A propósito de algumas coisas, de agora, com reflexos na evolução do futebol português, o Polónia-Portugal de hoje, inaugurando um estádio em Varsóvia para o Euro-2012, faz-me recuar ao embate de Chorzow, em 1977, que muitos não lembrarão e cujos factos de então me fazem relacionar certas coisas, actualizando-as e interpretando-as ao tempo actual.
Há factos que foram vistos por todos e não podem ser esquecidos. Naquele tempo, era raro ver futebol na tv, era a preto e branco, os clubes mal passavam da 2ª eliminatória uefeira e a Selecção acumulava fracassos, apesar de muito elogiada na Imprensa lisbonense. Mas por aquelas alturas emergia o FC Porto, ainda atrás da dupla SLB-SCP mas já a ganhar a Taça de 1977 (1-0 ao Braga) e em vias do bicampeonato de 78 e 79, falhando o tri em 1980. Coincidiu, até, ser o seleccionador nessa campanha frustrada para o Mundial-78, na Argentina, José Madrid Pedroto, também treinador do FC Porto da reconquista. Eram poucos os jogos na tv, raros até da Selecção, pelo que não era possível esquecer as imagens, mesmo escuras, da distante mas ruidosa Chorzow onde o velho estádio Slaski (de Silésia, em polaco, coração mineiro do país e Chorzow como reduto emblemático do nacionalismo) levava sempre 100 mil pessoas e ali as aspirações inglesas morreram em 1973 rumo ao Mundial-74 onde a Polónia, uma grande equipa então, chegaria ao 3º lugar, batendo o Brasil campeão de 1970, numa RFA onde os polacos obtiveram a medalha de ouro olímpica em 1972.
Então, a 29/10/1977, Deyna marcou um canto directo, com Gabriel a deixar o seu poste à espera do cruzamento. Manuel Fernandes fez 1-1 quase no final, mas não chegou, face ao 0-2 das Antas, um ano antes, numa noite invernosa, com dois golos do goleador Lato, que foi o melhor marcador na RFA-74, um grupo ganho sem derrotas, naturalmente, pela Polónia de Jacek Gmoch, um mago para os polacos. Uma noite nas Antas (16/10/76) onde se estreou um certo Zbigniew Boniek...
E evoco esse jogo, quase 35 anos depois, porque há pouco tempo, numa entrevista televisiva, António Oliveira, dado ao desassombro mais ainda do que no tempo controverso de jogador e treinador, disse algumas verdades e várias barbaridades. O ex-seleccionador português de 1996, depois substituído por Artur Jorge a quem sucedeu Humberto Coelho (1998-2000) antes de Oliveira pegar na Selecção até 2002, como se sabe, afirmou mesmo que Humberto, hoje director das selecções nacionais e em funções no seu primeiro jogo desde as eleições federativas ganhas por Fernando Gomes (outra ironia) que apostava em Humberto para encabeçar as selecções, deveria ser... presidente federativo.
Uma opinião, seguramente abalizada, mas que nega o historial de confrontos de outros tempos, daqueles que há 35 anos ocorriam e com Oliveira no lado errado da barricada, entre os jogadores portistas que emergiam na selecção já em igualdade com os benfiquistas que sempre a dominaram.
Soube muito depois, já há uns anos, da boca de um jogador do FC Porto desse tempo e dessa Selecção, que na hora da prelecção e ao anunciar a equipa no balneário, José Maria Pedroto ouviu Humberto torcer o nariz: "Mas vai jogar Portugal ou o FC Porto?", resmungou o então capitão do Benfica e da Selecção. Não sei, enfim, se Pedroto alterou o seu plano e o seu onze. Não acredito que o tenha feito. Até porque, pelo seu prestígio e muitas provas de posicionamento contra os interesses do Benfica, Pedroto impunha-se naturalmente e não levava decerto desaforo para casa.
A equipa de Portugal em Chorzow, há quase 35 anos, teve Bento (Benfica); Gabriel (FCP), Humberto (Benfica), Laranjeira (Sporting), Murça (FCP); Octávio (FCP), Toni (Benfica), Alves (Benfica), Chalana (Benfica); Manuel Fernandes (Sporting) e Oliveira (FC Porto).
A única substituição (eram duas no máximo) foi de Seninho (FCP) por Chalana e para Humberto ter dito aquilo que disse só se fosse por Seninho, o foguete das Antas que um ano depois estaria no Cosmos de Nova Iorque, estar indicado como titular, o que daria cinco portistas em onze e aquilo não se aceitava de ânimo leve.
Oliveira, entretanto, já deve ter esquecido o episódio e hoje temos Humberto a chefiar as selecções - em vez do dinossáurico Amândio de Carvalho... - com potencial para ser presidente federativo, segundo o Toninho de Penafiel...
Em breve, com tempo, voltarei ao assunto, a falar de Humberto que por estes dias será entronizado pela Imprensa do regime e os amigos da Imprensa de sempre sediados em Lisboa. Como sempre, em prol do regime, serão loas e das boas, esquecendo outras coisas.
Terei ocasião de retomar o meu dossier (Bo)Ronha (XLV publicado a 28/3/2011), enquanto o dito cujo ex-dirigente desapareceu da blogosfera e deixou de contar as estórias que deliciavam uns quantos tontos ignorantes e basbaques. Uma das estórias sempre prometidas mas nunca contadas, aliás, teria a ver com a saída de Humberto da Selecção após o brilhante Europeu-2000 que teve o final que se sabe em matéria disciplinar na semifinal com a França e era António Boronha o responsável de então na Selecção. Mas os motivos da saída de Humberto seleccionador, nunca contados na Imprensa que sabia das estórias, até António Oliveira deve conhecer...
Em breve, com tempo, voltarei ao assunto, a falar de Humberto que por estes dias será entronizado pela Imprensa do regime e os amigos da Imprensa de sempre sediados em Lisboa. Como sempre, em prol do regime, serão loas e das boas, esquecendo outras coisas.
Terei ocasião de retomar o meu dossier (Bo)Ronha (XLV publicado a 28/3/2011), enquanto o dito cujo ex-dirigente desapareceu da blogosfera e deixou de contar as estórias que deliciavam uns quantos tontos ignorantes e basbaques. Uma das estórias sempre prometidas mas nunca contadas, aliás, teria a ver com a saída de Humberto da Selecção após o brilhante Europeu-2000 que teve o final que se sabe em matéria disciplinar na semifinal com a França e era António Boronha o responsável de então na Selecção. Mas os motivos da saída de Humberto seleccionador, nunca contados na Imprensa que sabia das estórias, até António Oliveira deve conhecer...
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