28 setembro 2010

Relatório (Bo)Ronha (XXXVII): Pontapé de saída dado em O Jogo numa estória do caraças...

Façamos um parêntesis no elaborado Inquérito da ADoP, para contextualizar cronologicamente o pós-Mundial mal este terminou para Portugal.
A Selecção Nacional ainda não tinha levantado voo para Lisboa, mal arrumara as malas em Magaliesburg onde deu uma última conferência de Imprensa no day-after ao jogo com a Espanha, realizado a 29 de Junho na Cidade do Cabo de onde voou pata o seu QG nos arredores de Joanesburgo; dois dias atarefados e daqui viajaria de 30 de Junho para aterrar a 1 de Julho na Portela, e já O Jogo, nesse dia, sussurava uma conspiração para afastar o seleccionador, falando (ler ao lado) em "Pressões na comitiva para a saída de Queiroz".
Não era muito verosímil a estória, claramente com muitas "brancas" e poucos "intérpretes", faltando até as habituais "fontes", ligadas ao processo ou alegadamente bem informadas. Uma encomenda, em suma, era o que se intuía e viria a verificar-se para se confirmar, ou não, a veracidade do relatado, de resto difícil de congeminar in loco com toda a gente a preparar-se para regressar a casa.
Tornou-se difícil acreditar no que se lê em baixo, quando tinha passado um dia após a eliminação do Mundial e outro dia para o "balanço e nova perspectiva" de Queiroz para o futuro, enquanto se preparavam as bagagens para o regresso. E a "notícia" para dar a pequena manchete em "orelha" ao lado do título do jornal era isto a seguir:

"Seleccionador tem contrato por mais dois anos, mas não é certo que continue no cargo. O presidente da FPF mantém o apoio ao treinador, mas… falta a opinião (decisiva) dos restantes elementos da Direcção

Pressão para deixar cair Queiroz

ENVIADOS ESPECIAIS

O futuro de Carlos Queiroz no comando da Selecção Nacional está nas mãos da Direcção da Federação Portuguesa de Futebol (FPF). Embora o seleccionador tenha o apoio do presidente Gilberto Madail, que sempre manifestou que não estava disposto a rasgar contratos, está ainda por saber a opinião dos restantes elementos directivos. Segundo O JOGO apurou, é aí que reside a grande incógnita do momento e que deixa seriamente em dúvida a continuidade de Queiroz no comando técnico.
Carlos Queiroz chegou à Selecção Nacional com plenos poderes para remodelar as equipas nacionais, e os primeiros frutos aconteceram com a qualificação da equipa de sub-17 para a fase final do Campeonato da Europa da categoria, algo que não acontecia há anos. Com contrato de quatro anos, e apenas dois cumpridos, a caminhada ainda vai a meio, mas falta saber até que ponto os elementos da Direcção da FPF estão dispostos a esperar que apareçam os resultados a médio prazo na Selecção. É que depois de um apuramento sofrido e conseguido através do play-off, seguiu-se um Mundial apenas com uma vitória, contra a Coreia do Norte. Pior mesmo só a exibição realizada frente à Espanha, que deixou o País descontente. Depois da Geração de Ouro, criada por Carlos Queiroz, agora a manta é curta, mas ninguém quer correr o risco de falhar a qualificação para o Campeonato da Europa.
Ambiente poluído
Por outro lado, sabe-se que o ambiente entre o seleccionador e alguns jogadores com mais peso na equipa não é o melhor, além de que há pressões para que o seleccionador seja destituído, inclusive por parte de alguns elementos da comitiva que esteve na África do Sul. A relação com Cristiano Ronaldo, por exemplo, não é a melhor, apesar da confiança que Carlos Queiroz sempre lhe deu, entregando-lhe, inclusive, a braçadeira de capitão. Mas o jogador do Real Madrid não tem cumprido. Além de tentar resolver tudo sozinho, tem falhado tacticamente, prejudicando a equipa.
Por tudo isto, o próximo passo será a realização, para breve, de uma reunião entre Madail e os colegas de Direcção, onde será discutido o futuro de Queiroz e dos restantes elementos da equipa técnica. O líder federativo, no rescaldo da eliminação, foi parco em palavras: "A nossa ambição era passar a fase grupos e, depois, ir o mais longe possível. Chegámos onde nos deixaram. Estou resignado, mas não convencido."

Prontos, o rumor cresceu a partir de "há rumores para que o seleccionador seja destituído", note-se, rumores esses "por parte de alguns elementos da comitiva que esteve na África do Sul". Depois, a particularidade de chamar a importância da relação do seleccionador com CR7 - que O Jogo designou, e bem, de CR0 no jogo com a Espanha - a quem se aponta, o jornal, "não tem cumprido. Além de tentar resolver tudo sozinho, tem falhado tacticamente, prejudicando a equipa".
Portanto, a vedeta da equipa, como todos sabem e ninguém comentou devidamente, não jogou um corno em partida alguma. Mas a "culpa" é do relacionamento com Queiroz, o que foi descoberto logo no dia de regresso a Portugal, 25 ou 26 dias após a chegada à Áf. Sul.

Depois, era bom saber que "elementos da comitiva" estariam presentes para se pressentir o "peso" da Direcção da FPF. Estavam lá o presidente Madaíl, o "vice" Amândio de Carvalho e quem mais da Direcção?

É, por isso, a todos os títulos espantosa esta estória. Até porque, 13 dias depois, o plenário da Direcção federativa concluiu, unânime, terem sido alcançados os objectivos principais do biénio: ir ao Mundial e ali passar a fase de grupos. Não havia mais nenhum, como definiu Queiroz na RTP, a não ser que fosse do género do "3º Segredo de Fátima".

Como compaginar, tanto tempo depois, essa "notícia" sem sustentação além de vacuidades e lugares-comuns, com a "orelha" do jornal que fez ficar em alerta quem leu isto assim?

A equipa viajou de 30 de Junho para 1 de Julho, durante a noite, e não foi do avião que se fez o relato acima transcrito, pelo que é mais verosímil que estava feito antecipadamente. Porquê e como?
Sabendo-se o que veio a apurar-se depois, e CQ denunciou Amândio de Carvalho, se alguém abriu a boca, como sucedera antes do jogo com a Bósnia, agora aproveitando a derrota normal com a Espanha, foi o responsável da Selecção e chefe de comitiva (na ausência de Madaíl).
Mas, no dia seguinte, 2 de Julho, iniciou-se, célere e Simplex, o Processo Q aí relatado em baixo, com a "turbulência" da ADoP a que venho fazendo o competente "relatório" circunstanciado.
A marosca, do afastamento iminente do seleccionador que não teve seguimento no conclave da FPF de 14 de Julho deitando por terra as "aspirações" da "notícia" de O Jogo e o "sentir colectivo" da Direcção cuja maioria de elementos não esteve presente no Mundial, teria a ver, antes disso, com uma comitiva para-oficial que não chegou a ver o Portugal-Espanha?
É que, para os jogos com a Coreia do Norte, a 21 de Junho, e o Brasil, a 25, seguiu de Lisboa um lote de personalidades "fortes", viu os dois jogos e veio embora antes mesmo do embate com a Espanha. Não tinham fé no apuramento no grupo? Lá estavam, já se adivinha, o ministro da Presidência Silva Pereira, o sec. Estado do Desporto, Laurentino Dias, e VIP que viajaram com a Cosmos do "patrão" Joaquim Oliveira também presente.
Não ficaram, depois do embate com o Brasil, mais 4 dias para o duelo ibérico e no regresso nem todos vieram no mesmo avião digamos "presidencial". O filho de Queiroz, que foi com os VIP e veio num outro avião com adeptos indistintos, acabou afastado do digamos 1º avião de distintos adeptos...
Acabado o Mundial, com responsáveis políticos em Portugal a verem na tv o jogo com a Espanha, iniciou-se, então, aquele que seria um processo infame e que querem fazer crer não se desenharia se Portugal tivesse sido... campeão mundial, garantiu Laurentino Dias, desvalorizando a teoria de Mourinho de que tal nunca seria possível nem com "Ronaldo a mil à hora".
O falso pontapé de saída da mirabolante marosca para pôr fora o seleccionador teve o desenvolvimento que se sabe e começou assim a modos que uma estória mal contada; e feita de tal forma que a quem a descreveu não seria possível conhecer os "bastidores" então em curso e que não eram, como se provou depois na Direcção da FPF, a rejeição que na "notícia" se antecipava, dos directores face ao trabalho de Queiroz; entretanto, além dos aludidos sub-17 no seu Europeu também os sub-19 disputaram a fase final sua competição e apurando-se para o Mundial de sub-20 em 2011.
Termino perguntando como no post anterior sobre a abertura do Inquérito da ADoP: Queiroz saberia porque razão tudo teve início a 2 de Julho, tal como confessou a sua surpresa ao saber dos documentos que aqui mostrei?

1 comentário:

  1. a falta de nível, e sobretudo de carácter desta gente, demonstra à evidência a muita porcaria que gravita na FPF.
    O triste, é que o panorama actual do futebol, não deixa vislumbrar nada de bom.São os manhosos que continuam a escolher-se uns aos outros...

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