08 junho 2011

Falam, falam, falam e lá está o FC Porto em grande

Prontos, lá estamos embrenhados na época fora de época que consegue ser mais estúpida do que é durante o decurso da mesma (época). São milhões para aqui, negócios fechados para acolá, manchestes verdes, capas vermelhas, um festim de parvoíces das quais os pasquins desportivos não se desmarcam.

Desportivos e não só. O Desporto do Expresso, que tem páginas de literatura mas não são de Jorge Valdano, Camilo José Cela e muito menos de Sartre, ainda agora dá "eleições hoje na Académica" na edição online, quando o presidente foi reconduzido ontem e já tem treinador-surpresa para apresentar amanhã. Não admira, a manchete idiota do ano foi aquela do "FMI já não vem", em Janeiro, a par com notícias semanais de redução do défice em 75 e 80% de cada vez que o (a)poio era posto cá fora.

Uns e outros, desportivos e expressos, obviamente do regime. O Leonardo Jardim que o Rascord há meses anunciou que o FC Porto tinha "atado", seguramente sob tortura atroz e porventura com simulação de afogamento como em Abu Graib (Iraque), foi apresentado em Braga. O Coentrão que o Rascord tinha dito já ter merecido a "tal" oferta/proposta "oficial" do Real Madrid anda com a vida às voltas, como aquele aperto de mão e mão para autógrafo do embevecido Sócrates nas Caxinas...

As notícias do regime, no plano político pós-eleitoral, são exactamente do tipo do plano futebolístico. Se o Expresso dá uma página semanal ao catedrático Freitas Lobo, ou dava, porque só vi uma vez mas admito prosseguir a penitência, como A Bolha, agora dá-lhe em publicitar os escritos do Rui Prantos num blog que, agora entendo, tem publicidade na tv mas não sei para quê...

Derrubado o regime socrático que enterrou o País bem acima do nariz, era suposto as discussões serem sobre o novo Governo e que a astúcia argumentativa dos comentadeiros triviais e tribais da esquerda moderna passasse a barreira de escolher pastas para cada partido da eventual coligação, em vez de pensarem em nomes certos para lugares certos e seguramente difíceis.



Como nos estrondosos êxitos do FC Porto, em que a partir do dia seguinte passa a ser o Benfica no centro das atenções porque ganha algo ou perde tudo que é mais frequente, na política anda a maralha socialista, em igual número digno de enxame como benfiquistas nas tricas da bola, a discutir o sucessor do enterra, entre o conivente Assis eleito pelo Porto pelo PS que enredou a AMP com três SCUT a pagar e as do resto do País a rir, e o inexistente Seguro de quem nunca deu nota de alguma coisa ou acção ou mesmo omissão de jeito.

Discute-se o partido da Oposição, o que fará e com quem à frente, mas menos o novo Governo além das más premissas à partida para essa discussão que mais importa de momento e urgentemente.

A predominância vermelha nas tv's, na política e no futebol, dá para assim.

E, entretanto, em vez de verem sangrar o FC Porto a perder Hulk e Falcao, que teimam em não reclamar uma saída e até desafiam a "inteligentsia" na causa do "amor à casa" mesmo sem serem da terra e incapazes até de jurarem fidelidade eterna e que são portistas desde pequeninos, os comentadeiros vão-se dando conta de:

1) Pedro Emanuel passa de adjunto de AVB no Dragão a treinador da Académica, na esteira de experiências bem sucedidas com Domingos e Jorge Costa e depois de herdarmos de Coimbra a sapiência do nosso treinador multicampeão;

2) James Rodriguez, autor do primeiro hat-trick na final da Taça de Portugal em 30 anos, continua a encantar em Toulon e fez mais uma assistência para a Colômbia chegar à final com a França;

3) Álvaro "Palito" Pereira dá a vitória, nos penáltis, ao Uruguai sobre a Holanda num amigável de confraternização entre os semifinalistas do último Mundial.

Isto, como os tais melões das transferências de que fala o pacóvio presidente do Benfica, são factos e não blá, blá, blá. É mais uma vitória do concreto sobre a teoria e da seriedade desportiva sobre o forrobodó costumeiro. Contra este, também, PSD e PP fazem como o FC Porto, em recato a tratarem das coisas sérias pensando no triunfo final. Cá fora joga-se a bisca lambida.

Sem comentários:

Enviar um comentário