chegada a pausa outonal na frente, paragem para recuperar jogadores e adequar e recuperar atrasos que enquadrem os mais novos, Vítor Pereira continua a mostrar que tem a equipa na mão e o FC Porto a segurar uma liderança incontestável, no momento da época em que, após a pausa das selecções, vai abrir a frente da Taça de Portugal (dia 15) e reatar a Champions onde muita gente se esquece que tem um nível muito mais elevado do que a Liga Europa e certas comparações não podem fazer-se, apesar da teimosia de várias análises a ignorarem o facto de nenhuma equipa ter ganho um jogo em inferioridade numérica na Champions.

Tempo de serenidade, quando alguns carregaram no cinzentismo dramático das opiniões imponderadas, tal como a equipa mostrou em Coimbra, como se nada se tivesse passado nem a proximidade do maior rival incomode por aí além.

Temos Porto, porque Somos Porto!

5 comentários:

  1. Não pude ver o jogo, mas tenho mais uma pérola para si. De acordo com os comentadores de domingo da rtpn, o jogador do scp não devia ter sido expulso por duas razões: não gostam da regra, e portanto o árbitro não a devia cumprir, e estraga o espetáculo para os espetadores ter um jogador expulso tão cedo no jogo.
    Haja paciência...

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  2. Foi o jogo perfeito para o FC Porto voltar às vitórias, frente a um adversário jovem e «tenrinho» que não colocou grandes obstáculos.

    Os Dragões, sem realizarem uma exibição convincente lá foram disfarçando alguma falta de confiança de alguns jogadores e menor rendimento de outros, que têm afectado a equipa.

    Foi evidente a dificuldade inicial para criar desequilíbrios, pelo que os primeiros vinte minutos foram caracterizados pelo futebol directo, geralmente mal executado, face à imprecisão dos passes longos.

    Depois do golo inaugural a Académica desuniu-se e o FC Porto aproveitou.

    Vitória justa e tranquila.

    Walter estreou-se finalmente a titular e marcou.

    Não entendo não ser opção mais séria. Os responsáveis devem ter a coragem de se assumirem. Das duas uma, ou o avançado tem a sua confiança, devendo ser utilizado com mais frequência ou então assumem que a sua contratação foi um erro e dispensam-no do plantel.

    Um abraço

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  3. Bom dia,

    Após 3 partidas em que mais do que não vencer, jogamos mal, cometemos erros, ontem voltamos às exibições seguras, à Porto.

    Fomos dominadores, tranquilos, entrámos na partida a saber o que queríamos.

    O adversário era complicado, mas soubemos dominar e controlar o jogo.

    Sem termos efectuado uma exibição deslumbrante, conseguimos dar um grito de revolta e conquistar 3 pontos importantes, após as vitórias de Benfica e Sporting.

    Realce para as actuações de Guarin, James e Walter.
    O jovem brasileiro sem ser aposta da equipa técnica ontem cumpriu e conseguiu marcar.
    Gostei muito do seu discurso humilde no final do jogo. Walter é um homem de bom coração, mas que precisa do apoio do staff e companheiros para definitivamente se afirmar na equipa.

    Agora vem uma paragem que vai permitir recuperar fisicamente e animicamente os atletas.

    Depois da pausa, espera-se um Porto forte, que arranque para um ciclo de vitórias e com mais constância exibicional.

    Mais uma vez os nossos adeptos foram incansáveis no apoio à equipa ... e ontem esta mereceu.

    Abraço e boa semana

    Paulo

    pronunciadodragao.blogspot.com

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  4. EStou mais na onda do "DragaoPentaCampeao" porque vi o jogo e notei que até ao golo as coisas estavam titubeantes...As mesmas asneiras de facilidade ou incapacidade em descobrir a melhor solução para tocar a bola e alguns momentos de desconcentração contagiante...Passou-me na altura qualquer coisa pela cabeça que não quero revelar.
    Depois do golo as coisas melhoraram imenso, houve mais confiança, mais tranquilidade e correram bem melhor, acabamos por perder a possibilidade de golear...Mas o futebol é uma coisa muito simples, os jogadores acabam por se encaixarem entre si, não devemos é coloca-los em lugares que detestam e deixar de fora os que devem estar lá dentro...Lugares certos para as pessoas certas.
    E algum incentivo de fora, uma voz forte que lhes dê ânimo...

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  5. Dá-me a impressão de que as pessoas querem um golo para ontem e que aos 5 minutos já esteja 5-0 para depois acharem que não vale a pena ver mais...

    O jogo é para desfrutar, bem ou mal, por 90 minutos, é compreensível que com 3-0 aos 60' deixe de ter piada.

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