Relatório (Bo)Ronha (XXVI): a lucidez às portas da morte?

Isto podia ter sido aplicado há 6 anos: só para o Euro-2004. Perdeu-se um título europeu, com a vergonha de derrota adicional na final depois da abertura com a Grécia. Perdeu-se a maior referência de sempre na baliza da Selecção Nacional. Perdeu-se o elã do FC Porto campeão continental em Maio desse ano.

Scolari burreou durante 15 meses até à entrada de morte no Dragão. Desperdiçou tempo e talentos, menosprezou a espinha dorsal do bicampeão nacional e da dobradinha portuguesa e vencedor da Taça UEFA de 2003. Os sinais eram evidentes de descontrolo e de não saber fazer.

A teimosia só acentuou esse mal. A Imprensa do regime não protegeu o desígnio nacional depois do merecimento de acolher a fase final. Quem mandava teve medo. Tinha recorrido ao treinador campeão mundial para safar a pele depois de 2002. Esteve a perder o pé em 2004. Safou-se.

Agora, Madaíl tem uma ideia com 6 anos de atraso. Quando se perspectiva que, ao cabo de 16 anos, deixe vago o cadeirão da FPF, no estertor da morte directiva do seu consulado rico mas curto de vistas e menos avantajado do que podia e devia ter sido, Madaíl parece dar o exemplo do que dizem ser o momento de lucidez, a perspectiva da vida que ficou para trás com objectivos por alcançar, desafios a superar e metas mais altas a atingir, precisamente à hora da morte.

Faz todo o sentido, até por dois jogos. O desespero é esse. O remédio parece estar à mão e até fez-se desejar pelo doente. Mas quem faz dois jogos também pode fazer os outros dois de Junho, a seguir na qualificação.

Madaíl salvaria a pela uma segunda vez, como bom político. Mourinho seria o salvador da Pátria e consumaria o seu desejo tão proclamado de ser seleccionador. Se corresse mal, não se lhe poderia apontar o dedo ao treinador. O presidente da FPF morreria ciente de ter dado um último assomo de lucidez que lhe faltou amíúde.

A solução Paulo Bento é má. Pode ser a que está mais à mão, mas é má. Na altura falaremos disso, da mesma forma consciente como olhamos o recurso a Mourinho. Sem estarmos mortos para pensar nisso e como teria sido possível, com mais facilidade, no tempo das uvas maduras sairmos ébrios de felicidade em vez de destroçados pela incompetência de 2004.

ACT.: Ao final da tarde

http://desporto.publico.pt/noticia.aspx?id=1456211

tudo em aberto.