13 fevereiro 2012

Os grunhos ganham outra vez

ACT (0.49, 14/2/2012): A fantochada começou cedo. Ajax limpa-tudo ou Omo lava mais branco não fazem melhor trabalho. A Imprensa do regime no seu auge. O FC Porto pode não ter ganho nada com um director de Informação, mas a Lusa perdeu um editor de Desporto, claramente nos dois casos.
Retirei isto do Rascord, como vêem. O jornal recebido com pompa e circunstância no Dragão no final do ano. O jornal que já fez um papel semelhante a dar uma "notícia" falsa do árbitro Kuipers do Porto-Villarreal, notícia publicada em Madrid (Marca), exclusivo que o pasquim espanhol não podia saber a não ser se fosse, em manobra de diversão, enviada de Lisboa, onde se soube para a edição do dia do exclusivo dos espanhóis!... Um mata, outro esfola. Isto é do tempo da outra senhora, da tv a preto e branco e dos anúncios da Pasta Medicinal Couto... e do Restaurador Olex.

(escrito antes)
Domingos já foi substituído no Sporting, ainda que temporariamente. Uma vez mais, os grunhos ganham em Alvalade, mesmo que mudem as imagens de boas-vindas para girassóis, miosótis e borboletas, nos corredores do balneário visitante ou nos acessos às salas directivas das baratas-tontas que por ali passam.
Os 30 que assobiaram a chegada da equipa da Madeira foram os que contaram, afinal, para o dirigente máximo que mostra o respeitinho devido à turba, como tem sido norma em Alvalade. Dias da Cunha, que um dia ameaçou pedir chaimites contra uma alegada horda de adeptos visitantes, disse-se "violentado"...

A mim nem aquece nem arrefece. Nem pelo Sporting, que se julga diferente na história, na filosifia e nos métodos práticos. Nem pelo Domingos, um treinador como os outros. Apenas observo e analiso.
Constata-se que há grunhos e grunhos, mas ganham muitas vezes. A barbárie da opinião, e sabe-se como é a opinião quando as massa, dizia Ortega y Gasset, se amotinam. Este caso não é, por exemplo, semelhante aos amotinados do CJ da FPF que no Verão de 2008 quiseram enterrar o Boavista, conseguindo-o, e desterrar o FC Porto, falhando-o. Essas coisas são sindicáveis num País com Estado de Direito e os tribunais continuam a julgar todo o Pífio Dourado de que muitos responsáveis, grandes e pequenos filhos da puta, não se dão conta ainda hoje. Agora, as massas não vão a tribunal, porque o povo é que julga.
Domingos julgava até que o Sporting tinha/tem 3 ou 4 milhões de adeptos. Bastaram 30, e desvalorizados pelo presidente que deu a punhalada do costume com o "voto de confiança que é a antecâmara do despedimento" no treinador que dizia estar de pedra e cal.
Era uma questão de tempo. O tempo futuro, curto ou de médio prazo, não interessa. Nem o que em geral se possa dizer, nas banalidades costumeiras e no uso médio comum que vai eternizar as frases feitas. Quiçá, uns raros portistas, daqueles que sobram das contas de adeptos da bola para Domingos, pensarão em Domingos para o FC Porto. Porque muitos grunhos acham que Vítor Pereira tem culpas pela época portista e ainda ontem se ouviam assobios ao intervalo.
Isto seria cómico se não fosse trágico e, contudo, é apenas futebol. Imagine-se se fizermos um paralelo do Sporting com a Grécia e das arbitragens com os mercados. Quando as arbitragens não ajudam, seja VP, Domingos ou Guardiola, o olhar sobre os resultados e o jogo tolda-se. Sucedeu ao Sporting que, entretanto, pensa na fórmula já testada de promover o treinador dos juniores. Sá Pinto, pelo menos por agora, é o técnico substituto. Versão Paulo Bento, truculento q.b. e com quem a turba, os grunhos, se identificam e evocam exemplos do passado que não vejo terem sido tão brilhantes, mas a medida do êxito é muito díspar em tempos de crise.
Os grunhos, por exemplo, que apoucaram Jesualdo no seu primeiro ano sem êxitos mas apontado como responsável exclusivo na Grécia não olharam para o responsável executivo das asneiras colectivas. O homem está, agora, em Alvalade. Carlos Freitas será esquecido e, contudo, desde que saiu do Panathinaikos a equipa, apesar das dificuldades num país depauperado e em convulsão, melhorou e é líder do campeonato.
Já vi todos, sem excepção, nomeadamente em Coimbra, apontarem baterias para Vítor Pereira. Podem os reforços virem tardiamente em Janeiro, como não veio a alternativa fulcral em Agosto, que o treinador vai levar com as culpas e se sair campeão, no que não acredito mas pelos motivos de arbitragem que desequilibraram definitivamente o campeonato, os louros serão de quem trouxe as últimas e desesperadas opções em cima da hora.
Os próximos 15 dias serão cruciais para o treinador do FC Porto, decidindo a defesa do título nacional e do da Liga Europa. As razões e os responsáveis maiores do eventual fracasso serão do culpado do costume. Depois, a expectativa virar-se-á para Domingos, já arrumado, ou André Villas-Boas, que também terá duas semanas decisivas e, já contestado pelos seus adeptos em Londres, é uma espinha cravada nalguns grunhos que teriam de engolir mais elefantes se voltar ao Dragão porque, tal como Domingos no Sporting, tem no Chelsea uma aposta perdida, como era de ver. Domingos e AVB, finalistas da Liga Europa, saíram de onde estavam bem por opções próprias e respeitáveis e não podem dizer que foram empurrados.
Treinador continua a ser uma aposta de alto risco. Amiúde um homem só, sem tempo. E vulnerável.

5 comentários:

  1. Boas

    já tem uns meses grandes, mas sempre actual...

    "Inácio foi despedido do Sporting e José Mourinho saiu do Benfica. Aconteceu no início de Dezembro de 2000, e a direcção do Sporting contactou logo Mourinho, acordando a sua mudança para Alvalade. Ao saber disto, elementos da Juventude Leonina decidiram intervir e, com o argumento de que não queriam um incompetente sem currículo vindo do clube rival, pressionaram a direcção a recuar.

    Na conferência de imprensa de despedida de Inácio, o administrador Luís Duque garantiu: “Desminto que tenha algum contrato com Mourinho.” O acordo existiu, mas o técnico acabaria por ir treinar o Leiria e depois o FC Porto – onde chegou a campeão europeu.

    Este é apenas um dos episódios que revelam o peso que a Juventude Leonina tem no Sporting. O último aconteceu no sábado, dia 15, quando José Eduardo Bettencourt, depois da derrota com o Paços de Ferreira (2-3), e dos cânticos insultuosos que lhe foram dirigidos pelas claques, decidiu deixar a presidência do clube ao fim de 18 meses (as eleições foram marcadas para 26 de Março).
    Durante este tempo, a relação entre a claque e Bettencourt foi conflituosa: um dos episódios mais graves aconteceu em Novembro de 2009, quando os adeptos, após um empate com o Marítimo, tentaram invadir a garagem e o edifício da SAD, o que levou à intervenção da polícia, que fez disparos para o ar.

    Quatro dias depois, e após mais um empate, o treinador Paulo Bento demitiu-se. Bettencourt falou de “terrorismo” e garantiu que iria expulsar a minoria de “sócios cretinos”: “Sei quem são e sei quem é o Herri Batasuna cá do sítio.”

    O último presidente a demitir-se no Sporting por pressão da Juve Leo foi José Roquette, em Setembro de 1999. A claque tinha sido proibida de entrar no estádio de Alvalade, por ter desrespeitado o minuto de silêncio por Timor Leste.

    Dias depois, o Sporting perdeu m o Viking da Noruega, para a Taça UEFA, e elementos da Juve Leo receberam a comitiva no aeroporto de Lisboa, às 6h, com insultos. No domingo seguinte, após um empate com o Estrela da Amadora, a Juve Leo encabeçou uma revolta de adeptos, que cercaram Roquette e exigiram a demissão do técnico, o italiano Giuseppe Materazzi.

    (....)

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  2. (....)

    Face aos insultos e às ameaças, o presidente demitiu-se. Mais tarde acabaria por reconsiderar e manter-se-ia no cargo alguns meses, mas Materazzi foi mesmo despedido à quarta jornada.


    Será a claque tão importante ao ponto de derrubar treinadores e presidentes? “Nós temos a nossa parte de influência no clube, mas uando dizem que a culpa da demissão [de Bettencourt] foi nossa, isso já são outros a sacudir a água do capote. A direcção recebe-nos e quando não gostamos de alguma coisa manifestamos o nosso desagrado com comunicados ou cânticos nas bancadas”, diz à SÁBADO Fernando Mendes, líder da Juve Leo, a claque mais antiga de Portugal, fundada em 1976 pelos filhos do ex-presidente João Rocha.



    O episódio que iniciou a ruptura entre a claque e Bettencourt aconteceu a 27 de Novembro, no jogo com o FC Porto. Tudo porque os dirigentes mandaram retirar faixas onde se lia: “Passam jogadores, presidente e treinador…” “Mas só o Sporting é o nosso amor.” Os elementos da Juve Leo queixaram-se ainda de que não os deixaram entrar no estádio com as camisolas a dizer “Tripeiros não, obrigado”. “Fomos censurados em nossa própria casa”, garantiu a claque, em comunicado.

    Bettencourt reuniu com a Juve Leo a 6 de Dezembro e garantiu que não dera ordem para tirar as faixas. Tudo parecia resolvido, mas no dia 20, 15 elementos da claque foram à Academia de Alcochete para falar com os responsáveis. O treino era à porta fechada, mas eles acabaram por entrar e foram recebidos pelo capitão, Daniel Carriço, e pelo director desportivo, Costinha. E ainda falaram com o treinador, Paulo Sérgio, manifestando-lhe desagrado pela má época – na véspera, o clube fora eliminado da Taça de Portugal pelo Setúbal.

    Para Fernando Mendes, ao Sporting faltam resultados e estabilidade. “Acredito que os presidentes não se aguentam porque muitos são empresários e homens de família que não estão para ouvir constantemente insultos. Falta-lhes paciência. Um presidente tem de saber lidar com os adeptos, não pode chamar-lhes energúmenos.”

    In Sábado

    Abraços

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  3. Brilhante post!

    A ponte Porto-Jesualdo-Panathinaikos-Carlos Freitas-Sporting foi particularmente bem conseguida.

    Quanto ao Domingos, tem um bom curriculum mesmo após esta sua péssima opção de ir para o Sporting e os resultados no Braga ainda valer-lhe-ão crédito por uns tempos. Claro que os resultados de Jardim esta época mostram (mais uma vez) que mais importante que ter um treinador visionário, é ter uma estrutura forte, estável, bem implantado no mercado e, sim, um treinador competente, como são-no todos as que têm passado pelo Braga. Já quanto a Carlos Freitas, só num clube com tão baixas expetectivas como é o Sporting é que poderia ser visto como um guru da gestão. É especialista, isso sim, em contratar por atacado jogadores de valia duvidosa, promessas falhadas e flops totais.

    Abraço.

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  4. E passadas tantas horas, ninguém fala de... Carlos Freitas.

    Um portista, por sinal. (ou pelo menos...)

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  5. A guarda pretoriana símbolo do brilhante império romano, tem destas coisas, e que normalmente acabam sempre com a frase...Até tu Brutus!

    Quanto aos grunhos, são uma classe abundante e em franca expansão. Dominam bem os corredores e orientam-se com muita precisão no escuro, já que adoram o cheiro do dono.

    Mais quinze dias, e teremos mais novidades, pois acredito que o elemento aqui mencionado não aguente a entrada do novo inquilino do banco de alvalade.
    Estará de volta o outro dos fatos às riscas?

    Alguns admiram-se dos assobios no Dragão...Pois!

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