14 novembro 2009

Bruno Alves dá (outra vez) esperança


Decisivo como na Albânia, central portista dá vantagem a Portugal para a segunda mão do play-off com a Bósnia
Portugal já está em vantagem (1-0), pelo golo solitário de Bruno Alves, de cabeça ao segundo poste após uma jogada de envolvimento pela direita, mas terá de sofrer na Bósnia para carimbar o passaporte para o Mundial-2010.

Não só pelo resultado, mas pela forte reacção dos bósnios em boas fatias do jogo, este jogo de apuramento demonstra, como os restantes encontros que terminaram com resultados à justa e muito equilíbrio em todas as partidas, que a Bósnia de Dzeko é muito perigosa no ataque e que nem há adversários fáceis nem qualificações garantidas. Fossem outros os emparelhamentos do sorteio dos play-off e os resultados não deveriam ser muito diferentes dos que se registaram ontem: Irlanda-França, 0-1; Grécia-Ucrânia, 0-0; Rússia-Eslovénia, 2-1. Curiosamente, para quem achava a Eslovénia das mais fracas e a Ucrânia das mais fortes possíveis opositoras de Portugal, os seus resultados (e para quem viu os resumos ontem no Eurosport) provam que não há vencedores antecipados. Tudo para jogar na 4ª feira.
Portugal vai a Zenica com o golo de Bruno Alves, a dar toda a esperança de apuramento, depois de ter sido decisivo com o cabeceamento vitorioso em Junho na Albânia, já nos descontos.
Eduardo pode ter tido a sorte de ver os ferros devolverem a bola por três vezes, duas delas na mesma jogada, mas apenas fez uma defesa num remate esquinado na 1ª parte. Ao invés, com Liedson a criar um "golo feito" mas a esbanjar a mais soberana ocasião da partida, com o 2-0 à mão de semear, o guardião Hasagic teve de se aplicar de princípio ao fim a remates perigosos de Simão, Meireles e Tiago este mesmo a acabar. Se a Bósnia podia e merecia ter marcado, nas esporádicas ocasiões negadas pelos ferros, também o resultado poderia ter sido mais desnivelado.
A exibição de Portugal teve altos e baixos, como vem sendo hábito e por o meio-campo não tomar em mãos a rédea da partida com abaixamentos físicos espaçados. Salvou-se Pepe com uma presença enorme, Meireles esteve melhor do que Deco mas nem Simão nem Nani providenciaram Liedson com mais jogo para concretizar e a muitos remates voltou a saldar-se por um só golo. Simão não teve o pé quente do jogo com a Hungria e Liedson errou duas vezes o alvo em óptima posição, enquanto Nani foi complicativo na direita e Deco muito apertado quando se abeirava da área bósnia.
A actuação de Pepe, e dos centrais B. Alves e R. Carvalho, demonstram como vai ser imperioso dominar o jogo aéreo na segunda mão, decerto com mais "chuveirinho" em Zenica onde talvez o reforço do meio-campo, com Tiago, possa estancar o jogo mais directo dos bósnios. Nesse caso, resta saber se Nani voltará ao banco para seu desgosto, depois da entrevista inoportuna dada durante a semana a reclamar pela titularidade.
Portugal alinhou com Eduardo; Paulo Ferreira, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Duda; Pepe; Deco (Tiago 84), Raul Meireles; Nani (Fábio Coentrão 69), Simão (Hugo Almeida 88) e Liedson.
Golo: Bruno Alves (31').
2ª mão em Zenica, 4ª feira 18/11/2009, 19.45h portuguesa (TVI).

14 comentários:

  1. Alguém me explica como è que o Meireles na selcção recupera bolas até dizer basta, faz passes correctos de 40 m, não falha passes de 2 m, preenche o meio campo, e no Porto faz tudo ao contrário???? dá que pensar..

    Quanto ao Bruno Alves, igual a ele mesmo, igual ao que rende do Porto, 5*.

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  2. Já agora, aquela substituição do Nani, foram dois erro ao mesmo tempo, tirou o Nani quando deveria ter tirado o Simão, e em vez de entrar o Tiago, faz entrar, imaginem só, o Coentrão.. deve ser o pior jogador que nos últimos 15 anos vestiu a camisola da selecção..
    Uma coisa é jogar mais ou menos em casa, contra o Setúbal, outra é contra uma selecção..

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  3. Engraçado como ia escrever exactamente o mesmo. Ontem não pude deixar de notar como o Meireles jogou. Não tendo sido fenomenal, jogou muito bem. Correu, interviu muitas vezes nas tais transições rápidas e encheu o meio campo.

    Como é possível no FCP ser tão diferente?!?! É uma questão táctica? Ou motivacional?

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  4. É, o Cansaço, caro Nuno...

    Que leve mas é um Banho de Humildade aqui!
    É mostrar a este e ao Hulk, que à beira do nosso Clube são ZERO!!! FC PORTO acima de todos eles!!

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  5. Nuno Sousa faço minhas as suas palavras, incrivel a diferença de atitude no espaço duma semana, se calhar é a federação que lhe paga o ordenado.
    Bruno Alves como sempre um Senhor.

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  6. Zé Luís :

    ..."Nesse caso, resta saber se Nani voltará ao banco para seu desgosto, depois da entrevista inoportuna dada durante a semana a reclamar pela titularidade."...


    Nem mais ! Nani escolheu a pior altura para falar .

    Um abraço

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  7. "Alguém me explica como è que o Meireles na selcção recupera bolas até dizer basta".

    Nuno Sousa, não me pareceu que recuperasse muitas bolas. Isto é, daquelas em que ele vai à luta e ganha. Terá sido, ao invés, apanhar bolas perdidas.

    Por outro lado, a um aparente maior desempenho, deve ter-se em conta a sua posiçáo mais recuada. Meireles não jogou para a frente como no FC Porto, esteve mais na defensiva. À frente estava Deco, na posição que Meireles tem tentado ocupar no FC Porto. E, como se tem visto no FC Porto, Meireles não é homem para aquela função. Não é Lucho nem sequer Belluschi.

    Esse é o problema no FC Porto. Pensei que já estaria consabido, mas vê-se que por muitas falhas que se apontem, poucos acertam na causa do mal e na forma de o corrigir.

    Talvez por isso, digo eu que Meireles esteve melhor do que Deco neste jogo. Porque Meireles fez melhor? Esteve numa posiçãos mais consentânea com as suas características. Deco, como nº 10, falhou muito. Daí a minha observação. E confirma-se que no FC Porto o problema é a estrutura do meio-campo sem Belluschi e com Guarín.

    Já o referi por mais de uma vez, mas parece que há quem ande distraído e ache que eu não falo do FC Porto. Não gosto é de repetir sempre a mesma coisa.

    Este exemplo propiciou matéria para se falar do FC Porto. As coisas fazem-se naturalmente e até um carpinteiro sabe que o material tem sempre razão e não se pode talhar uma peça de qualquer maneira.

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  8. "Já agora, aquela substituição do Nani, foram dois erro ao mesmo tempo, tirou o Nani quando deveria ter tirado o Simão, e em vez de entrar o Tiago, faz entrar, imaginem só, o Coentrão..."

    Nuno Sousa, também não concordo. Os extremos já tinham dado tudo. Eu não achei más as substituições. Nani estava esgotado e Simão sempre apagado.

    De resto, este exemplo de escalonamento defensivo da Bósnia demonstra duas coisas:
    - uma boa organização defensiva aguenta qualquer adversário, se a postura for sempre essa, porque é mais fácil defender;
    - mesmo com bons extremos como Nani e Simão não é fácil ir à linha cruzar.

    Não é só no FC Porto, com Rodriguez e Mariano, que se notam as dificuldades ante equipas bem colocadas atrás.

    Quanto às substituições, pareceram-me do mais natural possível. Achei muito bem trocar um extremo esgotado por outro que está fresco e até corre bastante. Achei bem trocar Deco por Tiago, de novo faltaram ideias e pernas a Deco e até poderia ter saído mais cedo.

    Quanto à entrada do Hugo Almeida, para mim seria a primeira opção nas trocas. Mudar o 4x3x3 em que a Bósnia soube encaixar-se, com muita gente atrás, para 4x4x2 e colocar novos problemas aos centrais (e trinco Rahimic).

    Aliás, contando com mais caudal ofensivo deles na 2ª mão, optaria pelo 4x4x2 com Hugo Almeida e Liedson na frente e um meio-campo mais reforçado, com Tiago em vez de Simão e Nani a fechar um flanco para sair a correr no apoio aos avançados com Deco e Tiago, Meireles e Pepe na zona intermediária.

    Daí o meu raciocínio sobre a utilidade de Hugo Almeida. CQ preferiu manter o sistema e trocar (refrescar) ideias e pernas, daí as duas alterações. Por fim, optou pelo 4x4x2. Só uma questão de timing, mas as substituições pareceram-me óbvias.

    Há é uma tendência de maldizer que tem pouca clarividência. Vai das preferências pessoais e preconceitos, não da realidade de fazer justiça a uma selecção que, longe de jogar bem, quer criar uma noova rtina de futebol positivo e não especulativo como se habituou nos últimos anos com resultados a degradarem-se ao mesmo tempo da qualidade de jogo.

    Já não sei em que se inspiram as pessoas, no passado recente da selecção, para acharem que se joga pior do que se jogava.

    Falarei disso por estes dias.

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  9. “não me pareceu que recuperasse muitas bolas (Meireles). Isto é, daquelas em que ele vai à luta e ganha. Terá sido, ao invés, apanhar bolas perdidas.” Zé Luís, seja como for, no Porto não tem recuperado nem de uma maneira nem de outra.. aqui o que me interessa como adepto é o que faz e não como faz. Percebes o quero dizer? Não vejo aquele empenho quando joga com a camisola da instituição que o PAGA E BEM!!
    Será que a posição que ele joga no Porto também o impede de fazer os passes (curtos e longos) certeiros como fez ontem?
    Até os remates foram com alguma força e colocação..
    “também não concordo. Os extremos já tinham dado tudo. Eu não achei más as substituições. Nani estava esgotado e Simão sempre apagado.” È a minha vez de não concordar, o Nani aguentava o jogo todo, quando ele saiu atacamos menos, e por consequência os Bósnios atacaram mais. Preferia como se viu o Nani esgotado do que o Coentrão a 100%, aliás este palhaço só entrou para perder bolas, a única coisa positiva que fez, foi ganhar um lançamento lateral, por isso acho que nem sequer há comparação. Quanto ao Simão, basta ter defesas possantes pela frente, que não a sua produção é nula!!

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  10. Pelos vistos, toda a gente reparou! Eu fiquei abismado com a exibição do Raul Meireles. Não que ele tenha feito uma exibição monumental mas em comparacao ao que tem feito no FCPorto foi de facto uma diferença abismal o que invariavelmente nos leva de novo ao ponto de partida. É o Prof.Juju que está a ser incompetente e contra factos não há argumentos.
    Jesualdo não sabe onde colocar Meireles, Jesualdo não sabe como organizar o meio campo de forma a explorar ao máximo as (boas) características que os nossos jogadores tem.
    Por isso, não me venham com a tanga de que o Jesualdo no ano passado tinha os mesmos pontos e que Jesualdo vai dar a volta porque Jesualdo trabalha com este plantel há 5 meses e ainda não percebeu onde colocar as peças de meio campo que tem ao seu dispor.
    Por isso, reitero que para mim, Jesualdo está seco, espremido e acabado e não é de agora. Já vem de muito antes do grande jogo de Manchester.

    Relativamente à selecção, não posso dizer que tenham jogado mal se bem que houve ali dois problemas que levaram muito tempo a ser corrigidos.
    O primeiro foi Deco que fez uma primeira parte apagada e esta selecção sem Deco não funciona.
    O segundo, foram os alas, especialmente Nani que tirando o cruzamento para o Golo do Mega-Bruno, não fez mais nada. Zero! Uma exibição miserável de um pateta que se acha o máximo só porque foi, sem saber ler nem escrever, parar ao Manchester United.
    Simão esteve menos mal mas exigia-se muito mais num jogo em casa e desta importância.
    De resto, os Bósnios jogaram muitíssimo bem, preencheram lindamente os espaços e tem um contra-ataque perigosíssimo.
    Vai ser muito difícil passar este play-off. Vamos ter de ser imperiais e vamos precisar de manter a vaca que tivemos na Luz.

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  11. Nuno Sousa, a produção surge em função da posição e Meireles não tinha a responsabilidade que tem tido no FC Porto. Talvez a diferença esteja aí, quanto a mim que rejeito haver menos empenho dele no FC Porto.

    Acho que empenho tem havido de todos no FC Porto, mas o cansaço tem sido evidente, veremos após esta paragem e o regresso dos jogadores das selecções. Mas no meio-campo do FC Porto falta um tipo com classe, para fazer a diferença, e falando de Deco, Lucho ou Belluschi não se pode meter Meireles no mesmo saco.

    Quanto a Nani, é natural que um puto de 24 anos tenha mais força e fòlego do que o Simão com 30 ou 31. De qualquer modo, os extremos estavam esgotados, se é que deram um contributo fundamental. Nani é muito mexido, Simão mais cerebral e os treinadores deixam sempre em campo o jogador com mais experiência, com mais calma, com traquejo. Qualquer treinador diz e faz isso.

    De qualquer modo, a Bósnia soube jogar a defender, sem autocarro mas muito bem posicionada. Tinha a li´ção estudada e obviamente o crédito é do seu esperto treinador Blazevic, velha raposa.
    Lá vai ser diferente, vai haver mais bolas bombeadas e já vimos como eles são altos e perigosos.
    A Bósnia não atacou muito, procurou jogar em bloco e linhas próximas, mas não foi ameaçadora junto à área, apenas no jogo aéreo.

    Também aqui há diferentes leituras, parece que toda a gente viu a Bósnia a ameaçar Portugal no jogo jogado.

    Quanto a mim, ganhamos lá, o mais provável, porque temos uma boa defesa ainda que o g.r. seja fraco nas saídas dos postes. Essa é a minha maior preocupação. Quanto ao ataque, duvido que náo marquemos um golo pelo menos. A defesa bósnia não é forte e vai ficar mais exposta.

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  12. Acho que na Bósnia ,
    Carlos Queirós vai apresentar um ONZE diferente .
    E, tacticamente , vai apostar
    no 4x4x2

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  13. Concordo plenamente que não foi a intervenção do treinador via substituições que prejudicou o jogo de Portugal. Até em termos de gestão de esforços para a segunda mão fez sentido.

    O que pode haver é falta de opções em qualidade para meter no jogo... mas, sem ovos não se fazem omoletes.

    Quanto ao demérito de Portugal: foi apenas o não ter conseguido fazer alguma posse de bola, para controlar e dominar o jogo, mantendo o jogo longe do Eduardo, mesmo que sem o objectivo concreto de fazer o 2 a 0.

    Quanto ao Deco, não creio que tivesse estado tão mal como o pintas! especialmente na segunda parte foi dos pouco a conseguir fazer manter a posse de bola.

    E já tinha dito por várias vezes... em jeito de piada: o Bruno Alves é o melhor ponta de lança do Porto e da Selecção!


    Relativamenteao Meireles, penso que a tua análise é correcta. Os modelos dos treinadores devem poder adaptar-se aos jogadores que dispõe, ou então encontrar jogadores que cumpram o que quer. a adaptação do Meireles a novas funções e terrenos não de facto compatível com a sua genética. O cansaço que vem sendo referido pode ser de vária ordem:

    - Físico, porque se desgasta numa função desconfortável às suas características e tenta compensar com suor... e isso não podemos negar que não tem faltado.

    - Mental, porque está num processo adaptativo mal sucedido e mais demorado do que talvez se esperava.

    - Motivacional, porque o atleta percebe as suas dificuldades nestas funções, percebe que prejudica o seu rendimento, percebe que prejudica o conceito e imagem que os adeptos e o mercado ficam da sua performance e ... porque provavelmente também está descrente dos processos do seu treino/treinador e isso o desmobiliza!

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  14. Nuno Silva,

    obrigado pelo valioso contributo na precisa análise das funções do Raul Meireles no FC Porto. As questões mental e motivacional, que provocam desgaste emocional, são determinantes e explicam a razão de o jogo do FC Porto, da forma que o tem feito, não ter solução, porque seguramente não é esta.

    Já discordo quanto à falta de suor. Como dizes, e bem, ele tenta compensar com esforço, mas achas que falta o tal suor, eu penso que não, o esforço dele é medido em suor, não acho e parece-me até injusto que se fustigue o RM com acusações gratuitas de que não corre. Muitas vezes ele fica é dividido entre subir e defender.

    Já agora, a propósito, pode lembrar-se que quando Lucho faltou, no final da época passada, RM cumpriu. Mas a dinâmica da equipa estava instalada, a confiança era grande apesar da eliminação injusta da Champions e o objectivo da dobradinha espicaçou sempre os jogadores nessa fase final para chegar às metas propostas. Aí a motivação cresceu, mas a equipa já estava embalada e não era Lucho, como não foi Hulk, a fazer falta. Toda a dinâmica se mantinha, em moldes diferentes mas existia.

    Agora não é assim.

    Quanto a isto:
    "foi apenas o não ter conseguido fazer alguma posse de bola, para controlar e dominar o jogo, mantendo o jogo longe do Eduardo"

    creio que as substituições visaram esticar o jogo: com as correrias do Coentrão a levar a bola à frente ou acorrer ao espaço onde lhe metessem a bola, e com Hugo Almeida e Liedson para prender os defesas lá atrás e evitar que engrossassem o caudal ofensivo. Caudal que não houve, as bolas nos postes criaram a ideia de um massacre mas é pura ilusão.

    CQ fez as substituições certas, quanto a mim podia ter mudado primeiro para 4x4x2 com Hugo Almeida e depois lançar Coentrão, mas isso é questão de pormenor e o treinador é que decide e acho que decidiu bem no cômputo geral.

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