Não é que a vitória, certíssima, possa sequer ser posta em causa e vá lá que, ao que se vê, especialmente sobre o Benfica sempre levado descaradamente no andor da arbitragem bafienta e salazarenta do proteccionismo regimental em exclusividade absoluta, ganhar hoje um jogo sem influência directa, boa ou má, da arbitragem já pode ser considerado um luxo. Mas não gostei, por muitos motivos, do jogo do FC Porto e em que só o 2-0 descansou uma exibição sofrida e tremelicante mais uma vez por demérito próprio e apesar de tantos artistas em campo.
Mas como o resultado foi uma vitória, haverá tendência para apagar tanta coisa má vista em campo. Até a rotatividade não merecerá discussão. E, contudo, as duas coisas ligaram-se para justificar, a meu ver, uma exibição bastante frouxa que chegou a dar o controlo do jogo ao Nacional e até fez pairar a possibilidade do empate, à imagem da época passada no Dragão. O FC Porto fez o pior jogo da época e, contudo, sem pôr em causa o triunfo, pouco se falará disso. Ganhou? Então está bem, até por não haver benefícios de arbitragem que alarmassem a manada da Herdade Desportiva.
E não é que, chegando a casa, vejo dois ex-jogadores cumularem de elogios o jogo portista, a rotatividade e o que os mágicos fizeram em campo? Calhou de ver, por pouco tempo, Vítor Baía e Dani falarem de coisas que eu vi, mas não como eles viram.
Pois Lopetegui conseguiu meter toda a carne no assador e, pela primeira vez, jogar com Oliver e Quintero no meio, isto é médios-interiores. Eu, por exemplo, pugnava por isso, mas já tirei a ideia. Lembro-me do ano passado julgar algo igual, quando Quintero era sempre ostracizado pelo Preocupações Fonseca. Pois pecador me confesso, pecado da gula não gosto de cometer. Acho que os dois excelentes tecnicistas não fazem um bom jogo juntos. E, no Twitter, ao intervalo já pedia a saída de um deles para Herrera dar equilíbrio àquilo que se foi desconjuntando no meio-campo. O mexicano falha no passe decisivo, e voltou a ver-se nitidamente a lacuna, mas ocupa espaço e tem chegada à área, é um mouro de trabalho e desta vez foi bem preciso.
Estava o FC Porto já confundido sobre o que fazer na 2ª parte, tal como ficou apático após o 1-0 cedo obtido. Lopetegui meteu Quaresma (por Tello), Maicon (por Marcano) e Oliver (por Herrera), podem achar muito, podem achar pouco, eu acho que não deu resultado e cedo o meio foi perdido e partido, o jogo deixou de fluir e alguma intranquilidade instalou-se pela falta de bola e de pegar no jogo à altura das características dos craques em campo, com Brahimi e Quaresma bem abertos como extremos.
E se os dois flanqueadores ainda procuraram servir Jackson na 1ª parte, resultando logo um golo num cabeceamento de Jackson que Danilo coroou na recarga, construindo ocasiões para dar descanso no marcador e levar a mais substituições para rodagem, a verdade é que os médios interiores não chegavam à área e não se recuperava logo a bola. Pode ter sido estratégia do treinador para evitar contra-ataques - no ano passado foram fatais -, mas Quintero pareceu de novo cansado e Oliver não arriscou muito. Houve toque sem progressão e nenhuma presença notada na frente para além dos 3 avançados, quando muito Danilo ou Alex Sandro criavam um ou outro desequilíbrio.
Mas no 2º tempo a entrada foi ao contrário, má mesmo, pelo que houve primeiro que tapar o buraco (Herrera), depois redescobrir o golo (Tello) num momento em que Brahimi tirou o coelho da cartola. Brahimi e Quaresma, então, jogaram por puro egoísmo e não criaram nada. Brahimi lá inventou, mas a paciência esgotava-se com tantas bolas perdidas e nenhuma finta que entrava, muito menos deixar algum colega perto de marcar. Houve lances de 3 para 2 na área que não tiveram, primeiro por Quaresma, depois por Tello, percepção de colegas melhor colocados para a finalização. Vale que o 2-0, simplesmente inventado, mas ao menos por boas razões, surgiu aos 74 minutos, e o Nacional arriscara partir a sua estrutura defensiva em bloco baixo mas com boas saídas e dinâmica nos flancos. Depois, sim, o marcador podia ter sido ampliado, mesmo sem Jackson (entrou Aboubakar), mas o egoísmo retirara lucidez e objectividade ao colectivo que se preocupou em defender bem e não deitar fora o pássaro que tinha na mão mas que podia ter escapado.
Não só percebi que os pontos essenciais para a caracterização do jogo tiveram leituras distintas de dois ex-jogadores na TVI24, como algumas perguntas que ouvi da sala de Imprensa eram totalmente desfasadas do desenrolar do jogo. Porquê? Porque, por exemplo à semelhança do bambúrrio da Taça, as análises são feitas em função do resultado e não da observação dos fenómenos e dos momentos de cada jogo. Achar que o Nacional foi mole, ou deu pouco trabalho ou de que a vitória nunca esteve em perigo é característico desta tese da idioticie saloia dos pés-de-microfone que têm perguntas de algibeira consoante o resultado - com isso dando leituras erradas do jogo e tecendo conjecturas que nada têm a ver com o mesmo e com a situação classificativa das equipas.
Outro exemplo, a tónica que ouvi na SportTV a relacionar a derrota do Sporting, por números claros mas por defeito, com os pontos deixados pelo FC Porto em Guimarães, manipulados pela arbitragem.
De arbitragem, este Nuno Almeida sempre foi e será burro, incapaz, parvo, sem feeling do jogo, já desceu e subiu de escalão umas três vezes e continua sem critério a marcar faltas - inacreditável permissividade nos lances sobre Jackson e, ao mesmo tempo, a castigar Jackson com faltas inexistentes - e a dar cartões.
De arbitragem, pois, com a classificação totalmente desvirtuada em favor do Benfica, com contínuos benefícios que há muito deviam ter desalojado o campeão da liderança.
Talvez outras análises sobre o campeonato se fizessem caso as equipas tivessem os pontos reais que merecem e não os que lhes são atribuídos por decreto.
Mas, uma vez mais, os pasquins ditos desportivos assobiaram e cantaram ao mesmo tempo loas a uma vigarice descomunal na Luz. O Jogo, mais uma vez, voltou a escamotear a relação 2-1 dos seus árbitros a analisar lances e não meteu na capa que o Benfica foi beneficiado por um golo mal anulado ao Rio Ave.
Isto se calhar tem o peso comercial que deve com a necessária reaproximação não do Benfica ao FC Porto, como disparata sempre o grunho do carvalho, mas de Luís Filipe Vieira com Joaquim Oliveira. O Jogo, alegadamente afecto ao FC Porto, continua a vigarizar as manchetes por pura cobardia e subjugação aos interesses comerciais do patrão.
Caro Zé Luís, concordo que o jogo foi fraco, mas aponto o dedo a dois jogadores, Casemiro e Oliver. Mau posicionados e sem entenderem como usar o espaço que deviam. Quintero foi mal sacrificado, já que Oliver "berrava" para sair. Jogo errático de Maicon (mais um), e uma nítida dificuldade em colocar gente na área quando atacamos. Jackson faz muito mais kms do que devia e depois não consegue estar no sítio certo. São demasiados erros, demasiadas vezes.
ResponderEliminarSaudações Portistas!
Sem dúvida, por isso é que uma equipa só de Maradonas não ganharia muitos jogos e 16 equipas de Maradonas não evitariam que uma, duas ou três evitassem descer de divisão.
EliminarÉ preciso carregadores de piano, não só artistas. Mas esta lição do futebol já tem barbas.
Confirma-se que o FC Porto fez o pior jogo da época.
Por isso é que OJogo (e os outros...) por mim, não saem da prateleira lá do quiosque....
ResponderEliminarUm pasquim é um pasquim. Este nunca soube posicionar-se. Por isso nunca saiu da cepa torta, apesar de ter muitos aspectos positivos face à concorrência. Mas não chega para marcar um mercado. Daí a estagnação que dura há quase 30 anos.
EliminarHAHAHAHA - achar que o Herrera tem mais chegada a area que o Oliver??? Deve ser para rir!!!
ResponderEliminarPrimeiro golo - quem e que esta junto ao Danilo quando ele recarga para golo? OLIVER
Segundo golo - quem tabela com Brahimi na entrada da area? OLIVER
Quantas vezes Oliver faz combinacoes com Brahimi ou Quintero a entrada ou ja dentro da area contraria? Pelo menos 5 ou 6...
Quantas vezes Oliver vai junto aos nossos centrais buscar a bola para construir? Quantas vezes Oliver robou a bola aos adversarios? Inumeras...
Agora diga-me quantas vezes e que o Herrera fez alguma destas coisas????
Muitas. O Herrera só não faz bons passes, de resto faz tudo, até remata e rompe para a área, veja lá que até marca golos.
ResponderEliminarRepare, desde o início da época que digo que o Oliver me encanta. E o que ponho em causa, neste jogo, é a coexistência de Oliver e Quintero. Lopetegui fez o óbvio, eu teria feito ao intervalo.
Mas divirta-se sempre, mas pense mais na sequência a dar à jogada em vez de se contentar apenas com tabelas na área.
Diga-me que lances na 2ª parte viu de tabelas na área para deixar colegas na cara do golo?
Depois pense no equilíbrio necessário ao meio-campo, algo que a entrada de Herrera fez e tranquilizou pelo menos na parte defensiva.
No tocante a bola do adversário, vi muita pouca recuperação, sinceramente. Mas deve ter visto outro jogo.
Ze Luis,
ResponderEliminarA entrada do Herrera nao teve nada a ver com a melhoria da parte defensiva.. isso foi um erro do Manuel Machado que o proprio admitiu na conferenciia de imprensa. Ao mesmo tempo que o Herrera entrou, o Nacional tirou um dos trincos e meteu um medio ofensivo, o que partiu por completo o meio campo deles.
Reveja o jogo - o Herrera corre muito mas e constantemente ultrapassado e nunca recupera para tras da linha da bola quando em situacao defensiva, logo como e que se pode dizer que ele esta a ajudar?
Sim, o Herrera remata, e tal como o Quaresma, raras vezes acerta na baliza, ou seja na maior parte das vezes esta simplesmente a dar a bola ao adversario. Eu nao considero marcar um par de golos relativamente faceis como um cartao de visita. Para isso lembro-me do Martin Pringle que tambem marcava muitos golos desses e nao era por isso que eu o achava um jogador de futebol!!! Mas alem disso, so neste jogo, o Oliver deve ter aparecido mais vezes na area contraria do que o Herrera em todos os jogos da epoca. E isso nao o impossibilita de tb estar dentro da nossa area para fazer cortes providenciais como ao minuto 33 (la esta, porque ele se posiciona ATRAS da linha da bola quando estamos em situacao defensiva, o Herrera fica a ver, a marcar com os olhos...)
Tem a sua opinião e quanto a isso nada a dizer, mas insisto que o Oliver não criou perigo e o excesso de talento não evitou, quanto a mim, o FC Porto fazer o pior jogo da época. Quintero e Oliver, volto a repetir, para mim seria o ideal, mas acho que a mistura não funciona.
ResponderEliminarAo contrário do que diz, o Oliver não criou perigo algum nem esteve perto disso. Andou por ali mas menos visível do que eu, que adoro a sua categoria e toque de bola, podia imaginar.
De qualquer modo, insisto, mal o Herrera entrou sentiu-se logo outra segurança pela combatividade que dá ao sector e retirou muita iniciativa do Nacional que estava a dominar o meio-campo. O que o MM fez importa menos em função do que o JL fez: este viu bem o défice do sector e fez a troca necessária e imperiosa. Repare que quem acabou, sem querer, posto em causa foi o Quintero, não o Oliver que você quer trazer à liça. O Quintero coloca a bola maravilhosa, o Oliver também, mas uma equipa precisa de outra força e agressividade que os dois não têm. Como o Casemiro é algo como uma mosca morta, o meio-campo andou sempre à nora, até pela inferioridade numérica.
O Quintero, infelizmente, continua sem dar mostras (não do seu talento, que é imenso) de ter consistência e resiliência. Ao contrário dos últimos jogos esteve apagado e cansado. Quando levantará voo?
O Herrera no banco foi para dar oportunidade a outros, por alguma razão JL não prescinde dele e é um titular indiscutível.
Como tenho dito há vários jogos há um problema de consistência e equilíbrio no meio-campo que começa no pouco fiável 6 e alastra ao sector. JL mexe porque quer ver como funciona e a rotatividade tem a ver com isso, além de testar todos e várias fórmulas ou combinações no meio-campo. Sempre disse isto desde o início da época e o ponto de equilíbrio do FC Porto está ainda por encontrar para dar sustentação ao enorme potencial ofensivo da equipa.
Daí eu aceitar a rotação de jogadores, mesmo aqui e ali em exagero, mas faz parte do processo. Neste jogo, não fiquei convencido da convivência Quintero-Oliver. E sentia a falta de Herrera, que tem alguns defeitos mas muitas virtudes e é com isto que JL compõe a sua equipa.
É o óbvio ululante que Quintero e Oliver não podem jogar no mesmo 11. Quintero não defende, Oliver mal defende e ficam todas as movimentações tácticas sem bola do meio campo entregues a um gajo que é um 8 a aprender a ser 6 (Casemiro). Foi gritante como não tivemos meio campo até à entrada de Herrera, e a facilidade com que o Nacional circulou a bola no miolo, criando inúmeras oportunidades de golo, felizmente falhadas. A própria percentagem de posse do Nacional é completamente anómala. Vencemos porque tivemos 15 minutos iniciais de muito boa qualidade e um "momento Brahimi". De resto, foi medonho.
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