17 dezembro 2009

Clássicas diferenças

O tremor de terra com epicentro algures ao largo do cabo de S. Vicente, a sudoeste do Algarve, pode contribuir para o anedotário nacional da alusão, já feita por aí, à efervescência do clássico de domingo. Para quem em Outubro anunciava uma equipa do Benfica a ritmo trepidante, agora não se dá conta de como os foguetes estouram rápido e começam a cair as canas, enquanto a pólvora e uns efeitos pirotécnicos se diluem no ar das ilusões.

Estamos no ponto, muito distante, das previsões mais terrificantes, até entre portistas que tremem com pouco ou se julgam engraçados, de haver uns 15 ou 20 pontos de diferença na classificação.

O FC Porto chega ao clássico em alta, como era suposto. E, entretanto, aproveitando a presença em Lisboa por causa de negócios da Bolsa, Pinto da Costa já disse que o mercado de Janeiro é para ficar a ver e que o plantel e a planificação com origem no Dragão não suscitam mexidas a meio do ano, haja o terramoto que houver.

«Neste momento, podemos estar descansados e dizer que não precisamos de ir ao mercado para retocarmos uma equipa que foi pensada correctamente para toda a época. É esse rigor de gestão que nos tem permitido alcançar os resultados que obtivemos; é esse rigor desportivo que nos permitiu conseguir resultados desportivos positivos nos três últimos anos; é esse rigor que nos permitiu, no último trimestre, apresentar um resultado positivo de 23,5 milhões de euros».

Foi coincidência este anúncio em Lisboa, mas não foi inocente uma provocação indirecta ao grande rival.

Então não é que a melhor equipa do mundo e arredores, que nunca esteve no 1º lugar isolada e só ocupou a posição uma única vez até perder com o Braga e em igualdade pontual com os minhotos, além de ser o tradicional balão de Verão a perder altitude, a semear desconfianças entre os seus prosélitos e a fazer temer derrocada qual terramoto de 1755 também com epicentro na região submarina como o de ontem, esta super-equipa precisa de reforços? E nem são para colmatar as deficiências, alegremente ignoradas enquanto se via o balão subir, dos laterais adaptados (Maxi e Peixoto e até Coentrão) ou os de raiz (Schaffer) sem vingarem, além de um brasileiro, o primeiro de todos, já recambiado sem ter calçado as botas e de quem já se perdeu o nome.

O clássico vai mostrar, apesar da pérfida mas previsível nomeação do Senhor Lucílio Baptista – 9 meses depois de provocar um terramoto, helás!, no Algarve para dar um troféu ao Benfica --, a diferença clássica que, em organização, método, experiência e conhecimento, tem marcado e cavado a diferença do FC Porto para o Benfica. Muito melhor fora e dentro do campo. Mesmo que, fora, nos gabinetes da Liga, quem assegurou lugares privilegiados em vez de comprar bem e do bom para ganhar no campo, a impunidade de David Luiz e as concessões aos mergulhos, nunca reprimidos, de Saviola e Aimar, tenham dado um ar da sua graça ao Benfica. Porém, tudo o que sobe, desce. E quem tem os pés assentes na terra fica a ver o desgaste natural até de epifenómenos que deviam merecer, dos fiéis seguidores, outras reflexões, em vez de euforias fora de tempo, em época de adoração ao Menino.

Isso, porém, como o fair-play, Jesus!, tem sido uma treta.

Crónica semanal do blog Portistas de Bancada para o Futebol "O desporto rei"

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