Relatório (Bo)Ronha (XXII): o Mija na Escada FC

Em devido tempo, num comentário dos últimos dias da semana passada, alertei para o momento crítico desta convocatória, pelo momento da época, por vários impedimentos e de natureza diferente, pelo mercado aberto. A Selecção, dita de todos nós mas só quando ganha(mos), preocupação apenas quando joga e indiferença total nos "intervalos" amiúde longos entre jogos, não tem tido a atenção merecida, à parte o circunstancialismo da hora de jogar. Como não tem essa atenção, escapa pormenores significativos, enquanto os adeptos "adormecidos" por façanhas mais ou menos recentes, sonham ainda viver com a Geração Dourada e a que a Geração Mourinho do FC Porto prolongou mais uns tempitos e por aí ainda resiste o bravo Ricardo Carvalho.

Não é, ainda, o tempo de se fazer uma breve história da Selecção desde há 15 anos. Mas já se destacou na 6ª feira em Guimarães que Fábio Coentrão foi o único do onze presente em representação da Liga portuguesa. Já não o único do Benfica na Selecção, mas o único que ainda joga em Portugal. Com a sua inoportuna lesão, em Oslo essa pequena honra coube a Sílvio, um estreante e meteórico "flash", de resto o único português que o magnífico Sp. Braga tem na sua equipa habitual... E chegou-se ao ineditismo de o 11 de Oslo não ter jogadores do FC Porto, Benfica e Sporting. Notável, mas não pelas razões melhores e que nos encham de orgulho, depois de tantos anos a sublinharmos como era importante os jogadores aprederem o profissionalismo de lá de fora.

É que, subitamente, o agitado mercado de Agosto provocou isto:

Eduardo - mudou do Braga para o Génova

Sílvio - mudou do Rio Ave para o Sp. Braga

Br. Alves - mudou do FC Porto para o Zenit

R. Carvalho - mudou do Chelsea para o Real Madrid

M. Veloso - mudou do Sporting para o Génova

R. Meireles - mudou do FC Porto para o Liverpool

Tiago - mudou da Juventus, de novo por empréstimo, de volta ao Atl. Madrid

Quaresma - mudou do Inter para o Besiktas

Só M. Fernandes, Hugo Almeida e Nani mantiveram o vínculo contratual com os seus clubes.

São 8 do onze de Oslo em agitação na pré-época e alguns praticamente sem jogar. Não é normal e tem custos, como se vê.

Não explica tudo, nem é razão para tantos erros individuais que de 4 pontos potenciais no bolso custaram precisamente 4 pontos mas é a base de muita "perturbação". Acresce que, dos Navegantes do Mundial, uns lesionaram-se, outros renunciaram à Selecção pela idade e o cansaço psíquico mais do que físico, Ricardo Costa está castigado, enfim o pós-Mundial tinha tud0 para ser periclitante e não podia ser previsto no "day-after" da eliminação com a Espanha.

O "day-after", como sabemos, teve outras repercussões. Alguém quis "planificar" algo que não era para o bem da Selecção, a atravessar um "deserto" do qual não se vislumbram ainda os confins e vamos ter de penar.

Há quem pense que saindo hoje Queiroz, Madaíl, um só ou ambos o panorama vai melhorar. Em Outubro é possível que sim, mas pouco. Há quem olhe para a forma como se come no seio da Selecção, só com jogadores ou o chamado "grupo todo unido" na mesma sala, como se tal fosse determinante. Suspirava-se por um melhor Cristiano Ronaldo, fraquíssimo no Mundial em que prometeu "explodir", e tivemos o pior Eduardo, sem sentirmos sequer saudades do CR0 dos últimos dois anos na Selecção.

Andamos a olhar para os resultados sem prepararmos as condições de sucesso para obtê-los. Não é só mandar jogadores para o campo. E com o quadro de recrutamento que de reduzido passou a instável pela agitação do mercado, era previsível este choque, sendo que a percepção da realidade continua a escapar a quem acha que mudanças cosméticas, de fachada, vão preparar o futuro.

Depois da confusão do mijo pela brigada antidoping, dá mesmo a imprensão de alguém olhar para isto como o Mija na Escada, FC, como diria o Quinito. E para mijar fora do penico. Por muita perícia médica que se tenha...