Não sei o que se vai passar esta tarde, na chamada hora h para despedir Queiroz no que não acredito, pelo menos já e de forma imediata. Quando reunir a Direcção da FPF espero que seja para medir bem as coisas e ponderar o que há para reflectir. À falta de de bom senso, alguém que páre para pensar. Mas não creio que apareça alguém a fazê-lo.
Certo é que, cá fora, repetida e publicamente, as más opiniões multiplicam-se. Juntaram de tal forma as coisas que criaram claramente as condições para Queiroz não trabalhar. Ele pode dizer que tem condições, e tem-nas, mas o ambiente em redor é o que é e já se viu nos resultados e no amesquinhamento da Selecção. Nada a fazer e só um inconsciente não perceberia isto, da mesma forma ignorante e de "laissez faire, laissez passer" que se descurou o momento crítico da convocatória para esta dupla jornada.
Directores de jornais e colunistas especiais acabam por convergir num ponto, ainda que apresentem vários adjectivos e diferentes condicionantes: Queiroz é o menos culpado. Mas, mesmo assim, tem de sair. Porquê? Porque sim.
Tal como no Pífio Dourado, dessa inenarrável maestria em litigância jurídica que era o Bosta da Liga, ninguém cuidou de ler os acórdãos e detectar as suas falsidades evidentes. Apontam-se culpados? Pois faça-se justiça. Mesmo que, como diz o parvo Tadeia, o processo seja kafkiano e nada disto faça sentido para chegar a tão enviesada sentença. Ninguém lê, estuda, pensa, parte-se do princípio de que está decidido, pois rei morto, rei posto, como tem proclamado o jornal de anúncios da bolha a propor Paulo Bento, só faltando nomear o inveterado Borgonha que viveu os palpitantes e edificantes momentos do Euro-2000 em que o então jogador se envolveu na semifinal com a França e o então responsável pela selecção assobiou para o lado ao lado de um uísque na véspera de a UEFA anunciar as suspensões pesadas para vários jogadores num hotel do Luxemburgo...
Houvesse coragem, e com a razão que Luís Filipe Vieira não tem nem teve no caso Nuno Assis que fez a Autoridade Antidopagem de Portugal sua inimiga fidagal, mais o famoso Laurentino de outras manigâncias a cobro da justiça à moda de Fafe, e os jornais e jornalistas empenhados no melhor para o futebol português não alinhariam nesta farsa descomunal em que são parte interessada, pela parte dos seus patrões na maioria dos casos, e não meros espectadores indiferentes ou passivos.
Pedir a cabeça de Queiroz é demitir Gilberto Madaíl, penso eu, se o presidente federativo assumir que a sua aposta tem de sê-la até ao fim, mesmo à custa da sua cabeça e em nome do projecto anunciado em 2008 de reformular o programa das selecções idiotamente subvalorizado em nome dos resultados fátuos de circunstância com o folclore equatorial de permeio durante uns tempos de vacas gordas pela galinha dos ovos de ouro e um dragão que deu fogo à ambição em 2004.
Enquanto directores de jornais, como o "shreck" do Rascord e outro ali convidado do "Sol", dirimem argumentos de indemnizações que não constam do contrato de Queiroz, contaminando quem os lê e associa a sua ignorância própria ao desconhecimento de factos básicos, a verdade é que Laurentino criou a manobra de diversão ideal para afastar Madaíl a par de Queiroz, com a recalcitrante FPF, pela sua estrutura organizativa de fundo, não se adequa, mais os seus Estatutos, ao regime jurídico que o Governo quer e pelo qual mantém a FPF sem "Utilidade Pública" mas não impeditiva de "utilizar" o nome de Portugal no Mundial que não interessava, então, beliscar.
Madaíl tem o desafio da sua vida, mesmo perante amadores (ele é pago!) directores e dinossáuricos e desconhecidos vices e directores: manter a sua aposta em Queiroz até porque não tem indemnização contratualizada, o que faz de um e outro reféns da confiança mútua depositada na hora de pensar o futebol português para a refundação necessária ao futuro.
Os cenários do ex-vice e viciado em contas antigas e malsãs Boronha não contemplam a realidade de as pessoas honrarem compromissos. Amiúde, os amadores da FPF cconfiaram sempre no presidente profissional para encontrar uma solução. Até para contratar um parecer enviesado do professor dramático Freitas do Amaral para sustentar o golpe palaciano do CJ da FPF na célebre reunião de 4 de Julho de 2008, quando despromoveram o Boavista e quiseram afastar o FC Porto da Europa. Outro golpe palaciano está em perspectiva, face a um presidente doente e aparentemente isolado, porventura sem forças nem persuasão para fazer prevalecer um compromisso para o futuro e sem grandes condicionantes que torna tão fácil, agora, despedir Queiroz.
Se o processo foi kafkiano, imputando mesmo assim o desterro da vítima castigada de forma vil e injustificada, o maquiavelismo destas repetidas notícias de tremendismo iminente está bem para a forma dirigida de fora para dentro como a FPF sempre funcionou.
Nem de propósito, quando as coisas tendiam a mudar de rumo, sem os catastrofistas de ocasião, anda-se a vasculhar porque razão a proclamada inclusão de João Moutinho no onze de Oslo foi trocada pela presença de Tiago. Será que, confiantes em que tudo voltava a ser como dantes, alguém tinha dado o onze certo e o seleccionador tirou-lhes esse trunfo da mão?
Isto é uma questão de comunicação e nesse âmbito a FPF é uma vaca de lugares sagrados mas não consagrados, onde toda a gente continua a trair o colectivo em nome de interesses individuais como os de estar de bem com a Imprensa e até o Governo, a quem se deve obediência e respeitinho, pelos lugares a perservar, os seus e os de familiares.
Mas essas são questão menores, face ao futuro do futebol português que todos julgam defender mas ninguém se esforça por preservar, compreendendo.
p.s. - ouvi Toni, que aprecio, na SIC a pedir para irem buscar o Scolari agora, sem os Rui Costa, o Figo, o F. Couto, o Pauleta. Irónico mas certeiro. Não percebo como a Imprensa veneranda e sua estimada não faz o golpe de baú tão do agrado do brasileiro. É um bom desafio.
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