02 setembro 2010

Relatório (Bo)Ronha (XIV): conversa de merda com cheiro a mijo, em português legível

Primeiro ouvi na rádio ao início da tarde e custou-me acreditar: a sentença da ADoP contra Carlos Queiroz baseava-se em acusações à CD da FPF e não sustentou com clareza os factos que a própria ADoP dá como provados.

Depois li por aí umas coisas avulso, nomeadamente o que a alguns interessa destacar no sentido de provarem como a decisão foi justa de suspender por 6 meses o seleccionador, como pretende sustentar o inefável António Boronha.

E detive-me, finalmente, a ler o acórdão da ADoP, de 31 páginas e assinado pelo presidente do IDP, Luís Sardinha, em vez do visado da ADoP, Luís Horta, para dar uma imagem de isenção de gente que, um ou outro organismo, patrocinam a página de Desporto do DN online, volto a repetir. A folhas 26 e 27, lê-se:
"... foi registada uma não conformidade, conquanto este médico não registou a densidade urinária no formulário do controlo antidopagem. E, independentemente de um nexo de causalidade objectiva entre este concreto erro e a perturbação criada, o que conta é que os médicos, com toda a sua experiência, caracterizaram a perturbação gerada como susceptível de ser causadora de um erro o que, de facto, se verificou. Tanto basta para confirmar a situação de perturbação".
Não fosse o personagem ter passado, tristemente, à história e diria que esta treta tinha sido escrita pelo Bosta da Liga entre os compêndios vergonhosos do seu Pífio Dourado.
Reparem:
- a tal densidade urinária foi recolhida, mas não registada no boletim;
- não interessa se se consegue comprovar o nexo de causalidade;
- os médicos tinham muita experiência
- uma alegada perturbação, no sentir dos próprios, é SUSCEPTÍVEL de levar a um efeito, não é certa ciência mas pode-se admitir que sim, porque a eles interessa;
- e isso basta, o resto são trunfos, urina é mijo e cagalhões são merda, diria um tio meu a jogar à sueca.
Pronto, pondo de lado as tretas do Direito e as acusações aos juízes da CD da FPF, o que se reume deste processo é isto: mandar alguém para o caralho perturba muito, mesmo gente experiente que, subitamente, se sente incapaz de escrever num papel 0,13 de densidade de urina, por exemplo.
Bendita transparência e doutrina que cabe bem a certos senhores. Convém é saber português, como sempre, antes de querer discutir a torto e a direito. E, pronto, lá avocaram o processo para justificarem que, assim e assado, com duvidoso sentido de causalidade, arranjarem forma de enquadrar o que foi dito e feito na Covilhã para se chegar a conclusão de perturbação do controlo antidoping.
Agora vou ali dar uma mijinha e aliviar isto de uma vez por todas. Os adeptos devem entender esta normal informalidade das conversas da bola, conquanto alguns doutores possam ser feridos na sua susceptibilidade...
p.s. - há coisas ridículas em tamanha vontade de descrever o sucedido: por exemplo, perguntaram ao médico Henrique Jones se ele sabia que treino tinha sido dado na véspera e o que estava programado para o dia em que se fez o controlo. O médico da selecção deve adormecer nas reuniões da comissão técnica, tal qual o responsável directivo Amândio de Carvalho... É que não ficou provado que houvesse "perturbação" da selecção e do que estava delineado, sendo certo que o descanso é vital para os jogadores e, afinal, a ADoP chegou lá antes ainda das 8 da manhã.
Melhor (ou pior): é considerado o percurso profissional por clubes e selecções de CQ, mas este é tido como um nabo e inconsciente incapaz de saber que há controlos-surpresa antes das grandes competições, daí a sua surpresa pelo controlo na Covilhã...

12 comentários:

  1. Fica, deste modo, totalmente esclarecido, o grande mistério de não haver um médico que seja, árbitro de futebol, ou mesmo treinador.

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  2. O laurentino afirmou que a adop é como a PSP ou GNR, este boy esqueceu~se é de dizer que estas não julgam ou condenam em causa própria, cada vez mais me sinto num país do terceiro mundo, a imbecibilidade impera por todos os lados.

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  3. Zé Luis:
    Amigo, estou totalmente de acordo consigo.
    Primeiro aqueles médicos da Covilhã são realmente muito credíveis! A densidade urinária realmente num bacteriológico de urina só se faz depois, não in loco, porque tem de ir para o laboratório. Depois, acho que todos eles são muito púdicos e não conseguiram por um lado suportar a tal deselegância de Carlos Queiroz, que provocou tal celeuma. No local e em tom jocoso, poderiam levar para uma saudável conversa de homens, se tivessem estaleca para isso. Mas não, penso eu, habituados a fazerem análises deste tipo, teriam uma performance mais normal e não levariam este acto tão a peito. E se fosse assim tão grave, correctos como parece quererem ser, levantariam logo ali um processo e o mundial acabava ali. Mas como Queiroz não toma lorenin 2,5 todos os dias e não é de todo homem para brincar, por causa disto tudo nós, que gostamos de futebol, levamos com toda esta telenovela arrastando-se tudo isto e vai arrastar-se ainda mais, porque assim com o seleccionador na bancada e pagando tudo do seu bolso, ainda vamos ver a FPF desabar antes que este processo se conclua. Quem goste ou não de Queiroz, colegas de profissão, jornalistas e outros mais, se estivessem no lugar dele o que fariam sentindo-se injustiçados? Até eu faria o que ele está a fazer, recorrendo ao TAS; e se ficar inocentado, quero ver quem paga o que este homem tem passado, com tudo a cair-lhe em cima, por causa de uns simples leucócitos, nitritos e corpos cetónicos!!!!!Que vá para a frente, até ás últimas consequências, e que a FPF que há mais de 26 anos não saber mudar estatutos e ter autoridade para fazer prevalecer e defender o futebol. Que se demitam em bloco.

    um abraço

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  4. ZÉ Luís:

    "Eram pilas senhor, eram pilas" e geradoras de algum nervosismo...
    Se fossem cônas, talvez eles fizessem o trabalho mais serenamente...

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  5. Que filha da putice. É como diz tantas vezes, este país é uma merda.
    Po outro lado, o Domenesch ainda lá anda na selecção francesa...

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  6. Não posso deixar passar este último comentário: a densidade pode ser avaliada in loco sim, e o que está em causa não são nitritos, leucócitos e corpos cetónicos. É preciso ter algum conhecimento de causa em relação a estes procedimentos. A minha opinião sobre este assunto é bem clara, mas creio que não se deverá cometer o excesso de leigos na matéria de ciência laboratorial opinarem sem mais nem menos, caindo eles também no ridículo da incompetência que alardeiam.

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  7. 6012, azul desde 1971

    creio que a alusão a leucócitos e quejandos, damaria do ceu, é apenas um exemplo, não relativo à matéria médica de análise em causa.

    obviamente, não me meto nisso de saber se era in loco ou não, mas li no acórdão algo sobre isso e se for necessário publicarei para melhor esclrecimento ou trago aqui à caixa de comentários e os especialistas que abordem esses assuntos.

    A referência da maria do ceu pareceu-me vir apenas a talhe de foice, repito, mas a verdade, como está escrita, é que o tal parâmetro em falta não foi por não ter sido realizado, mas por não ter sido transposto o seu valor para papel, deduzo, como leigo, ue foi obtido esse parâmetro in loco.

    mas há passagens do acórdão que falam em verificação de dados e que até os médicos (eram 3) se complementavam e cobriam uns aos outros para que nada ficasse por fazer, presumo que essa verificação também se fizesse em laboratório.

    mas não creio que isso seja o mais importante, em matéria técnica que nao está em causa, como não stá em causa a intimidade da senhora mãe do Luís Horta...

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  8. Entre os pontos 24 e 30 do Processo Disciplinar da AdoP estão perfeitamente esclarecidas que as razões aduzidas -de que as análises foram perturbadas por CQ- caem por terra.
    -O Acto Médico decorreu sem a presença do Seleccionador, houve total colaboração dos Médicos da Selecção e dos jogadores requeridos, a equipa da ADoP decidiu -colegialmente suponho- que estavam reunidas as condições necessárias para realizar o seu trabalho.
    -Há uma evidente contradição entre o que está dito no ponto 25 e o texto do ponto 26, mas aí não percebo como o Médico em causa, sentiu o que disse ter sentido, e aceitou a decisão do Grupo -logo também a sua- continuando "perturbadamente" o seu próprio trabalho.Depois, é também dito no Processo que o erro cometido por ele foi corrigido em laboratório, ponto 28, o que absolve o Médico no seu erro, mas também o seleccionador no que toca à efectiva perturbação na recolha e nos resultados...

    Ressalta, isso sim, sempre no Processo a clamada "exaltação" do Seleccionador. Foi isso que levou ao castigo, foi a atitude "irascível e malcriada" do Seleccionador e não a perturbação do Acto Médico.
    Se não fosse assim, o Acto Médico deveria ter sido interrompido -melhor, nem sequer iniciado- e tal coisa denunciada na hora, mas não o foi!
    Para mim é claro o Senhor Luís Horta não gostou -o que é também perfeitamente natural- que lhe tivessem contado o que o Seleccionador pensava dele e da sua progenitora...

    -O ponto 30 revela que afinal -contráriamente ao que é afirmado mais atrás e adiante- o que esteve sempre em causa foram as circunstâncias, muito naturalmente, a surpresa e evidentemente, a hora da visita.Portanto não se pode aceitar o argumento que aponta para "se assim fosse solicitado" -como se isso estivesse ignorado-, a recolha teria sido feita mais tarde.Houve uma consciência plena das circunstâncias anómalas -os jogadores ainda dormiam- e porventura, uma ausência total de vontade em dialogar.
    O resto são apenas argumentos para justificar o castigo.

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  9. Zé Luis: a obtenção da densidade da urina serve exclusivamente para saber se esta é válida para detecção de substâncias e tem que ser efectuada in loco, para o caso de não obter os valores aceitáveis, ser pedido ao atleta nova urina, ou perceber se há alguma razão, para que "tenha uma densidade semelhante à água".
    Obviamente que a honra da mãe de Luís Horta nunca esteve em causa.

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  10. meirelesportuense,

    ainda bem que não fui só eu que leu o acórdão com atenção, onde está lá tudo menos a clareza da exposição que se limitou, basicamente, a contradizer o que a CD da FPF achou sobre o assunto, o que revela alguma gravidade mas noutro domínio que os órgãos podem apurar.

    É que isto já não é só má-fé, mas apenas a interpretação dos factos e o entendimento do bom português e quem alinhavou esta estória espalhou-se ao comprido, acho eu.

    O parvo do António Boronha, que umas vezes critica a ADoP por ser juiz em causa própria, tanto dá uma no cravo como outra na ferradura, pois já acha que a verdade apurada pela ADoP é que conta - e no final de contas até é o que conta, mas não para apurar a verdade como se nota - e o CQ mentiu numa série de pormenores, quando os pormenores são apenas conversa de chacha e de gente que nunca ouviu foda-se e caralho dali para cima e da cona da mãe Joana.

    p.s. - não sei se és o antigo meirelesportuense que uma vez desertou deste espaço culpando-me de coisas que eu não podia controlar da forma como tudo estava então organizado; se fores, benvindo de volta e já sabes que agora há controlo até apertado demais dada a minha menor disponibilidade para vigiar o blog 24 horas por dia; se não fores, benvindo à mesma e obrigado por me acompanhares nestas reflexões.

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  11. 6012,

    grato pelo esclarecimento, mas repito que não discuto isso do acto médico que me escapa nem é isso o mais importante do processo.

    de qualquer modo, fica o apontamento de quem (parece) perceber da coisa.

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